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24 março 2012

Abortagem Moral e Espiritual da Depressão - Roberto Lúcio Vieira de Souza


ABORDAGEM MORAL E ESPIRITUAL DA DEPRESSÃO

Atualmente, a depressão é um dos problemas médicos mais difundidos no mundo, ocupando, segundo estudo conjunto da Escola de Saúde Pública de Harvard, nos EUA, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Banco Mundial, o quarto lugar entre as causas de doenças degenerativas e de mortes prematuras. A previsão é de que ela se torne, em 2020, a segunda doença em importância, ficando apenas atrás dos males cardíacos.

Após vários anos de pesquisas, chegou-se à conclusão de que a depressão, cuja incidência aumenta a cada dia em nosso planeta, tem bases biológicas e é, freqüentemente, influenciada por estresse psicológico ou social. Mas há também os fatores espirituais, que, na verdade, são a base da doença. “Os deprimidos são pessoas de um nível evolutivo mediano, boas, responsáveis, com boas intenções, mas possuem um baixo nível de aceitação deles mesmos e de suas relações com o Criador. Investem uma energia muito negativa contra si mesmos, à medida que não conseguem ser aquilo que gostariam de ser”, declara Jaider Rodrigues de Paulo, psiquiatra, homeopata e presidente da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais.

Apesar de termos a idéia de que o deprimido é quietinho e quer ficar isolado, o psiquiatra afirma que ele é um rebelde e extremamente agressivo. “Ele não quer viver nem que os outros vivam. No seu subconsciente, não aceita que está errado, acha que é o indivíduo mais sofrido do mundo e que tudo o que os outros fazem é contra ele”, completa. São várias as vertentes da doença, apesar de ter um único motor que é a não aceitação. “A partir daí vão se desenvolvendo em cadeia vários processos que são agravantes, inclusive o genético. A genética na depressão não é conseqüência, com efeito, é causa”, informa.

Auto-obsessão

O psiquiatra Roberto Lúcio Vieira de Souza, diretor de publicações da AME-MG e diretor clínico do Hospital Espírita André Luiz, em Belo Horizonte (MG), acredita que, do ponto de vista moral, a depressão é um processo auto-obsessivo pelo fato de o deprimido ser um rebelde, cuja energia destrutiva é, antes de tudo, voltada contra si. “Dentro da abordagem espiritual, existem dois grandes grupos de depressão. São as de fundo carmático, oriundas de ações moralmente doentias do espírito, em uma ou diversas encarnações, nas quais prejudicou a si ou a terceiros, demarcando, quando do processo reencarnatório, a escolha de um material genético comprometido, capaz de dar origem à doença. E as desencadeadas por situações atuais de profundo comprometimento da tristeza, geralmente de intensidade mais leve e que não respondem ao tratamento convencional de maneira satisfatória”, explica.

Mas como seria essa ação mental, capaz de fazer surgir uma crise depressiva? Os espíritos poderiam atuar diretamente no material genético de outra criatura, determinando uma probabilidade de surgimento da patologia? Isso aconteceria antes ou depois do processo reencarnatório? Souza lembra que, de acordo com O Livro dos Espíritos, a atuação dos espíritos pode acontecer tanto na natureza física quanto na direção de outros espíritos, levando-os a situações de dificuldade. “Desse modo, pode-se dizer que espíritos adestrados e conhecedores das leis naturais, que agem no campo biológico, atuam, pela força mental, em determinadas situações, diretamente no material genético, seja no momento da escolha do óvulo e do espermatozóide, ou ainda na mutação desse material, predispondo o outro, ao reencarnar, para a propensão à doença”, afirma. “Tais atitudes, aparentemente negativas, dando a entender que estaria ocorrendo um desamparo dos planos superiores da vida, estariam sob o jugo da lei da justiça, quando a considerada vítima, ferindo a lei divina, permitiu-se ser alvo de entidades momentaneamente perversas”, diz.

No momento, várias pesquisas vêm surgindo com a utilização de tratamentos espirituais, envolvendo a prece, a meditação e tantos outros recursos, mas que necessitam do ponto de vista científico de outras tantas pesquisas que corroborem os seus resultados. No entanto, sabe-se hoje, com certeza, que pessoas religiosas são menos propensas aos quadros depressivos ou respondem melhor aos tratamentos chamados convencionais do que criaturas consideradas descrentes ou sem vínculos religiosos.

Crianças e adolescentes deprimidos

Atualmente, não é difícil encontrarmos adolescentes e crianças deprimidos. De acordo com Jaider, seria uma situação de espírito. “Muitas vezes, são os desencontros conjugais dos pais que geram insegurança nos filhos. Também há o choque de vibrações pelo qual o planeta está passando. As crianças estão vivendo um aspecto evolutivo muito rápido. As que antigamente brincavam na rua, jogavam bola de gude, subiam em árvores, hoje ficam na frente de videogames, de computadores. São mudanças muito rápidas”, diz.

O psiquiatra lembra que a família tem de ser a base de tudo. “Uma família bem estruturada tende a gerar uma prole mais bem estruturada. Então daí você vê que a situação demanda outros aspectos, o familiar, o social. A depressão hoje é a ponta do iceberg de problemáticas milenares de grupos familiares, do próprio indivíduo e da relação dele com o Criador. Como disse Chico Xavier uma vez, é uma contabilidade cármica à flor da pele, que precisamos resolver para galgar um patamar acima”, finaliza.

Pesquisas comprovam relação com outras doenças

Apesar de ser uma patologia comum e relatada desde os primórdios da história da Medicina, ainda hoje há muito desconhecimento sobre o assunto. Mas, nos últimos anos, as pesquisas têm trazido inúmeros dados que apontam a íntima relação entre depressão e diversas patologias orgânicas, aumentando ainda mais a importância de tais estudos.

“O deprimido é mais propenso a ter um câncer, mais sensível a doenças, a infecções, a transtornos mentais. É muito comum a depressão ser acompanhada de síndrome do pânico, fobia social, transtorno da ansiedade generalizada, assim como surtos psicóticos. Além dos aspectos obsessivos, possibilita um mosaico de sofrimentos para a pessoa”, relata Jaider Rodrigues de Paulo.

A depressão tem sido responsável por diversas manifestações clínicas no sistema digestório, e quem a possui também está mais propenso a infartos do miocárdio, coronariopatias e outras doenças cardiovasculares. Segundo o cardiologista Osvaldo Hely Moreira, vice-presidente e coordenador acadêmico da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais, ela aumenta de três a quatro vezes a chance de o indivíduo ser um doente do coração, do que aquele que não é deprimido, assim como o índice de mortalidade da doença cardiovascular, complicando ainda a já existente. “Há consenso internacional sobre o assunto e estudos sobre o uso de tratamento específico da depressão, visando melhorar o prognóstico do doente cardiológico”, revela. Estudos importantes apresentam clara relação da resposta de pacientes cardíacos às diversas terapêuticas da área, com a presença ou não de um quadro depressivo. Alguns deles já determinam que, na sintomatologia depressiva, haveria pior resultado nas cirurgias cardíacas, por exemplo.

Alterações

A depressão interfere em todas as doenças cardiovasculares, mas principalmente naquelas em que as artérias são acometidas. “Por exemplo, os derrames que são da área vascular, os infartos e os acometimentos de veias como as tromboses venosas e as flebites, onde estão em jogo coagulação, função da parede das artérias e veias, tudo isso tem hoje comprovação estatística e entendimento bioquímico de que, havendo alteração dos fatores da coagulação por causa da depressão, haverá também alteração da função da parede dos vasos, levando a fenômenos agudos como infarto do miocárdio e derrames cerebrais”, explica.

“Como o próprio meio médico está atualmente especializado demais, é bem possível que o cardiologista não esteja capacitado para diagnosticar um processo depressivo, do mesmo modo que o psiquiatra, no que diz respeito à detecção de uma doença cardiológica. É por isso que a Medicina precisa voltar a ver o ser integral, que é exatamente o que nós estamos querendo, ver o indivíduo como um espírito. O paciente se ver como um ser global e o médico ver o seu paciente da mesma forma vai permitir que se busquem fatores mentais associados a fatores orgânicos”, opina Moreira.

Posição médico-espírita em livro Depressão: abordagem médico-espírita é o título do livro assinado por Jaider Rodrigues de Paulo, psiquiatra, homeopata e presidente da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais; Osvaldo Hely Moreira, vice-presidente e coordenador acadêmico da AME-MG; e Roberto Lúcio Vieira de Souza, diretor de publicações da AME-MG e diretor clínico do Hospital Espírita André Luiz, em Belo Horizonte (MG).

No livro, de 192 páginas, editado pela Associação Médico-Espírita do Brasil, eles tratam dos vários aspectos da depressão, com a abordagem médica e a médico-espírita, beneficiando profissionais de Saúde interessados em cuidar de seus pacientes de forma mais abrangente. Outras informações na AME-Brasil, pelo telefone (11) 5585-1703 ou e-mail amebr@uol.com.br.

Queixas semelhantes

A depressão não aparece nos exames de sangue, nas radiografias, eletroencefalogramas e ninguém palpa ou ausculta a doença. Por isso, segundo o cardiologista Osvaldo Hely Moreira, é importante colocar os itens abaixo como um diagnóstico diferencial obrigatório, com o psiquiatra pedindo a avaliação do cardiologista e o cardiologista, a avaliação do psiquiatra.

• Cansaço – o deprimido tem falta de energia, mas o doente cardiológico, pela falência da função do coração, também tem cansaço.

• Insônia – queixa do deprimido e do cardiopata.

• Sonolência – ter sono durante o dia pode ser uma disfunção do coração, mas também depressão.

• Desconforto no peito – é a angústia do deprimido e a angina do cardiopata.

• Palpitação – arritmia do cardiopata e um sintoma psicossomático do deprimido.

Principais sintomas

Quando se busca o diagnóstico da depressão, deve-se pesquisar os sintomas psíquicos, fisiológicos e alterações comportamentais.

• Falta de energia • Falta de prazer • Tendência à solidão • Sensação de tristeza por mais de uma semana consecutiva • Impaciência • Agressividade • Intolerância

Se você estiver com esses sintomas e eles persistirem, procure um médico.

Matéria publicada na Folha Espírita em Fevereiro de 2006

Roberto Lúcio Vieira de Souza (vice-presidente da AME-Brasil), diretor de publicações da AME-MG e diretor clínico do Hospital Espírita André Luiz, em Belo Horizonte (MG), Dr. Jaider Rodrigues e Paulo (presidente da AME-MG), psiquiatra e Dr. Osvaldo Hely Moreira, (vice-presidente da AME-MG), cardiologista.

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