FILHOS, RESPONSABILIDADE NOSSA!
Sendo Deus a Inteligência Suprema, podemos notar em toda a sua
criação a presença dessa inteligência, nos processos do programa
evolutivo de todos e de tudo que existe. Como são perfeitamente
elaborados os programas de crescimento intelectual e moral do ser
humano, quando destinado à vivência terrestre, no caminho da gloriosa
imortalidade, em que todos sem exceção experimentam ao longo dos
milênios as mais diversificadas posições no seio da família. Nesse
contexto, os grupos familiares do planeta tendo ou não convividos juntos
anteriormente, vivenciam posições alternadas no programa de
Reencarnação a que todos estamos submetidos.
Por essa razão, uma a das missões de grande responsabilidade que o
ser humano recebe quando no plano espiritual se prepara para mais uma
etapa reencarnatória, é justamente a de aceitar receber quando
reencarnado, espíritos desequilibrados e carentes na qualidade de
filhos, para as necessárias orientações e os devidos cuidados de que se
fizerem carentes, ajudando-os no reequilíbrio diante das imutáveis Leis
de amor, pois, geralmente são espíritos com grandes necessidades e
enormes dificuldades evolutivas.
“A criança não é um “adulto miniaturizado”, nem uma cera plástica”, facilmente moldável.
Trata-se de um espírito em recomeço, momentaneamente em
esquecimento das realizações positivas e negativas que traz das vidas
pretéritas, empenhado na conquista da felicidade.
Redescobrindo o mundo e se reidentificando, tende a repetir
atitudes e atividades familiares em que se comprazia antes, ou através
das quais sucumbiu.
Tendências, aptidões, percepções são lembranças evocadas
inconscientemente que renascem em forma de impressões atraentes,
dominantes, assim como limitações, repulsas, frustrações, agressividade e
psicoses constituem impositivos constritores ou restritivos — não
poucas vezes dolorosos — de que se utilizam as Leis Divinas para
corrigir e disciplinar o rebelde que, apesar da manifestação física em
período infantil, é espírito relapso, mais de uma vez acumpliciado com o
erro, a ele fortemente vinculado, em fracassos morais sucessivos.” ¹
A doutrina espírita através dos Espíritos Superiores nos esclarece
sobre o assunto, mostrando-nos a responsabilidade de todo aquele que
recebe de Deus, a sublime tarefa da Paternidade e da Maternidade, e os
benefícios ou malefícios de uma boa ou má criação desses seres confiados
aos nossos cuidados de pais.
“(…) Ó espíritas! compreendei agora o grande papel da Humanidade;
compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem
do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o
vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está
confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. Os
vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu
aperfeiçoamento e o seu bem estar futuro.
Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?
Se
por culpa Vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo
entre os Espíritos sofredores, quando de vós dependia que fosse ditoso.
Então, vós mesmos, assediados de remorsos, pedireis vos seja concedido
reparar a vossa falta; solicitareis, para vós e para ele, outra
encarnação em que o cerqueis de melhores cuidados e em que ele, cheio de
reconhecimento, vos retribuirá com o seu amor.
Não escorraceis, pois, a
criancinha que repele sua mãe, nem a que vos paga com a ingratidão; não
foi o acaso que a fez assim e que vo-la deu. Imperfeita intuição
do passado se revela, do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou
muito, ou foi muito ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para
expiar. Mães! abraçai o filho que vos dá desgostos e dizei convosco
mesmas: Um de nós dois é culpado. Fazei-vos merecedoras dos gozos
divinos que Deus conjugou à maternidade, ensinando aos vossos filhos que
eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas oh!
muitas dentre vós, em vez de eliminar por meio da educação os maus
princípios inatos de existências anteriores, entretêm e desenvolvem
esses princípios, por uma culposa fraqueza, ou por descuido, e, mais
tarde, o vosso coração, ulcerado pela ingratidão dos vossos filhos, será
para vós, já nesta vida, um começo de expiação.
A tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não
exige o saber do mundo. Podem desempenhá-la assim o ignorante como o
sábio, e o Espiritismo lhe facilita o desempenho, dando a conhecer a
causa das imperfeições da alma humana.
Desde pequenina, a criança
manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior.
A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do
egoísmo e do orgulho.
Espreitem, pois, os pais os menores
indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los,
sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro,
que corta os rebentos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore.
Se deixarem se desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem de
serem mais tarde pagos com a ingratidão.
Quando
os pais hão feito tudo o que devem pelo adiantamento moral de seus
filhos, se não alcançam êxito, não têm de que se inculpar a si mesmos e
podem conservar tranquila a consciência. A amargura muito natural
que então lhes advém da improdutividade de seus esforços, Deus reserva
grande e imensa consolação, na certeza de que se trata apenas de um
retardamento, que concedido lhes será concluir noutra existência a obra
agora começada e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu
amor. (Cap. XIII, nº 19.)
Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite
as que podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte
possibilidade: falta a vontade. Com efeito, quantos há que, em vez de
resistirem aos maus pendores, se comprazem neles. A esses ficam
reservados o pranto e os gemidos em existências posteriores. Admirai, no
entanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento.
Vem um dia em que ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal
abatido, Deus abre os braços para receber o filho pródigo que se lhe
lança aos pés. As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de
um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando
aceitas com o pensamento em Deus. E um momento supremo, no qual,
sobretudo, cumpre ao Espírito não falir murmurando, se não quiser perder
o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes,
agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de vencerdes, a fim de vos
deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do mundo
terrestre, quando entrardes no mundo dos Espíritos, sereis aí aclamados
como o soldado que sai triunfante da refrega”. ²
Cabe-nos, portanto, seguir as sábias orientações dos mensageiros
celestes, e nos empenhar na nobre tarefa de encaminhar os nossos filhos
para o crescimento e desenvolvimento das virtudes de que são portadores,
enfrentando a tarefa da paternidade e da maternidade com
responsabilidade, carinho e amor, certos de que Deus nos dará o justo
salário ao final da obra que realizarmos sob suas bênçãos e a
colaboração dos Espíritos Superiores.
Bibliografia:
1- Franco, Divaldo Pereira. pelo Espírito Joanna de Ângelis e
outros. Livro: S.O.S Família – Livraria Espírita Alvorada Editora,
Cap. 15
2) Kardec, Alla, O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. 112ª edição – Cap. XIV, item 9.
3) Grifos nossos.
Francisco Rebouças
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