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20 junho 2022

Docilidade - Divaldo Pereira Franco

 
DOCILIDADE

A proposta insuperável é que nos amemos uns aos outros.

A infeliz cultura moderna estabelece, no entanto, que nos armemos uns contra os outros.

A sociedade contemporânea conquistou níveis intelectuais e tecnológicos surpreendentes, demonstrando o poder da inteligência e da investigação, mas não logrou correspondentes patamares na área do sentimento e dos valores morais.

Superou obstáculos quase impossíveis de serem removidos, sem que haja conquistado o controle das paixões emocionais inferiores, que trabalham em favor da exaltação do gozo a qualquer preço, como se a existência tivesse a única finalidade do prazer exaustivo.

Tem apresentado filosofias magistrais umas e aberrantes outras, optando, na sua quase generalidade, por aquelas que a mantém prisioneira dos tormentos íntimos e dos transtornos psicológicos.

Aqueles que oferecem harmonia interior e comunhão afetiva vêm sendo abandonados, por parecer pobreza de caráter e medo da realidade posta a serviço da usurpação dos relevantes significados éticos essenciais à vida em família, em grupos harmônicos de convivência.

Essas manifestações terroristas de cada qual fazer o que lhe aprouver demonstra o baixo nível de aspirações e emoções pessoais.

Saímos da barbárie grupal, ancestral, na qual o valor da vida se encontrava na brutalidade, na ausência de beleza estética e higiênica, que proporciona saúde e bem-estar.

Descambamos nas expressões grosseiras do comportamento, nos rudes combates da competição desalmada e da vitória mentirosa da fama, para logo depois sucumbirmos nas faixas sombrias da loucura, da miséria moral e espiritual em que nos consumimos.

Transformamos o amor num tóxico poderoso de vícios e dependências degradantes, deixando-nos alucinados e perversos.

Por consequência, o homem e a mulher modernos estão asfixiados na escuridão do sofrimento por eles mesmos buscado, sem esperança próxima de ventura e alegria.

Fazendo-se uma análise sincera das gerações passadas, seus erros e suas glórias, constatamos que ainda é tempo de encontrarmos a felicidade, atingindo os objetivos essenciais da vida.

Ei-los insertos em o Sermão das Bem-aventuranças, conforme Jesus nos ofereceu: pobres em espírito, simples e puros de coração, humildes e dóceis, amorosos e gentis...

Substitui num momento a agressividade pela bondade, a violência pela gentileza, o ódio pela ternura, a mágoa pelo perdão e verás quanto estás perdendo de plenitude em tua sementeira de espinhos na atualidade.

Recorda que o amor é fonte inexaurível de bênçãos e com ele, bem como através dele, conseguirás viver em plenitude.

Amando, não terás conflito de consciência, porque o amor é a alma da vida.

Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 16/06/22


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