NORMOSE
O admirável doutor Pierre Weil definiu a normose como o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos de pensar ou de agir aprovados por um consenso ou maioria de pessoas de uma determinada sociedade, que levam a sofrimentos, doenças e mortes.
Desdobrando o tema, refere-se que os comportamentos normóticos apresentam-se sob quatro aspectos: hábito de pensar, de sentir e de agir; que tem consenso social como normal; de natureza patogênica ou letal e uma gênese pessoal ou coletiva, mediante processo introjetivo.
Tanto ele como os notáveis Drs. Jean-Yves Leloup e Roberto Crema, estudiosos do comportamento humano, elucidam que essa enfermidade pode conduzir a sociedade a um suicídio coletivo, do ponto de vista psicológico, em razão de acontecimentos que poderiam ser muito diferentes.
Somos herdeiros de tradições daninhas, fundamentadas no ego, que estabelecem regras de conduta programadas para conveniências egoicas em detrimento dos valores reais que nos deveriam conduzir a situações de legítima segurança.
Estabeleceu-se que a existência deve ser trabalhada para o encontro com a felicidade, normalmente vinculada a questões materiais, sensoriais, ao instinto de conservação da vida. Em realidade, o sentido, o objetivo básico da vida humana é o trabalho de superação das paixões e a perfeita identificação entre o ego e o Self, isto é, dar mais importância ao ser do que ao ter.
Muitos problemas antiéticos passaram a tornar-se legítimos pela aceitação irrestrita das situações em que se apresentam. O suborno, a mentira, o fingimento, a falsa intimidade, que são de natureza inferior, tomaram conta da sociedade de tal forma que não poucos indivíduos sentem-se indispostos ou adoentados ante a situação calamitosa, que passou a quase legalidade…
Não são poucas as pessoas que têm coragem de assumir os valores nobres, de apresentar-se conforme a diretriz cristã do respeito à vida, experienciando impositivos que são estabelecidos pelo materialismo ou pela indiferença ética da própria sociedade.
É necessário coragem para viver-se conforme as próprias convicções, ser diferente, fora dos padrões estabelecidos pela falsidade.
Por exemplo, assevera o Dr. Crema, na maneira como procedemos nos aniversários, desejando muitos anos de vida, quando deveríamos desejar vida digna em todos os anos.
Na hora em que a criatura, autoamando-se, puder experienciar as suas realizações pessoais sem receio de críticas nem de perseguições, desde que não prejudique ninguém, estará plena.
Seria o caso de vivermos conforme nossas ideologias, sem a vigilância extravagante da censura e do desprezo social.
Sermos autênticos nas convicções e decididos nas realizações.
Divaldo P.Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião em 09-02-2017
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