CARIDADE E MÃOS VAZIAS
A conversa seguia animada naquela roda de amigos. Alguns comentavam as
dificuldades da vida, a violência, a miséria, o egoísmo. O mais velho deles dizia: Existe
uma doutrina que tem por lema – Fora da Caridade não há Salvação. Explica que a
caridade não é apenas dar coisas materiais, mas, conviver, respeitar, aceitar o próximo
como ele é, amar. A caridade não é dinheiro; é um ato de amor, é dar-se a si mesmo, o
que sublima a personalidade e recompensa a renúncia
com a alegria.
Outro mais jovem, disse: – Eu tenho as mãos limpas,
porque nunca fiz o mal com a
intenção de fazê-lo.
O primeiro amigo retrucou: – Limpas, mas vazias!
Um outro amigo, ainda jovem, contudo muito sábio, completou: Viver em caridade, é
aprender a viver para os outros, deixar de pensar a
penas em nós, e perceber que em cada
minuto da nossa vida, enquanto repousamos ou nos alimentamos, ou nada fazemos na
ociosidade, ou então fazendo coisas reprováveis, ruins, maldosas, há milhões de seres
humanos, nossos irmãos que morrem de fome, de frio,
castigados pelas secas ou pelas
inundações e perdem o pouco que possuem. Enquanto gozamos na indiferença, milhões
de crianças morrem, no mundo, de fome, de diarreia,
de verminose, de desamor. Não
poderíamos salvá-los todos, mas salvar muitos, como
podemos salvar os que estão
vivos.
E a violência, o tráfico de drogas que mata com armas sofisticadas? Indagou outro
amigo.
– Só podemos vencê-los com a paz, e não com o pulso
armado, respondeu o mais velho.
Abaixei a cabeça, ante a sabedoria dos amigos. Saí
a passos lentos, meditando sobre
tudo que ouvi.
Vamos agir para o bem, porém com a paz no coração.
Amilcar Del Chiaro Filho
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