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30 abril 2018

Imediata necessidade - Orson Peter Carrara



IMEDIATA NECESSIDADE


As dificuldades, de todas as ordens, enfrentadas atualmente pela humanidade tem sua origem basicamente num único detalhe: o desconhecimento ou a ausência da noção dos objetivos de viver. Detalhe presente na esmagadora maioria dos habitantes do planeta.

Há uma necessidade imperiosa de que todos saibam o que são, de onde vêm, para onde vão, porque estão no planeta, como e porque devem agir desta ou daquela forma.

A concepção atual vigente, sobre o mundo e a vida, é a causa principal dos grandes problemas sociais e morais que tanto infelicitam a vida na Terra. A noção de que não somos este corpo físico, mas estamos nele, e de que a vida principal é a do espírito, altera completamente a visão de mundo e proporciona conduta mais equilibrada e feliz.

Sem conhecimento do objetivo da existência não há fortaleza para enfrentamento dos embates existenciais, nem solidariedade, nem motivação ou comprometimento pelo bem coletivo. Este desconhecimento é gerador do egoísmo que destrói vidas e do orgulho que distancia pessoas. Porém, entendendo os objetivos da vida humana, que outros não são senão o desenvolvimento moral e intelectual do espírito que estagia no planeta justamente para o aprendizado que lhe fará evoluir, as ligações humanas ou o relacionamento entre as criaturas adquirem outro enfoque. Aí seremos capazes de ver em cada pessoa um irmão de caminhada, alguém como nós, também necessitado de atenção, de carinho, de estímulos para o próprio desenvolvimento, e limitado como todo mundo o é.

Caem por terra quaisquer razões de tolo orgulho ou vaidade descabida. Ficam sem razão as atitudes violentas, precipitadas, de desprezo e mesmo de desespero. Ora, estando conscientes de que nos encontramos num estágio de aprendizado, todos no mesmo barco, onde os interesses são os mesmos, por que os atritos, as violências e as atitudes egoístas?

Há mesmo, ao contrário, enorme motivação para o estudo, a pesquisa, o crescimento moral e intelectual e, principalmente, para a adoção da solidariedade e da compreensão nos relacionamentos. Surgem as atitudes de respeito, tolerância e compreensão, uns para com os outros. A fé se fortifica, porque embasada no raciocínio, e desaparecem as aflições causadas pela dúvida dessa grande realidade: somos criaturas imortais cumprindo estágio de aprendizado. Nada mais que isso. É o que ensina o Espiritismo.

Convidamos o leitor a conhecer mais sobre o assunto.

Orson Peter Carrara

29 abril 2018

A Medicina não é de nossa alçada - Gebaldo José de Sousa



A MEDICINA NÃO É DE NOSSA ALÇADA


Existem artigos – e também autores espíritas conceituados – que afirmam que Allan Kardec foi médico; e isso sem indicar a fonte em que se apoiam seus autores! Circunstância a nosso ver gravíssima, por desinformar os interessados e apoiar-se em fato não comprovado.

Não sabemos a que atribuir tal conduta. Talvez o façam para valorizar ainda mais quem é, por si mesmo, grandioso, como foi – e é – Allan Kardec!

Grandioso pela clareza de seus textos, sem rebuscamentos, sem complexidades de difícil entendimento; pelo trabalho incansável que realizou em apenas quinze anos; pela coragem de arrostar ásperas críticas; pela perseverança demonstrada e por seus incontáveis sacrifícios de variada natureza – sem os quais não teria chegado a bom termo.

Mas, sobretudo, pela inteligência de perceber em fatos aparentemente insignificantes, a grandeza da Doutrina Espírita, a partir do seguinte raciocínio:

“Diz a razão que um efeito inteligente deve ter como causa uma força inteligente (...)”.2

A Revista Espírita acima indicada publica texto de Kardec, sob o título O Magnetismo Perante a Academia.

Nele afirma que, com um disfarce, o Magnetismo entrou pela janela para a Academia das Ciências, sob o novo rótulo de Hipnotismo!

E também transcreve parcialmente “artigo que o Sr. Victor Meunier”, publicou em revista científica, em 16.12.1859, onde informa que o magnetismo animal foi levado à Academia pelo Sr. Broca. Indica também que ele e outros cirurgiões experimentaram o magnetismo em cirurgias, em substituição a anestésicos.

Nesse artigo é o próprio Codificador quem afirma não ser médico:

“Esperemos tenha o hipnotismo, como meio de provocar a insensibilidade, todas as vantagens dos agentes anestésicos, sem deles guardar os inconvenientes. Mas a Medicina não é de nossa alçada e, para não sair de suas atribuições, nossa Revista não deve considerar o fato senão sob o ponto de vista fisiológico.” (*)

Na Internet, colhemos o registro de que o Codificador “Possuía vasta cultura humanística e conhecia o alemão, o inglês, o italiano, o grego, o latim, todavia não foi médico, como às vezes se ouve dizer.” 3 (*)

Localizado o artigo em que o próprio Kardec informa que não era médico, cremos ociosa a busca de outras comprovações desse fato.

Não nos move outro interesse senão o de buscar fidelidade à história da relevante encarnação desse nobre Espírito, de quem somos todos devedores!

Aqui registramos nossa reverência e gratidão a ele, por nos haver favorecido com a Codificação Espírita que, qual almenara de luz, ilumina nossos caminhos em direção a Deus, nosso Pai!

Revela-nos a existência do mundo espiritual, de onde viemos e para o qual retornaremos, após inúmeros estágios reencarnatórios com o fim de evoluirmos.

Foram os próprios Espíritos que relataram a ele esses fatos, comprovando as relações entre ‘vivos’ e ‘mortos’.

Conhecer a Codificação Espírita e estudá-la é o meio mais adequado para evoluirmos conscientemente, evitando erros que retardam, dolorosamente, essa marcha que nos levará à conquista dessa meta à qual estamos todos destinados pelos desígnios generosos de Deus, nosso Pai!

Não há como fugir à evolução! Podemos retardá-la, com as quedas provocadas por nossa ignorância das Leis Divinas, mas jamais impedi-la.

Gebaldo José de Sousa

Referências:

1. KARDEC, Allan. Revista Espírita. Ano terceiro – 1860. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. O Magnetismo perante a academia, p. 27.

2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.impr. Rio de Janeiro: FEB, 2011, Prolegômenos, p. 69.

3.Grupo de Estudo "Allan Kardec": Allan Kardec (Biografia).

28 abril 2018

Não se afastar - Momento Espírita



NÃO SE AFASTAR


Muitas pessoas demonstram descontentamento com o meio em que habitam.

Afirmam-se sem afinidade com os parentes.

Não apreciam os colegas de trabalho.

Encontram apenas defeitos nos vizinhos.

Abominam o caráter e o comportamento dos habitantes de seu país.

De forma gradual, procuram afastar-se do convívio familiar e social.

Surpreendentemente, muitos dos que assim agem se dizem cristãos.

Encantados com a figura e a mensagem do Cristo, sonham com um mundo perfeito.

Contudo, esquecem que Jesus deixou por supremo mandamento o amor.

É impossível ao mesmo tempo amar e desprezar.

No contexto da mensagem cristã, o amor não é necessária e imediatamente um sentimento.

Afinal, é difícil demonstrar arroubos de ternura por um inimigo, por alguém que nos deseja o mal.

Mas é sempre possível agir corretamente com todas as pessoas.

Tratá-las como gostaríamos de ser tratados, se estivéssemos no lugar delas.

Assim, embora o comportamento de alguns companheiros não nos agrade, devemos ser sempre corretos com eles.

Essa correção de atitude implica auxiliá-los em suas dificuldades, da espécie que sejam.

É bom que já anelemos por uma sociedade mais pura.

Constitui um sinal de progresso nosso desgosto com ambientes e hábitos corrompidos.

Mas isso não é razão para desprezarmos os irmãos de jornada.

Se desejamos a união com o Cristo, precisamos lembrar que Ele jamais desampara a Humanidade.

Em certa passagem do Evangelho, o Mestre foi explícito ao afirmar que nenhuma de Suas ovelhas se perderia.

Se a luz da consciência já brilha forte em nós, auxiliemos na transformação do mundo em que vivemos.

A Providência Divina nos colocou no ambiente em que mais úteis podemos ser.

Não convém hesitar quando o bom combate apenas começa.

Por séculos, em inúmeras encarnações, a ignorância imperou em nossos atos.

É um conforto perceber que finalmente reunimos condições de laborar no bem.

Regozijemo-nos com isso e partilhemos nossos tesouros materiais e espirituais.

Todos os homens são irmãos.

O cristão não pode fugir dos semelhantes.

Ele necessita ser um fator de luz e de paz nos meios em que se movimenta.

A mensagem cristã não constitui um convite ao afastamento da Humanidade.

Ser cristão não implica a busca de uma santidade artificial e contemplativa.

Ao contrário, esse estado de consciência exige trabalho ativo na transformação do mal em bem.

Os exemplos de Jesus foram muito claros nesse sentido.

Ele não se furtou de conviver com mulheres equivocadas e ladrões, a título de preservar a própria pureza.

O Cristo jamais fugiu do contato com os discípulos.

Esses é que O abandonaram na hora do extremo testemunho.

O Mestre não se afastou dos homens.

Os homens é que O expulsaram de seu convívio pela crucificação dolorosa.

Não sejamos nós, em nossa imperfeição, a evitar o contato com o próximo.

Se desejamos a paz do Cristo, é natural pedirmos a Ele que nos liberte do mal.

Mas não é legítimo rogarmos que nos afaste dos locais de luta.

Com o Mestre, devemos aprender a conformar nossa vontade com os propósitos divinos.

A encontrar prazer em ser um fator de paz e progresso.

A cooperar alegremente na execução da Vontade Celeste, quando, como e onde for necessário.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no capítulo 57 do livro Vinha de luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.

27 abril 2018

Culpa e Consciência - Espiritismo na Rede



CULPA E CONSCIÊNCIA


A culpa surge como forma de catarse necessária para a libertação de conflitos. Encontra-se insculpida nos alicerces do espírito e manifesta-se em expressão consciente ou através de complexos mecanismos de auto-punição inconsciente.

Suas raízes podem estar fixadas no pretérito - erros e crimes ocultos que não foram justiçados - ou em passado próximo, nas ações da extravagância e da delinquência.

Geradora de graves distúrbios, a culpa deve ser liberada a fim de que os seus danos desapareçam.

A existência terrena é toda uma oportunidade para enriquecimento contínuo. Cada instante é ensejo de nova ação propiciadora de crescimento, de conhecimento, de conquista.

Saber utilizá-lo é desafio para a criatura que anela pela evolução espiritual.

Águas passadas não movem moinhos - afirma o brocardo popular, com sabedoria -.

As lembranças negativas entorpecem o entusiasmo para as ações edificantes, únicas portadoras de esperança para a liberação da culpa.

Desse modo, quem se detém nas sombrias paisagens da culpa ainda não descobriu a consciência da própria responsabilidade perante a vida, negando-se à benção da libertação.

Sai da forma do arrependimento e age de maneira correta, edificante.

Reabilita-te do erro através de ações novas que representam o teu atual estado de alma.

A soma das tuas ações positivas quitará o débito moral que contraíste perante a Divina Consciência, porquanto o importante não é a quem se faz o bem ou o mal, e sim, a ação em si mesma em relação à harmonia universal.

A culpa deve ser superada mediante ações positivas, reabilitadoras, que resultarão dos pensamentos íntimos enobrecedores."

Redação do Blog Espiritismo Na Rede baseado na obra Momentos de Meditação Pelo Espírito Joanna de Ângelis Psicografia de Divaldo Franco.

26 abril 2018

Bala perdida? - Nilton Moreira



BALA PERDIDA?


É grande a quantidade de pessoas que são atingidas por balas perdidas.

O Planeta vive em meio a guerras religiosa, terrorista e conquista de território para prática do tráfico de drogas e armas, como é o caso principalmente do Rio de Janeiro que, embora as pacificações implantadas pelo Poder Público, o resultado esperado não aconteceu, até porque na prática é diferente do que no interesse político.

A separação de nosso ente querido é para nós sempre dolorosa e, quando o passamento acontece por meio de violência, a dor é maior ainda. Mas em certas circunstâncias da vida não temos como evitar o desfecho, e uma bala perdida é o tipo de acontecimento que não prevemos e nem lhe geramos a causa, já que nem o estampido normalmente temos tempo de ouvir.

Dizemos que temos de ter sempre um motivo para o desencarne e não sabemos, sem um aprofundamento de estudo, por que tal fato aconteceu naquele momento, mas temos certeza de que uma bala pode ser perdida usando um linguajar popular, mas sabemos que o projétil que atinge alguém tinha endereço certo.

Quando chega o momento em que devemos retornar ao plano espiritual, a espiritualidade se aproveita de qualquer meio para concretizar esse objetivo, estando o evento ligado ao comprometimento das pessoas que são afins do atingido. Se pudéssemos vislumbrar nossas vidas passadas, certamente constataríamos que algum momento do pretérito justificou o presente.

Se não fosse para que o desencarne se desse através de determinada bala perdida, a espiritualidade tiraria, do percurso do tiro, o atingido. Nada acontece sem a permissão do Pai Criador, apesar de muitas pessoas pensarem diferente, e assim também é em um tiroteio entre forças do bem e do mal, sendo atingido quem tenha de ser e com as consequências que merecer.

Se ainda estamos na Terra é em razão de não ter chegado o momento de nosso desencarne, e devemos agradecer a Deus por ainda termos tempo de aqui realizar atividades, principalmente, de auxílio ao próximo, já que, ao redor de nós, a cada minuto desencarna um irmão, alguns num leito sereno e outros em meio à violência.

Quantas vezes durante o dia sofremos alguns atrasos em nossa rotina, principalmente no trânsito! Às vezes é uma fechadura que emperra e, normalmente quando isso acontece, ficamos irritados e até esbravejamos! É nesses momentos que a Espiritualidade está atuando. Nosso Espírito Guardião age nos preservando - quem sabe? - de que aquela bala disparada venha a nos atingir se estivermos adiantados no tempo, já que normalmente a mão do atirador não sofre influência e, sim, a vítima é que é tirada da trajetória do projétil.

Toda essa violência em que estamos envoltos é, infelizmente, ainda necessária para nos chamar atenção de que somos muito frágeis e que devemos parar um pouco e pensar nos objetivos que nos levaram a nascer. Não podemos ignorar que somos vencedores, pois recebemos a permissão da Espiritualidade Maior para reencarnar, quanto existem tantos Espíritos que estão na erraticidade.

Pensemos e agradeçamos a Deus pela oportunidade, e não temamos a “bala perdida”.

Nilton Moreira

25 abril 2018

Colonizadores do Espírito - Amilcar Del Chiaro Filho



COLONIZADORES DO ESPÍRITO


As religiões tem ensinado aos homens o temor de Deus, e já ouvimos pessoas afirmarem, em relação ao sofrimento, quem ama pune, logicamente querendo dizer que Deus nos pune porque nos ama. Seria como a educação ministrada através da vara e da palmatória.

No intuito de corrigir pelo medo, as religiões apresentam quadros terríveis sobre o inferno, castigo supremo e irrevogável, a que estariam destinados todos os que morressem em pecado. Enfim, é a ação colonizadora dos que detém o poder sobre os demais, assim como as nações mais poderosas colonizaram outras.

A relação da colônia com o poder a que está submetido é sempre de submissão e medo. No tocante aos países, O Livro dos Espíritos ensina que as nações mais adiantadas tem o dever de auxiliar as mais atrasadas, porém não devem explorá-las. O que tem acontecido é que os colonizadores impõem, também, a sua religião, colonizando o espírito.

O Espiritismo veio trazer uma proposta nova. Tirou a forma humana de Deus, sem tirar a sua paternidade. Excluiu os castigos eternos, trazendo uma nova idéia da justiça Divina. Mostrou que céu e inferno são condições conscienciais de cada indivíduo. Com isto, e a reencarnação, eriçou o sacerdócio, dispensador da graça da salvação, contra si, porque retirou das suas mãos o poder de abrir as portas do paraíso ou do inferno. A reação clerical foi a de classificá-lo como demoníaco.

Como as ciências também tem os seus dogmas, as academias tentaram destruí-lo ironizando-o e ridicularizando-o, como no episódio do músculo rangedor, citado por Kardec. Outro argumento ingênuo, foi quando afirmaram que se o Espiritismo fosse uma coisa realmente verdadeira e boa, todos os membros da Academias de Ciências, seriam espíritas.

O Codificador respondeu serenamente, dizendo que sobre problemas de saúde, consulta médicos, de construção, procura um arquiteto, de química, um químico, cada um em sua especialidade, contudo esses profissionais só entenderão de Espiritismo se o estudarem com afinco.

As ciências da mente, vieram depois, se não satanizar, mas rotular de loucura toda manifestação mediúnica. Os médiuns passaram a ser rotulados de loucos, desequilibrados, isto quando Freud ainda era uma criança, e somente mais tarde Jung se interessaria por fenômenos mediúnicos, resgatando a mediunidade do fosso em que tentaram atirá-lo.

Um universo sem Deus, equivale a um universo sem espíritos. Logicamente não falamos de um Deus apregoado pelo sacerdócio das várias religiões, um Deus passional, cruel, que pensa como os antigos pais ingleses que tinham um ditado: "Poupas a vara e estragas a criança". Crianças espirituais que ainda somos, precisaríamos ser castigados pela vara divina constantemente.

Mas Deus é amor e está no universo que ele criou e ama. Lógico que o seu amor não é como o nosso, mas se não podemos saber o que Deus é realmente, podemos saber o que ele não pode ser. E ele não pode ser indiferente à sua criação.

Amilcar Del Chiaro Filho

24 abril 2018

Diante das dores não existe injustiça no código de Deus - Jorge Hessen



DIANTE DAS DORES NÃO EXISTE INJUSTIÇA NO CÓDIGO DE DEUS


Letícia Franco, de 36 anos, médica de Cuiabá já foi internada dezenas vezes desde 2010. Só na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) foram 34 vezes. O grande sofrimento é causado por uma doença crônica degenerativa que fez com que ela postasse recentemente, uma espécie de despedida nas redes sociais: “Em 16 dias estarei longe, na Suíça, fazendo o que me deixará livre da dor e do medo. Acho que amanhã ou depois desligo esse facebook […] (sic) Toda minha família deixo meu mais sincero amor”, postou no dia 1º de março de 2018. [1]

Foi em 2017, quando esteve internada e fez a traqueostomia para poder respirar, que começou a pensar no suicídio assistido. Como médica, ela sempre defendeu que pacientes de doenças incuráveis ou com morte cerebral pudessem ter essa opção. A decisão de colocar fim à vida, segundo Letícia Franco, foi extremamente difícil e envolveu questões religiosas. No momento, Franco afirma ter suspendido o plano – a possibilidade de poder ter seu caso estudado e ajudar outras pessoas que tenham a mesma doença a levou a mudar de ideia. [2]

A viagem à Suíça citada na mensagem apontava para o plano de “eutanásia” ou suicídio assistido em uma conhecida clínica que oferece esse serviço para pacientes terminais que desejam por um fim a sua vida, prática que é legal naquele país, ao contrário do que acontece no Brasil.

No Brasil, a Constituição e o Direito Penal são bem claros: a eutanásia constitui assassínio comum. Nas hostes médicas, sob o ponto de vista da ética da medicina, a vida é considerada um dom sagrado, e, portanto, é vedada ao médico a pretensão de ser juiz da vida ou da morte de alguém. A propósito, é importante deixar consignado que a Associação Mundial de Medicina, desde 1987, na Declaração de Madrid, considera a eutanásia como sendo um procedimento eticamente inadequado.

Não cabe ao homem, em circunstância alguma, ou sob qualquer pretexto, o direito de escolher e deliberar sobre a vida ou a morte de seu próximo, e a eutanásia , essa falsa piedade, atrapalha a terapêutica divina nos processos redentores da reabilitação. Nós, espíritas, sabemos que a agonia prolongada pode ter finalidade preciosa para a alma e a moléstia incurável pode ser, em verdade, um bem.

Nós, espíritas, sabemos que a agonia física e emocional prolongada pode ter finalidade preciosa para a alma e a enfermidade pertinaz pode ser, em verdade, um bem. A questão 920, de O Livro dos Espíritos, registra que “a vida na Terra foi dada como prova e expiação, e depende do próprio homem lutar, com todas as forças, para ser feliz o quanto puder, amenizando as suas dores”. [3]

O verdadeiro espírita porta-se, sempre, em favor da manutenção da vida, respeitando os desígnios de Deus, buscando não só minorar seus próprios sofrimentos, mas também se esforçar para amenizar as dores do próximo (sem eutanásias), confiando na justiça perfeita e na bondade do Criador, até porque, nos Estatutos Dele não há espaço para injustiças e cada qual recebe da vida segundo suas necessidades e méritos. É da Lei maior!

Jorge Hessen


Referências bibliográficas:

[1] Disponível em http://www.bbc.com/portuguese/brasil-43575735, acesso em 10/04/2018

[2] Idem

[3] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 2002, pergunta 920

23 abril 2018

As moléstias prolongadas - Aécio Emmanuel César



AS MOLÉSTIAS PROLONGADAS


Nas enfermidades prolongadas, existiria, para determinados espíritos, certo beneplácito quanto aos angustiantes momentos no purgatório carnal?

De certa forma, essas horas de ansiedade para a libertação são realizadas por entidades responsáveis diretamente ligadas aos trâmites da desencarnação, mas segundo a disposição espiritual de cada um, desencarnante.

Vejamos o que padre Hipólito esclarece quanto ao assunto a André Luiz, pelo lápis do médium Chico Xavier no livro: Obreiros da Vida Eterna: “Os que se aproximam da desencarnação, nas moléstias prolongadas, comumente se ausentam do corpo, em ação quase mecânica”.

De fato com os dias em maçantes agonias quanto ao restabelecimento de determinados moribundos em fase terminal, muitos familiares vão aos poucos cedendo aos imperativos do cansaço. Desta forma, fica mais fácil da Espiritualidade agir quanto ao desligamento carnal do parente em vigília.

Os servidores da Casa Transitória, trariam os espíritos de Albina, Adelaide, Dimas, Fábio e Cavalcante que iriam desencarnar por seus intermédios. E naquela noite, reuniriam todos nesta residência nos planos espirituais.

Cada uma dessas personagens citadas neste capítulo que iriam novamente se envolver nos decessos da morte tinha impressões variadas quanto à religiosidade de cada uma. Neste desligamento temporário através do fenômeno natural do sono e a caminho da Casa Transitória, um sentia estar chegando ao céu; outra em Marte; e mais outro, não estava preparado ainda por não ter recebido o Viático católico. Cada um tinha em si expressões de religiosidades que os auxiliariam naqueles momentos anteriores aos desligamentos finais.

Diante do exposto por mim colocado, vamos fortalecer esse meu pensamento através da intervenção de Jerônimo, que elucidaria algumas dúvidas de um dos componentes do grupo: “O plano impressivo da mente grava as imagens dos preconceitos e dogmas religiosos com singular consistência”. Diante de tal assertiva, devemos convir que todo desenlace natural se verificaria com certa cautela em que em nenhum momento poderia ser brusco, ocasionando assim, transtornos emocionais.

Devemos considerar que não será essa ou aquela religião que nos ditará a nossa sorte em planos mais superiores que o nosso se não estivermos com as mãos calejadas pelo trabalho fraterno. A sementeira do bem pelo esforço voluntário não é tarefa fácil como pensam muitos. Demandam horas de renúncia que não é qualquer um que se deixará levar pelo prazer do suor derramado.

A morte, tem “cartas na manga” para cada um que vem desligar-se do mundo em seus braços. A consciência ditará normas de merecimento segundo o que tivermos semeado enquanto envolvido num corpo físico. O Céu e o Inferno estão dentro de cada um de nós e, assim sendo, seremos atraídos para um ou para outro, segundo as nossas obras. Concorda comigo, Leitor Amigo?

Autor: Aécio Emmanuel César

22 abril 2018

O Hábito de Rotular Pessoas - Amílcar Del Chiaro Filho



O HÁBITO DE ROTULAR PESSOAS


O nosso planeta é habitado por vários tipos de criaturas, e entre elas os seres humanos. Plantas e animais apenas vivem.

Agem e reagem sobre o meio-ambiente, guiados apenas pelos instintos. Mas o homem existe e pode modificar a sua existência e atuar em seu meio, modificando-o. À medida que o homem evolui ele não apenas existe, mas transcende à própria existência.

A complexidade das estruturas psíquicas do homem faz com que ele reaja ositiva ou negativamente diante dos estímulos externos, mediante o seu livre-arbítrio.

Dessas reações decorrem as demonstrações de força ou fraqueza, coragem ou covardia, fé ou descrença, amor ou ódio, altruísmo ou egoísmo, humildade ou orgulho.

Um dos hábitos enraizados profundamente nos homens é o de rotular, coisas, situações e pessoas. Rotula-se pessoas com dificuldades de raciocínio de retardadas. Rotula-se os deficientes físicos de incapacitados. Rotula-se ricos, pobres, bonitos, feios, bêbados, homossexuais, prostitutas, negros, heróis, bandidos e tantos rótulos que se torna impossível enumerá-los.

É ruim rotular porque esquecemos que por traz dos rótulos existem pessoas que amam, odeiam, choram, riem, possuem toda uma gama de sentimentos e qualidades próprias dos seres humanos.

Transpondo essa mesma situação para o movimento espírita vemos que não estamos livres do impulso de rotular. Idéias divergentes são rotuladas de “movimentos paralelos”. Infelizmente linhas paralelas não se encontram nunca. Os que se dedicam ao estudo da ciência espírita são classificados como científicos, e místicos ou religiosos são os que aceitam o espiritismo como uma religião. Os que preferem tê-lo como uma filosofia não religiosa, são denominadas “laicos”.

Rotulamos de obsessores os espíritos que atuam maleficamente sobre as pessoas. Obsedados são os que sofrem esse assédio. Por traz do rótulo de obsessor identificamos o espírito maldoso, vingativo, esquecidos de que ele pod ter razões ponderáveis para agir desta maneira, e ainda não é capaz de perdoar. Ele pode odiar alguém e obsidiá-lo, mas pode ser que ame muitos outros. O obsedado, quando não é rotulado de pobre vítima, é classificado como caráter frágil, ou espírito endividado.

Não estamos justificando a existência de obsedados e obsessores, nem estamos iludidos a ponto de julgar que não existam espíritos maus, porém lembrando a todos que o rótulo serve para a classificar certas coisas, mas nem sempre refletem toda a realidade.

Felizmente o Espiritismo está acima de rótulos e tendências, teorias ou práticas, pois ele é a própria vida. É o amor que se faz presente, se materializa entre nós para nos iluminar.

Lembremo-nos que o rótulo é frio, estático, inclemente. Por isso temos que lutar contra a nossa tendência de tudo rotular, colocando mais amor e compreensão em nossos julgamentos. O mesmo amor e compreensão que desejamos para nós mesmos.

Amílcar Del Chiaro Filho

21 abril 2018

Cuidado com sua língua… e o teclado também… - Wellington Balbo



CUIDADO COM SUA LÍNGUA...E O TECLADO TAMBÉM...


Vivemos atualmente tempos de julgamentos dos mais severos. Dirão alguns que já fomos piores, já julgamos mais e com mais severidade, o que quer dizer: estamos melhorando.

Penso, todavia, que a ideia de que já fomos piores faz-nos marcar passo na senda evolutiva porque é um convite a acomodação. Ora, se estamos melhores hoje não há razão para preocupações ou esforço para melhorar ainda mais.

Estamos melhores e isto é o que importa.

Contudo, não é bem assim…

Mas, vamos em frente…

Com o avanço da tecnologia e a chegada das redes sociais na vida do cidadão as opiniões sobre os mais diversos assuntos deixaram o local restrito dos churrascos em família para ganharem o mundo.

Hoje todo mundo sabe de tudo. Se o Juca do Brasil gosta de azul o Ronaldovski da Rússia sabe disto.

Se o príncipe do Castelo Rintintim almoçou caviar o Josué da Albânia está sabendo.

Atualmente poucos são os homens discretos neste mundo que conseguem não opinar sobre tudo, ou, então, não postar uma selfie quando está no restaurante com a família.

E, naturalmente, além das opiniões os julgamentos também são proferidos na mesma velocidade e intensidade.

Hoje todos colocaram a toga a julgar o comportamento alheio sem qualquer constrangimento. A pretexto de liberdade de expressão sentenças são dadas e reputações execradas. Interessante notar: a maioria dos que se arvoram a juízes denominam-se cristãos.

Esquecem, provavelmente, a máxima expressada por Jesus há dois mil anos e anotada por Mateus:

Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós. (Mateus, VII: 1-2).

Allan Kardec vai no mesmo tom de Jesus ao estabelecer a escala espírita e informar que apenas os Espíritos prudentes, isto já na terceira classe, é que podem fornecer um julgamento mais preciso dos homens e das coisas.

Quando estudamos o tema – Escala Espírita – compreendemos que ainda somos Espíritos que pertencem a categoria de imperfeitos. Logo, nossos julgamentos não tem base sólida, porquanto ainda estamos muito apegados aos preconceitos da Terra e, além disto, falta-nos capacidade intelectual e distanciamento emocional para julgar os homens e as coisas.

Vale reflexão:

Quantas vezes nos equivocamos em relação às pessoas?

Quantas vezes já nos pegamos tendo de reconhecer nossa precipitação ao afirmar que fulano é assim ou assado?

As lições de Jesus sobre o julgamento e o trabalho de Kardec na escala espírita são importantes para darem um norte de nossa real condição e, assim, não nos comprometermos pela língua ou o teclado.

Aliás, se antes o homem tinha de tomar cuidado com sua língua, hoje também deve fazer o mesmo com seu teclado.

Coisas da evolução, coisas da evolução…


Autor: Wellington Balbo

20 abril 2018

O que devemos entender por “mente”? - Ricardo Baesso de Oliveira



 O QUE DEVEMOS ENTENDER POR "MENTE"?


Alguns termos amplamente utilizados em nossos dias tinham à época de Kardec uso mais restrito e, às vezes, um significado um pouco diferente.

O vocábulo psicologia é um desses termos: possui hoje uma conotação diferente do que possuía à época de Kardec.

A psicologia era entendida, então, como a ciência da alma - alma como ser, inteligência que comanda o corpo, independentemente da crença em sua sobrevivência. A psicologia como o estudo dos fenômenos psíquicos e de comportamento do ser humano, por intermédio da análise de suas emoções, suas ideias e seus valores, inexistia àquela época.

O primeiro laboratório psicológico foi fundado pelo fisiólogo alemão Wilhelm Wundt em 1879, após a desencarnação de nosso codificador.

Kardec não usou o vocábulo psíquico, amplamente utilizado em nossos dias, e provavelmente inexistente à época, e empregou os termos mente e mental como sinônimo de pensamento (o que ainda ocorre em nossos dias).

Os dicionários colocam como conceitos equivalentes a mente: parte incorpórea, inteligente ou sensível do ser humano; espírito, pensamento, entendimento, o desenvolvimento intelectual, a faculdade intelectiva; inteligência, mentalidade.

Nós, espíritas, recusamos a proposta dos materialistas que colocam a mente como resultado do funcionamento do cérebro, e admitimos que todo fenômeno psicológico é de natureza espiritual.

Mas, afinal, em que consiste a mente? Muitos de nós temos colocado mente e Espírito como sendo a mesma coisa. Será que podemos considerar Espírito e mente como sinônimos?

Uma definição recente de mente é essa: um fluxo de experiências subjetivas, constituídas de sensações, emoções e pensamentos[i]. Experiências subjetivas são aquelas que pertencem ao sujeito pensante e a seu íntimo. São, portanto, experiências pertinentes e características de um indivíduo; individuais, pessoais, particulares: os pensamentos, sentimentos, desejos, inclinações, sonhos etc.

O pensamento kardequiano define os Espíritos como os seres inteligentes da criação [ii]. É certo que a mente é algo intimamente relacionado ao Espírito, imaterial, não física, preexistente e sobrevivente ao corpo, tal como o Espírito. Mas deve ser feita uma distinção entre mente e Espírito.

Talvez fosse melhor considerarmos a mente (um fluxo de experiências) como uma propriedade do Espírito, porque o Espírito é mais do que um fluxo de experiências, é um SER, tem substância, identidade, existência própria, uma individualidade.

O Espírito é ser, é essência; já a mente é um processo. A mente não tem essência, tem existência. Existe a partir do Espírito, sendo um atributo deste. Valendo-nos de palavras do professor Nubor Facure, podemos dizer que a mente é o produto de uma atividade metafísica que instrumentaliza o cérebro a partir do livre-arbítrio do Espírito.[iii]

André Luiz apresenta a mente como um núcleo de forças inteligentes,[iv]fonte de uma força desconhecida – a energia mental. Através dessa energia exteriorizamos o que somos e agimos uns sobre os outros, pelos fios invisíveis do pensamento.

Apresenta ainda o conceito de corpo mental [v], como sendo o envoltório sutil da mente, atribuindo a ele a formação do corpo espiritual (perispírito).

Emmanuel, na mesma linha de pensamento de André, compara a mente humana — espelho vivo da consciência lúcida — a um grande escritório, subdividido em diversas seções de serviço. Segundo ele, na mente possuímos o Departamento do Desejo, em que operam os propósitos e as aspirações, acalentando o estímulo ao trabalho; o Departamento da Inteligência, dilatando os patrimônios da evolução e da cultura; o Departamento da Imaginação, amealhando as riquezas do ideal e da sensibilidade; o Departamento da Memória, arquivando as súmulas da experiência, e outros, ainda, que definem os investimentos da alma. Acima de todos eles, porém, surge o Gabinete da Vontade. A Vontade é a gerência esclarecida e vigilante, governando todos os setores da ação mental.[vi]

Examinando as relações mente/cérebro, coloca André Luiz, de forma metafórica, que o cérebro é o maravilhoso ninho da mente.[vii]O pensamento desse autor evoca a ideia de que o Espírito se vale das experiências reencarnatórias para aprimorar-se a si mesmo, e a mente, acolhida pelo cérebro, em contato íntimo com ele, vai expandir suas possibilidades.

Fora do contexto físico do cérebro, a mente pode dispor de recursos ou usar de estratégias que sobrepujam toda a fisiologia cerebral, mas, enquanto contida nessa máquina de neurônios, ela é limitada pelos recursos que esses neurônios podem oferecer. Em outras palavras, a mente se vale da ação coerciva do cérebro para aprender paulatinamente a se libertar dele, liberando-se das experiências reencarnatórias.

À medida que o Espírito avança evolutivamente, suas habilidades mentais se expandem, ou seja, a mente, como seu atributo, se capacita de recursos maiores, tanto sobre o aspecto intelectual como sobre o aspecto moral e ele se distancia da precisão da corporeidade.

Concluindo, talvez pudéssemos colocar assim:

1- nós, seres espirituais, possuímos uma mente – um atributo do Espírito -, onde se expressam nossas ideias, sonhos, projetos, pensamentos e sentimentos;

2- a mente constitui-se de um núcleo de forças inteligentes, envolvidas por um sutil envoltório (corpo mental). Dela partem as ondas mentais que retratam a nossa condição evolutiva e nos ligam a todos aqueles que sintonizam conosco;

3- na corporeidade, a mente se identifica com o cérebro e intelectualiza a matéria, alimentando as células;

4- nossa mente vem evoluindo conosco, através das experiências na dimensão espiritual e na dimensão física, e, tal como nós, partiu do simples em direção ao complexo, da ignorância em direção do saber, atendendo ao princípio da perfectibilidade ínsito em cada um de nós.

Ricardo Baesso de Oliveira

Referências:

[i] Homo deus, Yuval Harari.

[ii] O Livro dos Espíritos, item 76.

[iii] Muito além dos neurônios, Nubor Facure.

[iv] Nos domínios da mediunidade, cap. 1.

[v] Evolução em dois mundos, parte I, cap. II.

[vi] Pensamento e vida, cap. II, Emmanuel.

[vii] Evolução em dois mundos, parte I, cap. IX.


19 abril 2018

Ser pacífico e não passivo - Rodinei Moura



SER PACÍFICO E NÃO PASSIVO


Na questão 932 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta ao Espírito de Verdade: "Por que, tão frequentemente, na Terra, os maus sobrepujam os bons? Resposta: Por fraqueza destes. Os maus são audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes quiserem, preponderarão.

O líder pacifista que libertou a Índia da poderosa Inglaterra e que se tornou um exemplo admirado pelo mundo todo, Mahatma Gandhi, disse certa vez que é muito diferente ser pacífico de ser passivo.

É que é a primeira conduta que o mundo precisa, mas com muita atividade no bem. E na questão 642 desta obra básica do Espiritismo, já citada, Allan Kardec interroga a Espiritualidade da seguinte forma: "Para agradar a Deus e garantir uma boa posição futura bastará não fazer o mal? Resposta: Não, é preciso fazer o bem no limite das forças. Porque cada um responderá por todo o mal que resulte de não ter praticado o bem".

Ou seja, todas as habilidades que temos e que poderiam tornar o mundo um lugar melhor, mas que não usamos, servirão apenas para nosso desequilíbrio espiritual. Toda oportunidade que temos de útil, mas que não a fazemos, no nosso dia a dia, nas pequenas coisas, será motivo para que nossa consciência solicite aos nossos mentores uma nova oportunidade de reencarnação para que possamos fazer o que temos que fazer e que, por descuido, deixamos passar em branco.

O mundo em que vivemos, seja no micro ou no macrocosmo, seja em nossa família ou no trabalho, em nossa cidade ou em nosso país, é o reflexo dos seus habitantes, ou seja, do grau de evolução de cada um de nós.

Será que temos nos esforçado para contribuir para a melhoria destes lugares? Será que tentamos fazer um ambiente de trabalho melhor? Um lar melhor? Ou apenas reclamamos de tudo e de todos, tornando-nos desta forma um canal de propagação de revolta, de fofocas, enfim, das trevas. Será que compreendemos que o silêncio muitas vezes é uma grandiosa atividade no Bem? Ou uma palavra firme diante de uma injustiça, mas precedida sempre de uma oração, pedindo a Jesus que nos ilumine no agir e falar, para que prevaleça sempre a concórdia, acima das nossas paixões? Será que entendemos a importância de agir com simplicidade, exemplificando que somos todos irmãos, todos iguais perante o amor divino? Ou ainda usamos teorias mascaradas por trechos do evangelho, escolhidos segundo nossa conveniência, para nos abstermos de vencer o nosso orgulho? Será que entendemos que as pessoas se inspiram em nossas atitudes para o bem ou para o mal?

Será que o nosso agir tem sido desinteressado, como quem faz sua pequena parte, ciente da sua importância, mas confiante naquele que está no leme da embarcação, nas Leis Divinas e infalíveis? Ou agimos e deixamos de agir quando bem entendemos, julgando que somos Espíritos iluminados e incompreendidos, denotando, assim, apenas estarmos fascinados?V Sigamos confiantes em Jesus, refletindo incansavelmente e buscando a incessante transformação moral, para que os Espíritos trabalhadores do mestre encontrem em nós um instrumento lúcido e fiel, sem a ilusão da grandeza espiritual que não temos, e sem esperar privilégios que não fazem parte da legislação divina, e, ao contrário, dando o exemplo silencioso, porém ativo, de nossa resignação.

Rodinei Moura

18 abril 2018

Algumas reflexões sobre a morte e o luto - Claudia Gelernter



ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A MORTE E LUTO


A tendência à banalização da morte e do morrer é uma triste realidade que pode ser verificada em todos os meios de comunicação.

Nos cinemas, na TV, nos jornais, o destaque surge para o morrer como espetáculo, num desfilar de desgraças que não nos fazem refletir sobre o fato em si.

Além disto, o mundo científico e tecnológico, os avanços da pós-modernidade, com seu apelo de consumo e poder (com afrouxamento e fluidez nos laços entre as pessoas), trouxe grandes avanços para a humanidade, mas, como consequência, uma dura realidade se revela: não há lugar para as expressões de sofrimento, dor e morte. Esta realidade é visível nos grandes centros urbanos, onde os ritos e espaços que possibilitam a integração e a reflexão sobre a morte são pouco valorizados.

Como resultado, temos uma “inércia filosófica”. Não nos permitimos pensar na morte e, com isso, não pensamos em nosso modo de viver. Ficamos fixados nas atividades do cotidiano, levando cada dia como se a nossa própria finitude não fosse a única certeza na vida.

Entrar em contato com a morte nos obriga a encontrar um sentido para a vida, mas também nos leva a buscar o da própria morte...

A não aceitação da morte e do morrer acaba por embotar a elaboração do luto, a aceitação do fato, a reconstrução dos significados. Passa-se do fato morte para outros fatos, sem que se reflita sobre ele, desperdiçando, portanto, valiosas oportunidades de aprendizado. Evita-se falar sobre ela, como se este silêncio a mantivesse distante de nós...

A pesquisadora Maria Cristina Mariante Guarnieri, em sua tese de Mestrado intitulada Morte no Corpo, Vida No Espírito – O Processo de Luto na Prática Espírita da Psicografia, afirma que “No Ocidente tem predominado a ideia de morte como algo absurdo, insensato e como forma de punição. Fruto da secularização, o enfrentamento da dor, do sofrimento e da morte tem se transformado intensamente, caminhando para um distanciamento e para uma negação a tudo o que se opõe à felicidade, à realização e à eficiência”. (GUARNIERI, 2001)

Para nós, Espíritas, o morrer nada mais é que uma passagem. E esta passagem, este momento, pode ser mais ou menos difícil, dependendo, sobretudo, do Espírito desencarnante.

Almas que se dedicaram ao bem, vivendo em harmonia, com desprendimento e confiança na dinâmica da vida, podem desprender-se com maior facilidade de seus corpos, embora saibamos que, enquanto residentes deste planeta de provas e expiações, o período de perturbação do Espírito varia, mas é presente na maior parte das experiências do morrer do corpo e consequente desprender da alma.

Espíritos especialistas no desencarne nos visitam na intenção de prestarem auxílio neste difícil processo. O desligamento dos nossos liames exige técnicas específicas e harmonia na tarefa.

Porém, o que comumente vemos nos velórios? Grupos de pessoas com os mais variados comportamentos:

* Choros convulsivos;

* Anedotas, conversas maliciosas, por vezes sobre o próprio morto, descambando à maledicência;

* Conversas sobre política, economia, moda etc.

Raros se dedicam à formulação de oração de auxílio, preces dedicadas ao Espírito e aos benfeitores que atuam neste momento, auxiliando no sagrado processo de desenlace.

Leituras edificantes e músicas inspiradoras são tão raras quanto os que mantêm em posição de respeito e moderação...

Certo é que, se dependesse apenas da emanação positiva da maior parte dos encarnados no velório, o Espírito se manteria atado ao corpo, talvez para sempre...

No livro Cartas e Crônicas, Humberto de Campos nos traz uma interessante carta escrita por um desencarnado que, para seu azar, morreu no dia de finados.

Conta ele que, na hora de se despedir dos parentes, viu-se às voltas com inúmeros desencarnados que se achegavam ao cemitério, sedentos de cobranças, picuinhas, lutas de família, reclamando cuidados, vinganças etc. O pobre coitado tentava em vão se achegar aos seus. Os que se reuniam em torno do enterro em nada lhe ajudavam.

Ditou que deveríamos orar fervorosamente para jamais desencarnarmos em dia de finados, tamanha a bagunça que se dá nos cemitérios, e que se peça que, de preferência, seja qual for o dia do desenlace, que chova torrencialmente, pois quanto menor o número de pessoas no séquito, melhor!

Isso porque, infelizmente, o padrão mental dos que ali estão em nada ou quase nada contribui na obtenção de equilíbrio do Espírito e de seus familiares.

Um terceiro aspecto a se pensar sobre perdas é o fato de que o luto pode ocorrer não apenas com a morte de alguém significativo, mas com a perda de algo caro ao coração.

Jesus, no maravilhoso Sermão da Montanha, afirmou-nos que onde colocamos nosso tesouro, ali estará nosso coração. Grande verdade e que tem tudo a ver com o luto daqueles que partem: Se colocamos nosso olhar, nossas expectativas nos bens materiais, certamente o luto que experimentaremos com a perda destes bens será de difícil solução. E já que não sabemos o dia da nossa morte, importante nos desapegarmos, o quanto antes...

Viver na Terra usando a matéria não significa escravizar-se, tampouco esbanjar. Equilíbrio nas relações com os bens é sempre o melhor caminho.

O mesmo vale para com as pessoas...

Certamente levaremos nossos sentimentos para o além-túmulo, mas precisamos saber que ninguém nos pertence e não pertencemos a ninguém. Talvez tenhamos de ficar por longo período distanciados daqueles a quem amamos, sem, contudo, deixarmos de nutrir por eles o nosso mais sincero sentimento fraterno.

O Divino Mestre nos alerta para que ajuntemos tesouros no Céu...

Quando nos dedicamos ao entendimento das coisas do “outro mundo”, nossa fé se fortalece, a certeza da bondade Divina nos auxilia a passar pela experiência da separação transitória mais equilibrados.

Certo é que sentiremos saudades...

Afinal, como certa vez disse uma criança que estava prestes a partir deste mundo por conta de uma doença grave, “saudade é o amor que fica...”

Mas saberemos aguardar a vontade do Pai, pois teremos a certeza de que, no devido tempo, todos nos reuniremos para festejar a vitória do verdadeiro amor.

Referências:

Kardec, A. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro da 3. ed. francesa rev., corrig. e modif. pelo autor em 1866. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.

Guarnieri, M. C. M. Morte no corpo, vida no Espírito: o processo de luto na prática espírita da psicografia. [Dissertação] [Periódico na Internet]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2001.V XAVIER, F. C. Cartas e crônicas. Pelo Espírito Irmão X [Humberto de Campos]. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991.

Claudia Gelernter