OS ESPÍRITOS SUMIRAM DOS CENTROS
É triste constatar como ao longo das últimas décadas os espíritos simplesmente sumiram de boa parte dos centros espíritas…
Vários espíritas e simpatizantes do Espiritismo vêm alertando as pessoas a esse respeito. É raro ver um centro espírita que realize uma sessão aberta de contato direto com os espíritos. Na maioria dos centros espíritas, infelizmente, as sessões onde se há comunicação com os espíritos ocorrem quase sempre a portas fechadas, onde o público é impedido de participar.
O contato que o público estabelece com os espíritos geralmente é feito com a mediação de um palestrante. É o palestrante que acabou se tornando a figura principal de divulgação do ensino dos espíritos… Vamos notar que a doutrina dos espíritos não é mais ensinada por eles mesmos, os espíritos, nos centros… mas costuma ser transmitida pela figura do palestrante, que se tornou o “detetor” do conhecimento da doutrina dos espíritos.
No Espiritismo, infelizmente, essa prática de retirar os espíritos dos centros já vem ocorrendo há algumas décadas, mais notadamente nas últimas três décadas. Uma situação bastante diferente, por outro lado, ocorre na maioria dos centros umbandistas. Na Umbanda, o público quase sempre pode estabelecer um contato direto com os espíritos, com os chamados “guias espirituais”. Esses guias são os pretos velhos, índios, caboclos, vovô, vovó, exu, marinheiro, etc. Nesse sentido, a Umbanda presta um serviço de muita utilidade ao público em geral, pois dá a possibilidade de qualquer pessoa conversar diretamente com seus guias… algo que não ocorre em boa parte dos centros espíritas.
A esse respeito, alguns dirigentes argumentam que levar os espíritos a falar para o público, em reuniões abertas, seria uma forma de exibicionismo, ou mesmo de supervalorizar o “fenômeno” em detrimento da reforma íntima, do conhecimento e dos valores espirituais. Sim, sem dúvida é necessário resguardar o movimento espírita da tentação de “espetacularizar” o diálogo com os espíritos, fazendo disto um show impregnado de sensacionalismo. No entanto, não se pode usar este argumento para simplesmente retirar os espíritos dos centros, alegando que todo diálogo com o público, aberto ou reservado, seria necessariamente uma espetacularização, e por isso, deve ser evitado. É perfeitamente possível se realizar sessões públicas abertas ou reservadas sem com isso se promover sensacionalismos, exibicionismos e sem enfatizar no caráter fenomênico da sessão. Basta que todos tenham consciência desse fato, para que ele não se reproduza. Muitos médiuns realizam incorporações na frente de todos sem qualquer sensacionalismo e ênfase no fenômeno. Se alguns conseguem, os centros espíritas também podem, sem dúvida, conseguir.
Posso dizer que, pelo que tenho visto ao longo dos anos, os espíritas de um modo geral sentem falta desse contato mais direto com o plano espiritual. Há de se perguntar quem instituiu essas regras… Quem decidiu que os espíritos, os principais personagens de divulgação da doutrina, ficariam de fora dos centros e do contato com as pessoas? Qual o sentido disso? Não seria mais interessante, mais produtivo, mais direto, mais rico e mais eficiente que todas as pessoas pudessem falar abertamente com seus guias nos centros espíritas, tal como ocorre na Umbanda? Não seria também melhor se os espíritas pudessem receber os ensinamentos espirituais diretamente dos espíritos nos centros, ao invés de receber apenas dos palestrantes ou ler em livros?
Quero esclarecer que, defendendo esse ponto, não afirmo que os palestrantes são dispensáveis, ao contrário: eles são muito importantes para a divulgação do conhecimento espiritual. Muito importantes também são os livros, principalmente O Livro dos Espíritos, O Evangelho segundo o Espiritismo e outros. No entanto, não podemos colocar uns na frente de outros; não podemos exaltar a figura do palestrante e abafar a presença dos espíritos nos centros. Isso é contraproducente e em nada nos acrescenta; ao contrário, o movimento espírita só perde com a exclusão dos espíritos.
Estava conversando com um espírito incorporado num médium e fiz-lhe esta pergunta: por que os espíritos estão sendo esquecidos dos centros? E por que os dirigentes aceitam ou promovem esta exclusão? O espírito me respondeu de forma simples e direta dizendo: “Bom… você sabe, né? Se os espíritos ficarem aparecendo muito nos centros e passando diretrizes, alguns dirigentes que gostam de exercer seu poder podem perde-lo e muitos não querem isso”. No final das contas, fiquei pensando: será mesmo que tudo isso é um jogo de poder?
Infelizmente preciso insistir nesse assunto e enfatizar que os centros precisam rever estas regras e permitir novamente que os espíritos se manifestem nos centros, em reuniões abertas, onde todos possam ouvi-los e desfrutar de seus ensinamentos. Sessões reservadas de conversa dos guias espirituais com os frequentadores também seriam muito úteis e produtivas para todos. Os nossos guias conhecem nossos defeitos e nossas necessidades… eles podem nos orientar de forma muito eficaz… dar conselhos, lições e direcionamentos que em alguns casos podem mudar nossas vidas. Em hipótese alguma podemos relega-los ao esquecimento ou reservar suas aparições para sessões fechadas onde apenas uns poucos “escolhidos” tem o privilégio de ouvi-los.
Enfim, se você concorda com essa mensagem, pode compartilha-la a todos. Vamos resgatar a presença dos espíritos nos centros.
Hugo Lapa
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