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31 julho 2019

Artrite Reumatóide na Visão Espírita - Rafaela Paes de Campos



ARTRITE REUMATÓIDE NA VISÃO ESPÍRITA


Iniciando o artigo de hoje, importante mencionar o conceito médico da patologia. A medicina estabelece que se trata de uma inflamação crônica de pequenas articulações como mãos e pés, causando um inchaço muito doloroso que pode ter como consequência a erosão óssea e a deformidade articular. É tida como uma doença autoimune, ou seja, o sistema imunológico do portador ataca a si mesmo por engano.

A doença tem maior frequência entre as mulheres e suas causas são diversas, desde a carga genética transmitida do pai para o filho, até infecções bacterianas e virais, bem como tabagismo.

Seus sintomas também são variáveis, como dores nas articulações dos dedos das mãos e dos pés, dos joelhos e tornozelos, dos cotovelos e ombros; dor no quadril; dor, inchaço e aumento da temperatura das articulações; rigidez matinal que pode se estender por horas; nódulos sob a pele dos braços; fadiga, febre e perda de peso não intencional.

Espiritualmente falando, o livro a Doença como Caminho demonstra que as pessoas que são acometidas por essa enfermidade possuem dentro de si um grande sentimento de raiva, necessidade de controle de outras pessoas e uma agressividade que não foi trabalhada dentro de si própria. Os sentimentos citados são de anos, não é um simples sentimento por determinada situação recente.

Segundo o livro, a energia dessas pessoas fica acumulada, não é descarregada, estagnando-se na musculatura de braços e pernas, articulações e acaba se transformando em dor e inflamação.

André Luiz e Emmanuel, no livro Estude e Vida, inserem a doença no rol que chamam de “doenças fantasmas”, e de forma muito elucidativa, nos presenteiam com o texto abaixo:

Somos defrontados com frequência por aflitivo problema cuja solução reside em nós. A ele debitamos longas fileiras de irmãos nossos que não apenas infelicitam o lar onde são chamados à sustentação do equilíbrio, mas igualmente enxameiam nos consultórios médicos e nas casas de saúde, tomando o lugar de necessitados autênticos.

Referimo-nos às criaturas menos vigilantes, sempre inclinadas ao exagero de quaisquer sintomas ou impressões e que se tornam doentes imaginários, vítimas que se fazem de si mesmas nos domínios das moléstias-fantasmas.

Experimentam, às vezes, leve intoxicação, superável sem maiores esforços, e, dramatizando era demasia pequeninos desajustes orgânicos, encharcam-se de drogas, respeitáveis quando necessárias, mas que funcionam à maneira de cargas elétricas inoportunas, sempre que impropriamente aplicadas.

Atingido esse ponto, semelhantes devotos da fantasia e do medo destrutivo caem fisicamente em processos de desgaste, cujas consequências ninguém pode prever, ou entram, modo imperceptível para eles, nas calamidades sutis da obsessão oculta, pelas quais desencarnados menos felizes lhes dilapidam as forças.

Depois disso, instalada a alteração do corpo ou da mente, é natural que o desequilíbrio real apareça e se consolide, trazendo até mesmo a desencarnação precoce, em agravo de responsabilidade daqueles que se entibiam diante da vida, sem coragem de trabalhar, sofrer e lutar.

Precatemo-nos contra esse perigo absolutamente dispensável. Se uma dor aparece, auscultemos nossa conduta, verificando se não demos causa à benéfica advertência da Natureza.

Se surge a depressão nervosa, examinemos o teor das emoções a que estejamos entregando as energias do pensamento, de modo, a saber, se o cansaço não se resume a um aviso salutar da própria alma, para que venhamos a clarear a existência e o rumo.

Antes de lançar qualquer pedido angustiado de socorro, aprendamos a socorrer-nos através da autoanálise, criteriosa e consciente.

Ainda que não seja por nós, façamos isso pelos outros, aqueles outros que nos amam e que perdem, inconsequentemente, recurso e tempo valiosos, sofrendo em vão com a leviandade e a fraqueza de que fornecemos testemunho.

Nós que nos esmeramos no trabalho desobsessivo, em Doutrina Espírita, consagremos a possível atenção a esse assunto, combatendo as doenças-fantasmas que são capazes de transformar-nos em focos de padecimentos injustificáveis a que nos conduzimos por fatores lamentáveis de auto obsessão.

Sendo assim, diante de tais explicações que dispensam demais comentários, há que se mencionar, derradeiramente, que o tratamento médico é sim indispensável, e é composto pelo uso de anti-inflamatórios e fisioterapia. Entretanto, que nos lembremos de que o tratamento espiritual deve ser concomitante, e nesse caso, demanda que se exercite e ponha em prática a reforma íntima, que é o remédio que irá nos mostrar nossos erros e sentimentos negativos enraizados, melhorando nossa qualidade de vida.



Rafaela Paes de Campos


30 julho 2019

Alma gêmea ou Algema - Richard Simonetti



ALMA GÊMEA OU ALGEMA?


As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia se reunirá?

Resp.: Não; não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade. (questão nº 298)

Principalmente os jovens, iniciantes na arte de amar, sonham encontrar essa “metade”, alimentando ternos anseios de uma convivência perfeita, de um afeto sem fim, marcados por imensa ternura e imorredoura ventura.

Quase todos encontram seu par. Raros concretizam seus sonhos, porque a Terra é um planeta de expiação e provas, onde a maioria dos casamentos representa o cumprimento de reajuste assumidos perante a Espiritualidade.

Por isso, passadas as primeiras emoções, quando os cônjuges enfrentam as realidades do dia-a-dia, os problemas relacionados com a educação dos filhos, as dificuldades financeiras e, sobretudo, o confronto de duas personalidades distintas, com suas limitações, ansiedades, viciações, angústias e desajustes, não tardam em desconfiar que a suposta “alma gêmea” é apenas uma “algema”, cerceados que se sentem em sua liberdade, frustrados em suas aspirações.

Muitos casam-se arrebatados de amor, que logo acaba diante dos atritos e dificuldades do matrimônio. Julgando que erraram na escolha, alimentam secreto desejo de um novo encontro, na eterna procura da alma afim.

Muitas vezes, rompem os compromissos conjugais e partem, decididos, reiniciando a procura. E encontram novas algemas, eternizando suas angústias e gerando problemas que se sucedem, a envolver principalmente os filhos, vítimas indefesas dessas uniões passageiras.

O sucesso no casamento implica em compreender que não há metades eternas que se buscam para completar-se, como na alegoria platônica.

Há Espíritos que conseguem uma convivência fraterna, com o empenho por ajustarem-se às Leis Divinas, superando seus desajustes íntimos, suas deficiências e fragilidades.

Um coração amargurado, um caráter agressivo, uma vocação para o ressentimento, um comportamento impertinente – tudo isso azeda o casamento. Então, existe um engano de perspectiva, um equívoco generalizado. As pessoas estão esperando que o casamento dê certo para que sejam felizes, quando é imperioso serem felizes para que o casamento dê certo.

A felicidade, por sua vez, não repousa em alguém, no que possa nos oferecer ou fazer, mas, essencialmente, nos valores que conseguimos desenvolver em nós mesmos, em nosso universo interior. Somente assim poderemos contribuir de forma decisiva para um casamento bem sucedido.

Fundamental, nesse particular, que nos detenhamos na definição do amor, o principal agente das uniões conjugais. O amor legítimo não é uma flecha de Cupido que nos atinge. Não é uma fonte que brota, borbulhante. Não é mera chama arrebatadora, como destaca a bela mas equivocada imagem poética de Vinícius de Morais: “Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure.” Muito mais que chama de atração passageira, o amor pede os valores da convivência para que se desenvolva e consolide.

Cônjuges que se querem bem, que se amam de verdade, são aqueles que atravessaram juntos as tempestades da existência, relevando um ao outro as falhas, cultivando compreensão, respeito e boa vontade. Assim, a “algema” de hoje poderá ser a “alma gêmea” de amanhã, mesmo porque o objetivo maior do casamento é a harmonização dos Espíritos que se unem para experiências na Terra. Hoje desencontrados, atritados, talvez até inimigos de outras vidas. Amanhã amigos! Amantes de verdade!

É lamentável quando os casais se separam, adiando a própria edificação.

O mesmo podemos dizer quando alguém proclama que suporta o cônjuge por fidelidade à religião ou aos filhos.

Na avaliação de nossas experiências terrestres, quando regressarmos ao Plano Espiritual, uma das medidas ponderáveis, a ver se aproveitamos a experiência humana

, diz respeito à convivência com as pessoas, principalmente no lar.

Voltamos para o Além levando rancores, ódios, mágoas, ressentimentos? Deixamos inimigos e inimizades? Perdemos tempo, complicando o futuro.

Harmonizamo-nos com os familiares? Edificamos a fraternidade legítima? Construímos as bases de um entendimento cristão com o semelhante? Ótimo. Teremos realmente valorizado a jornada terrestre, habilitando-nos a estágios em regiões felizes, habitadas por almas afins, gêmeas na virtude, na sabedoria, no empenho por cumprir as leis de Deus.


Richard Simonetti

29 julho 2019

A família como estrutura capaz de nos sustentar nas lutas da vida - Jorge Hessen



A FAMÍLIA COMO ESTRUTURA CAPAZ DE NOS SUSTENTAR NAS LUTAS DA VIDA


Os Benfeitores espirituais esclarecem que de todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida. A família reaviva em nós as sensações de segurança e aconchego, tal a importância do grupo familiar como estrutura capaz de nos sustentar nas lutas da vida.

Atualmente o distanciamento familiar tem sido definido como a perda de afeto que ocorrem ao longo de anos ou mesmo décadas em uma família. O divórcio contribui para a perda de relacionamentos familiares, especialmente com os pais. O abandono de parentes com identidades marginalizadas também é um fator comum, como a rejeição familiar a minorias sexuais e de gênero, por exemplo.

Também é importante notar que o distanciamento nem sempre é permanente. As pessoas se afastam e se reaproximam. Ademais, cortar o contato com um membro da família pode ser muito doloroso devido à forma como a sociedade não entende bem e atribui a isso um aspecto de vergonha ou reprovação.

Os laços de família são necessários à harmonia e evolução da sociedade. O resultado da negligência ou ruptura dos laços familiares leva a exacerbação do egoísmo. Existem duas espécies de vínculos familiares: os espirituais e corporais. As ligações corporais são frágeis e temporárias, entretanto os laços espirituais se fortalecem pela união e se vinculam na eternidade por meio das múltiplas migrações do Espírito.

É impossível auxiliar a composição social, quando ainda não conseguimos ser úteis nem mesmo com a família em que Deus nos colocou, a título precário. Portanto, antes da grande projeção pessoal na obra coletiva, aprendamos a colaborar, em favor dos familiares, no dia de hoje, convicto de que análogo empenho importa realização essencial.

A nossa família consanguínea pode ser contemplada como o cerne eficaz de nossas representações. Imagens aprazíveis ou desagradáveis que o pretérito nos restitui. Aprendamos antes de tudo a exercer piedade para com a própria família e a recompensar nossos pais, porque isto é bom e agradável diante de Deus , conforme narrava Paulo de Tarso.

A família é uma escola onde aprendemos a amar umas poucas pessoas para um dia amar a Humanidade. É assim que em nossas múltiplas existências aprendemos lidar com o amor, nos seus diversos aspectos: amor de mãe para filho, de filho para mãe, de irmão para irmão, de avô para neto, de neto para avô, de tio para sobrinho, de sobrinho para tio, de esposo para esposa e assim por diante. E, quando alcançamos amar genuinamente um filho, por exemplo, nosso coração se comove igualmente pelos filhos alheios.

Ponderando-se sobre a lei da reencarnação consolidamos os laços de afetividade com maior número de Espíritos, que (re)nascem sob o mesmo teto que nós. Dessa forma, nossa família espiritual se amplia e os laços de bem-querer se solidificam a cada nova possibilidade de convivência. Deste modo, conviver em família é um desafio e, igualmente, um formidável aprendizado, pois o convívio cotidiano nos oferece ensejo de cinzelar as arestas com os que eventualmente tenhamos alguma contenda.

(Re) nascendo no mesmo reduto doméstico é mais fácil suplantar os desamores, pois os vínculos consanguíneos ainda se compõem numa referência altiva a benefício da indulgência e da coexistência serenas. É por isso que existe a família: para que aprendamos a exercitar o amor na condição de irmãos, pois que todos somos filhos do mesmo PAI.


Jorge Hessen


28 julho 2019

Um Raio Atinge uma Mulher na Praia. Seria Destino? - Fernando Rossit



UM RAIO ATINDE UMA MULHER NA PRAIA. SERIA DESTINO?


Quando o novo ano inicia costumamos desejar que ele seja melhor em todos os aspectos. Mas como saber exatamente o que irá acontecer?

Impossível, quase impossível.

O ano novo não será melhor se não mudarmos nosso modo de ser.

As mesmas ações do ano que se foi terão sempre os mesmos resultados.

Uma grande Lei que rege o Universo físico e espiritual é a da Causa e Efeito ou Ação e Reação.

Toda ação é livre, mas as consequências, não.

Somos livres para escolher, entretanto o resultado de nossas ações determinam o tipo de destino que vamos ter.

Muitos pensam que tudo acontece segundo a vontade de Deus; que não cai uma folha se não for Sua vontade.

Vamos interpretar isso?

Existe, sim, uma Lei única e imutável, absoluta, que rege o Universo. Ela é responsável pela harmonia e equilíbrio de tudo. No entanto, Deus nos concedeu o livre-arbítrio, o que possibilita agirmos conforme a nossa vontade, para nosso bem ou para o mal.

Ocorre que quando nos desviamos da grande Lei, haverá consequências tendentes a nos colocar novamente nos eixos, no fluxo de Sua condução harmoniosa que nos levará à correção dos erros cometidos e ao equilíbrio. Se não fosse assim, o caos total destruiria a criação.

Mas não existe destino?

Se você considerá-lo como consequência dos atos anteriores, existe sim.

Mas como alguma coisa programada e determinada por “algo superior”, irremediável, não!

Podemos mudar a todo instante o curso de nossa história com novas ações e decisões.

Quem constrói o nosso destino, portanto, somos nós mesmos.

Mas e os acidentes, as mortes violentas, os assassinatos, os terremotos, a violência em geral que, apesar de todos os cuidados que possamos ter para evitar, nos alcançam quase a todo instante?

Aqui a análise se desdobra, mas sem contrariar em nada a Lei Universal.

Depende das circunstâncias e dos fatos que foram determinantes para a ocorrência dos desastres e mortes.

Vivemos num mundo de matéria muito grosseira onde qualquer acidente ou doença poderá levar à morte. Conclusivamente, a vida aqui na Terra, por si só, já é uma expiação para os Espíritos (ver questão 132 de O Livro dos Espíritos). (1)

Dessa forma, mesmo se formos prudentes e atentos, muitas ocorrências desastrosas podem nos alcançar pois habitamos a Terra, mundo ainda inferior – sujeitos, portanto, às suas produções materiais e espirituais condizentes com o nosso nível de evolução – que é, sem sombra de dúvida, muito inferior.

Se estivermos mergulhados numa panela de pressão, estaremos, inevitavelmente, sujeitos à pressão e temperatura da panela.

Pois bem, estamos reencarnados num planeta de provas e expiações e ninguém foge disso.

Alguns espíritas criam seu próprio céu, um céu particular de falsa tranquilidade e isolamento, com o propósito consciente ou não, de se livrarem dos percalços e aflições da vida.

Infelizmente esse céu particular, muitas vezes, exclui o amor e a ajuda que poderiam oferecer aos que mais sofrem.

É como se fosse um esconderijo para evitar as dores do mundo.

Ledo engano. Um dia o tsunami vem e leva tudo.

É claro que devemos estar atentos e não foi por acaso que Jesus nos conclamou à prece e à vigilância, mas sem as dores do mundo não evoluímos, ou pouco evoluímos. “A dor faz a evolução, assim como a evolução anula progressivamente a dor”. (2)

Um raio atinge a cabeça de uma mulher que está caminhando na praia. Isso é fatalidade?

(Veja que poderá ser a mulher hipotética da família do céu particular!)

Temos que considerar que poderá sim ser algo programado, mas não podemos asseverar categoricamente que foi algo que teria que acontecer inevitavelmente (morte programada). Como sempre, retornamos à questão que estamos num mundo inferior que é, por enquanto, a moradia que podemos ter.

Definitivamente o acaso não existe. Existe uma Lei que permeia e comanda o mundo físico e espiritual.

O raio caiu por uma causa puramente física, mas a pessoa que está por lá passando poderá ter sido intuída para estar lá naquele momento, caso tivesse que desencarnar.

Vejamos o que dizem os Espíritos: (1)

Questão 527 : …. Um homem TEM que morrer fulminado pelo raio. Refugia-se debaixo de uma árvore. Estala o raio e o mata. Poderá dar-se tenham sido os Espíritos que provocaram a produção do raio e que o dirigiram para o homem?

Resposta:…”O raio caiu sobre aquela árvore em tal momento, porque estava nas leis da Natureza que assim acontecesse. Não foi encaminhado para a árvore, por se achar debaixo dela o homem. A este, sim, foi inspirada a ideia de se abrigar debaixo de uma árvore sobre a qual cairia o raio, porquanto a árvore não deixaria de ser atingida, só por não lhe estar debaixo da fronde o homem.”

Questão 528: No caso de uma pessoa mal-intencionada disparar sobre outra um projetil que apenas lhe passe perto sem a atingir, poderá ter sucedido que um Espírito bondoso haja desviado o projetil?

“Se o indivíduo alvejado NÃO tem que perecer desse modo, o Espírito bondoso lhe inspirará a ideia de se desviar, ou então poderá ofuscar o que empunha a arma, de sorte a fazê-lo apontar mal, porquanto, uma vez disparada a arma, o projetil segue a linha que tem de percorrer.” (1)

Mas imagine que muitos raios estejam atingindo a praia naquela tarde. Uma pessoa ciente disso que ali caminhe porque entende que nada vai acontecer se não for por vontade de Deus, pode correr riscos sérios de morte. Aqui é que entra o livre-arbítrio: mesmo sabendo dos riscos se aventurou baseado numa fé cega, sem raciocínio. O acidente poderá levá-la à morte por imprudência.

Nossa conduta, então, é fundamental para evitarmos males maiores.


Autor: Fernando Rossit

Referência

-O Livro dos Espíritos – Allan Kardec

-A Grande Síntese – Pietro Ubaldi

27 julho 2019

Solitude, solidão, solicitude – Orson Peter Carrara




SOLITUDE, SOLIDÃO, SOLICIUTE


As três palavras são muito parecidas, sonoridade semelhante, mas suas definições são bem distintas. E podem abrir universos de exemplos e abordagens. Aqui a abordagem é motivada pela curiosidade cultural das três palavras.

Vejam que interessante:

Solitude é o estado de privacidade de uma pessoa, não significando, propriamente, estado de solidão. Pode representar o isolamento e a reclusão, voluntários ou impostos, porém não diretamente associados a sofrimento.

Solidão: estado de quem se acha ou se sente desacompanhado ou só; isolamento. Ou ainda sentir-se triste e infeliz devido ao isolamento social. E também não necessariamente em sofrimento.

Solicitude: boa vontade, desejo de atender da melhor maneira possível a alguma solicitação; empenho, interesse, atenção. Ou ainda afã e diligência em tratar, alcançar ou conseguir algum fim.

Outras palavras e exemplos podem ser trazidos com a mesma ocorrência de semelhança em letras e sonoridade, mas fiquemos apenas com essas com o objetivo de buscar a importância de cada uma delas.

Afinal podemos estar em estado de solitude, com ou sem solidão, e exercitar a solicitude. Ou ser solícito, com ou sem solitude ou solidão… Muito interessante os exemplos que podem se encaixar nessa linha de raciocínio. E igualmente podemos estar nos três estados, individualmente em cada um ou nos três ao mesmo tempo. Quantas situações! Ou em apenas dois, como por exemplo, em solitude e solidão, sem solicitude. Confundiu? É que as variadas circunstâncias ou situações humanas podem nos situar em quadros como os acima citados.

As três são úteis e o importante é que vivamos essas experiências com solicitude, ainda que nos utilizemos ou não da solidão ou da solitude. Em privacidade ou solitário, a disposição de boa vontade é sempre a marca da moralidade.

Nos embates da atualidade o que se vê mais é solitude desrespeitada, a solidão provocada e muitas vezes sofrida ou vivida com egoísmo, e pouca solitude, exceto se nos próprios interesses. Por isso os sofridos quadros morais que estamos vivendo. Melhor que transformemos a nossa possível solidão ou nossa solitude em posturas práticas de solicitude. Aí a vida fluirá com mais abundância.

Por isso afirma Auta de Souza na bela página Sublime Encontro:

Se procuras o Cristo Soberano

Por excelso refúgio às próprias dores,

Busca hoje e amanhã, por onde fores,

O torturado coração humano.

Desce ao vale dos grandes amargores,

Onde revelam sofrimento insano

A aflição, a miséria e o desengano,

Entre flagelos purificadores.

Desce à feição do Sol na noite fria,

Guardando a caridade por teu guia,

Ajudando e servindo cada hora…

E, ante a luz da Divina Primavera,

Encontrarás o Cristo que te espera,

Crucificado em cada ser que chora.


Autoria: Orson Peter Carrara

 
 

26 julho 2019

Amor versus Egoísmo - Antônio Carlos Navarro



AMOR VERSUS EGOÍSMO


Quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Jesus – Mateus 25:40

…quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. Jesus – Mateus 25:45


Ao ser questionado sobre qual é o grande mandamento da Lei (Mateus 22:36-40), o Senhor Jesus estabelece as duas referências – Deus e o Próximo – como objetivos do nosso amor.

Por definição dada pela Espiritualidade Superior (OESE, Cap. XI, item 8), o amor… 

“É o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A Lei de Amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais”. (Grifo nosso)

De fácil dedução, ao substituir a personalidade, ou seja, os interesses do Eu, o amor aumenta na proporção inversa à diminuição do egoísmo, porque o egoísmo sempre busca saciar o interesse do Eu, e na medida em que se sai de si mesmo, evidentemente, em direção ao Próximo, todas as ações passam a ser orientadas no sentido de causar bem estar aos que se encontram no entorno.

Ensinam os Benfeitores Espirituais (OLE, item 719) que:


“É natural o desejo pelo bem estar. Deus só proíbe o abuso, por ser contrário à conservação. Ele não condena a procura do bem estar, desde que não seja à custa de outrem, e não venha a diminuir-vos nem as forças físicas, nem as forças morais”.


Em última instância, esse movimento extinguirá as misérias sociais através da benevolência mútua, que decorrerá do equilíbrio da percepção da sensação do bem estar, porque, ao se colocar no lugar do Próximo, a consciência indicará que é preciso fazer a ele, o que gostaria que fosse feito a si. As mesmas oportunidades que se tem, serão as mesmas oportunidades que se darão.


A Doutrina Espírita será imprescindível para as mudanças sociais, conforme atestam os Benfeitores Espirituais (OLE, item 917):


“Quando, bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenças, o Espiritismo transformará os hábitos, os usos, as relações sociais. O egoísmo assenta na importância da personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade. Destruindo essa importância, ou, pelo menos, reduzindo-a às suas legítimas proporções, ele necessariamente combate o egoísmo”. (Grifo nosso)

Assim sendo, cabe aqui um exame de consciência a respeito do que entendemos por necessidades a serem satisfeitas para a percepção do bem estar, sempre à luz dos esclarecimentos do Consolador Prometido (OLE, item 716):


“Mediante a organização que nos deu, não traçou a Natureza o limite de nossas necessidades? – Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais”. (Grifo nosso)

Na ótica dos Benfeitores, o Homem carrega o desejo insaciável de sempre ter mais, de ser mais, de parecer mais; mais posses, mais conforto, mais luxo, maior visibilidade e nível social, etc, a despeito das necessidades não atendidas por seus iguais em humanidade.

E alertam os Benfeitores (OLE, item 926):


“Os males deste mundo estão na razão das necessidades fictícias que vós criais”.

Acrescentamos, por nossa vez, se fictícias, desnecessárias à felicidade perene. Conhecedor profundo da natureza humana, sabe o Senhor Jesus que carregamos imensa dificuldade em pensar no Próximo em todas as circunstâncias do que fazemos, e, por conta do egoísmo que ainda viceja em nós, chamou para Si o resultado do que fazemos, para o Bem ou para o Mal, dada a importância que já temos dado à Ele, embora ainda O honramos com os lábios, mas com o coração longe Dele.

Pensemos nisso.


Antônio Carlos Navarro

Nota do Autor:

OESE: Abreviação de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec;

OLE: Abreviação de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.

25 julho 2019

Em atividade sempre - Divaldo P.Franco





EM ATIVIDADE SEMPRE


Há 32 anos realizamos uma viagem à Europa, visitando cidades de diversos países durante 32 ou mais dias.

A experiência tem por finalidade divulgar o Espiritismo na sua feição cristã e consoladora.

O sofrimento sob qualquer dos seus aspectos tem sido para o ser humano um grande enigma e uma razão de desconforto, senão mesmo de revolta.

O Espiritismo, por sua vez, esclarece que a morte não significa aniquilamento, mas transformação no incessante fenômeno de alteração das moléculas. Igualmente oferece uma filosofia existencial de otimismo e de alegria de viver, especialmente quando se defronta a dor.

A princípio, nas tentativas iniciais de divulgação, encontramos obstáculos que pareciam intransponíveis, especialmente aqueles derivados do preconceito e do desconhecimento da sua doutrina.

Jamais desanimamos e embora as dificuldades persistimos.


Encontramos países onde a palavra era ridicularizada e os conteúdos doutrinários, porque desconhecidos, eram desconsiderados. Calúnias bem urdidas afirmavam que a sua prática terminava em distúrbios psiquiátricos e outros, sendo seita adotada por pessoas ignorantes e de maus costumes.

Sempre evitamos as lutas com a intolerância e a presunção mantendo o clima de serenidade e respeito a todas e quaisquer crenças existentes.

Lentamente foram surgindo grupos de interessados em aprofundar reflexões nas conferencias que realizávamos e adotando o comportamento espiritista de paz, dignidade, amor e caridade sob quaisquer aspectos considerados.

As comunidades brasileiras nesses países existentes passaram a dar-nos atenção e em breve surgiram instituições dedicadas ao Espiritismo.

Ontem encerramos mais um périplo de 33 dias por 14 cidades de 11 países, experimentando inefável alegria com os resultados superiores do esforço aplicado nesses passados anos de dedicação.

Enquanto o materialismo e filosofias de ocasião pessimistas vêm consumindo as multidões, podemos constatar que as pessoas estão com sede de Deus e com saudades de Jesus.

Em todas cidades tivemos auditórios volumosos com listas de espera de alguma vaga, convites de retorno e de ampliação dos labores com sorrisos de esperança e de alegria nos corações.

Ao organizarmos a programação, algumas vezes fomos assaltados por preocupações pertinentes, em razão da idade avançada, 92 anos, e problemas de hérnias de disco, mortificadores. Mas a confiança em Deus era sempre maior e empreendemos a tarefa, acompanhado pelo jovem Dr. Juan Danilo R. Mantilla que, residindo na Mansão do Caminho, tem-se oferecido para laborar conosco. Não, porém, apenas ele, mas também o casal Medeiros, companheiros gaúchos que constituíram a caravana da lídima Fraternidade.

Em todas essas jornadas constatamos que as criaturas humanas possuímos belos princípios de amor e de solidariedade que são colocados em favor da humanidade, significando que o mal é transitório e que a vitória do bem é indiscutível.

Nestes dias difíceis que todos vivemos vale a pena que nos demos conta de que a felicidade depende do bem que realizarmos e que todos podemos e devemos contribuir para um mundo melhor e mais pacífico através do que de mais útil pudermos realizar.

O amanhã já chegou!



Divaldo P.Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, 13 de junho 2019.

24 julho 2019

Bendize - Joanna de Ângelis



BENDIZE


A Divindade dotou-te de tesouros inapreciáveis, que ainda não te permitiste valorizar em suas profundas significações, tão naturais se te apresentam no dia a dia existencial.

Dons e recursos no instrumento orgânico de que dispões constituem bênçãos de elevada significação que deves aproveitar com esmero, a fim de lograres êxito no empreendimento enobrecedor da tua reencarnação.

Pequenas ocorrências existenciais desagradáveis muitas vezes aturdem-te e levam-te a inquietações e transtornos que não se justificam, mas a que te entregas facilmente.

Se os utilizares, no entanto, com equilíbrio, serás compensado no esforço com lucros extraordinários que te seguirão por todo o período carnal, lançando bases de segurança para o futuro.

Observa modesta raiz de uma planta que penetra o solo pútrido e dele retira perfume na flor e alimento no fruto.

Que extraordinário Químico esse que desenvolveu o primeiro programa vegetar, presente em todo o globo, nas mais variadas expressões, seja no pantanal ou na aridez de terras desérticas.

Examina em ti o milagre da digestão, por exemplo, e não poderás negar a sabedoria dAquele que elaborou o delicado aparelho digestivo,a fim de manter a harmonia entre bilhões de indivíduos – as células – operando em conjunto em favor das substâncias nutrientes.

Reflexiona um pouco na extraordinária função do pensamento que é captado pelos neurônios e transformado na exuberância da arte, da Ciência, dos encantos e maravilhas do Universo.

Pensa como todo esse manancial sanguíneo se renova e autorreproduz-se em vitalidade num circuito especializado.

Considera a bomba cardíaca pulsando sem cessar, graças a uma fagulha elétrica inicial, a fim de que a corrente sanguínea atenda a finalidade que mantém a vida orgânica.

Tudo que consigas examinar produz admiração e surpresa, desafiando a inteligência para que compreenda o milagre da vida.

Quando harmônico ou distônico provém da tua conduta mental, que se faz imprimir no corpo sutil, o perispírito, que aciona mecanismos energéticos, eletromagnéticos e vitais para que pulsem incontáveis órgãos.

Nenhum incidente, ocorrência alguma tem lugar por ação do acaso, por automatismo da Natureza.

Os que assim denominam os fenômenos da vida apenas alteram a denominação da Inteligência Suprema e Causal do Cosmo.

Há uma Lei de Causa e Efeito que responde por todas interrogações que a mente elaborou.

Deus é o Artista gerador da Vida.

Bendize-O em todos os momentos através de ações saudáveis e de pensamentos edificantes.

Dele vieste e para Ele, com o sentimento e o conhecimento ampliados, retornarás.

*

É certo que não consegues tudo quanto anelas, não atinges o alvo ao qual te direcionas, não fruis as alegrias a que aspiras...

Não te permitas, por isso, a rebeldia aparentemente justificável. Há razões poderosas que trabalharam para que assim ocorra, em razão da programação do teu futuro, que nem sequer imaginas.

Impede-te o desespero, em qualquer situação, especialmente quando ignores a causa do aparente insucesso de hoje, que se poderá transformar em bênção no futuro.

Sob determinado aspecto, estás recolhendo aquilo que mereces, semeado no ontem.

Outras vezes, há razões ponderáveis que postergaram os resultados opimos, porque ainda não tens condições para fruir aquilo a que aspiras. Tem paciência e permanece bendizendo a Vida que cuida da tua existência...

Por fim, esses aparentes insucessos constituem recursos preciosos para evitar amargas situações no futuro, que já não necessitas experienciar, portanto, a negativa de agora representa bênção para depois.

Não poucas vezes,o licor de hoje se torna o vinagre desagradável de amanhã, no entanto necessário e útil.

De igual maneira, para o desencanto deste momento será o deslumbramento do futuro que alcançarás.

Leon Tolstoi, o grande escritor russo, narra um diálogo mantido quando conde e rico com um lavrador de sua propriedade, que era muito pobre.

Em síntese, o camponês buscou-o para pedir-lhe uma ajuda financeira, expressando a sua miséria.

Sabiamente o senhor respondeu-lhe:

-Dou-lhe a importância tal, desde que me permita amputar-lhe o braço direito.

Surpreso, o mujique respondeu-lhe:

-Senhor, o dinheiro será de muita utilidade, mas o meu braço direito é de importância capital.

O amo então lhe propôs aumentar o valor, desde que lhe pudesse amputar os dois braços, causando imediata negativa.

A pouco e pouco, ampliou o recurso, desde que ele anuísse em perder uma vista, as duas vistas... E a negativa era imediata.

Então, falou-lhe o conde:

-Não digas que és pobre e miserável porque todo aquele que possui valores que não troca nem vende por dinheiro algum é portador de uma fortuna que deve bendizer em todos os dias da sua existência.

Indispensável saber aplicar os valores inestimáveis com que a vida te honra e sempre bendizer a oportunidade de crescer e adquirir a sabedoria da paz.

Não te desencantes nem te entristeças nunca.

Aprende a transformar em sucesso aquilo que consideras fracasso somente porque não lograste o que almejavas.

A vida física é incomparável fortuna para o Espírito no seu processo de evolução. E um corpo, mesmo quando mutilado ou enfermiço, débil ou atormentado, é uma sublime dádiva dos Céus para a glória da imortalidade.


Diante dos valores de rápida permanência e aqueles que fazem parte da vida eterna, não vaciles quando os tiveres de eleger.

Bendize, desse modo, as tuas horas, dádivas e, se possível, reparte as tuas alegrias e valores morais e espirituais com outros que espiam com inveja ou com necessidade de uma parcela de amor.


Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 16 de janeiro de 2019, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.


23 julho 2019

Glória da Imortalidade - Nilson de Souza Pereira



GLÓRIA DA IMORTALLIDADE


Queridas irmãs, amigos queridos,

Seja a harmonia íntima o estado de consciência entre nós.

Estes, como outros, são dias de imortalidade.


O Espírito, peregrino das sucessivas reencarnações, avança na direção do Sol de Primeira Grandeza, que é Jesus, a fim de superar toda a sombra que ainda permanece na sua estrutura evolutiva.

Cada dia constitui um prêmio na conquista da autorrealização.

Oportunidade perdida, ocasião que ressurge com o campo experimental.


Lutar significa desenvolver valores adormecidos que estão preparados para a ampliação das forças iluminativas.

Ninguém que logre transitar pelo mundo sem exibir as condecorações do sofrimento em diferentes matizes.

Constituiu um impulso para o avanço através da solução dos hábitos perniciosos que se hão de transformar em emoções libertadoras.

Evidentemente, todos descobrimos o alto significado desses dias na face da mãe Terra, que passa de um nível evolutivo para outro, qual anjo generoso que arrasta no seu seio a família querida, parte destroçada, parte em levantamento...

Somos agraciados com o conhecimento da imortalidade e de que tudo quanto acontece na Terra tem a transitoriedade natural dos processos químicos e biológicos que constituem as formas aparentes.

O Salmo de Davi assevera que é transitória a glória no mundo, porque feita de ilusão, embora constitua um prêmio momentâneo ao bem proceder e ao melhor realizar.

A grande glória no mundo é aquela que faz o indivíduo vencer-se, trocando as disposições imediatistas pelos valores transcendentes do próprio ser.

Todas as filosofias do passado trabalhavam pelo bem-estar corporal, social, econômico e algumas vezes espiritual do homem no sentido da psique.

Jesus sintetizou a filosofia do amor como sendo a conquista da plenitude de todos os valores.

Estamos no grande momento decisório da nossa realização espiritual positiva ou perturbadora.

Felizes somos aqueles que escolhemos a melhor parte da lição do Senhor na casa de Lázaro em referência a Maria, que O contemplava enquanto Marta se agitava nas questões culinárias.

Não titubear entre as decisões do benfazer e do somente desfrutar.

O sacrifício de hoje é o alicerce da paz do amanhã.


O edifício luxuoso tem seus alicerces no pântano e sobre a pedra de sustentação, enquanto as nossas conquistas de natureza elevada estão ainda na terra movediça, faltando a rocha viva da fé para sustentar as colunas da nossa decisão.

Venho na condição de velho amigo exortar a solidariedade, a compreensão fraternal,o trabalho edificante na grande noite moral que se estende no planeta.

A dor do nosso próximo é a o caminho da nossa evolução.

A nossa dor é o remédio da libertação.


Conscientes de que somente na vida saudável no bem e na abnegação que a caridade nos proporciona reencontraremos a meta, aquilo que todos almejamos: a plenitude.

Rogo escusas por tomar-lhes o precioso tempo, mas a saudade e o envolvimento emocional fazem-me abraçá-los e agradecer-lhes o esforço desenvolvido pela conquista pessoal.

Com muito carinho, o velho amigo



Nilson (de Souza Pereira)
Psicofonia de Divaldo Pereira Franco, em 8 de abril de 2019, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

22 julho 2019

Culpa e direito de errar - Jorge Hessen



CULPA E DIREITO DE ERRAR


Moisés nos aconselhou O QUE NÃO DEVEMOS FAZER em nossa trajetória evolutiva, posteriormente, Jesus ensinou O QUE DEVEMOS FAZER e o Espiritismo sugere COMO FAZER. Essas reflexões nos remeteram ao “Projeto Espiritizar” volumoso estudo da coletânea psicológica de Joana de Angelis organizado pela Federação espírita do estado de Mato Grosso, do qual nos situamos como humílimo educando.

Dentre múltiplos temas propostos pelo projeto, nomeamos o subtema “Culpa e direito de errar”, do módulo “Diretrizes seguras para libertar-se da culpa”, que abreviaremos nas reflexões a seguir.

O movimento da culpa é resultante do culto ao perfeccionismo, eis aí um capcioso quisto psicológico. Quando erramos, ao invés de assumirmos atitudes reparadoras, cultuamos uma perfeição impraticável e nos acusamos peremptoriamente, por conseguinte não nos consentimos o direito de errar com a correspondente obrigação de reparar.

É importante aprendermos e refletirmos com os erros, assumindo corajosamente a cogente reparação dos mesmos. Porém, se mergulharmos na síndrome da inútil culpa, minamos a autoestima e nos punimos, produzindo, assim, todo um estado psíquico de angústia. Deste modo, nos magoamos com agente mesmos e conservamos uma espécie de ferida aberta na consciência, apunhalando-a sem tréguas. À vista disso, não vivemos equilibradamente e transformamos nossos anseios em azedumes, mágoas, mau humor acoplados ao cortejo de antipatias, projetando nos outros os detritos psíquicos que empilhamos.

Urge nos permitirmos o direito de errar. Até porque fomos criados simples e ignorantes. Ademais, como é possível, em nosso atual estágio evolutivo, acertar sempre? Isso é impossível! Assim raciocinando, é fácil perceber que a culpa é intensamente injusta conosco, porque ela não nos permite o direito de errar, aliás, direito que Deus nos proporcionou. Até porque, fomos criados simples e ignorantes a fim de que evoluíssemos gradualmente, errando e acertando até chegarmos à perfeição relativa, quando atingiremos o nível do “Guia e Modelo” da humanidade a partir de então não erraremos mais.

É crença vulgar e equivocada admitir a Justiça Divina como condenatória e punitiva. As Leis de Deus, incrustradas na consciência humana, não são punitivas, porém são educativas (provação) e reeducativas (expiação). Ora, se não nos permitimos o direito de errar e o dever de acertar, permaneceremos numa atitude preguiçosa passiva e acomodada. Para evitar que isso ocorra, é urgente movimentarmo-nos ativamente para a forçosa reparação ante os equívocos deliberados.

Para tal, urge reflexão consciencial, esforço para nos harmonizarmos com as Leis divinas, coragem para pacificarmos nosso eu e desenvolvermos virtudes, evidentemente tudo isso é muito custoso. Mas não podemos permitir os extremos, ou seja, nem exigirmos de nós perfeição e nem ingressarmos na negligência de aperfeiçoamento, senão nos enleamos nas tormentas ao invés de harmonizarmos com nós mesmos (em essência).

As quedas morais das experiências transatas não hão como alterá-las, porque a compulsão da culpa que trazemos de ontem somente será decomposta gradativamente, entretanto tudo que diz respeito aos erros do presente podemos mudar. Como? Já não nutrindo o mecanismo da inutilidade da culpa quando erramos hoje. Sim, podemos alterar-lhe, tendo consciência de que podemos errar, todavia temos a obrigação de reparar o erro de forma amorosa, bancando o bem na fronteira das nossas energias.

A culpa é um anseio de prepotência e onipotência porque cobiçamos assumir os atributos de Deus ao divergirmos da Lei de misericórdia e da Lei de amor, justiça e caridade. Ora, se Deus não nos pune, então instituímos uma lei particular e através de um auto decreto infligimos a lei de autopunição.

Naturalmente na condição de seres humanos acertamos e erramos consecutivamente. Ou seja, temos sucessos ou desacertos nos empreendimentos da vida. Um aprendiz consciente aprende mediante a experiência que nem sempre é laureada de sucesso. Em verdade, o aprendiz consciente objetiva o acerto, mas não na exigência de acertar, porém se esforça em dar o melhor sem paranoides e sem desleixos desculpistas, porque é consciente e como tal, se vê como aprendiz responsável.

Com efeito, se errar o foco dele será no aprendizado em relação ao erro porque a exclusiva atitude positiva e proativa frente ao erro é aprender com ele. Então o aprendiz se esforçará para dar o melhor, admitindo que nesse movimento pode equivocar e ao errar aprenderá e reparará o engano quantas vezes forem necessárias.

Por outro lado, o perfeccionista não quer errar, porque crê que o erro traz punição e como já está cansado de ser penitenciado escolhe desenvolver a agreste culpa. Naturalmente sob o véu do perfeccionismo está embutida a soberba egoica. Por causa disso, quando acerta blasona, mas quando erra se percebe como um asno e se arremessa no despenhadeiro da culpa. É essa dualidade que sobrevém ao perfeccionista.

A pessoa que acredita que a perfeição é o limite entra no processo de autoflagelação, porque percebe como difícil e ilusória qualquer aspiração libertadora. Na verdade, não é difícil, é fadigoso, porque precisa larguear o amor para governar todas as demais virtudes que transmutarão o processo de culpa. Porque a imprestável culpa é um movimento de auto desamor profundo, uma cruel repressão do amor. O culpado quer sofrer as consequências martirizantes dos erros porque acha que esse mecanismo é libertador. Mas só e unicamente o amor liberta a consciência.

O nosso compromisso consciencial é realizar o bem no limite das nossas forças. Porém, nosso movimento psíquico de cansaço angustiante e inquietante decorrente da culpa só será superado com o descanso para a alma conquistado pelo jugo do amor, da mansidão e da humildade conforme nos convidou Jesus. Isso será determinante para nosso desenvolvimento consciencial como aprendizes da vida que somos.



Jorge Hessen
Fonte:  A Luz na Mente

21 julho 2019

Os domingos precisam de feriados - Momento Espírita



OS DOMINGOS PRECISAM DE FERIADOS


No livro bíblico de Gênesis, inicia o capítulo segundo: E havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia.

E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou. Porque nele descansou de toda a sua obra.

Entre a comunidade judaica, o tradicional shabat evoca questões absolutamente importantes.

A palavra hebraica significa cessar, parar. Apesar de ser vista quase universalmente como descanso ou um período de descanso, uma tradução mais literal seria cessação, com a implicação de parar o trabalho.

Portanto, shabat é o dia de cessação do trabalho. Sua observância é considerada de extrema importância, aparecendo como o terceiro dos Dez Mandamentos.

Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do senhor teu Deus.

Não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro, que está dentro das tuas portas.

Porque em seis dias fez o senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou. Portanto, abençoou o senhor o dia do sábado, e o santificou.

O homem absorveu esta normativa e, nas leis trabalhistas, estabeleceu um dia de cessação do trabalho, implicitamente, de descanso.

No entanto, muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo.

Se observarmos o terceiro mandamento, veremos explicitados que o cessar de atividades envolve, inclusive, os animais.

A Sabedoria Divina estabeleceu pausas relevantes. A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.

Para um mundo no qual funcionar vinte e quatro horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.

Dessa forma, verificamos, desde a alegoria bíblica da criação do mundo, que a questão da cessação do trabalho se faz de importância.

Tudo necessita de descanso, nosso planeta também. A Terra, exaurida, explorada constantemente, exige atenção. Necessita de uma parada da exploração continuada. Necessita de uma pausa.

Assim como todos os seres vivos, a Terra, conforme a hipótese formulada por James Lovelock e Lynn Margulis, que consideram o planeta um único e complexo organismo, necessita de descanso.

É hora de reavaliarmos nossa forma de viver, em que tudo funciona vinte e quatro horas. Precisamos disso, realmente?

Não seria interessante revermos nossos valores e, enquanto damos um descanso para a própria natureza, nós mesmos pensarmos no que fazemos de nossos dias?

Cessação do trabalho habitual, descanso, repouso, que não significa necessariamente não fazer nada, mas fazer algo diferente.

Pensemos nisso. Voltemos a viver e conviver com a natureza que é sagrada.

Pausa para olhar o que nos cerca, para respirar o ar puro. Pausa para viver intensamente. Pausa para a própria Terra sofrida, espoliada.

Pensemos nisso. Porque disso depende a sustentabilidade do planeta em que nos encontramos, ou seja, a nossa própria vida.


Redação do Momento Espírita, com base no livro bíblico de Êxodo, cap. 20, versículos 8 a 10 e no cap. Sustentabilidade como valor espiritual, do livro Espiritismo e Ecologia, de André Trigueiro, ed. FEB.

20 julho 2019

O Estupro é Programado pela Espiritualidade? - Fernando Rossit,



O ESTRUPO É PROGRAMADO PELA ESPIRITUALIDADE?


Uma criança de apenas 7 anos de idade foi violentada sexualmente por seu próprio tio em Rondonópolis, no Mato Grosso. A criança foi levada à unidade de saúde e a médica pediatra se recusou a atender a criança.

A médica alegou que a criança ‘era culpada pelo estupro’.


Segundo a mãe da criança a pediatra afirmou que ‘uma energia sexual puxou o tio pra ter o sexo com ela’.

A médica disse que não queria se envolver ‘naquele problema espiritual’. E afirmou que a criança foi violentada por problemas em suas ‘vidas passadas’.

“O cara (agressor sexual) tem uma energia sexual, se liga a uma criança, ela (a criança) vai e pratica.”, teria dito a especialista a mãe da criança vítima do estupro.

A mãe acionou a justiça contra a pediatra. O caso chegou ao Tribunal de Justiça em grau de apelação e a Primeira Câmara Cível do TJMT condenou a médica a indenizar a mãe da criança por danos morais, no valor de R$ 10 mil.

A médica alegou liberdade de crença, consciência e de manifestação religiosa para justificar a conversa que teve com a mãe e a recusa em prestar o atendimento à vítima de estupro.

Para a justiça a médica praticou ato ilícito gerador de dano moral porque extrapolou os limites da boa conduta social e que ofendeu a mãe da criança ao atribuir à vítima a responsabilidade pela violência sexual sofrida, por supostas condutas imorais praticadas em vidas passadas. (Jornal O Globo)


***


Imagina que você seja atingido por uma bala perdida. Vai buscar socorro num hospital e o profissional de saúde alega que não o atenderá porque você está resgatando uma dívida do passado e que não foi por acaso que a bala o atingiu. Como você reagiria?

O Código de Ética Médica e o Código Penal disciplinam o que é omissão de socorro por parte do médico.

No entanto, claro resta, que no caso descrito, a médica praticou um ato danoso à criança e à família – moralmente e eticamente reprovável.

Mas do ponto de vista espiritual, haveria possibilidade daquele estupro ter sido programado espiritualmente?

Não há atos perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual sem limites, a ideia de que alguém deve reencarnar a fim de ser estuprado.

A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário dos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de amor (2)

Mesmo que considerássemos que a “vítima de hoje” tenha cometido graves erros na área sexual em outra vida, jamais o estupro seria uma condição compulsória de ressarcimento dessas dívidas espirituais.

Um mal não justifica outro mal, e quem pratica o estupro será responsável pelos atos de acordo com a legislação humana e os códigos divinos.

Entretanto, devemos considerar que se praticarmos o mal estaremos, irremediavelmente, retidos nas malhas das suas consequências.

Somos nós mesmos que atraímos para nós o mal que criamos com nossos atos.

No livro “Nas Fronteiras da Loucura”, escrito pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda (1), encontramos o caso de uma jovem espírita que, em local ermo, estava rodeada por um grupo de rapazes que a ameaçavam. O estupro seria inevitável.

Dr. Bezerra (Espírito), vendo a cena, concentrou seu pensamento em Jesus e dirigiu a onda mental com alta carga vibratória sobre os agressores que seguravam a moça, que também em prece suplicava o apoio do Alto.

Sob a imantação mental que os colheu de surpresa, os agressores afrouxaram os membros e a jovem levantou-se do solo aonde fora arrojada, com as vestes rotas, chorando copiosamente. Dois deles, porém, voltaram à carga.

Dr. Bezerra, porque visse a certa distância uma viatura policial, recorreu a uma ação prática, própria para a circunstância: sintonizou com o motorista da Rádio Patrulha, chamando-o, mentalmente, com vigor. A viatura partiu em direção ao grupo, o que resultou na detenção de todos eles, evitando-se a consumação do atentado. (Obra citada, cap. 21)

De acordo com explicações do Espírito Bezerra de Menezes, a oração sincera imunizou a jovem contra o mal, mas não mudou totalmente seus necessários processos de evolução.

Conseguiu, com a ajuda espiritual, libertar-se dos estupradores e graças à rápida aflição experimentada, anulou grandes e futuros sofrimentos que lhe pesavam na economia da evolução por erros cometidos na área sexual e da prepotência que infelicitaram muitas pessoas em existência pregressa.

Sintetizando: num momento de provação bem suportada, liberou-se de largos testemunhos de dor e sombra no futuro. Foi um mal menor do que aquele que lhe sucederia se não tivesse passado e bem suportado aquela tentativa de estupro.


Autor: Fernando Rossit

Referências:

(1)-Nas Fronteiras da Loucura – Manoel P. Miranda/Divaldo P. Franco, Capítulo 21

(2)-http://www.espirito.org.br/ – Dr. Ricardo Di Bernardi