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05 janeiro 2014

Receuta para um Ano Novo, Um Mundo Novo, Um Homem Novo - Maurício de Araújo Zomignani

RECEITA PARA UM ANO NOVO, UM MUNDO NOVO, UM HOMEM NOVO

Passagem de ano é temporada de oráculos, amuletos e rituais. Para alguns, é obrigatório o uso de roupas da cor que, acreditam, trará paz, sorte, amor, saúde, fazendo questão de pular ondas, consultar horóscopos, videntes, saberem como será o futuro. Há também os céticos, seres que se vangloriam de em nada acreditar. Num quadro extremado, podem os desavisados crerem só termos como alternativas viver com a razão embotada ou com o sentimento atrofiado. Mas a verdade é que trazemos ambas as tendências dentro de nós. 


É como se vivêssemos diante de um personagem de filme de terror com uma serra elétrica que nos pergunta qual dos membros preferimos amputar. O verdadeiro horror não seria sua feia figura, a dor que oferece, mas sua tentativa de nos inocular uma loucura que nos faria participar da própria tortura. É urgente que nos imunizemos contra a insanidade coletiva, nos rebelemos contra o senso comum e pesquisemos alternativas lastreadas no bom senso. Mas será possível alimentar esperanças com base racional?

Pedimos todos um ano sem desemprego, separações, doenças, mas, todos os dias, deparamo-nos com a cegueira de nossas expectativas. Empregos melhores, retomada de sonhos e talentos abandonados, empresas lucrativas surgem com o desemprego; novos relacionamentos e pensamentos brotam após separações; reavaliações preciosas são realizadas sob uma cama de hospital. É claro que, imediatamente, não percebemos esses ganhos, mas, depois de pouco tempo, quase todos compreendemos que, por trás de aparentes infelicidades, pessoas com mínima boa vontade despertam para mudanças e aprendizados fundamentais.

Ninguém nos impede de continuarmos a pedir, infantilmente, que nada nos desagrade, mas temos que admitir que adultos agindo como crianças são patéticos. Inclusive porque, ano após ano, descobre-se que, muito pior que os problemas em si, é nossa insistência em só ver adversidades onde há oportunidades. Propõe-se o desiludido amoroso a nunca mais se envolver com ninguém, ou a condicionar sua felicidade ao retorno da antiga relação. Em todos os aspectos da vida, será igualmente doentio viver como se alguma coisa, situação ou pessoa nos fosse trazer felicidade, esteja ela no passado, uma representação mental que não volta mais, ou no futuro, uma representação mental que tem exíguas chances de se realizar.

A felicidade só pode mesmo estar no interior, e no presente. É fundamental, em primeiro lugar, não mais querer planejar o implanejável, não colocar a felicidade em quimeras, jamais voltar a esmagar possibilidades com expectativas. Em segundo lugar, concentrar-se no único território que só depende de nós, mudarmos agora nossa visão de mundo, nossa atitude perante os problemas, nossas expectativas, nossas mágoas e culpas.

Preciosa a receita de Santo Agostinho na questão 919-a de O Livro dos Espíritos. Fantástica porque é assim que a Pedagogia Divina age: estimula, tanto ao encarnar quanto ao desencarnar, uma revisão, uma recapitulação de tudo o que passamos, como atestam tanto os relatos das Experiências de Quase Morte, quanto a passagem, na barriga da mãe, pelas diversas formas que a vida assumiu na Terra.

Porque a verdade é que, tanto nesse ano quanto na Nova Era, por trás de situações aparentemente novas, vão se repetir traições, doenças, decepções, corrupções, crimes e tragédias, não é preciso consultar um oráculo para saber. A diferença, a novidade em nossas vidas, estará em revermos nossas posturas, em conseguirmos enxergar nas experiências as oportunidades que tanto temos relutado em aproveitar.

Feliz ano novo! Feliz Homem Novo! Feliz Mundo Novo para todos! 

 

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