Na psicogênese profunda das enfermidades mentais sempre depararemos com um Espírito assinalado por problemas e dívidas que o afligem, encarcerado na dor de que se não pode evadir.
Não somente, porém, na problemática dos distúrbios psíquicos, mas, igualmente, em toda e qualquer situação de sofrimento, particularmente quando no envoltório carnal, sob as graves injunções das limitações orgânicas.
Responsável por si mesmo, na escalada ascensional, apesar das soberanas leis de amor que o amparam e inspiram, é o Espírito quem modela a aparelhagem de que se utilizará, em cada reencarnação, como decorrência imediata e inevitável do comportamento que se permitiu na experiência anterior...
Somatizando conflitos e dramas, reflete na conduta as patologias mais condicentes com a sua realidade, da mesma forma que, vinculado a reminiscências mais vigorosas de ações infelizes do passado, libera, no psiquismo atual, angústias e rebeldias, transtornos variados e fixações que o alienam, estabelecendo a larga e variada gama dos distúrbios de comportamento e os desequilíbrios de que, hoje mais do que ontem, padece a sociedade.
Neuroses, psiconeuroses, esquizofrenias catalogadas, multiplicam-se extensamente entre as criaturas, como sinal de alarme, caracterizando os dias que vivemos, de angústia e descontentamento, de aflições superlativas e de loucuras que levam o homem à violência contra si mesmo, contra o patrimônio, contra o próximo, a sociedade, resultando em guerras particulares e domésticas, de grupos e classes, de partidos e religiões, de Estados e Continentes...
Abstraindo-nos do exame dos fatores psicossociais do momento, bem assim das constrições gerais e de outras causas endógenas, detemo-nos na análise do homem espiritual, comprometido em si mesmo pelo despautério e pela leviandade com que se vem conduzindo em relação à vida, às leis que regem o Universo, sintetizadas na "lei de amor", que é a manifestação de Deus na sua expressão mais pura.
Delinqüindo, o Espírito encarcera-se no erro, que procura dissimular, mas de que se não evade, senão quando recuperado pelo refazimento da ação condigna, anulando o mal antes perpetrado.
A consciência, que se sedia no ser eterno ¾ o Espírito ¾ e que se exterioriza pela cerebração, enquanto ser está reencarnado, pode adormecer sob o anestésico da indiferença ou da brutalidade, ou subtrair-se à reparação, submergindo no oceano dos traumas e dos estados primitivos. No entanto, sempre desperta, ergastulada ao delito que assoma, avolumando-se com cargas deletérias na condição de culpa-remorso, amargura-arrependimento que se farão presentes no futuro corpo canal, cujo agrupamento cerebral se desequilibra, dando origem aos distúrbios aludidos, às fobias, às psicoses, à deteriorização da personalidade...
Quando aqueles deslizes e crimes envolveram outras criaturas que não tiveram o valor de perdoar e esquecer, sem atinarem que sofrimento é prova redentora, e se resolvem pela cobrança inditosa, reencontram, no tempo, sob outra forma que seja, o infrator que se lhe fez inimigo, passando a investir, furibundos e inditosos, em desforços que se alongam, gerando quadros de obsessões dilaceradoras que são adicionados à problemática pessoal do delinqüente em desequilíbrio.
Não descartamos, portanto, nos portadores de alienações mentais a obsessão, apesar de reconhecermos os fatores atuais catalogados e estudados pelas "ciências da mente", neles mesmos encontrando o braço oculto da Justiça que alcança os infratores, embora estes busquem justificar-se, por não se recordarem das ações nefastas antes perpetradas.
No íntimo, cada portador de distonia psíquica, quando ainda não perdeu a lucidez do raciocínio, sente a presença da culpa atormentadora, que os psicanalistas intentam encontrar, no exame que fazem a partir do momento da fecundação, em suas respeitáveis pesquisas, culpa, entretanto, que precede à própria fecundação, por se encontrar ínsita no Espírito, esse viajor do tempo incomensurável.
Com as luzes que a Doutrina Espírita projeta nas atormentadas cultura e ética modernas, abrem-se perspectivas para terapias mais consentâneas com essa problemática, prenunciando a paz que advirá após as sombrias e graves horas de tormenta que desaba sobre o homem e o organismo combalido da Sociedade.
De: "Temas da Vida e da Morte",
de Divaldo Pereira Franco,
pelo Espírito Manoel P. de Miranda
de Divaldo Pereira Franco,
pelo Espírito Manoel P. de Miranda
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