INCORPORAÇÃO E POSSESSÃO
Quando se fala em espiritualidade de modo geral, são diversos os temas tratados, onde por vezes alguns assuntos polêmicos dividem crenças e opiniões em relação a isso ou aquilo, no tocante a possíveis fenômenos observáveis através dos chamados “médiuns”, termo este criado por Allan Kardec durante a codificação do Espiritismo para identificar aqueles que serviam como meio de comunicação entre os planos material e espiritual. O Espiritismo, aliais, que surgiu no século XIX explicando toda uma gama de fenômenos até então sem explicações, além de trazer assuntos dos mais variados em relação a vida de modo geral que atendessem a curiosidade de uma sociedade que vivia em meio ao apogeu do início do movimento científico ainda em desenvolvimento.
Dentre os fenômenos espirituais que precisavam de esclarecimento, e que ainda hoje geram dúvida, curiosidade, incredulidade e desconhecimento, mas que tem suas devidas descrições principalmente nas obras O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns estão, incorporação e possessão.
Estamos acostumados a ver (principalmente os amantes dos filmes de terror) cenas onde um espirito maligno possui um indivíduo e sai cometendo atrocidades, passando uma imagem clara de posse total do corpo da pessoa, que por sua vez perde por completo o controle de suas ações, servindo única e exclusivamente como ferramenta para o mau, caindo assim nos braços no povo que transforma folcloricamente os fenômenos em cultura popular sem aferição da verdade que existe por traz do evento servido como base para as produções cinematográficas. A pergunta que fica: O que há de verdade nestas situações representadas?
Kardec, em O Livro dos Espíritos (p. 251) na questão de número 473 é bastante assertivo na ao perguntar aos espíritos em relação ao assunto (como sempre em suas obras, diga-se de passagem), ele faz a seguinte indagação:
Pergunta: Um Espírito pode, momentaneamente, revestir-se do envoltório de uma pessoa viva, quer dizer, introduzir-se em um corpo animado e agir em substituição ao Espírito encarnado?
Resposta: “O Espírito não entra em um corpo como se entra numa casa. Ele se identifica com o espírito encarnado que possui os mesmos defeitos e as mesmas qualidades para uma ação conjunta; contudo é sempre o Espírito encarnado que age como deseja sobre a matéria de que está revestido. Um Espírito não pode substituir aquele que está encarnado, porque este está ligado ao corpo físico até o tempo estabelecido para o termo da existência material”. (1)
Desta forma podemos perceber claramente a impossibilidade de dois espíritos coabitarem um mesmo corpo, assim parte de nossas dúvidas se mostram vencidas. Porém curiosidades quanto a voluntariedade ou disponibilidade do corpo receptor do fenômeno por parte do espírito habitante do mesmo ainda aparecem existentes, e é aí que entra mais uma pergunta com resposta importante em O livro dos Espíritos (p. 251), questão de número 474:
Pergunta: Se não há possessão propriamente dita, ou seja, coabitação de dois Espíritos no mesmo corpo, a alma pode encontrar-se na dependência de um outro Espírito, de maneira a ser subjugada ou obsedada, a ponto de ter sua vontade vencida?
Resposta: “Sim, e aí os verdadeiros possessos. Mas saibam que essa denominação não se faz jamais sem a conivência daquele que sofre, seja por sua fraqueza, seja por seu desejo. Frequentemente se tomam por possessos pessoas portadoras de enfermidades como epilepsia ou doenças mentais, que necessitam mais da Medicina do que do exorcismo”. (2)
A representação anterior se mostra adequada, nos permitindo interpretar que jamais um espírito obsessor pode tomar completo comando do corpo de alguém que não se coloque a disposição total, exceto em casos de enfermidades de caráteres citados. A observação de Allan Kardec (p. 251) a seguir ainda complementa acerca do significado de “possessão”: “A palavra possesso deve ser entendida apenas como a dependência absoluta em que a alma possa se encontrar em relação aos Espíritos imperfeitos que a subjugam. (3)
Não podemos, de forma alguma interpretar somente o lado tido como ruim da situação como um todo, pois se podemos observar a possessão como algo estigmatizado por conta do contexto cultural, histórico, ou folclórico como significantemente ruim no significado vulgar da palavra, por outro ponto de vista temos a possibilidade de entender com mais amplitude o que realmente acontece no processo onde o médium sede seu veículo físico as vontades do espírito secundário de modo a permitir sua atuação em trabalhos benevolentes, caracterizando-se assim um fenômeno de incorporação de forma tecnicamente assistida por espíritos bons, como o seguinte trecho do livro Missionários da Luz de Francisco Cândido Xavier nos explica: “Mediunicamente falando, as medidas são as mesmas adotadas nos casos de psicografia comum, acrescentando-se, porém, que necessitaremos proteger, com especial carinho, o centro da linguagem na zona motora, fazendo refletir nosso auxílio magnético sobre todos os músculos da fala, localizados ao longo da boca, da garganta, laringe, tórax e abdômen. (4)
Analisando o conteúdo apresentado até aqui e nos fazendo pensar e interpretar o tema “incorporação e possessão”, percebemos que o conteúdo a ser estudado para se chegar a conclusões mais claras, objetivas e concretas é bastante vasto e recheado de variáveis conforme cada caso em especifico, mas de modo geral conseguimos encontrar um possível ponto de separação entre os dois termos, pelo menos nos significados mais popularmente conhecidos, onde “possessão” acabou com o passar do tempo sendo mais relacionado a eventos ruins assim dizendo, como usamos o exemplo de filmes de terror, fazendo-se alusão a demônios ou criaturas espiritualmente inferiores, e por outro lado “incorporação” acabou se tornando mais usada para designar eventos mediúnicos em prol do bem, onde espíritos de ordens elevadas assistem ao médium em meio a realização dos trabalhos em que o espírito que incorpora faz uso dos meios físicos do medianeiro voluntario a comunicação. Contudo, vemos que são eventos que se confundem em termos interpretativos por se referirem a um fenômeno em comum, mas que com o passar do tempo e sofrendo mudanças de interpretação com a ação de pessoas conhecedoras ou não do assunto, foram se tornando quase que imperceptivelmente distintos quando os usamos para melhor entendimento de modo geral. Assim vale sempre, ressaltar que é de eximia importância o estudo e a pesquisa para que se chegue a conclusões mais completas sobre temas complexos como esses envolvendo a Doutrina Espírita, e para isso temos as obras do pentateuco de Kardec, com destaque para O Livro dos Médiuns, para esclarecimentos mais abrangentes em relação ao tema, por exemplo, deste artigo.
Referências:
1 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 6a Edição. São Paulo: Mundo Maior Editora, 2012.
2 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 6a Edição. São Paulo: Mundo Maior Editora, 2012.
3 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 6a Edição. São Paulo: Mundo Maior Editora, 2012.
4 - XAVIER, Francisco Candido. Missionários da Luz. Rio de Janeiro. FEB. 1945.
Dentre os fenômenos espirituais que precisavam de esclarecimento, e que ainda hoje geram dúvida, curiosidade, incredulidade e desconhecimento, mas que tem suas devidas descrições principalmente nas obras O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns estão, incorporação e possessão.
Estamos acostumados a ver (principalmente os amantes dos filmes de terror) cenas onde um espirito maligno possui um indivíduo e sai cometendo atrocidades, passando uma imagem clara de posse total do corpo da pessoa, que por sua vez perde por completo o controle de suas ações, servindo única e exclusivamente como ferramenta para o mau, caindo assim nos braços no povo que transforma folcloricamente os fenômenos em cultura popular sem aferição da verdade que existe por traz do evento servido como base para as produções cinematográficas. A pergunta que fica: O que há de verdade nestas situações representadas?
Kardec, em O Livro dos Espíritos (p. 251) na questão de número 473 é bastante assertivo na ao perguntar aos espíritos em relação ao assunto (como sempre em suas obras, diga-se de passagem), ele faz a seguinte indagação:
Pergunta: Um Espírito pode, momentaneamente, revestir-se do envoltório de uma pessoa viva, quer dizer, introduzir-se em um corpo animado e agir em substituição ao Espírito encarnado?
Resposta: “O Espírito não entra em um corpo como se entra numa casa. Ele se identifica com o espírito encarnado que possui os mesmos defeitos e as mesmas qualidades para uma ação conjunta; contudo é sempre o Espírito encarnado que age como deseja sobre a matéria de que está revestido. Um Espírito não pode substituir aquele que está encarnado, porque este está ligado ao corpo físico até o tempo estabelecido para o termo da existência material”. (1)
Desta forma podemos perceber claramente a impossibilidade de dois espíritos coabitarem um mesmo corpo, assim parte de nossas dúvidas se mostram vencidas. Porém curiosidades quanto a voluntariedade ou disponibilidade do corpo receptor do fenômeno por parte do espírito habitante do mesmo ainda aparecem existentes, e é aí que entra mais uma pergunta com resposta importante em O livro dos Espíritos (p. 251), questão de número 474:
Pergunta: Se não há possessão propriamente dita, ou seja, coabitação de dois Espíritos no mesmo corpo, a alma pode encontrar-se na dependência de um outro Espírito, de maneira a ser subjugada ou obsedada, a ponto de ter sua vontade vencida?
Resposta: “Sim, e aí os verdadeiros possessos. Mas saibam que essa denominação não se faz jamais sem a conivência daquele que sofre, seja por sua fraqueza, seja por seu desejo. Frequentemente se tomam por possessos pessoas portadoras de enfermidades como epilepsia ou doenças mentais, que necessitam mais da Medicina do que do exorcismo”. (2)
A representação anterior se mostra adequada, nos permitindo interpretar que jamais um espírito obsessor pode tomar completo comando do corpo de alguém que não se coloque a disposição total, exceto em casos de enfermidades de caráteres citados. A observação de Allan Kardec (p. 251) a seguir ainda complementa acerca do significado de “possessão”: “A palavra possesso deve ser entendida apenas como a dependência absoluta em que a alma possa se encontrar em relação aos Espíritos imperfeitos que a subjugam. (3)
Não podemos, de forma alguma interpretar somente o lado tido como ruim da situação como um todo, pois se podemos observar a possessão como algo estigmatizado por conta do contexto cultural, histórico, ou folclórico como significantemente ruim no significado vulgar da palavra, por outro ponto de vista temos a possibilidade de entender com mais amplitude o que realmente acontece no processo onde o médium sede seu veículo físico as vontades do espírito secundário de modo a permitir sua atuação em trabalhos benevolentes, caracterizando-se assim um fenômeno de incorporação de forma tecnicamente assistida por espíritos bons, como o seguinte trecho do livro Missionários da Luz de Francisco Cândido Xavier nos explica: “Mediunicamente falando, as medidas são as mesmas adotadas nos casos de psicografia comum, acrescentando-se, porém, que necessitaremos proteger, com especial carinho, o centro da linguagem na zona motora, fazendo refletir nosso auxílio magnético sobre todos os músculos da fala, localizados ao longo da boca, da garganta, laringe, tórax e abdômen. (4)
Analisando o conteúdo apresentado até aqui e nos fazendo pensar e interpretar o tema “incorporação e possessão”, percebemos que o conteúdo a ser estudado para se chegar a conclusões mais claras, objetivas e concretas é bastante vasto e recheado de variáveis conforme cada caso em especifico, mas de modo geral conseguimos encontrar um possível ponto de separação entre os dois termos, pelo menos nos significados mais popularmente conhecidos, onde “possessão” acabou com o passar do tempo sendo mais relacionado a eventos ruins assim dizendo, como usamos o exemplo de filmes de terror, fazendo-se alusão a demônios ou criaturas espiritualmente inferiores, e por outro lado “incorporação” acabou se tornando mais usada para designar eventos mediúnicos em prol do bem, onde espíritos de ordens elevadas assistem ao médium em meio a realização dos trabalhos em que o espírito que incorpora faz uso dos meios físicos do medianeiro voluntario a comunicação. Contudo, vemos que são eventos que se confundem em termos interpretativos por se referirem a um fenômeno em comum, mas que com o passar do tempo e sofrendo mudanças de interpretação com a ação de pessoas conhecedoras ou não do assunto, foram se tornando quase que imperceptivelmente distintos quando os usamos para melhor entendimento de modo geral. Assim vale sempre, ressaltar que é de eximia importância o estudo e a pesquisa para que se chegue a conclusões mais completas sobre temas complexos como esses envolvendo a Doutrina Espírita, e para isso temos as obras do pentateuco de Kardec, com destaque para O Livro dos Médiuns, para esclarecimentos mais abrangentes em relação ao tema, por exemplo, deste artigo.
Silvio Junior
Fonte: Espiritismo na Rede
Referências:
1 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 6a Edição. São Paulo: Mundo Maior Editora, 2012.
2 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 6a Edição. São Paulo: Mundo Maior Editora, 2012.
3 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 6a Edição. São Paulo: Mundo Maior Editora, 2012.
4 - XAVIER, Francisco Candido. Missionários da Luz. Rio de Janeiro. FEB. 1945.
Nenhum comentário:
Postar um comentário