CUIDAR DA INFÂNCIA
“O Espírito de uma criança pode então ser mais adiantado que o de seu pai?
— Isso é bastante frequente; não o vedes tantas vezes na Terra?” (pergunta 197-a, de “O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec
Por desconhecer tal assertiva é que muitas vezes erramos na condução dos “pequenos” que nos foram confiados para serem educados, objetivando que sigam corretamente pelos caminhos da decência e da dignidade.
Mas, em se tratando da educação da infância, imperioso se torna diferenciar educação de instrução. Educar, como objetivo primeiro, significa moldar o caráter de alguém, prepara-lo para viver dentro dos padrões da moralidade, sendo um verdadeiro homem de bem, que consiga eleger o bem-estar da criatura humana, onde ela estiver; já instruir, será ministrar conhecimentos, oferecer experiências acadêmicas ou transmitir cultura.
Educar, embora os mecanismos de apoio que se possam encontrar, é tarefa exclusiva da família, enquanto a instrução tanto pode ser oferecida no lar, na escola ou na vivência social.
No tocante à educação não podemos ignorar os referenciais que as crianças tomam como exemplo, tanto que a própria sociedade já entendeu há muito, que a infância imita os adultos. Então, quando percebemos crianças e adolescentes deambulando por estradas sombrias e caminhos tortuosos, salvo raras exceções, podemos concluir que os “mais velhos” não estão oferecendo um comportamento salutar, sublime e edificante.
Também, de forma alguma, podemos ignorar que a criança ou o jovem de agora é a volta, à vida física, do Espírito que animou o adulto em outras reencarnações, e elas, obviamente, foram muitas, pois o Espírito André Luiz, escrevendo mediunicamente por Francisco Cândido Xavier, afirma, convictamente, que o homem faz uso da razão há aproximadamente quarenta mil anos.
Assim, não temos dúvida em concluir que em oportunidades várias, uma criança que aparenta ingenuidade e inocência pode ser muito mais adiantada, espiritualmente, que seus pais ou adultos que a rodeiam. Aliás, isso ocorre com certa frequência quando vemos genitores com limitações intelectuais possuírem filhos altamente inteligentes.
Portanto, a missa paterna diante dessa verdade assume proporções ainda maiores, responsabilidade mais abrangente, uma vez que podemos estar sendo convocados a ajudar alguém que está à nossa frente no aspecto evolutivo, mas que no momento, pelas condições de fragilidade física e mental, características da infância, tem as suas mãos estendidas em nossa direção, pedindo proteção.
Então, vale afirmar que a criança não sabe o que faz e que será preciso esperar que ela cresça, para ter seu caminho direcionado pelas veredas equilibradas dos padrões de moralidade.
Se não aproveitamos o momento propício, quando a fragilidade dos primeiros anos de vida oferece amplas possibilidades de corrigenda e norteamento dos passos dos nossos “pequenos”, no futuro, quando a idade endurecer lhes o caráter, talvez tenhamos enormes dificuldades em ensinar-lhes a respeitar limites, a conhecer o direito alheio e a viver em sociedade, com regras, disciplinas e renúncias.
De qualquer forma, recebendo em nossos lares, Espíritos reencarnados, superiores a nós ou não, cabe refletir maduramente, procurando vislumbrar se realmente estamos dando das devidas atenções à prole, pois um dia, em algum lugar, haveremos de prestar contas à nossa consciência daquilo que fizemos com os filhos que a providência Divina nos confiou.
Ser pai ou mãe é tarefa das mais importantes na Terra... em realidade é uma missão.
De “Em busca da Paz”, de Waldenir Aparecido Cuin
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