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07 agosto 2008

A Doutrina Espirita e o Elemento Humano - Deolindo Amorim

A DOUTRINA ESPÍRITA E O ELEMENTO HUMANO
Autor: Deolindo Amorim

A seara espírita é um campo de experiências. Seria ilusão esperar que todos quantos se engajam no trabalho espírita, nesta ou naquela faixa,por mais ardoroso que seja o desejo de servir, já estejam completamente desligados de uns tantos hábitos, contraídos nos ambientes de ondevieram. 

Não. As tendências religiosas de origem, os cacoetes adquiridos na profissão ou na vida social e os impulsos do próprio temperamento não se modificam de um momento para outro . 

O fato, portanto de ingressarmos nas  fileiras espíritas, seja pela dor, seja pela reflexão profunda ou por outro motivo, não significa que tenhamos deixado lá fora todas as propensões ou, afinal, toda a bagagem que nos acompanha. 

Não se diz a toda hora, e é certo, que o meio espírita é uma escola? Escola pressupõe aprendizado e melhoramento.

Como a Doutrina Espírita recebe adesões de pessoas oriundas de todas as classes sociais, assim como de todas as correntes religiosas e de todos os níveis da escala humana, as frentes de trabalho no movimento espírita, quer no campo assistencial, quer no campo doutrinário, medicina, etc., reúnem elementos muito variados entre si, com temperamentos, concepções e costumes em tudo e por tudo diferentes. 

É natural, até certo ponto, que haja alguns problemas por falta de entrosamento. Todos, afinal, querem trabalhar e todos são necessários à realização da obra comum. 

Mas nem todos sempre se identificam nas  idéias, nos modos de conduzir as tarefas, e assim por diante. 

Todos - é bom frisar - desejam contribuir com sua parcela de esforço. E todos devem ter oportunidades de prestar serviço.

O problema não está propriamente no fato de haver desigualdades individuais por causa da formação, estrutura psicológica, educação, cultura, etc., mas na falta, às vezes, de tato para contornar as dificuldades entre grupos heterogêneos e aproveitar bem o que cada qual possa dar de si a despeito das divergências ou até mesmo de atritos passageiros.

Nos grupos mais reduzidos, como é o caso de uma diretoria de 5 ou 6 pessoas, muitas e muitas vezes há incompatibilidades temperamentais e desentendimentos ocasionais, pois, como ensina a sabedoria popular, cada cabeça, cada sentença! 

Homogeneidade absoluta não é mesmo possível com um material humano ainda em processo reencarnatório de melhoramento. Mas é com esse material humano, sujeito aos altos e baixos da experiência terrena que se realizam as grandes obras. 

Se o nosso movimento tivesse de esperar que aparecessem somente trabalhadores já depurados de seus velhos compromissos ou sem arestas contundentes - nada teria sido feito até agora.

Há pessoas, no entanto, que ainda não compreendem a nossa situação e, por isso, de quando em quando fazem esta pergunta: - Mas existem dessas coisas no meio espírita? ... E por que não? O meio espírita não é uma comunidade de anjos, mas de gente de carne e osso, com os seus defeitos e suas qualidades. 

E verdade que certos casos já não deviam ocorrer em nosso meio. São casos realmente discrepantes, de projeção, campanhas anônimas, etc., etc... isso prova que ainda existe muita fraqueza humana do lado de cá, tanto quanto em outras atividades humanas. 

Não esperemos, pois, que haja um ajustamento perfeito em todos os campos de trabalho espírita, já que as criaturas humanas são mesmo desiguais. 

Entretanto, pela experiência já vivida e pelo que já se aprendeu na Doutrina até agora, certas dificuldades, causadas pela incompreensão humana, já não deveriam ocorrer entre nós. Afinal ninguém é perfeito, ninguém chega à seara espírita sem influências do passado, sem alguns prejuízos da educação ou do ambiente de origem, mas a casa espírita é uma escola.
Sim, escola onde cada qual deve se esforçar para melhorar.

Afinal de contas, o que estamos fazendo no meio espírita, se ainda estamos presos às mesmas paixões ou se ainda estamos presos às mesmas tendências negativas de outrora? 

Se, ao cabo de tudo, nada mudou em nossa vida, pois continuamos com as mesmas idéias, os mesmos sentimentos, os mesmos hábitos, evidentemente não incorporamos bem os princípios espíritas ao dinamismo de nossa vivência cotidiana.

 É assunto para reflexões mais serias.

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