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14 setembro 2017

Filhos, responsabilidade nossa! - Francisco Rebouças


FILHOS, RESPONSABILIDADE NOSSA!


Sendo Deus a Inteligência Suprema, podemos notar em toda a sua criação a presença dessa inteligência, nos processos do programa evolutivo de todos e de tudo que existe. Como são perfeitamente elaborados os programas de crescimento intelectual e moral do ser humano, quando destinado à vivência terrestre, no caminho da gloriosa imortalidade, em que todos sem exceção experimentam ao longo dos milênios as mais diversificadas posições no seio da família. Nesse contexto, os grupos familiares do planeta tendo ou não convividos juntos anteriormente, vivenciam posições alternadas no programa de Reencarnação a que todos estamos submetidos.

Por essa razão, uma a das missões de grande responsabilidade que o ser humano recebe quando no plano espiritual se prepara para mais uma etapa reencarnatória, é justamente a de aceitar receber quando reencarnado, espíritos desequilibrados e carentes na qualidade de filhos, para as necessárias orientações e os devidos cuidados de que se fizerem carentes, ajudando-os no reequilíbrio diante das imutáveis Leis de amor, pois, geralmente são espíritos com grandes necessidades e enormes dificuldades evolutivas.

A criança não é um “adulto miniaturizado”, nem uma cera plástica”, facilmente moldável.

Trata-se de um espírito em recomeço, momentaneamente em esquecimento das realizações positivas e negativas que traz das vidas pretéritas, empenhado na conquista da felicidade.

Redescobrindo o mundo e se reidentificando, tende a repetir atitudes e atividades familiares em que se comprazia antes, ou através das quais sucumbiu.

Tendências, aptidões, percepções são lembranças evocadas inconscientemente que renascem em forma de impressões atraentes, dominantes, assim como limitações, repulsas, frustrações, agressividade e psicoses constituem impositivos constritores ou restritivos — não poucas vezes dolorosos — de que se utilizam as Leis Divinas para corrigir e disciplinar o rebelde que, apesar da manifestação física em período infantil, é espírito relapso, mais de uma vez acumpliciado com o erro, a ele fortemente vinculado, em fracassos morais sucessivos.” ¹

A doutrina espírita através dos Espíritos Superiores nos esclarece sobre o assunto, mostrando-nos a responsabilidade de todo aquele que recebe de Deus, a sublime tarefa da Paternidade e da Maternidade, e os benefícios ou malefícios de uma boa ou má criação desses seres confiados aos nossos cuidados de pais.

“(…) Ó espíritas! compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem estar futuro. 

Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?  

Se por culpa Vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando de vós dependia que fosse ditoso. Então, vós mesmos, assediados de remorsos, pedireis vos seja concedido reparar a vossa falta; solicitareis, para vós e para ele, outra encarnação em que o cerqueis de melhores cuidados e em que ele, cheio de reconhecimento, vos retribuirá com o seu amor.

Não escorraceis, pois, a criancinha que repele sua mãe, nem a que vos paga com a ingratidão; não foi o acaso que a fez assim e que vo-la deu. Imperfeita intuição do passado se revela, do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para expiar. Mães! abraçai o filho que vos dá desgostos e dizei convosco mesmas: Um de nós dois é culpado. Fazei-vos merecedoras dos gozos divinos que Deus conjugou à maternidade, ensinando aos vossos filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas oh! muitas dentre vós, em vez de eliminar por meio da educação os maus princípios inatos de existências anteriores, entretêm e desenvolvem esses princípios, por uma culposa fraqueza, ou por descuido, e, mais tarde, o vosso coração, ulcerado pela ingratidão dos vossos filhos, será para vós, já nesta vida, um começo de expiação.

A tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não exige o saber do mundo. Podem desempenhá-la assim o ignorante como o sábio, e o Espiritismo lhe facilita o desempenho, dando a conhecer a causa das imperfeições da alma humana.

Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho.

Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que corta os rebentos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. Se deixarem se desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem de serem mais tarde pagos com a ingratidão. 

Quando os pais hão feito tudo o que devem pelo adiantamento moral de seus filhos, se não alcançam êxito, não têm de que se inculpar a si mesmos e podem conservar tranquila a consciência. A amargura muito natural que então lhes advém da improdutividade de seus esforços, Deus reserva grande e imensa consolação, na certeza de que se trata apenas de um retardamento, que concedido lhes será concluir noutra existência a obra agora começada e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor. (Cap. XIII, nº 19.)

Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade. Com efeito, quantos há que, em vez de resistirem aos maus pendores, se comprazem neles. A esses ficam reservados o pranto e os gemidos em existências posteriores. Admirai, no entanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Vem um dia em que ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os braços para receber o filho pródigo que se lhe lança aos pés. As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus. E um momento supremo, no qual, sobretudo, cumpre ao Espírito não falir murmurando, se não quiser perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de vencerdes, a fim de vos deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do mundo terrestre, quando entrardes no mundo dos Espíritos, sereis aí aclamados como o soldado que sai triunfante da refrega”. ²

Cabe-nos, portanto, seguir as sábias orientações dos mensageiros celestes, e nos empenhar na nobre tarefa de encaminhar os nossos filhos para o crescimento e desenvolvimento das virtudes de que são portadores, enfrentando a tarefa da paternidade e da maternidade com responsabilidade, carinho e amor, certos de que Deus nos dará o justo salário ao final da obra que realizarmos sob suas bênçãos e a colaboração dos Espíritos Superiores.


Bibliografia:

1- Franco, Divaldo Pereira. pelo Espírito Joanna de Ângelis e outros. Livro: S.O.S Família  –  Livraria Espírita Alvorada Editora, Cap. 15

2) Kardec, Alla, O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. 112ª edição – Cap. XIV, item 9.

3) Grifos nossos.


Francisco Rebouças

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