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25 setembro 2012

A Piedade - Michel


A PIEDADE

A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos, ela é irmã da caridade que vos conduz a Deus. Deixai o vosso coração se comover diante das misérias e dos sofrimentos de vossos semelhantes.

Vossas lágrimas são como uma consolação que lhes aplicais sobre as feridas e, quando, por uma doce simpatia, conseguis lhes dar a esperança e a resignação, que alegria experimentais! Essa ventura, é bem verdade, tem um certo pesar, visto que nasce ao lado da infelicidade; mas, se não possui a ilusão dos prazeres terrenos, não tem as decepções angustiantes do vazio que eles deixam atrás de si. Há uma suavidade penetrante que alegra a alma. A piedade, uma piedade bem sentida, é amor. O amor é devotamento. O devotamento é o esquecimento de si mesmo. Esse esquecimento, essa renúncia em favor dos infelizes, é a virtude no seu mais alto grau; a que o divino Messias praticou durante sua vida e que ensinou em sua doutrina tão santa e tão sublime. Quando esta doutrina for restabelecida na sua pureza primitiva e quando for praticada por todos os povos, garantirá a felicidade à Terra, fazendo, finalmente, reinar a concórdia, a paz e o amor.

A piedade é o sentimento mais apropriado para vos fazer progredir, dominando o vosso egoísmo e vosso orgulho; é o sentimento que prepara vossa alma para a humildade, a beneficência e para o amor ao vosso próximo. Essa piedade vos comove profundamente, diante do sofrimento de vossos irmãos, vos faz estender-lhes a mão caridosa e vos arranca lágrimas de simpatia. Não oculteis, portanto, jamais em vossos corações essa emoção celeste, não façais como os egoístas endurecidos que se afastam dos aflitos, porque a visão da miséria perturbaria por instantes sua feliz existência. Temei ficar indiferentes, quando puderdes ser úteis. A tranqüilidade comprada a preço de uma indiferença condenável é semelhante a tranqüilidade do Mar Morto, que esconde no fundo de suas águas o lodo apodrecido e a corrupção.

Quanto a piedade está longe, entretanto, de causar a perturbação e o aborrecimento que apavoram o egoísta! Sem dúvida, ao tomar contato com a desgraça do próximo e voltando-se para si mesma, a alma experimenta um abalo natural e profundo, que faz vibrar todo o vosso ser e vos afeta dolorosamente. Mas a compensação será grande, todas as vezes que conseguirdes devolver a coragem e a esperança a um irmão infeliz, que se emociona com o aperto de mão, e cujo olhar, em lágrimas, ao mesmo tempo de emoção e de reconhecimento, fixar-se docemente em vós, antes de elevar-se ao Céu, em agradecimento por lhe ter enviado um consolador, um apoio. A piedade compadecesse dos males alheios, é a celeste precursora da caridade, a primeira das virtudes, da qual é irmã, e cujos benefícios prepara e enobrece.

Michel - Bordeaux, 1862
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec


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