Quando iremos morrer?
O simples mencionar dessa pergunta causa calafrios, medo ou repulsa a muitas pessoas.
A grande maioria de nós nos recusamos mesmo a pensar em tal assunto.
Seja por medo, por desconhecimento, por fatores culturais ou aspectos religiosos, a morte nos surge como um grande tabu.
Por isso, poucas vezes, refletimos ou percebemos a morte como um processo natural e necessário para a vida.
Nas florestas, árvores centenárias perdem o vigor, morrem para ceder espaço para outras, que crescem frondosas, se alimentando da matéria orgânica decomposta dessas.
Nas tempestades, sob ventos fortes, galhos e folhas se desprendem dos troncos, dando espaço para outros, que surgirão, com maior viço e pujança.
Esse é o ciclo da vida: a decadência cede lugar à nova vida, para logo mais a morte prenunciar novo ciclo.
A morte não é sinônimo de fim, de conclusão ou de eliminação.
Ela sempre será o prenúncio de nova etapa, de momento que se inicia.
Assim pode se dar com nosso mundo íntimo.
Há muita coisa que precisa fenecer, perecer, morrer em nossa intimidade para dar vazão a outras possibilidades.
Há muitos valores que nos prejudicam, que atrapalham nossa felicidade, que perturbam nosso caminhar.
É importante empreender todo esforço para a morte desses valores.
Ao morrerem, darão lugar a possibilidades de outras paisagens, de outros conceitos.
Nesse raciocínio, percebemos ser inadiável que façamos morrer o egoísmo que carregamos.
Dessa forma, o nos preocuparmos com o outro, nos doarmos ao próximo, permitirá que, aos poucos, nosso egoísmo perca força e morra em nossa intimidade. Seremos, então, mais solidários e fraternos.
O empenho que empreguemos para perdoar, ou compreender o outro, ter empatia em relação às suas falhas e limitações, irá acabando com nosso eu orgulhoso, pretensioso, arrogante.
Somente com a morte lenta e gradual desses sentimentos de difícil lida, é que abriremos espaço para o desabrochar de virtudes.
Portanto, se faz necessário o esforço da morte das paixões inferiores para que se faça nova luz em nossos corações.
Tudo isso nos demonstra que a morte sempre se fará necessária, para dar espaço à renovação, ao novo ciclo, à melhora.
Nada diferente quando falamos da vida física.
A morte, inevitavelmente, visitará nosso corpo físico, impossibilitando a continuidade da vida biológica, orgânica.
Contudo, esse momento, de forma alguma, indicará o fim de tudo. Será apenas o final de um ciclo.
Será a etapa concluída de uma reencarnação, que nos deu inúmeras chances, possibilidades e oportunidades de aprendizado e renovação.
Findo tudo isso, apresenta-se o momento de retornarmos para casa, para o mundo espiritual.
E, como inscrito no dólmen da sepultura do mestre Allan Kardec, em Paris, a lição é de imortalidade e evolução: Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.
Lei da vida, lei de progresso.
Redação do Momento Espírita
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