Assisti a um vídeo mostrando as cenas de câmeras da Secretaria da Defesa Social de Recife. Elas foram instaladas para flagrar más ações. O resultado, no entanto, foi surpreendente: imagens de gestos que impressionam pela gentileza e pelo cuidado com o próximo.
Um pedestre foi atropelado. Um grupo de voluntários protegem-no da chuva, enquanto o socorro não chega; o homem cego recebe ajuda para atravessar a calçada que foi interditada e está cercada de cavaletes; o homem embriagado apagou na escadaria de uma igreja. Uma mulher tenta acordá-lo, mas não consegue. Esconde a sua carteira, que estava à vista, embaixo do dorminhoco, para evitar que seja roubada; a solidariedade une até os adversários. Um ciclista, torcedor do Sport Clube do Recife cai. Quem aparece para levantá-lo é um torcedor do Santa Cruz Futebol Clube; um carro enguiça, várias pessoas aparecem logo para empurrá-lo; um cadeirante não consegue subir pelo meio-fio, não demora e surge alguém para dar uma força; vários grupos de voluntários circulam bem tarde da noite pelas ruas, levando pão e café para muitos desamparados.
As câmeras, espalhadas por toda a cidade de Recife, registraram esses gestos de gentileza, solidariedade e honestidade. A missão delas era captar furtos, roubos e acidentes, para facilitar a atuação da polícia. Mas, as boas ações, praticadas por gente anônima, de forma espontânea, sem receber nada em troca, foram se multiplicando de maneira surpreendente.
Assim se pronunciou o Coronel Ricardo Fendes, gerente-geral do CIODS – Centro Integrado de Operações de Defesa Social:
— Trouxe aquela sensação de que o bem não está morto, não, e de que ajudar as pessoas não é um sentimento do passado.
Em dois meses as equipes de monitoramento conseguiram captar cerca de 600 flagrantes do bem, que servem de exemplos e inspiração para os demais cidadãos que ainda não têm coragem de ajudar o semelhante.
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Se alguém disser que é difícil fazer o bem, simplesmente cumprindo a sua função de bom cidadão, basta verificar os exemplos abaixo, que, geralmente, fazem parte do nosso dia-a-dia e passam batidos, por falta de disposição ou receio de sair da zona de conforto.
- Respeitar filas
- Jogar o lixo no lixo
- Colocar o carrinho do supermercado no lugar certo
- Ser cortês no trânsito
- Doar roupas usadas
- Telefonar para um amigo cumprimentando-o pelo aniversário
- Levar um café fresco ao vigilante noturno
- Ser um bom ouvinte para quem precisa falar
- Doar livros para uma escola ou biblioteca
- Telefonar para um idoso que mora sozinho Segurar a porta, para quem vem atrás
- Visitar, telefonar ou mandar mensagem para alguém doente.
Além da prática da caridade, vamos dizer assim, tradicional, em que nos preocupamos com a dor material e a dor moral do próximo, Richard Simonetti destacava sempre, em suas palestras, a necessidade de praticarmos a cidadania.
No seu modo de ver, a humanidade tem se aproximado do caminho ideal do evangelho, desenvolvendo ideias que lembram a prática da caridade.
Os deveres do cidadão, perante a sociedade, aproximam-se muito das regras morais cristãs. Pequenas atitudes podem fazer a diferença na vida de muitas pessoas, principalmente nas nossas próprias vidas.
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Tanto quanto possível, devemos aderir aos programas de exercício de cidadania, a fim de enfatizar o comprometimento moral dos que, por timidez ou comodismo, não exercitam atos de gentileza e de educação social.
O exercício da cidadania consciente, responsável e caridosa, representa o início da instalação de uma sociedade verdadeiramente cristã.
Sidney Fernandes
Fonte: Kardec Rio Preto
Fontes consultadas:
Reportagem da Globo Nordeste, de Beatriz Castro;
Texto sobre cidadania: Por Uma Vida Melhor, livro de Richard Simonetti;
Palestra: Perdoados, mas não limpos, de Sidney Fernandes.
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