É bastante conhecido o adágio popular que diz: "casamento é loteria", com o qual se pretende significar que o êxito de uma união conjugal depende exclusivamente da "sorte".
Muito vulgarizado, igualmente, este outro provérbio: "casamento e mortalha no céu se talham", encerrando a crença de que esse importante acontecimento da vida seja determinado por Deus, caso por caso, como o é o instante da morte.
Essas duas maneiras de considerar o casamento, como bem se percebe, são fundamentalmente errôneas. Atribuem à Providência a ventura de uns e a infelicidade de outros (o que infirmaria a justiça divina), quando, em verdade, tais sucessos correm por conta do caráter e da maneira de proceder das pessoas.
Entre espíritas menos esclarecidos, por sua vez, existe uma tendência para supor-se que todo e qualquer casamento, aqui na Terra, teria sido objeto de planejamento no mundo espiritual, nos prelúdios da atual existência, com o acorda das partes, as quais, não obstante o esquecimento ocasionado pela reencarnação, seriam impelidas pelo "destino" a dar-lhe cumprimento..
Esta colocação do problema também é inexata.
A Doutrina Espírita admite que possam ocorrer tais planejamentos, tanto para fins missionários como probatórios ou expiatórios. Mas isto não tem foros de regra geral, tanto assim que Kardec, com o bom senso que lhe era peculiar, apontou como causas de tantas uniões desditosas a má escolha do companheiro, cujas qualidades não foram devidamente examinadas, e outras fraquezas humanas, como a ambição, a futilidade etc., sem recorrer a nenhuma hipótese fatalista.
Tudo na vida obedece à lei de causalidade e os casamentos mal sucedidos, em última análise, nada mais são que a consequência natural da ignorância ou da leviandade com que muitos se aventuram em coisa tão séria.
O que acontece, comumente, é o seguinte:
Durante o namoro e o noivado, os jovens, desejos de casar-se, reciprocamente, impressão favorável, esforçam-se por manter uma boa conduta, procurando esconder ou camuflar os aspectos indesejáveis de seus caracteres.
Nesse período, sua convivência é mais a sós, na sala de visitas, ou fora de casa, em passeios e divertimentos. Vivem-no, pois, em estado de encantamento, estimulados pela atração física, evitando a menor alusão a episódios desagradáveis do passado de cada um, para entregarem-se apenas a devaneios e fantasias, no antegozo das deliciosas promessas do futuro.
Mesmo quando um dos dois chega a observar no outro característicos comprometedores ou menos dignos, acreditam, ingenuamente, que o casamento os eliminará ou que terão forças suficientes para suportá-las, sem prejuízo da "eterna felicidade" com que sonham.
Depois de casados, porém, ao conhecerem a realidade da vida, compreenderão que esta não é feita apenas de momentos românticos, exigindo-lhes, agora, árduos trabalhos e não poucos sacrifícios para os quais nem sempre estavam convenientemente preparados.
Podem sobrevir, ainda, dificuldades de ordem financeira, que os levem a sofrer privações nunca dantes experimentadas, e com elas as acusações e queixas de um contra o outro.
Mas o pior, mesmo, é que aquelas (más) facetas do feitio moral de ambos, que tiveram o cuidado de não revelar antes da assinatura do contrato matrimonial, começam a manifestar-se com toda a crueza, gerando atritos, discussões, amuos e represálias. E se não houver, então, concessões mútuas e esforço comum no sentido de ser estabelecido um "modus vivendi" aceitável, ou pelo menos suportável, a harmonia do lar será arruinada, e ipso facto, a felicidade conjugal, destruída.
"Não há união particular e fatal entre duas almas. O que há é a união de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a ordem que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos." (Allan Kardec, "O Livro dos Espíritos", questão 298)
"No casamento, comumente, o que se cogita, não é da satisfação do coração e sim da do orgulho, da vaidade, da cupidez, numa palavra: de todos os interesses materiais. Daí as uniões infelizes, que acabam tornando-se criminosas, dupla desgraça que se evitaria se, ao estabelecerem as condições do matrimônio, se não abstraísse da única que sanciona aos olhos de Deus: a lei do amor." (Allan |Kardec, "O Evangelho segundo o Espiritismo", cap. XXI, nº 3)
Muito vulgarizado, igualmente, este outro provérbio: "casamento e mortalha no céu se talham", encerrando a crença de que esse importante acontecimento da vida seja determinado por Deus, caso por caso, como o é o instante da morte.
Essas duas maneiras de considerar o casamento, como bem se percebe, são fundamentalmente errôneas. Atribuem à Providência a ventura de uns e a infelicidade de outros (o que infirmaria a justiça divina), quando, em verdade, tais sucessos correm por conta do caráter e da maneira de proceder das pessoas.
Entre espíritas menos esclarecidos, por sua vez, existe uma tendência para supor-se que todo e qualquer casamento, aqui na Terra, teria sido objeto de planejamento no mundo espiritual, nos prelúdios da atual existência, com o acorda das partes, as quais, não obstante o esquecimento ocasionado pela reencarnação, seriam impelidas pelo "destino" a dar-lhe cumprimento..
Esta colocação do problema também é inexata.
A Doutrina Espírita admite que possam ocorrer tais planejamentos, tanto para fins missionários como probatórios ou expiatórios. Mas isto não tem foros de regra geral, tanto assim que Kardec, com o bom senso que lhe era peculiar, apontou como causas de tantas uniões desditosas a má escolha do companheiro, cujas qualidades não foram devidamente examinadas, e outras fraquezas humanas, como a ambição, a futilidade etc., sem recorrer a nenhuma hipótese fatalista.
Tudo na vida obedece à lei de causalidade e os casamentos mal sucedidos, em última análise, nada mais são que a consequência natural da ignorância ou da leviandade com que muitos se aventuram em coisa tão séria.
O que acontece, comumente, é o seguinte:
Durante o namoro e o noivado, os jovens, desejos de casar-se, reciprocamente, impressão favorável, esforçam-se por manter uma boa conduta, procurando esconder ou camuflar os aspectos indesejáveis de seus caracteres.
Nesse período, sua convivência é mais a sós, na sala de visitas, ou fora de casa, em passeios e divertimentos. Vivem-no, pois, em estado de encantamento, estimulados pela atração física, evitando a menor alusão a episódios desagradáveis do passado de cada um, para entregarem-se apenas a devaneios e fantasias, no antegozo das deliciosas promessas do futuro.
Mesmo quando um dos dois chega a observar no outro característicos comprometedores ou menos dignos, acreditam, ingenuamente, que o casamento os eliminará ou que terão forças suficientes para suportá-las, sem prejuízo da "eterna felicidade" com que sonham.
Depois de casados, porém, ao conhecerem a realidade da vida, compreenderão que esta não é feita apenas de momentos românticos, exigindo-lhes, agora, árduos trabalhos e não poucos sacrifícios para os quais nem sempre estavam convenientemente preparados.
Podem sobrevir, ainda, dificuldades de ordem financeira, que os levem a sofrer privações nunca dantes experimentadas, e com elas as acusações e queixas de um contra o outro.
Mas o pior, mesmo, é que aquelas (más) facetas do feitio moral de ambos, que tiveram o cuidado de não revelar antes da assinatura do contrato matrimonial, começam a manifestar-se com toda a crueza, gerando atritos, discussões, amuos e represálias. E se não houver, então, concessões mútuas e esforço comum no sentido de ser estabelecido um "modus vivendi" aceitável, ou pelo menos suportável, a harmonia do lar será arruinada, e ipso facto, a felicidade conjugal, destruída.
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"Não há união particular e fatal entre duas almas. O que há é a união de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a ordem que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos." (Allan Kardec, "O Livro dos Espíritos", questão 298)
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"No casamento, comumente, o que se cogita, não é da satisfação do coração e sim da do orgulho, da vaidade, da cupidez, numa palavra: de todos os interesses materiais. Daí as uniões infelizes, que acabam tornando-se criminosas, dupla desgraça que se evitaria se, ao estabelecerem as condições do matrimônio, se não abstraísse da única que sanciona aos olhos de Deus: a lei do amor." (Allan |Kardec, "O Evangelho segundo o Espiritismo", cap. XXI, nº 3)
De "A vida em família",
de Rodolfo Calligaris
de Rodolfo Calligaris
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