PARTIDA DE ENTES QUERIDOS...
Trabalhando há algum tempo no tema: perda
de entes queridos, emociono-me com freqüência porque é algo que toca a
alma a partida de um ser amado sensibilizando a todos. Diante disso,
dessa dor democrática que não libera ricos e pobres, brasileiros ou
americanos, reflito na importância da serenidade... Vejo as pessoas
pedindo saúde, paz, harmonia. Claro, todos queremos saúde, paz e
harmonia, mas, na minha maneira de ver a vida, considero a serenidade
como a conquista mais abençoada da criatura. A conquista da serenidade
vale mais, isso em minha opinião, do que uma Copa do Mundo ou qualquer
outro tesouro da Terra. Com serenidade transitamos por todas as estradas
deste mundo sem perdermos o rumo, o norte de onde devemos chegar.
Entretanto, voltando ao tema perda de entes
queridos, quero trocar a palavra perda por partida, porque não perdemos
ninguém, pode ser?
Então vamos lá: partida de entes queridos,
voltando a este tema, em O livro dos Espíritos Kardec aborda de forma
muito serena a questão e faz vários comentários. Em um dos comentários
ele diz que devemos felicitar o ser que partiu porquanto se libertou de
uma prisão, e que lamentar sua partida é mais egoísmo do que afeição.
Muito natural que entendamos e felicitemos o ser que partiu por causa de
doença de longo curso. Óbvio, livrou-se do peso do corpo disforme.
Mas e a criança ou o jovem cheio de vida
que vão embora de forma abrupta? Como felicitar-lhes? Ainda em O livro
dos Espíritos Kardec faz interessante comparação. Diz o codificador que
ao suportarmos as provações da vida com coragem ao deixarmos a prisão
terrena iremos ficar felizes com nosso comportamento, semelhante a um
doente que se cura após tratamento de dolorosa moléstia.
Muito interessante a forma de abordar o
tema de Allan Kardec. Ele tem essa capacidade de ilustrar as questões
para ficar de fácil assimilação. Claro que ficaremos tristes, abatidos
pela partida do ente amado, até ai tudo normal. Qual o problema?
O problema é, segundo os Espíritos, a dor
incessante e com revolta. Esta dor com traços de indignação quanto aos
desígnios superiores é que afeta profundamente os que partiram. Eles –
os seres que se foram antes de nós – são sensíveis aos nossos
pensamentos e sentimentos. Imagine como ficará uma mãe ao verificar que
seu filho, após seu desenlace, perdeu a vontade de viver. Certamente que
o sofrimento do filho a deixará acabrunhada, de baixo astral... Os
Espíritos vão além e informam que esta dor indignada pode representar,
quem sabe, obstáculo ao reencontro.
Alguém poderá dizer: Mas como controlar as emoções?
O conhecimento da vida além túmulo colabora
para que nossas emoções, em face da despedida do ser amado, sejam mais
equilibradas. É possível comunicar-se com os que partiram, afinal, eles
não desapareceram no espaço, não viraram pó, apenas mudaram de
residência. Este fato já é um alívio e ajuda a serenar os ânimos.
Há, entretanto, os que dizem ser profanação
evocar os que já foram. E os Espíritos ensinam novamente que não pode
haver profanação quando há recolhimento e sentimento sincero.
Claro, podemos comunicar-nos com os que nos precederam na grande viagem.
Outro ponto a ser abordado é: compreender
que não podemos tudo nesta vida. Há coisas que não conseguimos
controlar, que escapam a nossa vontade. Ai entra a resignação e a
serenidade - olha ela ai de novo - para suportarmos com bravura e
coragem as provas desta existência. Pode tombar o mundo, mas a
serenidade nos manterá em pé.
E como conquistar a serenidade? Ora, como
se conquista todas as outras virtudes, ou seja, treinando para
adquiri-la, trabalhando a intimidade, conhecendo-se, e estudando as leis
que regem a vida.
Quando temos a consciência de que Deus fez
tudo certo e as coisas criadas por ELE estão em seu devido lugar é mais
fácil comportar-se de forma equilibrada e esperar, claro, o momento do
reencontro com os que partiram.
Quanto mais pacientes e serenos formos,
mais feliz será esse reencontro que, diga-se de passagem, por bondade
divina pode ocorrer nos momentos de sono do corpo físico, quando
parcialmente libertos da máquina orgânica passearemos pelos jardins de
Deus... Com fé e esperança no futuro, quem sabe nesses passeios
encontramos nossos amores que já tomaram o ônibus de regresso ao mundo
espiritual... Vale a pena pensar nisso...
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