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28 fevereiro 2014

Racismo - Richard Simonetti


RACISMO

Pelo fato de não proceder de um só indivíduo a espécie humana, devem os homens deixar de considerar-se irmãos?

Todos os homens são irmãos em Deus, porque são animados pelo espírito e tendem para o mesmo fim...
Questão nº 54
Lembro de uma charge em que se via um casal de nobres ingleses, ambos esnobes e orgulhosos, contemplando uma galeria de retratos de seus antepassados, onde estavam reis, príncipes, lordes, duques...

Sobre suas cabeças uma imensa árvore genealógica mostrava bandidos, piratas, bárbaros, índios, trogloditas, até chegar às suas origens - um casal de macacos.

Não eram seres especiais os empertigados britânicos.

Descendiam, como todo o gênero humano, dos símios antropóides.

As diferenças quanto ao tipo físico, cor da pele, estrutura, altura, comportamento, costumes, guardam sua gênese em fatores geográficos, climáticos, de alimentação e cultura...

Não chegamos a perceber essas mutações porque são extremamente lentas. Ocorrem ao longo dos milênios.

Por outro lado, há uma tendência para a fixação de determinadas características que identificam as raças. É como se Deus houvesse preparado vestimentas variadas para os Espíritos que reencarnam, diversificando suas experiências evolutivas, em aprendizado compatível com suas necessidades.
***
O amplo conhecimento acumulado sobre nossas origens e a evidência de que temos em comum o fato de que nossos ancestrais moravam nas árvores, não tem sido suficiente para eliminar um dos males mais lamentáveis da sociedade humana - o preconceito racial.

Inspira-se na pretensão de que um homem é melhor, superior a outro por causa da cor de sua pele, estrutura física, nacionalidade...

Nos Estados Unidos foi preciso uma guerra civil para acabar com o desumano regime escravocrata.

Até a década de sessenta o país mais rico e poderoso da Terra, que sempre arvorou-se em campeão da democracia, praticava a segregação racial. A maioria branca impunha humilhantes restrições aos negros, que não podiam freqüentar as mesmas escolas, sanitários públicos, clubes, hospitais...

Na África do Sul, em pleno continente africano, uma minoria de origem européia sustentou durante decênios separação radical, relegando os donos da casa a posições de subalternidade.

No Brasil, não obstante a índole fraterna de nosso povo, durante mais de três séculos muitos achavam natural a existência de homens transformados em bestas de carga.

Estamos livres da nódoa da escravidão, mas não do preconceito racial, que corre solto, com poucas chances para os negros se livrarem de uma condição social inferior.

Nos Estados do Sul os nordestinos são marginalizados e menosprezados, como se não fossem brasileiros, como se pertencessem a uma raça inferior.

Algo semelhante ocorre em países ricos da Europa, como França e Alemanha, onde há forte resistência contra minorias que vêm de países pobres buscando melhores condições de vida.

Sanseis e niseis, descendentes de colonos japoneses que vão trabalhar no Japão, enfrentam o mesmo problema, relegados ao exercício de tarefas braçais.
***
Outro exemplo marcante envolve os judeus.

Não obstante sua cultura e inteligência foram discriminados e perseguidos ao longo da História.

Na Alemanha de Hitler, a população aceitou passivamente sua iniciativa de exterminá-los, quando seria muito mais razoável encaminhar o ditador para o hospício.

Os descendentes de Abraão, por sua vez, não têm feito melhor.

Imbuídos da idéia do povo escolhido por Jeová, cultivam insuperável racismo. Isso está tão entranhado em sua mentalidade que desde o ano 70 da era cristã, quando Jerusalém foi arrasada por Tito e foram dispersos pelo Mundo, os judeus conservaram sua nacionalidade, mesmo sem um território, o que só aconteceu em 1948, com a proclamação do Estado de Israel. Hoje discriminam os árabes, particularmente os palestinos, aos quais negam o direito elementar de terem seu próprio país.
***
A Doutrina Espírita tem uma valiosa contribuição em favor da extinção dos preconceitos raciais, revelando que somos todos Espíritos em evolução, submetidos à experiência reencarnatória. E que podemos ressurgir na Terra como negros, brancos ou amarelos, em qualquer continente ou região, de conformidade com nossos compromissos e necessidades.

Não há porque cultivar discriminações, não só porque temos todos a mesma origem, que se perde na noite dos tempos, mas sobretudo porque a Lei Divina determinará inexoravelmente que reencarnemos entre aqueles que discriminamos.

Há inúmeros relatos em obras mediúnicas, dando-nos notícia de fazendeiros que judiavam dos negros. Retornaram como escravos africanos.

Anti-semitas voltam como judeus para sentir na própria pele o que é esse preconceito.

Da mesma forma, judeus convictos de que pertencem a uma raça superior, escolhida por Deus, ressurgem no seio dos povos que julgam inferiores.

***

Aprendemos com Jesus que o amor ao próximo equivale a amar a Deus.

Isso significa que é absolutamente impossível reverenciar o Criador discriminando suas criaturas.

Além do mais, não há porque menosprezar alguém por causa de sua cor, raça, nacionalidade.

Afinal, por mais que isso nos contrarie e constranja quando vinculados a movimentos segregacionistas, somos todos irmãos.

Descendentes dos primatas como homens perecíveis...

Filhos de Deus como Espíritos eternos.

E à luz da reencarnação fica sempre a idéia de que o preconceito racial é, sobretudo, insensato ou, mais popularmente, um exercício de burrice.

Toda discriminação é véspera de transferência compulsória para o lado discriminado.


Livro: A Presença de Deus 
Richard Simonetti


27 fevereiro 2014

Síndrome de Alienação Parental (SAP) - Um olhar espírita - Marcos Paterra


SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL (SAP)

Dentro de diversas instituições nos deparamos com a chamada “Criança problema”, que estão desde as mais acanhadas e omissas até a explosivas e hiperativas e dentro dos centros espíritas não é exceção.

Muitas das crianças trazem problemas familiares para  meio em que vivem,  em sua maioria são filhos de pais separados e relatam uma vivencia  o qual  são  sujeitos a adquirirem  a  “Síndrome de alienação parental (SAP)” [1] e demonstram de forma reflexa a DA. 

“[...] um transtorno que surge principalmente no contexto da disputa da guarda e custódia das crianças. A primeira manifestação é a campanha de difamação contra um dos pais, por parte do filho, campanha sem justificação. O fenômeno resulta da combinação de um sistemático doutrinamento (lavagem ao cérebro) por parte de um dos progenitores, e das próprias contribuições da criança, destinadas a denegrir o progenitor objeto desta campanha [...]” (GARDNER [II] 1987; p.4).

O fenômeno inicia-se com a campanha difamatória do pai ou da mãe contra o outro genitor, transformando a consciência de seus filhos, através de diferentes formas de atuação, mas sempre se valendo de falsas premissas, até que a criança que foi programada comece, por ela mesma, a acreditar nos fatos narrados e a hostilizar o denominado cônjuge alienado.

“[...] a alienação parental nada mais é do que uma lavagem cerebral feita pelo guardião, de modo a comprometer a imagem do outro genitor, narrando maliciosamente fatos que não ocorreram ou não aconteceram conforme a descrição feita pelo alienador. Assim, o infante passa aos poucos a se convencer da versão que lhe foi implantada, gerando a nítida sensação de que essas lembranças de fato ocorreram. Isso gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre o genitor e o filho. Restando órfão do genitor alienado, acaba o filho se identificando com o genitor patológico, aceitando como verdadeiro tudo o que lhe é informado”.[III]

Conforme Marco Antônio Garcia de Pinho, pesquisas informam que 90% dos filhos de pais divorciados ou em processo de separação já sofreram algum tipo de alienação parental e que, hoje, mais de 25 milhões de crianças sofrem este tipo de violência. No Brasil, o número de ‘Órfãos de Pais Vivos’ é proporcionalmente o maior do mundo, fruto de mães (e pais), que, pouco a pouco, apagam a figura do pai (ou mãe) da vida e imaginário da criança.

“Levando-se em consideração que as Varas de Família de todo o Brasil atribuem à mãe a guarda da criança em 91% dos casos (IBGE/2002), ressalta-se que a maioria dos casos de alienação parental ocorrem pela atitude negativa da mãe como genitor alienador, sendo causado pelo pai nos 9% restantes.”[IV]

Os efeitos maléficos que a SAP provoca variam de acordo com a idade, personalidade, temperamento e grau de maturidade psicológica da criança, e também no maior ou menor grau de influência emocional que o genitor patológico exerce sobre ela.

As enfermidades causadas pela SAP revelam-se em termos de conflitos emocionais e doenças psicossomáticas, tais como, medo, ansiedade, insegurança, agressividade, baixa auto-estima, frustração, irritabilidade, angústia, baixo desempenho escolar, dificuldade de socialização, timidez, culpa, dupla personalidade, depressão, baixo limiar de frustração, inclinação ao álcool e drogas, tendências suicidas, dentre outros.

“[...] essa alienação pode perdurar anos seguidos, com gravíssimas consequências de ordem comportamental e psíquica, e geralmente só é superada quando o filho consegue alcançar certa independência do genitor guardião, o que lhe permite entrever a irrazoabilidade do distanciamento a que foi induzido”[V]

Rosane Mantilla de Souza[VI] em uma pesquisa entrevistou quinze adolescentes que vivenciaram a separação dos pais durante a infância. Em relação ao período em que o evento ocorreu, dez participantes relataram que identificaram o conflito conjugal, e cinco, que não o fizeram. O marco da separação para as crianças foi à saída do pai de casa. Os sentimentos recorrentes entre eles foram de tristeza, angústia, raiva e medo do que poderia acontecer. No entanto, reconheceram que a separação foi uma solução para as dificuldades da família.

Podemos questionar como o espiritismo vê essa síndrome, em resposta Chico Xavier  pelo  espírito de Emmanuel de maneira brilhante nos diz :

“Quando existam crianças nesses processos de desvinculação, é justo nos voltemos para elas, estendendo-lhes a proteção que se nos torne possível, ainda mesmo quando estejam, por força das circunstâncias, junto ao parente indireto, com o qual os familiares que amamos estejam em oposição. Os pequeninos são as vítimas, quase sempre indefesas, de nossos desajustes e, em qualquer caso, é imperioso permanecermos acordados para a responsabilidade de auxiliá-los, considerando o futuro, de modo a que se sobreponham aos nossos desastres afetivos e às nossas indecisões.”[VII]

O espiritismo entende que a desenlace dos pais tornou-se algo do agora, onde a família devido a uma série de fatores desde estruturais até  emocionais acaba se dissolvendo, independente da religião, mas... Ele reafirma a necessidade de adequar a criança as realidades sem as alienar, sem as envolver nas brigas dos conjugues,  teoricamente uma família espírita, deve (ou deveria) entender que somos todos espíritos encarnados, somos todos irmãos e assim independente da raiva, dos bens materiais que vão ser motivo de disputa, existem outros envolvidos.  Família não se resume só aos dois que se separam, as crianças que até pouco tempo via os pais se abraçando, beijando e trocando juras, passam a os ver atacando e agredindo um ao outro, é necessário poupar as crianças dessa desavença, de fazer com entendam que o envolvimento amoroso entre os pais acabou, mas ainda são seus filhos e amados da mesma forma, e mais importante... Os pais têm de ter consciência disso.

Muitos pais desprezam a pureza infantil de seus filhos e de forma alienatória tentam os transformar em cumplices de seus atos, sobre esse aspecto lembramos que o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social das crianças e adolescentes, em condições de liberdade e de dignidade é assegurado pelo art. 3º do ECA[VIII]  e também pelo  art. 227 da Constituição Federal  e que este fenômeno “Alienação Parental”, passou a ser crime com a aprovação  da Lei 12.318 de 2010[IX].

“A natureza, quer que as crianças sejam crianças antes de serem homens. Se quisermos perturbar essa ordem, produziremos frutos prematuros que não terão nem madureza nem sabor, e não tardarão a se corromper; teremos doutores infantis e crianças velhas. A infância tem maneiras de ver, de pensar, de sentir que lhe são próprias.”[X]


Autor: Marcos Paterra  é membro da Rede Amigo Espírita é articulista e membro do movimento espírita paraibano, colaborador de diversos sites e jornais espíritas. E-mail: marcos.paterra@gmail.com


[1] Psicopedagogo, articulista, diretor cientifico da AME/PB.

NOTA:

[I] O termo foi sugerido, em 1985, pelo psiquiatra infantil, Richard Gardner. Quando uma criança, por influência de um dos genitores constrói uma má imagem do outro genitor.

[II] GARDNER, Richard. O DSM-IV tem equivalente para o diagnóstico de Síndrome de Alienação Parental (SAP)?

[III] DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. P.463. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.

[IV] PINHO, Marco Antônio Garcia de. Alienação parental. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2221, 31 jul. 2009.

[V] FONSECA, Priscila Maria Pereira Corrêa da. Síndrome de alienação parental. Pediatria, São Paulo, n. 28(3), 2006.

[VI] SOUZA, R. M. Depois que papai e mamãe se separaram: Um relato dos filhos. In Revista Psicologia: Teoria e  Pesquisa, Volume 16. pag. 203-211.2000.

[VII] XAVIER, Francisco Candido. Urgência. Pag.114. Rio de Janeiro.  Ed. GEEM. 1980

[VIII] ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente

[IX] Presidente Luís Inácio da Silva no dia 26 de agosto de 2010, aprovou a lei (12.318) que combate a “Alienação  Parental”

[X] ROUSSEAU, Jean Jacques. Ensaios Pedagógicos. P. 76. Bragança Paulista: Editora Comenius, 2004


Autor: Marcos Paterra  é membro da Rede Amigo Espírita é articulista e membro do movimento espírita paraibano, colaborador de diversos sites e jornais espíritas. E-mail: marcos.paterra@gmail.com



26 fevereiro 2014

Guerreando pelo afeto - Espírito Lúcius


GUERREANDO PELO AFETO

No sentimento, os homens guerreiam. Armam estratégias de batalha, se municiam com um arsenal inumerável, adotam fantasias ou disfarces para melhor enganar as suas vítimas, disputam cada palmo do território conquistado, exercitam-se para estar em forma, fazem propaganda de sua causa para atrair o apoio moral dos seus companheiros, atiram suas armas sem medo nem dó, desprezam as vítimas de seus ataques e se apossam, quando pensam ter vencido, do prêmio decorrente de seus esforços, como algo que lhes pertencesse por direito, como acontecia ao vencedor de outrora.

Mas aquele que perde, em geral, inconformado com a derrota, geralmente se entrincheira no ódio, na desastrosa mágoa corrosiva e, por sua vez, articula o contragolpe, se possível mortal, a ser desferido contra seus oponentes.

Nessa atmosfera se acham todos os que são considerados homens e mulheres nas lutas da conquista afetiva, guerreiros que, em nome de um amor que dizem nutrir, espalham ódios, divisões, enganos, mentiras, agressão, más palavras, calúnias, jogando com a afetividade alheia para obterem alguma vantagem pessoal.
E quando atingem seus objetivos, depois de destruírem relações estáveis, depois de atearem fogo ao sossego de outros relacionamentos, passam a ter que suportar as exigências da nova conquista, agora sob sua tutela, ao mesmo tempo em que precisam administrar o ódio dos perdedores e as suas estratégias de ataque para destruírem a nova situação afetiva implantada.

Por isso, muita gente, depois de abandonada pelo companheiro ou companheira, adotando a postura da vingança, ao invés de reconstruir sua vida em outras bases mais luminosas e limpas, entregando os que partiram ao destino que os irá educar, se compromete a fazer a infelicidade dos que fugiram ao compromisso.

Muitos dizem: se não for para ser feliz ao meu lado, não será feliz ao lado de ninguém. Se não é para estar comigo, vou mover céus e terras para acabar com eles. Não pensem que vão me deixar aqui, na solidão, enquanto vão ficar sorrindo de felicidade por aí, como dois pombinhos apaixonados, isso é que não.

Se o abandono os feriu como efeito de um pretérito comprometido na área do afeto, quando suas outras vidas passadas testemunharam suas condutas irresponsáveis, produzindo, agora, o sofrimento da solidão para aprenderem o amargor de tal comportamento, ao adotarem o caminho da vingança, voltam a cair na mesma condição de agressores, de espalhadores do mal, de semeadores de tragédias.

E isso é assim em todos os setores da vida.


Livro Despedindo-se da Terra, cap.12
Espírito Lúcius
Psicografia de André Luiz Ruiz


25 fevereiro 2014

No Aprimoramento - Emmanuel


NO APRIMORAMENTO

No aperfeiçoamento do corpo espiritual, além do primitivismo de certas almas que jazem, longo tempo, entorpecidas após a morte física, observamos, ainda, o quadro das mentes evolvidas intelectualmente, mas submersas nas densas vibrações decorrentes de compromissos escuros.

Não permanecem no regime da inércia, em sono larval; entretanto, agitam-se nos desvarios da loucura.

Criam imagens que vivem e se movimentam na intimidade delas próprias, por tempo indeterminado, cuja duração varia com a força do impulso de suas paixões.

Carregam consigo os dramas intensos de que se fizeram autoras.

Encarnada na Terra, a inteligência vive entre as provocações da esfera carnal e as sugestões silenciosas da mente. Quanto mais intelectualizada a criatura, mais profundamente respira no plano das idéias, influenciando e sendo influenciada.

Geralmente, porém, o homem desequilibra os próprios sentimentos, inclinando-se, em maior ou menor percentagem, para o afastamento das leis com as quais se deve nortear. Atravessa os caminhos humanos, ganhando pouco e quase sempre perdendo muito, dentro de si mesmo, obscurecendo-se nas pesadas sombras dos pensamentos inquietantes que produz para o consumo de suas necessidades mentais.

Assim é que a desencarnação não lhes modifica o campo íntimo.

Encasulada no círculo vibratório das criações que lhe dizem respeito, a alma sofre naturais inibições, ante a paisagem da vida gloriosa. Não possui ainda órgão de percepção para sintonizar-se com os espetáculos deslumbrantes da imensidade, encarcerada, qual se encontra, entre as paredes estranhas das concepções obscuras e estreitas em que se agita.

Como a lâmpada vive no seio das próprias irradiações, imitindo luz que é também matéria sutil, a alma permanece no seio das criações que lhe são peculiares, prendendo-se à paisagem em que prevaleçam as forças e desejos que lhe são afins, porque o pensamento é também substância rarefeita, matéria dentro de expressões inabordáveis até agora pelas investigações terrestres.

Podendo alimentar-se, por tempo indefinível, das emanações dos próprios desejos, entidades existem que estacionam, durante muitos anos, dentro dos quadros emocionais em que se comprazem, atrasando a marcha evolutiva, até que reencarnam na recapitulação das experiências em que faliram, retomando o serviço de purificação interior para a sublimação de si mesmas.

Desse modo, somos defrontados por dolorosos fenômenos congeniais. 


Suicidas recomeçam a luta física, no círculo de moléstias ingratas, e criminosos reaparecem no berço, com deploráveis mutilações e defeitos; alcoólatras regressam à existência, em companhia de pais que se sintonizam com eles e grandes delinqüentes reencetam a viagem do aprimoramento moral, na esfera de provas temíveis, quais sejam as de enfermidades indefiníveis e de aflições dificilmente remediáveis.

No extenso e abençoado viveiro de almas que é o mundo, pouco a pouco, de século a século e de milênio a milênio, usando variados corpos e diversas posições no campo das formas, nosso espírito constrói lentamente, para o próprio uso, o veículo acrisolado e divino, com que o Senhor nos reserva em plena imortalidade vitoriosa.


Pelo Espírito Emmanuel
Do Livro: Roteiro
Médium: Francisco Cândido Xavier



24 fevereiro 2014

Reflexões sobre a culpa - Joanna de Ângelis


REFLEXÕES SOBRE A CULPA

A culpa é grave transtorno emocional de consciência que grassa velada ou claramente e aflige a sociedade contemporânea.

Insidiosa, pode ser considerada como planta parasita que se nutre da seiva do vegetal no qual se hospeda e termina por matá-lo.

Sob outro aspecto, apresenta-se como negra ave agourenta que abre suas asas sombrias e asfixia perversamente o indivíduo que a agasalha.

Quase todos os reencarnados carregam no inconsciente alguma forma desse conflito inditoso que se manifesta de variadas formas e trabalha em favor do seu sofrimento moral e emocional.

Herança macabra dos atos infelizes, procede dos comportamentos omissos ou prejudiciais durante a presente existência ou as procedentes de outras passadas.

Ninguém consegue evadir-se da sua penosa injunção, por decorrência do desrespeito aos Soberanos Códigos da Vida.

Sorrateiramente explicita-se como complexo de inferioridade ou disfarça-se de narcisismo e empurra aquele que lhe padece a compressão no rumo dos pântanos da angústia declarada ou transformada em fuga da realidade.

Normalmente o eu consciente procura escamoteá-la, para evitar o enfrentamento direto, que constitui o eficiente recurso de diluir-lhe a presença punitiva até erradicá-la completamente...

De alguma forma expressa o cumprimento da Divina Justiça que alcança o infrator que se permitiu ludibriá-la.

Quando se instala, faz-se mordaz, porque diminui o ser a ínfima condição, torna-o inferior espiritualmente ou subestima-o, nivelando-o por baixo na escala de valores morais.

Nessa fase, torna a sua vítima arredia ou prepotente, cínica ou cruel, complexada ou reacionária.

Quando lhe faltam os instrumentos edificantes de caráter ético e moral, transforma-se na sombra enfermiça que impede as realizações nobilitantes e a aquisição dos valiosos tesouros que contribuem para o autoperdão e a reabilitação.

Tem raízes no mal que se fez, mas igualmente no bem que se deixou de praticar.

Praticar o mal é um mau comportamento, porém, não executar o bem que está ao alcance de todos é um grande mal.

A existência humana está desenhada para a conquista do progresso moral tendo como foco a ser conseguido o estado de plenitude ou Reino dos Céus.

Qualquer desvio da pauta comportamental estabelecida pelos Celestes Cânones, e o Espírito, ao dar-se conta de que posterga a responsabilidade ou tenta sepultá-la no inconsciente, constitui-lhe gravame no processo evolutivo que exige correção.

Nada obstante, ocasião surge em que ressuma por necessidade de iluminação da consciência ultrajada e obscurecida pelo erro.


Ao deparar-te com esse parasita que se te apresenta, assume responsabilidade para logo providenciares a reparação e, por fim, a sua remissão. Quase sempre o motivo gerador da culpa permanece ignorado na área da razão, pois que se apresenta conflitiva na conduta, exceção quando se opera o imediato despertamento que pode dar lugar ao choque pós-traumático imobilizador.

O Evangelho de Jesus, nas suas profundas considerações sobre a vida e sua finalidade na Terra, receita providencialmente a psicoterapia a ser utilizada, que deve ser iniciada mediante o esforço da autoconsciência, isto é, pelo exame da causa desencadeadora.

Se não se consegue identificá-la de imediato, é necessário que se utilizem os instrumentos oferecidos pelo amor. a fim de dar-se conta que o equivocar-se é normal no processo evolutivo, porém, manter-se no erro é resultado da falta de discernimento, da imaturidade psicológica, da presunção ou da soberba. Identificada a fragilidade pessoal, cabe seja produzida a reparação do delito através dos serviços de engrandecimento interior, com imediata modificação da conduta íntima sempre para melhor. do auxílio ao próximo e da contribuição em favor da harmonia da Natureza que serve de mãe generosa e, dessa forma, acalmando a ansiedade.

Apoia-te na meditação e renova-te na prece, torna-te útil e sai da concha calcária e escura do eu para o serviço geral em favor do progresso da humanidade.

De imediato sentirás as bênçãos da remissão, isto é, da liberdade e da consciência de paz.

Nunca deixes de usar o amor em qualquer circunstância que se te apresente.

Melhor será que peques por ajudar, do que ser omisso por conveniência pessoal, covardia ou para estares bem no torpe comportamento social vigente.

A culpa é, também, o anjo bondoso que contribui poderosamente para o autoencontro.

A viagem carnal é compromisso de legitimidade com a evolução espiritual do ser, por cuja experiência a terna presença de Deus no íntimo se expanda e domine-o durante toda a sua trajetória.

Enfrenta as tuas culpas sem temores, não adies a oportunidade libertadora, nem te justifiques por meio de sofismas egoísticos e lenitivos equivocados.

A consciência, por mais se encontre entorpecida pelo erro, sempre desperta para a realidade que é a luz condutora da paz.

*

Allan Kardec, o vaso escolhido para apresentar o Consolador a que Jesus se reportou, esclarece que ante a culpa existente, fazem-se necessários o arrependimento, a expiação e a reparação. (*)

Sabiamente a proposta do eminente mestre lionês concorda com a compreensão do erro e sua correspondente análise que dão lugar ao sofrimento, portanto, ao arrependimento e à expiação para, em definitivo, conseguir-se a reparação, mediante todo e qualquer contributo que dignifique e anule o delito praticado.

Não se torna indispensável que a reparação ocorra em relação àquele que foi prejudicado em decorrência de inúmeros fatores.

O essencial é a tranquilidade da consciência ultrajada pela culpa ante a atividade reabilitadora.

Nunca te permitas, desse modo, a permanência na culpa inscrita nos teus painéis mentais e nas tuas emoções, cuja presença pode levar-te a transtornos graves. Ama e serve sempre sem outra qualquer preocupação, exceto o Bem.

Esse é o caminho do Gólgota, mas é também a véspera da gloriosa manhã da Ressurreição.

Joanna de Ângelis 
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 20 de janeiro de 2014, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.


(*) O Céu e o Inferno, Allan Kardec. Ed. FEB. Cap. VII – Código penal da vida futura. Nota da autora espiritual.


23 fevereiro 2014

A Quem Já Abortou - Cleunice Orlandi de Lima

 

A QUEM JÁ ABORTOU

 

"O mal não é uma necessidade fatal para ninguém, e não parece irresistível senão àqueles que a ele se abandonam com satisfação. Se temos a vontade de fazê-lo, podemos também a de fazer o bem..." —O Evangelho segundo o Espiritismo - Allan Kardec

A este respeito, diz o dr. Di Bernardi: "Cartazes acusando: "Aborto é crime!" só teriam valor se fossem lidos, exclusivamente, por quem ainda não tenha cometido nenhum ato desta natureza. Mas os cartazes estão lá, com finalidade preventiva, como que dizendo: "Se você não praticou o aborto, não o faça, porque é crime matar bebês não nascidos!"

Mas... e a quem já tenha abortado? O que dizer àquelas que já estão nas malhas do remorso, curtindo sufocante sentimento de culpa? O que dizer às parteiras e médicos aborteiros? O que dizer a quem tenha propiciado a interrupção de uma gravidez ou tenha induzido outra pessoa ao aborto? Estas, ao esbarrar em tais cartazes, têm seus sofrimentos muito mais agravados.

Há religiões e movimentos que infundem culpa em quem, por ignorância ou necessidade, tenha expulsado algum filho das entranhas. Estas religiões e estes movimentos devem ser arquivados nas empoeiradas prisões medievais, junto a outros instrumentos de tortura. Não vamos repetir erros passados. Esclarecimento associado a consolo carinhoso devem fazer parte do conteúdo de qualquer doutrina contrária ao aborto.

É preciso apresentar soluções — e não cobrança.

Ao invés de apontar o inferno às mães que desprezaram seus filhos, é preciso ter a mesma postura de Pedro, o Apóstolo: "Mas sobretudo, tende ardente caridade para com os outros, porque a caridade cobrirá uma multidão de pecados." (1.ª espístola, cap IV, vers. 8).

Já há dois mil anos, Pedro ensinava que, ao invés da opção da dor, podemos fazer a opção pelo amor. Construir muito mais do que já destruímos. Voltar pelos pântanos da vida para semear flores onde plantamos dores e, quando voltarmos a transitar pelos mesmos pântanos, encontraremos milhares de lírios resultantes da nossa semeadura.

A postura estática do remorso e culpa nos desarmoniza e, cada vez mais, nos projeta para o desconsolo das companhias trevosas.

Segundo um espírito amigo, de nome François Villon 'não se pode abrir as portas da culpa àqueles que estão perdidos no corredor escuro do erro, para que eles não caiam no fosso do sofrimento. É necessário iluminá-los com a tocha do esclarecimento e do consolo, para que enxerguem mais adiante, a opção do Trabalho e do Amor.'
Errar é aprender. Ao invés de se fixar no remorso, aproveitar a experiência como uma boa aquisição para discernimento futuro.

Agir na mesma área para crescer em créditos espirituais.

As amargas conseqüências pelos crimes não são castigos infligidos pela espiritualidade — e sim, reparações para com as Leis Universais objetivando o necessário equilíbrio das almas endividadas. Já foi dito que ninguém chega aos pés de Deus carregando uma mochila de erros.

É preciso também saber que a lei de causa e efeito não é uma estrada de mão única. É uma lei que admite reparações; que oferece oportunidades ilimitadas para que todos possam expiar seus enganos.

O débito cármico ocasionado pelo aborto provocado precisa ser desfeito por qualquer modo e quem não o desfizer através do Amor, terá de desfazê-lo através da Dor. Os meios através da Dor, podemos resumi-los rapidamente: Arrependimentos, remorsos, dores morais. Doenças adquiridas que não conseguem ser detectadas pela medicina comum. Morte prematura que serão consideradas suicídio. Longo tempo em profundo sofrimento na vida após a morte. Difícil reencarnação, geralmente se tornando um espírito abortável. Ao reencarnar, é possível não ter filhos, ou perdê-los ainda pequeninos ou ainda ter filhos portadores de anomalias graves.

Através do Amor é muito mais fácil o reequilíbrio de uma alma.

Segundo Pedro, "A caridade cobre uma multidão de pecados".

A caridade pura e simples portanto, é o caminho para estas mães.

Não apenas para a mãe que buscou o aborto.

Mas também ao pai do mesmo bebê abortado.

Também ao "fazedor de anjo".

Também às amigas e parentes que induziram ou facilitaram o ato.

Também os pais, que obrigaram a filha ou a nora a cometê-lo.

A todos os que se viram, de uma maneira ou outra, envolvidos criminosamente na rejeição e expulsão de um espírito reencarnante.
O antídoto contra o mal do aborto é a caridade.

Mas não aquela caridade humilhante que faz o recebedor sentir-se ainda mais diminuído do que já é, e sim aquela que eleva quem oferece e não envergonha quem recebe.

Não aquela caridade de levar uma cesta à favela, regada à reclamação.

Não aquela caridade de fim de ano quando, para aliviar a própria consciência e poder festejar sem remorsos, distribui presentinhos às crianças — e pronto! sua obrigação está feita até o ano que vem!

Não aquela caridade vaidosa que convida jornal e TV para que o mundo saiba o quanto se é "bonzinho".

A caridade que cobre uma multidão de pecados é aquela que arregaça as mangas e vai trabalhar, de verdade, em benefício de pessoas necessitadas e em silêncio.

E, como o erro foi em conseqüência de um aborto provocado, onde se rejeitou uma criança, então a dívida poderá ser melhor e mais rapidamente saldada através de ajuda a crianças.

Mesmo que se tenha provocado um aborto, é possível quitar os débitos ainda nesta existência corporal, sem ter de passar pelos sofrimentos dos umbrais ou vales espirituais de dores, sem precisar passar pelas amarguras todas já descritas.

Por que não tentar?

Por que esperar a vida do lado de lá para, em sofrimentos superlativos, apagar uma mancha que poderá ser apagada de forma mais branda se for de maneira espontânea?

Por que não começar agora, já, aqui, nesta existência e reparar o erro, de maneira mais suave, à sua escolha?

Veja como:

1.- Oração:

Oração significa: Luz em ação.

Quem ora em benefício de alguém, esta mandando Luz para esta pessoa. Luz é o contrário de trevas.

Quem ora também anda dentro da Luz, porque é impossível acender uma fogueira e não sentir o seu calor, não se iluminar também.

Comece orando a Deus por seu filho — aquele que você rejeitou e que poderá estar em sofrimento, cheio de dores nalgum lugar do espaço. E poderá estar odiando você. Ele está precisando de orações para sentir alívio pelas dores morais e físicas que você lhe propiciou.

Ore também por outros bebês abortados.

Ore também por mulheres grávidas, para que não recorram ao aborto.

Ore a Deus, pedindo perdão pelo seu ato.

Ore pelas crianças abandonadas pelas ruas, enquanto não se decidir qual tipo de atividade deseja exercer em benefício delas.

Ore por todos os filhos do mundo inteiro: crianças, adolescentes, drogados, doentes, presidiários — e pelas mães doentes, pelas mães dos presidiários, pelas mães dos drogados, por todas as mães sofredoras.

Ore com sentimento, com calor no coração, evitando a frieza das preces decoradas.

E continuar orando pela vida afora por seu filho e por todos os filhos.

2.- Atividade benfeitora:

Fazer opção por uma atividade onde possa estar em contato direto, corpo a corpo com crianças necessitadas de carinho, de amparo, de colo, de cuidados pessoais em creche, em escola, em APAE, em hospital, em orfanato ou em quaisquer outras instituições que cuidam de crianças pobres, abandonadas ou doentes.

Mas é enfiar a mão na massa e não apenas construir um orfanato e deixar para outros a tarefa de lidar com aquela gente pequenina.

A atividade voluntária neste sentido, sem remuneração, fará com que os erros sejam reparados muito mais rapidamente. De acordo com certo autor espiritual, as horas de trabalho com crianças são contadas em dobro.

3.- Adoção:

Não há obrigatoriedade mas, se houver oportunidade, adote uma ou mais crianças e trate-as como verdadeiros filhos, sem diferença alguma entre eles e os seus filhos de sangue. Doe-se a uma criança abandonada ou sem mãe.

Muitas vezes, com a adoção, está se abrindo a mesma porta que foi fechada pelo aborto.

Por vezes, volta pelos inesperados caminhos da vida, ao mesmo lar, aquele que foi ontem rejeitado.

Se você, mesmo não tendo praticado aborto algum nesta vida, sentir-se inclinada à adoção, adote!

A adoção é, talvez, a maior obra de amor que alguém pode praticar.

4.- Amparo às mães:

Outras atividades que reequilibram carmicamente a quem tenha errado no sentido de desprezar um bebê não nascido, é no amparo às mães solteiras, mães miseráveis, mães que não têm condições de criar seus filhinhos.

Quantas mãezinhas estão necessitando de um carinho? De uma palavra de afeto? De um auxílio em forma de enxovalzinho? Em forma de comida?

Converse com elas. Oriente. Evite que elas abortem...

Costure, borde, faça enxovaizinhos a quem não tem como fazê-los.
Ampare uma destas criaturas. Ou mais de uma, de acordo com suas possibilidades.

Amparando mães você estará, automaticamente, propiciando vida melhor para um porção de crianças.

5.- Votos:

Faça votos de nunca mais vir a praticar algum aborto.

E cumpra estes votos!

Numa próxima gravidez, ame seu filho em dobro, para compensar aquele que, por ignorância, não soube valorizar.

É difícil a reconquista da paz interior ainda nesta existência, através da caridade? Através do trabalho cansativo em benefício de crianças necessitadas?

Não, não é!

É muito mais difícil a reconquista desta mesma paz através do sofrimento ainda nesta existência e em existências futuras.

Portanto, se você tiver débito a ser saldado, comece hoje!

Comece agora para que a morte não a encontre desprevenida.

A morte poderá estar por perto e você ainda não fez nada para se reequilibrar espiritualmente.

Enquanto não se decide, comece a orar.

Ore com entrega total.

E seja feliz tendo a consciência tranqüila.


Cleunice Orlandi de Lima
Obra: Depois de Aborto - DPL (Trechos do Livro)



22 fevereiro 2014

Maternidade e Aborto - Espíritos Diversos



MATERNIDADE E ABORTO

 

Mulheres, filhas de Deus,
São todas irmãs da gente;
No entanto, ao fazer-se mãe,
A mulher é diferente.
(Gil Amora

Aqueles que estão nascendo ou que vão nascer são nossos próprios irmãos, porque todos somos parcelas da Humanidade, a Família de Deus. (Maria Máximo

Filho que nasça no mundo
Será sempre, onde vier,
Uma esperança de Deus,
No coração da mulher.
(Marcelo Gama

Um filho, por mais trabalho que reclame, é sempre uma bênção da vida.
(Anália Franco

Envolto em luz doce e branda,
O berço é um recanto em flor,
Guardando alguém que o céu manda
Para a oficina do amor.
(Auta de Souza

O aborto, em muitos casos, está na raiz de grande número das moléstias de etiologia obscura que arrasam o corpo feminino.  (André Luiz

Mãe de filho que se aflora
No máximo desconforto,
Humilha-te, sofre e chora,
Mas não pratiques o aborto.
(Mariana Luz

É possível hajas praticado o aborto sem conhecer-lhe as conseqüências. Se acordastes para a responsabilidade, quanto a isso esforça-te para transformar o próprio arrependimento em socorro às crianças infelizes. (Antônio Xavier e Oliveira

Em verdade dura e clara,
Sob lógica segura,
Aborto é um tapa na cara
Do filho que te procura.
(Leandro Gomes de Barros

Se Deus te concedes um filho é porque em tua capacidade de amá-la e protegê-lo. (Clélia Rocha)

Se no aborto te endividas
Usa pílula e zelos,
Deixa as crianças queridas
Para as mães que saibam te-las.
(Jair Presente

Como deixar um filho sem benefício da corrigenda, se te esmeras tanto em educar as plantas do teu jardim?  (Batuíra)

Escuta, irmã... Se recusas
O amor dos filhinhos teus,
Usa as pílula confusas
E segue a vida com Deus.
(Augusto Cézar

A família, seja ela qual for, é um instituto de aprimoramento espiritual.  (Felipe Purita

Mãe, exulta de alegria
Teu filhinho nascituro
É benção que o céu te envia
Para guardar-te o futuro.
(Oscar Batista

Não há diferença entre arrancar a vida de uma criança na rua ou arranca-la no ventre materno.  (Amália Ferreira

Mãe no aborto obrigatório,
Não digas que a vida é má.
Não chores. Deus não te esquece.
Teu filhinho voltará.
(Meimei

O aborto calculado, bastas vezes, é a entrada infeliz da mulher nas tramas da obsessão. (Hilário Silva

Mãe que asseguras o lar
Com tuas benfazejas,
O céu te aponta, cantando:
- Sê feliz!... Bendita sejas!...
(Múcio Teixeira

Se perdeste esse ou aquele filhinho no aborto involuntário, não te incrimines, nem te lastimes. Muitos espíritos, por força de circunstância criadas por eles mesmos, chegam até a limiar da reencarnação, necessitando voltar à Espiritualidade a fim de se preparem com mais segurança para usufruirem, com êxito, a concessão de nova existência no mundo.  (Meimei

Não menospreze o ensejo de criar uma epopéia de amor em torno de teu nome. A dor é uma luz no apoio da evolução.

Não te afirmes incapaz, nem te digas inútil, auxilie como puderes.

Autor: Diversos

Obra:  Praça da Amizade. 
Espíritos Diversos 
Livraria Cultura Espírita União - CEU
Médium: Francisco Cândido Xavier

21 fevereiro 2014

Carta a meu Filho - Espírito J


CARTA A MEU FILHO

Meu filho, dito esta carta para que você saiba que estou vivo.

Quando você me estendeu a taça envenenada que me liquidou a existência, não pensávamos nisso.

Nem você, nem eu.

A idéia da morte vagueava longe de mim, porque esperava de suas mãos apenas o remédio anestesiante para a minha enxaqueca.

Entendi tudo, porém, quando você, transtornado, cerrou subitamente a porta e exclamou com frieza:

- Morre, velho!

As convulsões que me tomavam de improviso, traumatizavam-me a cabeça...

Era como se afiada navalha me cortasse as vísceras num braseiro de dor. Pude ainda, no entanto, reunir minhas forças em suprema ansiedade e contemplar você, diante de meus olhos.

Suas palavras ressoavam-me aos ouvidos: “- morre, velho!”

Era tudo o que você, alterado e irreconhecível, tinha agora a dizer.

Entretanto, o amor em minhalma era o mesmo.

Tornei à noite recuada quando o afaguei pela primeira vez.

Sua mãezinha dormia, extenuada...

Pequenino e tenro de encontro ao meu peito, senti em você meu próprio coração a vagir nos braços...

E as recordações desfilaram, sucessivas.

Você, qual passarinho contente a abrigar-se em meu colo, o álbum de fotografias em que sua imagem apresentava desenvolvimento gradativo em todas as posições, as festas de aniversário e os bolos coloridos enfeitados de velas que seus lábios miúdos apagavam sempre numa explosão de alegria... Rememorei nossa velha casa, a princípio humilde e pobre, que o meu suor convertera em larga habitação, rica e farta... Agoniado, recordei incidentes, desde muito esquecidos, nos quais me observava expulsando crianças ternas e maltrapilhas do grande jardim de inverno para que nosso lar fosse apenas seu... Reencontrei-me, trabalhando, qual suarento animal, para que as facilidades do mundo nos atendessem as ilusões e os caprichos... 

Em todos os quadros a se me reavivarem na lembrança, era você o grande soberano de nosso pequeno mundo...

O passado continuou a desdobrar-se, dentro de mim. Revisei nossa luta para que os livros lhe modificassem a mente, o baldado esforço para que a mocidade se lhe erigisse em alicerce nobre ao futuro... 

De volta às antigas preocupações que me assaltavam, anotei-lhe, de novo, as extravagâncias contínuas, os aperitivos, os bailes, os prazeres, as companhias desaconselháveis, a rebeldia constante e o carro de luxo com que o presenteei num momento infeliz...

Filho do meu coração, tudo isso revi...

Dera-lhe todo o dinheiro que conseguira ajuntar, mas você desejava o resto.

Nas vascas da morte, vi-o, ainda, mãos ansiosas, arrebatando-me o chaveiro para surripiar as últimas jóias de sua mãe...

Vi perfeitamente quando você empalmou o dinheiro, que se mantinha fora de nossa conta bancária, e, porque não podia odiá-lo, orei – talvez com fervor e sinceridade pela primeira vez – rogando a Deus nos abençoasse e compreendendo, tardiamente, que a verdadeira felicidade de nossos filhos reside, antes de tudo, no trabalho e na educação com que lhes venhamos a honrar a vida.

Não dito esta carta para acusá-lo.

Nem de leve me passou pelo pensamento o propósito de anunciar-lhe o nome.

Você continua sangue de meu sangue, coração de meu coração.

Muitas vezes, ouvi dizer que há filhos criminosos, mas entendo hoje que, na maioria das circunstâncias, há, junto deles, pais delinqüentes por acreditarem muito mais na força do cofre que na riqueza do espírito, afogando-os, desde cedo, na sombra da preguiça e no vício da ingratidão.

Não venho falar, assim, unicamente a você, porque seu erro é o meu erro igualmente. Falo também a outros pais, companheiros meus de esperança, para que se precatem contra o demônio do ouro desnecessário, porque todo ouro desnecessário, quando não busca o conselho da caridade, é tentação à loucura.

Há quem diga que somente as mães sabem amar e, realmente, o regaço materno é uma bênção do paraíso. Entretanto, meu filho, os pais também amam e, por amar imensamente a você, dirijo-lhe a presente mensagem, afirmando-lhe estar em prece para que a nossa falta encontre socorro e tolerância nos tribunais da Divina Justiça, aos quais rogo me concedam, algum dia, a felicidade de tê-lo novamente ao meu lado, por retrato vivo de meu carinho... Então nós dois juntos, de passo acertado no trabalho e no bem, aprenderemos, enfim, como servir ao mundo, servindo a Deus. 


Pelo Espírito J
Do Livro: Luz no Lar
Médium: Francisco Cândido Xavier



20 fevereiro 2014

Renovação Espiritual - Victor Rebelo

RENOVAÇÃO ESPIRITUAL

É muito comum as pessoas falarem sobre a importância da reforma íntima, no movimento espírita. Esse conceito, inclusive, assume fundamental importância quando se fala em evolução espiritual. Outro ponto chave no Espiritismo é a caridade; sem ela, segundo a codificação, não há salvação.
  Além destes dois conceitos – reforma íntima e caridade – os espíritos que orientaram Allan Kardec em sua obra também ressaltaram a importância do autoconhecimento. Vejamos o que diz a questão 919 de O Livro dos Espíritos: “Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal? Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo”...


Então, penso que temos três fatores que devem ser trabalhados em conjunto, por todo aquele que almeja a renovação espiritual: autoconhecimento, reforma íntima e caridade. Vamos, agora, analisar um pouco cada um destes aspectos. 

Autoconhecimento 

Tudo começa por aqui. Não adianta você querer reformar algo que mal conhece. Antes de qualquer reforma, é fundamental conhecer aquilo que se deseja transformar. Isso não significa que precisemos ser sábios para iniciarmos a reforma íntima. 

Na verdade, penso que a sabedoria vem justamente com a mudança interior. Mas a nossa transformação, que ocorre gradativamente, precisa estar alicerçada em um trabalho de investigação interna. Precisamos aprender a olhar para nossa realidade íntima com sinceridade, com imparcialidade, mas também com acolhimento, com carinho, sem autojulgamento e autopunição desnecessários. Na verdade, é impossível você realmente amar o próximo se não ama e não aceita a si mesmo.

Então, precisamos estar constantemente nos autopercebendo, atentos ao que ocorre em nosso mundo interno. O que nos irrita, o que nos causa medo, nos atrai, nos magoa... e como reagimos às diversas situações que surgem na vida. Ou seja: autoconhecimento é a percepção e compreensão dos nossos pensamentos, emoções, sentimentos e ações físicas. É estarmos conscientes da nossa realidade, cada vez mais. 

Reforma íntima

Conscientes daquilo que sentimos ser a fonte de sofrimento, precisamos mudar nossos hábitos para cessar o sofrimento. Quando digo hábitos, me refiro aos nossos processos psicoemocionais, e não apenas aos nosso comportamento. Somos viciados em emoção, presos a padrões de pensamentos repetitivos que atrapalham nosso amadurecimento espiritual. Então, é preciso boa vontade para mudar, abandonando de vez aquilo que nos faz sofrer. 

Caridade

É mais do que assistência social. No fundo, é estarmos de coração aberto, dispostos a acolher aqueles que vêm ao nosso encontro, no dia a dia. É o espírito de gratidão e a vontade de repartir, com todos, as bênçãos da paz que conquistamos. Isso acontece não porque queremos algo em troca, mas porque nossa “alma” pede. Caridade é ter fome de amar! 

Autoconhecimento, reforma íntima e caridade. Esses são, na minha opinião, os três pontos chaves da evolução. Precisam ser trabalhados em conjunto, constantemente. Parafraseando Kardec: “Sem eles, não há salvação!”

Por Victor Rebelo

19 fevereiro 2014

O Espiritismo em sua Vida - André Luiz


O ESPIRITISMO EM SUA VIDA

Reflita na importância do Espiritismo em sua encarnação. Confrontemo-lo com as circunstâncias diversas em que você despende a própria existência.

Corpo – Engenho vivo que você recebe com os tributos da hereditariedade fisiológica, em caráter de obrigatoriedade, para transitar no Planeta, por tempo variável, máquina essa que funciona tal qual o estado vibratório de sua mente.


Família – Grupo consangüíneo a que você forçosamente se vincula por remanescentes do pretérito ou imposições de afinidade com vistas ao burilamento pessoal.

Profissão – Quadro de atividades constrangendo-lhe as energias à repetição diária das mesmas obrigações de trabalho, expressando aprendizado compulsório, seja para recapitular experiências imperfeitas do passado ou para a aquisição de competência em demanda do futuro.

Provas – Lições retardadas que nós mesmos acumulamos no caminho, através de erros impensados ou conscientes em transatas reencarnações, e que somos compelidos a rememorar e reaprender.

Doenças – Problemas que carregamos conosco, criados por vícios de outras épocas ou abusos de agora, que a Lei nos impõe em favor de nosso equilíbrio. Decepções – Cortes necessários em nossas fantasias, provocados por nossos excessos, aos quais ninguém pode fugir.

Inibições - Embaraços gerados pelo comportamento que adotávamos ontem e que hoje nos cabe suportar em esforço reeducativo.

Condição – Meio social merecido que nos facilita ou dificulta as realizações, conforme os débitos e créditos adquiridos.

Segundo é fácil de concluir, todas as situações da existência humana são deveres a que nos obrigamos sob impositivos de regeneração ou progresso. Mas a Doutrina Espírita é o primeiro sinal de que estamos entrando em libertação espiritual, à frente do Universo, habilitando-nos, pela compreensão da justiça e pelo serviço à Humanidade, a crescer e aprimorar-nos para Esferas Superiores.

Pense no valor do Espiritismo em sua vida. Ele é a sua verdadeira oportunidade de partilhar a imortalidade desde hoje.


Pelo Espírito André Luiz
Do Livro: Estude e Viva
Médium: Francisco Cândido Xavier