CUIDADO COM O "OLHO GORDO"
Quando adolescente meu avo sempre dizia para que eu tomasse cuidado com o “olho Gordo” (1), pedia-me para tomar cuidado com exibicionismos ou a quem contava sobre minhas aquisições ou desejos, pois a inveja era um mal que vestia várias formas.
A Inveja segundo a psicologia é o desejo de atributos, posses, status ou habilidade de outras pessoas, é um sentimento controverso, que indica algo positivo que desperta algo negativo. A inveja é um dos sentimentos mais difíceis de serem aceitos pelo ser humano, pois, na maioria das vezes ocorre inconscientemente.
Um sentimento tão antigo quanto o da existência do próprio Homem, os primeiros relatos de inveja vêm de tempos antigos, na Bíblia encontramos quando Caim assassina Abel, porque, este estava recebendo mais atenção e valorização por parte dos pais.
Na psicologia a inveja é definida como: “O deslocamento de energia do potencial de determinado indivíduo para a exacerbada preocupação com a satisfação e prazer de outra pessoa, geralmente íntima do sujeito em questão”.
Estudos feitos em Tóquio pelo neurocientista Hidehiko Takanashi (2) do Instituto Nacional de Ciência Radiológica, o estudo chamado de “Quando sua conquista é minha é a minha dor, e a sua dor é a minha conquista”. Essa pesquisa mostrava que pessoas sentiam prazer ao despertar a inveja, o chamado ShadenFreud (3), palavra alemã para a sensação de prazer que o invejoso tem ao notar o infortúnio do invejado. A inveja se processa na mesma região que a dor física, ou seja, a inveja é um sentimento doloroso.
“Ao entendermos como funciona esse mecanismo neurocognitivo poderemos prevenir e tratar esse tipo de conduta”, disse o cientista à BBC Brasil.
A pesquisa, que durou um ano e meio, estudou o comportamento de 19 pessoas em boas condições de saúde. Durante os experimentos, eles tiveram os cérebros monitorados por aparelhos de ressonância magnética. As pessoas eram induzidas a imaginar um cenário que envolvia outras três personagens. Duas delas seriam hipoteticamente mais capazes e inteligentes do que os voluntários da pesquisa.
Quando os voluntários sentiam inveja, a parte do córtex dorsal anterior do cérebro era ativada. Hidehiko Takahashi concluiu em seu estudo que quando as pessoas sentiam schadenfreude, a região do estriado ventral do cérebro era ativada. Essa área é responsável processar os sentimentos de prazer.
“Pessoas muito invejosas tendem a ter uma grande atividade nessa região do cérebro, que é responsável pela dor física e também é associada à dor mental”, contou o pesquisador.
Concluindo sob a ótica da pesquisa: a inveja também pode ser um dos motivos porque sentimos schadenfreude, já que queremos que o outro não tenha o que desejamos.
Essa conclusão coincide com as afirmações de Aristóteles (4), que dizia que a inveja é como a dor quando vemos a boa sorte de outra pessoa, que é estimulada por “aqueles que têm o que devemos ter”.
Mas… Essa inveja ou “Olho Gordo” pode de fato nos influenciar?
A resposta sob perspectiva espírita é SIM, podemos exemplificar com experiências efetuadas por Bill Tiller chefe do departamento de Ciências dos Materiais em Stanford, há décadas elabora experiências para verificar se as intenções humanas podem afetar os sistemas físicos. Para isso construiu um DERI ; Trata-se de uma caixa simples com uns diodos, um oscilador, uma memória programável, alguns resistores e capacitores.
A caixa foi colocada em um local, e ao seu redor foram colocados quatro médiuns. Eles entraram em estado de meditação profunda, concentrando suas energias para a água. O objetivo é influenciar um experimento-alvo, específico: aumentar ou diminuir o pH da água; aumentar a atividade termodinâmica de uma enzima hepática.
Simplificando: Os quatro médiuns se concentram em uma caixa eletrônica simples e desejam algo como: Mudar o pH da água que ali contêm. Os testes foram feitos por quatro meses, usando “caixas” diferentes a cada mês. Resultado: O pH da água mudou em todas as tentativas, a probabilidade das mudanças terem ocorrido naturalmente era de menos 1 para 1000; Tiler afirma que se o pH do seu corpo mudar em uma unidade, você morre. (5)
O poder do pensamento, que é nossa força mental pode ser arrasadora, poderíamos aqui mencionar na história os essênio, vedas, e até hindus, de suas crenças sobre a capacidade do pensamento em atrair coisas boas ou ruins.
No espiritismo, a capacidade do pensamento em atrair para si coisas boas ou ruins tem o nome de Psicosfera (6) e quer dizer: Atmosfera psíquica, Campo de radiação do períspirito (7), que se exterioriza em redor do próprio organismo físico.
Cada ideia ou força mental é de alguma maneira, armazenadas na psicosfera do fluido que circula em torno de nós. É assim que se constroem os pensamentos doentios, criadores de perturbações físicas diversas.
Dr. Jorge Andrea (8) informa: “Pensamentos, emoções e sentimentos harmoniosos contribuem para manutenção do equilíbrio e saúde física, mental e espiritual do ser humano. O contrário gera profundas disfunções e distonias causadoras de desequilíbrios, doenças e enfermidades, reversíveis ou irreversíveis, podendo contribuir significativamente para a instalação de um processo auto ou heteroobsessivo.[…]” (9)
Allan Kardec na questão 933 de O Livro dos Espíritos (10) completa:
P: Assim como, quase sempre, é o homem o causador de seus sofrimentos materiais, também o será de seus sofrimentos morais?
R: Mais ainda, porque os sofrimentos materiais algumas vezes independem da vontade; mas, o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, numa palavra, são torturas da alma. “A inveja e o ciúme! Felizes os que desconhecem estes dois vermes roedores! Para aquele que a inveja e o ciúme atacam, não há calma, nem repouso possíveis. À sua frente, como fantasmas que lhe não dão tréguas e o perseguem até durante o sono, se levantam os objetos de sua cobiça, do seu ódio, do seu despeito. O invejoso e o ciumento vivem ardendo em contínua febre. (…).”
Divaldo Franco nos brinda com essa afirmação:
“[…] Naturalmente a Doutrina Espírita examina a problemática do ponto de vista dos fenômenos anímicos. O denominado mau-olhado nada mais é do que uma intensa vibração mental de alguém que é dominado por sentimentos inferiores – a inveja, a competitividade – e ao descarregar esta onda de sentimentos negativos e vibrações perversas, muitas vezes atinge aquele contra o qual é dirigido esse pensamento perturbador. E atinge-o porque o outro se encontra numa faixa vibratória equivalente, e através do fenômeno da sintonia capta aquela descarga perturbadora. […]”. (11)
Devemos também tomar cuidado com os nossos pensamentos a fim de que não tenhamos o “olho gordo” sob as pessoas que nos são próximas. A reforma íntima, o policiamento de nossos atos e pensamentos, afastam os inimigos espirituais, encarnados e evita que sejamos “invejosos”.
Notas do autor:
(1) Expressão no senso comum que denomina inveja ou cobiça.
(2) Pesquisador-chefe do Departamento de Neuroimagem Molecular do Instituto Nacional de Ciência Radiológica, localizado no subúrbio da capital japonesa.
(3) Literalmente, alegria ao dano; é um empréstimo linguístico da língua alemã para designar o sentimento de alegria ou satisfação perante o dano ou infortúnio de um terceiro.
(4) Aristóteles foi um filósofo grego durante o período clássico na Grécia antiga, fundador da escola peripatética e do Liceu, além de ter sido aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande.
(5) Informações referenciadas do livro “Quem Somos Nós” de William Arntz,. Cap. ”O Domínio da Mente Sobre a Matéria” Tradução: Doralice Lima. Ed.Pretígio.Rio de Janeiro.2005.
(6) Vem do grego psyché + sphaîra.
(7) Perispírito é o nome dado por Allan Kardec ao elo de ligação entre o espírito e o corpo físico.
(8) Jorge Andrea dos Santos, Nascido em 1916, em mais de meio século cruzou o país de Norte a Sul, fazendo palestras divulgando o espiritismo em seu aspecto cientifico.
(9) ANDRÉA, Jorge. Contexto Espiritual nos Processos Mediúnicos e Obsessivos p. 36 in jornal “A REENCARNAÇÃO” – Nº 425 p.34/37. Ed FERGS. Porto Alegre/RS.
(10) KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 2008.
(11) Frase retirada do Programa Transição, número 007 de 23/11/08, disponível no site http://www.kardec.tv/, o médium Divaldo Pereira Franco , explicando sobre o tema mau-olhado e feitiçaria.