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31 julho 2020

Fila para reencarnar: Verdade ou Mentira? - Fernando Rossit



FILA PRA REENCARNAR: VERDADE OU MENTIRA?


Ouvimos com frequência: – a fila está grande para reencarnar…

É isso mesmo?

Bem, reencarnar nunca foi fácil, até porque o processo reencarnatório é bem mais complexo que o da morte: é “mais fácil morrer” do que nascer.

No entanto, atualmente nascem e sobrevivem muito mais crianças que antigamente. Para se ter uma ideia, na França do século 19, um dos países mais desenvolvidos do mundo, a taxa de mortandade infantil atingia, em algumas regiões, 50%. Isso que dizer que a cada 1000 crianças nascidas, 500 morriam antes de completarem 10 anos de idade.

A mudança da perspectiva de vida para as crianças nascidas hoje cresceram muito. Atualmente a taxa média brasileira é de 0,02% (ou 20 mortes a cada 1000 nascimentos). Segundo o IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a taxa de mortalidade infantil caiu pela metade em dez anos no Brasil.

Como se vê, as possibilidades para a reencarnação só aumentaram – e muito.

Isso sem considerar o aumento exponencial da população mundial. Não há dúvida que nascem muito mais crianças hoje do que no início do século passado, por exemplo.

A população mundial é de 7,2 bilhões de pessoas, enquanto no início do século passado era pouco mais de 1,5 milhões de pessoas. Mais gente, mais chances de nascimentos.

O aumento vertiginoso da população mundial ao longo do século XX resulta basicamente da queda espetacular da mortalidade aliada à manutenção relativa dos elevados níveis de fecundidade. O declínio das taxas de mortalidade foi uma marca do século XX, especialmente nos países desenvolvidos, mas o fenômeno foi especialmente notável na segunda metade do século XX em muitos países em desenvolvimento, entre os quais os da América Latina. Entre as possíveis causas se apontam a vacinação antivariólica e mudanças em saneamento e higiene pública, no impacto significativo sobre certas causas de morte como o tifo e o cólera. (1)

A ONU estima que a população mundial cresça a um ritmo de 1,2 %, isto significa que aproximadamente 211.000 pessoas nascem por dia. Isso daria uma média de quase 3 nascimentos por segundo, ou 180 por minuto ou, ainda, 77 milhões de nascimentos por ano. (2)

Conquanto existam evidências claras de que hoje está mais fácil reencarnar do que no passado, devemos ficar atentos para não perder a oportunidade dessa existência.

Nunca, jamais, as condições atuais irão se repetir no futuro. É impossível reencarnar no mesmo tempo que hoje, na mesma cidade e com as mesmas condições (tudo muda), ter os mesmos pais, irmãos, amigos, estudar nas mesmas escolas, possuir o mesmo emprego etc.

Dessa forma, valorizemos a presente reencarnação para que não venhamos, no futuro, nos arrepender das oportunidades perdidas.

Reencarnar pode estar mais fácil do que antes, mas isso não é garantia de facilidades futuras

No planejamento de uma nova existência muitas condições são levadas em conta, objetivando sempre o atendimento das nossas necessidades espirituais de progresso espiritual.

Você já parou pra pensar na dificuldade que é para nossos superiores espirituais arranjar tudo de modo que várias almas se reencontrem novamente no palco da vida?

Isso inclui a convivência com afetos e desafetos que no tempo-espaço deverão, no momento do nosso retorno ao corpo, estar reencarnados para nos receberem na mesma família para que tenhamos a oportunidade de nova convivência.

Mas nesse momento podemos ser informados que existem outros espíritos esperando essa chance: são avós, bisavós, tios, irmãos etc, que desencarnaram antes de nós e que estão aguardando ansiosamente a oportunidade de se unirem novamente à mesma família.

Então, nesse caso, só nos restará entrar na fila e esperar nossa vez.

Viu como não é simples?

Melhor, então, aproveitarmos a existência que temos agora, pois é uma benção de Deus – não tenhamos dúvida disso.


Fernando Rossit

Referências:

(1) https://ww2.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/29092003estatisticasecxxhtml.shtm

(2) http://desconstrua.com/2016/09/13/quantas-pessoas-morrem-e-nascem-no-mundo-todos-os-dias/

30 julho 2020

Afinal, para que tudo isso - Orson Peter Carrara



AFINAL, PARA QUE TUDO ISSO


A alma deve conquistar, um por um, todos os elementos, todos os atributos de sua grandeza, de seu poder, de sua felicidade, e, para isso, precisa do obstáculo, da natureza resistente, hostil mesmo, da matéria adversa, cujas exigências e rudes lições provocam seus esforços e formam sua experiência. (...).

É indispensável a luta para tornar possível o triunfo e fazer surgir o herói. Sem a iniquidade, a arbitrariedade, a traição, seria possível sofrer e morrer por amor da Justiça? Cumpre que haja o sofrimento físico e a angústia moral para que o espírito seja depurado, limpe-se das partículas grosseiras, para que a débil centelha, que se está elaborando nas profundezas da inconsciência, se converta em chama pura e ardente, em consciência radiosa, centro de vontade, energia e virtude. Verdadeiramente só se conhecem, saboreiam e apreciam os bens que se adquirem à própria custa, lentamente, penosamente.

A alma, criada perfeita, como o querem certos pensadores, seria incapaz de aquilatar e até de compreender sua perfeição, sua felicidade. Sem termos de comparação, sem permutas possíveis com seus semelhantes, perfeitos quanto ela, sem objetivo para sua atividade, seria condenada à inação, à inércia, o que seria o. pior dos estados; porque viver, para o espírito, é agir, é crescer, é conquistar sempre novos títulos, novos méritos, um lugar cada vez mais elevado na hierarquia luminosa e infinita. E, para merecer, é necessário ter penado, lutado, sofrido. Para gozar da abundância, é preciso ter conhecido as privações. Para apreciar a claridade dos dias é mister haver atravessado a escuridão das noites. A dor é a condição da alegria e o preço da virtude, e a virtude é o bem mais precioso que há no Universo. Construir o próprio eu, sua individualidade através de milhares de vidas, passadas em centenárias de mundos e sob a direção de nossos irmãos mais velhos, de nossos amigos do Espaço, escalar os caminhos do Céu, arrojarmo-nos cada vez mais para cima, abrir um campo de ação cada vez mais largo, proporcionado à obra feita ou sonhada, tornarmo-nos um dos atores do drama divino, um dos agentes de Deus na Obra Eterna; trabalhar para o Universo, como o Universo trabalha para nós, tal é o segredo do destino! Assim, a alma sobe de esfera em esfera, de círculos em círculos, unida aos seres que tem amado; vai continuando as suas peregrinações, em procura das perfeições divinas. Chegada às regiões superiores, está livre da lei dos renascimentos; a reencarnação deixa de ser para ela obrigação para ficar somente ato de sua vontade, o cumprimento de uma missão, obra de sacrifício.

Depois que atingiu as alturas supremas, o Espírito diz, às vezes, de si para si: Sou livre; quebrei para sempre os ferros que me acorrentavam aos mundos materiais. Conquistei a ciência, a energia, o amor. Mas, o que granjeei, quero reparti-lo com meus irmãos, os homens, e, Para isso, irei de novo viver entre eles, irei oferecer-lhes o que de melhor há em mim, retomarei um corpo de carne, descerei outra vez para junto daqueles que penam, que sofrem, que ignoram, para ajudá-los, consolar, esclarecer. E, então, temos Lao-Tse, Buda, Sócrates, Cristo, numa palavra, todas as grandes almas que têm dado sua vida pela Humanidade!

Transcrição parcial do capítulo XVIII – Justiça e Responsabilidade – O Problema do Mal, do livro O Problema do Ser, do Destino, da Dor, de Leon Denis.

Por Orson Peter Carrara

29 julho 2020

Injustiça Social e Fome - Otávio Mangabeira



INJUSTIÇA SOCIAL E FOME


Entre as calamidades que, periodicamente, assolam a Terra, destaca-se a fome como remanescente do primarismo evolutivo na área social em que se encontra a criatura humana.

Em uma sociedade civilizada, na qual alguém morre pela fome, o respeito à vida e à dignidade humana desapareceram por completo.

A fome sempre desempenhou papel preponderante na cultura dos povos, tornando-se célebres por sua hediondez os períodos em que se manifestou no Egito e na Idade Média, várias vezes durante as guerras, particularmente a dos Cem Anos, e que se vem repetindo nos países pobres da África, da Ásia e das Américas, nos tempos modernos.

Numa sociedade justa não poderia manifestar-se com a rudeza destruidora o espectro da fome, porque o mínimo direito que tem o cidadão é o de alimentar-se.

Mais cruel ainda se apresenta o fenômeno da fome, quando se a pode prever, e, naturalmente evitar, ou, pelo menos, tomarem-se medidas que lhe diminuam a gravidade, atenuando as conseqüências terríveis do rastro de destruição que deixa.

Não apenas é hedionda a morte pela fome, como também são os efeitos lamentáveis dela decorrentes, quais a carência de nutrição do organismo, expressando-se através de problema mental, emocional e orgânico.

O indivíduo com fome torna-se violento e agride, qual ocorre com o animal que sai, esfaimado, à caça, sendo pior naquele que vê a família em estertor agônico, entre a alucinação e o crime, por absoluta falta de pão.

São diversos os fatores que respondem pela fome no mundo, entre os quais: a superfície arável do planeta, que é insuficiente para atender as necessidades humanas; o poder aquisitivo diminuto ou quase nulo do povo; o aumento demográfico sempre surpreendente; o pequeno rendimento de produção por hectare; a dificuldade de transporte para os alimentos; as variações climáticas; os hábitos irregulares e de má formação para a alimentação; e, sobretudo, a avareza humana, o desinteresse dos governos quando insensíveis e gananciosos...

Demonstração de impiedade incomum é a presença da fome na Terra, porquanto o excesso que é desperdiçado daria para minimizar o fantasma do desespero de milhões de criaturas relegadas ao abandono e à morte.

As providências de emergência são úteis, sem dúvida, tendo porém um caráter mais de libertação de consciência de culpa, do que mesmo de socorro às multidões desorientadas, cujas fácies desfiguradas assustam os que dormem dementados pelo poder e dissociados da responsabilidade de cumprir com os deveres para com aqueles que os elegeram para as altas funções administrativas, nesse momento temendo que os famintos os derrubem da posição que desfrutam...

Com exceção dos ditadores, que sempre governaram com a criminosa adaga da discriminação, reservando celeiros abastecidos para os soldados que os preservam no comando, tornando-se execráveis, os Chefes de Estados Democráticos têm o dever de evitar a fome ou de recorrer a métodos e técnicas que lhe diminuam os efeitos danosos.

Uma sociedade justa é aquela que vela pelos seus membros mais necessitados, contribuindo com os recursos para elevar os seus cidadãos, oferecendo-lhes as condições a que fazem jus, desde a conquista dos direitos humanos após a Revolução Francesa de 1789, quando a hediondez e a perversidade governamental cederam lugar à liberdade, à fraternidade e à igualdade.

Permanecem, no entanto, ainda hoje, várias condições equivalentes àquelas que os filósofos da Revolução tentaram reverter, e para cujo desiderato alguns deles deram o sangue e a vida, sonhando com o dia em que todos os seres humanos pudessem usufruir de, pelo menos, alimentos, habitação, educação, trabalho, saúde, recreação, que ainda lhes são negados...

Seria este o momento de parafrasear Madame Roland, a célebre jacobina guilhotinada, quando, antes da morte, exclamou: — Liberdade, liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome!

Agora diríamos: — Democracia, Democracia, quantos crimes se cometem em teu nome!

Em uma sociedade livre e competitiva, não se deve apenas dar alimentos durante as situações calamitosas, mas sim, criar condições para que eles existam e sejam conquistados dignamente, ao invés de oferecidos como esmolas ou ações caridosas, em cujas oportunidades as mesmas se transformam em bandeiras políticas ou estribilhos de exaltação religiosa, exibindo os miseráveis à compaixão social, quando todos merecem, em vez disso, respeito e oportunidade.

Quando criminosos sentenciados e humildes favelados renunciam à alimentação, uma vez por semana, em favor do seu próximo esfaimado - tocados pela miséria que o aflige, mais dolorosa do que a que experimentam -, em superior exemplo de solidariedade, ressurge a Esperança dos escombros morais a que foi atirada no mundo, ensinando dever e amor a todas as demais criaturas.

A indústria da fome, por outro lado, tem sido mantida para auxiliar indivíduos ignóbeis, que dela se utilizam para ilusórias promessas eleitoreiras periódicas, quando se afirma que será prontamente eliminada.

Conseguidos os fins almejados, porém, a máquina do desinteresse pelo povo continua mantendo-a, a fim de estar ultrajante e mais grave em próxima oportunidade.

Uma consciente utilização tecnológica dos recursos dos mares e oceanos, dos rios despoluídos e melhor usados, das terras devolutas e abandonadas, conseguiria modificar a geopolítica do hórrido fantasma que periodicamente invade as diferentes regiões do mundo, especialmente aquelas subdesenvolvidas.

Paradoxalmente, os arsenais bélicos dos países desenvolvidos acumulam armas de alto poder destrutivo, que consomem bilhões de dólares anualmente, objetivando a destruição e a morte, quando esse dinheiro poderia ser utilizado para a preservação e o enobrecimento de milhões de vidas, eliminando a fome e as doenças que as espreitam.

Por outro lado, armazéns e silos espalhados pelo mundo inteiro estão abarrotados de grãos, aguardando a aceleração e alta de preços, muitos deles produzindo elevadas despesas, enquanto parte das suas reservas apodrecem ou são devoradas pelas pragas, estimulando as multidões esfaimadas a apelarem para o saque, para a desordem, para a violência alucinada. Em algumas circunstâncias e lugares, são estimuladas por outros interesses, igualmente sórdidos, face à ultrajante medida dos governantes que não tomam providências preventivas nem organizam frentes de trabalho, com a abertura de poços e açudes para reverter a situação na primeira oportunidade, pagando condignamente o esforço rude dos trabalhadores com salários justos e através desses alimentos esquecidos...

Não vige, realmente, nesses indivíduos, a presença de Jesus Cristo, embora alguns se digam vinculados ao Seu pensamento - e dEle se utilizem para discursos que iludem o povo - que, não obstante estivesse pregando o reino dos Céus na Terra, providenciou pães e peixes para atender fartamente a fome daqueles que, em dado momento, O seguiram...

Dramas como o da fome, o do retorno de determinadas doenças consideradas em fase de extinção, atestam a inferioridade da Terra, mas somente porque os seus habitantes se encontram em estágio primitivo de evolução.

Dia, porém, virá, e já se anuncia, no qual, o homem despertará em definitivo para a mudança do seu comportamento em relação ao próximo, particularmente aquele que assume a governança dos povos, conduzindo altíssima responsabilidade perante a própria consciência, como perante a Consciência Cósmica, de que não se evadirá.

Demonstração de impiedade incomum é a presença da fome na Terra.

Por: Otávio Mangabeira

28 julho 2020

Paz na Terra - Divaldo P.Franco



PAZ NA TERRA


Mohandas Karamchand Gandhi enunciou: Se um único homem atingisse a mais elevada qualidade de amor, isto seria suficiente para neutralizar o ódio de milhões.

Ele próprio atingiu essa qualidade de amor e conseguiu libertar do tacão do Império Britânico centenas de milhões de indianos e paquistaneses através dos seus jejuns e da não violência.

Inspirado em Jesus Cristo, a quem muito amou, compreendeu que qualquer discriminação é inferioridade moral da criatura humana perante a vida e que o falso poder a que se atribui o ser humano é nada mais do que conflito da personalidade, insolência e pequenez moral.

Com muita frequência, vemos os pigmeus espirituais levantarem a clava do ódio contra as minorias raciais, sexuais, políticas, sociais, religiosas e outras tantas, impondo a sua falsa superioridade, por mais esteja demonstrado que não se encontra na cor da pele ou no destaque na comunidade, na aparente beleza física ou econômica o biótipo padrão ideal, isento das misérias e necessidades que acompanham a forma física das criaturas. Todos experimentamos alegrias e tristezas, beleza e deformidades, grandeza e indignidade, conhecimento e estupidez, longevidade e brevidade orgânica, por sermos constituídos de igual massa celular sujeita às variações e aos processos degenerativos.

Criam-se bolsões de intolerância e falsa cultura com objeções e desprezo aos diferentes na aparência e absolutamente idênticos na essência.

De epiderme negra, o Mahatma indiano ergueu o ser humano à altura das conquistas intelecto-morais, quando se resolveu vencer-se, superar os conflitos do ego e compreender que todos procedemos da molécula que, um dia, na intimidade das águas oceânicas, formou os organismos unicelulares, como os vírus, e cresceram através dos bilhões de anos até a fantástica estrutura organizada de trezentos bilhões de células em circuito especializado. O corpo, este laboratório fantástico, que produz todos os elementos de que necessita para viver, é o envoltório material da energia pensante que procede da Inteligência Suprema do Universo.

Na sua obra genial O idiota, Dostoiévski coloca na boca de um personagem cristão: A beleza salvará o mundo.

Parafraseando-o, repito a mensagem de Jesus: O amor anula a multidão de pecados, por ser o amor a alma da vida e a vida da alma.

Vivemos o momento do desespero: pandemia, agressividade, desrespeito aos valores éticos, preconceitos infelizes, paixões asselvajadas, porque o ser humano perdeu o endereço de Deus, que é o Amor.

Se cada um de nós alcançar a sua mais elevada qualidade, acabaremos com o ódio de milhões.

Façamos a experiência de amar, e haverá paz na Terra!


Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 11.6.2020.

27 julho 2020

Dimensões da Verdade - Joanna de Ângelis,

(Barnabé e Paulo)


DIMENSÕES DA VERDADE


Amigo, 
Narra antiga tradição que nos dias heroicos da pregação evangélica, no Cristianismo nascente, pernoitando numa lapa, Barnabé e Paulo comentavam vibrantes e emocionados sobre o tesouro que conduziam e o Príncipe a Quem se deram...
 
Ouvidos atenciosamente por salteadores que por perto se acoitavam, dominados pela cobiça, de imediato avançaram armados e exigiram as moedas e o roteiro que conduzia ao tesouro, arrebatando, das mãos dos trabalhadores da Boa-nova, os apontamentos evangélicos de que se utilizavam para as pregações.
 
Barnabé e Paulo referiam-se à Boa-nova, cujos textos conduziam em pele de carneiro e cuja mensagem entesouravam no coração como roteiro diário para a vida.
 
Os bandoleiros pensavam em joias, moedas, tapetes, especiarias que ambicionavam, em troca da própria vida, se necessário.

Dimensões da verdade.

Tesouro para Paulo e Barnabé, a Palavra da Vida.

Tesouro que para os malfeitores se transformava em fardo de aflições.

-“Eu sou a porta...”

–“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida...”

–“Eu sou o pão da vida...”

–“Eu sou a água viva...”

–“Eu sou o bom pastor...”

–“Eu sou a videira...”

–“Vós sois o sal da Terra...”

–“Vós sois a luz do mundo;...”

–“Vós sois as varas;...”

–“Vós sois as ovelhas.”

–“Acautelai-vos,...”

–“Orai e vigiai ...”

–“Vinde a Mim...” – Disse o Mestre.
 
A balada de há dois mil anos continua soando no ar, espraiando-se.Há muita dor afivelada* a rostos coloridos e muita amargura sorrindo num festival de enfermidades disfarçadas.

Tropeçam e se amparam mutuamente nas ruas da aflição o vício e a virtude, buscando dominar.
 
E a palavra do Cristo em dimensões da verdade excelsa para todos os entendimentos repercute nos tímpanos do homem asfixiado em tormentos: “Bem-aventurados sereis...”.
 
O Espiritismo, a seu turno, conforme enunciou o Sublime Embaixador, vem, “à hora predita”, apresentar a verdade revelada nas dimensões do amor, da caridade e do estudo, através do trabalho digno, da solidariedade fraterna e da tolerância cristã.
 
Pelos ciclos dos renascimentos o Espírito ascende às imarcescíveis* alturas pelo devotamento ao bem e através da renovação íntima incessante.
Nessas meditações, hoje trazidas à benevolência dos que nos leem, outro pensamento não nos animou senão o de que o Evangelho de Jesus revivido e confirmado na Doutrina Espírita é portador de todas as dimensões da verdade para o espírito humano em luta libertadora nos caminhos sem-fins da evolução.

Rogando ao Inefável Pastor, a Quem oferecemos o melhor dos nossos labores, e esperando encontrar a compreensão generosa dos nossos leitores, exoramos* bênçãos de paz para nós todos, desencarnados e encarnados, que trilhamos a rota da eternidade.

Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo P. Franco
Livro: Dimensões da Verdade - Apresentação
Salvador, 10 de abril de 1965. (Ano do centenário da publicação do livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec).
 
*Afivelar(Fig.): Dissimular; apresentar de maneira falsa. 
*Imarcescível: Que não perde o viço, o frescor; (Fig.) incorruptível,inalterável. 
*Exorar: Pedir com súplica; implorar; suplicar.

26 julho 2020

Fé e Otimismo em Tempos Difíceis - Vania Mugnato de Vasconcelos




FÉ E OTIMISMO EM TEMPOS DIFÍCEIS


Temos vivenciando época ímpar, cheia de informações desencontradas, pânico disseminado tão velozmente quanto o vírus que tomou o mundo, aproveitadores e ingênuos se posicionando do lado que acham melhor, isolamento para uns, trabalho para outros, nenhuma certeza e uma pandemia a enfrentar.

À parte dos posicionamentos pessoais, devemos agir eticamente, com amor a si mesmo e ao próximo, em ações responsáveis e com forte compromisso social. Contudo, além dos aspectos da vida material, existe um lado espiritual nos problemas humanos. Pululam mensagens ditadas por espíritos com o objetivo de pacificar os corações humanos na intenção de evitar que se entreguem cegamente ao improdutivo medo.

A forma mental negativa no enfrentamento das dificuldades, dos flagelos, despeja na “alma” da Terra um ar espiritual causticante, o qual só saberemos evitar ao entendermos para que serve a experiência atual.

O que chamamos de flagelo é tratado pela Doutrina Espírita como mais um modo de estimular a regeneração e o progresso da humanidade. Fôssemos todos bons, poderíamos viver sem precisar passar por eles, mas como se sabe, “quem não vai pelo amor, vai pela dor”. A questão não é a estrada trilhada, mas que progrediremos de um modo ou outro durante o trajeto. O amor e o sofrimento levam à revisão da vida, da conduta, e à escolha do que é melhor para todos; sobretudo leva à abstenção do cruel egoísmo.

O Livro dos Espíritos, questão 740, diz textualmente que: “Os flagelos são provas que proporcionam ao homem a ocasião de  Exercitar a Inteligência, de Mostrar a sua Paciência e a sua Resignação ante a vontade de Deus, ao mesmo tempo que lhe permitem Desenvolver os sentimentos de Abnegação de Desinteresse Próprio e de Amor ao Próximo, se  ele não for dominado pelo egoísmo.”

Se você crê em Deus, tenha convicção de que não vivemos senão o necessário para nos tornarmos melhores. A humanidade precisa dar um grande salto em moralidade! Toda dor passa, o medo só dificulta o aprendizado da lição e o faz demorar além do necessário. Sim, a vida física do homem na Terra terminará de um modo ou de outro, por isso não devemos perder nenhuma oportunidade de amar mais, confiar mais, sermos mais responsável e fazer nossa parte. 

Mantenha a fé e o otimismo.

A humanidade será melhor após os dias atuais. 


Vania Mugnato de Vasconcelos

25 julho 2020

O estupro é programado pela Espiritualidade? - Fernando Rossit


 O ESTUPRO É PROGRAMADO PELA ESPIRITUALIDADE?


Uma criança de apenas 7 anos de idade foi violentada sexualmente por seu próprio tio em Rondonópolis, no Mato Grosso. A criança foi levada à unidade de saúde e a médica pediatra se recusou a atender a criança.

A médica alegou que a criança ‘era culpada pelo estupro’.

Segundo a mãe da criança, a pediatra afirmou que ‘uma energia sexual puxou o tio pra ter o sexo com ela’.

A médica disse que não queria se envolver ‘naquele problema espiritual’. E afirmou que a criança foi violentada por problemas em suas ‘vidas passadas’.

“O cara (agressor sexual) tem uma energia sexual, se liga a uma criança, ela (a criança) vai e pratica.”, teria dito a especialista à mãe da criança vítima do estupro.

A mãe acionou a justiça contra a pediatra. O caso chegou ao Tribunal de Justiça em grau de apelação e a Primeira Câmara Cível do TJMT condenou a médica a indenizar a mãe da criança por danos morais, no valor de R$ 10 mil.

A médica alegou liberdade de crença, consciência e de manifestação religiosa para justificar a conversa que teve com a mãe e a recusa em prestar o atendimento à vítima de estupro.

Para a justiça a médica praticou ato ilícito gerador de dano moral porque extrapolou os limites da boa conduta social e que ofendeu a mãe da criança ao atribuir à vítima a responsabilidade pela violência sexual sofrida, por supostas condutas imorais praticadas em vidas passadas. (Jornal O Globo)

Imagina que você seja atingido por uma bala perdida. Vai buscar socorro num hospital e o profissional de saúde alega que não o atenderá porque você está resgatando uma dívida do passado e que não foi por acaso que a bala o atingiu.

Como você reagiria?

O Código de Ética Médica e o Código Penal disciplinam o que é omissão de socorro por parte do médico.

No entanto, claro resta, que no caso descrito, a médica praticou um ato danoso à criança e à família – moralmente e eticamente reprovável.

Mas do ponto de vista espiritual, haveria possibilidade daquele estupro, ter sido programado espiritualmente?

Não há atos perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual sem limites, a ideia de que alguém deve reencarnar a fim de ser estuprado.

A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário dos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de amor.

Mesmo que considerássemos que a “vítima de hoje” tenha cometido graves erros na área sexual em outra vida, jamais o estupro seria uma condição compulsória de ressarcimento dessas dívidas espirituais.

Um mal não justifica outro mal, e quem pratica o estupro será responsável pelos atos de acordo com a legislação humana e os códigos divinos.

Entretanto, devemos considerar que se praticarmos o mal estaremos, irremediavelmente, retidos nas malhas das suas consequências.

Somos nós mesmos que atraímos para nós o mal que criamos com nossos atos.

No livro “Nas Fronteiras da Loucura”, escrito pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, encontramos o caso de uma jovem espírita que, em local ermo, estava rodeada por um grupo de rapazes que a ameaçavam. O estupro seria inevitável.

Dr. Bezerra (Espírito), vendo a cena, concentrou seu pensamento em Jesus e dirigiu a onda mental com alta carga vibratória sobre os agressores que seguravam a moça, que também em prece suplicava o apoio do Alto.

Sob a imantação mental que os colheu de surpresa, os agressores afrouxaram os membros e a jovem levantou-se do solo aonde fora arrojada, com as vestes rotas, chorando copiosamente. Dois deles, porém, voltaram à carga.

Dr. Bezerra, porque visse a certa distância uma viatura policial, recorreu a uma ação prática, própria para a circunstância: sintonizou com o motorista da Rádio Patrulha, chamando-o, mentalmente, com vigor. A viatura partiu em direção ao grupo, o que resultou na detenção de todos eles, evitando-se a consumação do atentado. (Obra citada, cap. 21)

De acordo com explicações do Espírito Bezerra de Menezes, a oração sincera imunizou a jovem contra o mal, mas não mudou totalmente seus necessários processos de evolução.

Conseguiu, com a ajuda espiritual, libertar-se dos estupradores e graças à rápida aflição experimentada, anulou, grandes e futuros sofrimentos que lhe pesavam na economia da evolução por erros cometidos na área sexual e da prepotência que infelicitaram muitas pessoas em existência pregressa.

Sintetizando: num momento de provação bem suportada, liberou-se de largos testemunhos de dor e sombra no futuro. Foi um mal menor do que aquele que lhe sucederia se não tivesse passado e bem suportado aquela tentativa de estupro.


Fernando Rossit

24 julho 2020

Joana D’Arc, um ícone francês - Jorge Hessen



JOANA D'ARC, UM ÍCONE FRANCÊS


Estudamos em Leon Denis que Joana D’Arc foi filha de pobres lavradores. Aprendeu a fiar a lã junto com sua mãe e guardava o rebanho de ovelhas. Teve três irmãos e uma irmã. Era analfabeta, pois cedo o trabalho lhe absorveu as horas. A aldeia era bastante afastada e os rumores da guerra demoravam a chegar ao local. Finalmente, um dia, Joana tomou contato com os horrores da guerra, quando as tropas inglesas se aproximaram e toda a família precisou fugir e se esconder.

Aos 12 anos começou a ter visões. Era um dia de verão, ao meio-dia, Joana orava no jardim próximo à sua casa, quando escutou uma voz que lhe dizia para ter confiança no Senhor. [1] A figura que ela divisou, identificou como sendo a do arcanjo São Miguel. Duas mensageiras espirituais a acompanhavam (Catarina e Margarida), “santas” conforme a Igreja que ela frequentava. Aos 17 anos de idade, Joana, doce e amável, parte para sua missão acompanhada de seu tio Durand Laxart e se apresenta ao comandante, falando da sua missão em nome das vozes que a conduziam, daí em diante surgem grandes obstáculos em sua vida até a libertação da França, quando a virgem de Lorena contava apenas 19 anos.

Logo após o final da guerra Joana é presa pelas forças inglesas e supliciada até a morte na fogueira, condenada como bruxa, feiticeira e herege pela Santa Inquisição. Finalmente, a 30 de maio de 1431, a maior heroína da França é queimada em praça pública. No dia de sua morte, não havia, pois, somente inimigos que a declaravam apóstata, idólatra, impudica, ou amigos fiéis que a veneravam como uma santa. Havia também ingratos que a esqueciam, sem falar dos indiferentes, que não se preocupavam com ela, e gente esperta que se gabava de jamais ter acreditado em sua missão, ou de nela ter pouco acreditado. [2]

Em seu caráter admirável se fundem as qualidades aparentemente mais contraditórias: força e doçura, energia e ternura, previdência, sagacidade, mente viva, engenhosa e penetrante, capaz de, em poucas palavras claras e precisas, resolver as questões mais difíceis e as situações mais ambíguas. Seu ar angelical reflete: ingenuidade e sabedoria, humildade e altivez, ardor viril, angelitude e pureza e, acima de tudo, infinita bondade. Todas as virtudes a adornavam. Ela foi um rastro de luz a iluminar a terrível noite da Idade Média. [3]

Quatro séculos mais tarde, em Paris, O Espírito Joana D’Arc dirigiu e mediunidade da jovem Ermance Dufaux que ainda contava com seus 14 anos de idade quando psicografou a obra “História de Joana D’Arc, ditada por ela própria”. Destaque-se que das 300 obras queimadas em praça pública no Auto de fé de Barcelona, constava alguns volumes dessa obra psicografada por Ermance.

No capítulo XXXI de O livro dos médiuns, vindo a lume no ano de 1861, quando o Codificador reúne Dissertações Espíritas, confere à de Joana D’Arc o número 12, onde ela se dirige aos médiuns, em especial, concitando-os ao exercício do mediunato. Recomenda-lhes, ainda, que confiem em seu anjo guardião e que lutem contra o escolho da mediunidade que é o orgulho. Conselhos que ela, em sua vida terrena , na qualidade de médium, muito bem seguira.

“O Papa Calixto III, em 1456, por uma comissão eclesiástica, fez pronunciar a reabilitação de Joana e foi declarado, por uma sentença solene, que Joana morreu mártir para a defesa de sua religião, de sua pátria e de seu rei. O Papa quis mesmo canonizá-la, mas sua coragem não foi tão longe. [4] A Igreja, arrependida do grave erro cometido pela Inquisição, buscou reabilitá-la e a beatificou em 24 de abril de 1909, na Catedral de São Pedro, no Vaticano, em Roma, com enorme pompa, sob a direção do papa Pio X, diante de mais de 30.000 pessoas presentes. Em 1920 foi canonizada, recebendo o título de “santa”.

Joana d’Arc não é um problema nem um mistério para os espíritas. É um modelo eminente de quase todas as faculdades mediúnicas, cujos efeitos, como uma porção de outros fenômenos, se explicam pelos princípios da doutrina, sem que haja necessidade de lhes buscar a causa no sobrenatural. Ela é a brilhante confirmação do Espiritismo, do qual foi um dos mais eminentes precursores, não por seus ensinamentos, mas pelos fatos, tanto quanto por suas virtudes, que nela denotam um Espírito superior.[5]

“Não há muitos personagens históricos que tenham estado, mais que Joana d’Arc, expostos à contradição dos contemporâneos e da posterioridade. Não há nenhum, entretanto, cuja vida seja mais simples nem melhor conhecida.” [6] Temos que aprender com esses Espíritos a desenvolver em nosso caráter a disciplina, a seriedade e o planejamento organizado, que são virtudes a serem conquistadas por todos os Espíritos que ainda não as possuem, ao longo das reencarnações.


Jorge Hessen

 
Referências bibliográficas:

[1] DENIS Leon. Joana D’Arc médium, RJ: Ed. FEB, 1971

[2] KARDEC, Allan. Revista Espírita, dezembro de 1867, Jeanne d’Arc e seus comentadores

[3] DENIS Leon. Joana D’Arc médium, RJ: Ed. FEB, 1971

[4] KARDEC, Allan. Revista Espírita, dezembro de 1867, Jeanne d’Arc e seus comentadores

[5] Idem

[6] Trecho do artigo é extraído do Propegateur de Lille, de 17 de agosto de 1867 e publicado na Revista Espírita 1867 dezembro » Jeanne d’Arc e seus comentadores

23 julho 2020

Destino da Terra e causas das misérias humanas - Nilton Moreira




DESTINO DA TERRA E CAUSAS DAS MISÉRIAS HUMANAS


“Admira-se de encontrar sobre a Terra tanta maldade e más paixões, tantas misérias e enfermidades de toda a sorte, concluindo-se quão deplorável é a espécie humana.

Esse julgamento provém de um ponto de vista limitado, e que dá uma falsa ideia do conjunto. É preciso considerar que, na Terra, não se encontra toda a Humanidade, mas apenas uma pequena fração dela. Na verdade, a espécie humana compreende todos os seres dotados de razão que povoam os inumeráveis mundos do Universo.

Ora, o que é a população da Terra diante da população total desses mundos? Bem menos que a de um vilarejo em relação à de um grande império.

A condição material e moral da Humanidade terrena nada têm de espantosa, se pensarmos nos destinos da Terra e na natureza de sua população. Faríamos uma ideia bem falsa dos habitantes de uma grande cidade, se a julgássemos pela população dos bairros mais pobres e sórdidos.

Num hospital, só vemos doentes e estropiados. Numa prisão, vemos todas as torpezas, todos os vícios reunidos; nas regiões insalubres, a maior parte dos habitantes são pálidos, fracos e doentes. Do mesmo modo, se considerarmos a Terra como um arrabalde, um hospital, uma penitenciária, um pantanal – pois ela é, muitas vezes, tudo isso a um só tempo – compreenderemos porque as aflições sobrepujam os prazeres, pois não se enviam aos hospitais as pessoas sadias, nem às casas de correção aqueles que não cometeram crimes, porque nem os hospitais nem as casas de correção são lugares prazerosos.

Assim como, numa cidade, toda a população não está nos hospitais ou nas prisões, assim toda a Humanidade não se encontra na Terra. Da mesma forma como saímos do hospital quando estamos curados, e da prisão quando a pena é cumprida, o homem deixa a Terra para mundos mais felizes, quando se cura de suas enfermidades morais”. (trecho extraído do Evangelho S.E.)

Hoje, diante dessa pandemia que abala nosso Planeta e que está mexendo com todos nós e modificando os costumes na Terra, concluímos que somos impotentes perante da Justiça Divina e devemos cada um tirar a lição do momento segundo sua visão de vida, pois vemos que na Terra estão almas que ainda não desenvolveram suficientemente o amor em seus corações, amando portanto segundo seus interesses, o que entra em contradição com o que Jesus nos ensinou.

Está sendo necessária essa sacudida para que os poderosos e os detentores de grandes fortunas acumuladas, os orgulhosos acordem, e principalmente aqueles que acumularam ilicitamente.

A certeza é que sem haver uma modificação moral nossa não nos livraremos das tristezas na Terra.

Na dor vamos certamente nos melhorarmos.


Nilton Moreira
Coluna Semanal Estrada Iluminada 
Fonte: Espirit Book

O que podemos fazer quando uma pessoa está prestes a desencarnar? - Hugo Lapa



PODEMOS FAZER QUANDO UM  PESSOA ESTÁ PRESTES A DESENCARNAR?


A assistência aos moribundos é de extremo valor para a alma antes e depois do desencarne, pois ela contribui muito para duas coisas fundamentais: em primeiro lugar, evitar que a alma fique presa a Terra após o desencarne, e, em segundo lugar, possibilitar uma passagem tranquila para a alma.

A primeira medida que podemos tomar, ao ter contato com alguém próximo que esteja prestes a desencarnar, é conversar com essa pessoa sobre a resolução de todas as suas principais pendências humanas. Chamamos de pendências humanas tudo aquilo que de alguma forma pode prender a pessoa à sua existência atual.

Algumas pessoas são muito apegadas a filhos, irmãos, pais, cônjuge ou amigos. Outras são apegadas a bens e patrimônio. Outras são apegadas a títulos, intelecto, crenças, religião etc. Outras ainda se prendem a sentimentos e processos psicológicos individuais, como mágoas, culpa, vazio, ódio, carência etc.

Tudo isso pode ser conversado com a pessoa em questão sendo objeto de um diálogo franco e aberto. Por exemplo, se o moribundo estiver preso à mágoa com relação a alguém, é preciso mostrar a ele o quanto esse sentimento pode lhe ser prejudicial após a morte. No caso de se tratar de alguém aberto a espiritualidade, é possível mencionar que alguns espíritos podem ficar tão apegados a suas mágoas e a outros sentimentos que frequentemente ficam presos a Terra, se ligando a um encarnado, e passando a ele toda uma carga de sentimentos negativos e até doenças.

Além disso, o espírito preso a emoções inferiores pode tentar prejudicar aqueles que, em vida, supostamente o fizeram mal. Dizemos “supostamente” pois muitas vezes aquilo que consideramos como mal vem para o nosso bem, depende sempre de como a pessoa assimila aquela experiência. Em outro exemplo, uma mãe pode sentir apego, culpa ou outro sentimento relacionado a um filho, e pode sentir preocupação com ele após a sua morte. Por estar preocupada com o filho, ela pode se recusar a seguir adiante e permanecer no nível da Terra, tentando “ajudar” esse filho em suas problemáticas do dia a dia.

Aqui é preciso dizer que a mãe nesse estado errático em nada contribui com seu filho, muito pelo contrário: pode prejudicá-lo de diversas formas, até mesmo criando doenças a ele, bloqueando seu profissional, travando seus relacionamentos etc.

Por esse motivo é que enfatizamos a importância desse diálogo com o moribundo para que ele se desprenda de tudo aquilo que possa ser motivo de sua permanência na Terra. A pessoa deve então conversar com o moribundo e explicar o valor do desapego de todos os assuntos humanos, sejam eles quais forem. É bom dizer que dessa vida nada se leva, a não ser aquilo que existe de mais elevado na alma humana, como o amor, a compaixão, a sabedoria, as virtudes etc.

A segunda medida a se realizar a fim de prestar o auxílio necessário as almas prestes a desencarnar é descrever passo a passo as etapas do pós-morte, caso isso seja possível. Mas que etapas são essas? Em primeiro lugar, a alma se verá saindo do corpo físico. Nesse momento, a pessoa verá o próprio corpo estando fora dele em espírito. Esse é o primeiro sinal de que houve o desenlace e que não temos mais um envoltório material, pois agora somos almas ou espíritos eternos em estado de passagem a nossa nova morada espiritual.

As etapas seguintes não ocorrem necessariamente numa ordem cronológica, ou seja, uma pode ocorrer antes ou depois da outra. Essas etapas são: o encontro com parentes e amigos; a revisão de toda a nossa vida; a visão e ou a “sensação” de uma luz espiritual que poderá ser nosso guia no Além.

O encontro com parentes e amigos é muito comum após o desencarne e é importante mencionar isso ao moribundo. Pessoas queridas e amadas, que ele conheceu nesta ou em outras vidas, podem vir recebê-lo. Isso ajuda a alma recém-desencarnada a se sentir segura num estado espiritual que ainda não lhe é familiar, colaborando com sua adaptação no outro lado da vida. É bom dizer ao moribundo que ele poderá rever pessoas que ele ama e que se encontrarão com ele após a morte, pois isso provavelmente o acalmará e o fará ver a morte sob outra perspectiva.

Outra etapa do pós-morte é a revisão de toda a nossa atual existência terrena. Teremos contato com um flash back de nossa vida. Todos os atos bons ou ruins praticados aparecerão com toda a força e vivacidade diante de nós, como se fosse um filme passando; a diferença é que nesse filme nós somos os principais atores e sentimos tudo o que acontece conosco e também com outras pessoas que fizemos o bem ou o mal.

A alma que só praticou o mal, verá todo o mal realizado e se lamentará. Por outro lado, a alma que praticou o bem, verá e se regozijará com todo o bem semeado. Esse é o famoso “Dia do Julgamento” tal como mencionado pelas grandes religiões do mundo. Mas ao contrário do que algumas doutrinas pregam, não é Deus ou um tribunal cósmico que julga nossas ações, mas sim nossa própria consciência.


Hugo Lapa

22 julho 2020

Confiança em Deus e Confiança de Deus - Kelvin Van Dine



CONFIANÇA EM DEUS E CONFIANÇA A DEUS


Dissertamos sobre as consequências da confiança que consagramos ao Poder Divino e, não raro arredamos automaticamente o estudo da confiança que o Divino Poder hipoteca em nós.

Se esperamos tudo de Deus é mais razoável que Deus espere de nós alguma cousa.

Costumamos desperdiçar dias valiosos confessando inutilidade e falência. A vida, porém, virando o livro do tempo e dando-nos a preencher a página de cada semana revela uma certidão da confiança do Alto. Desmente-nos a afirmação de incapacidade.

Observe este assunto com você mesmo. Desde o berço você está sob o auxílio admirável.

Até mesmo a noção de suas dívidas para com os pais foi temporariamente suprimida na forma de esquecimento da infância para que você, mais livre, pudesse atender aos objetivos fundamentais da reencarnação..

Você sobreviveu a múltiplos processos de adaptação ao meio terrestre que, de imediato, não é capaz de imaginar.

Mora num corpo para cujo equilíbrio e sustentação você faz apenas o mínimo.

E os erros do caminho? Quantas ocasiões nos oferecem os próprios erros motivos à fuga das nossas responsabilidades de trabalho? Entretanto, recursos providenciais aparecem e retomamos o ritmo do serviço.

Desânimo comparece como sendo caruncho invisível no teto de nosso ideal. Mas surgem amigos sob todas as formas a robustecer-nos as vigas dos bons propósitos e a imunizá-las com a antissepsia da bondade fraternal.

Do ponto de vista do cuidado e da proteção permanentes a natureza não pode ser mais pródiga nem mais atenta para conosco. Em toda parte, ingredientes multiformes de alimentação. Agentes maleáveis de construção que atendem ao gesto de cada um. Avisos de temperatura. Sugestões de tempo.

Se o Criador não tivesse fé na criatura por que cercá-la com tamanhos dispositivos de segurança? Se nada esperasse do homem para que abençoá-lo com tanta grandeza?

Retire um minuto de quando em quando da sua agenda de preocupações a fim de pensar nisso.

E se você quiser saber o que Deus pede a você ou espera de você, não perca as horas com tiradas filosóficas. Olhe em torno de você próprio.

As obras de Deus em suas mãos tem nomes específicos. Chamam-se deveres imediatos na ordem dos seus compromissos.

Cumpramos as nossas obrigações, melhorando-nos cada dia e o programa de Deus para nós melhorará sempre. Pratique a sua fé em viva em Deus, compreendendo que muito mais viva é a fé que Deus deposita em você.


Kelvin Van Dine
Médium: Waldo Vieira
Livro: Técnica de Viver

21 julho 2020

Para onde vão os Políticos Corruptos? - José Licas



PARA ONDE VÃO OS POLÍTICOS CORRUPTOS?


A conversa seguia animada, em saudável debate de ideias, após mais uma aula do Curso Básico de Espiritismo. Falava-se da Lei de Causa e Efeito, onde cada um de nós, espíritos eternos, colhemos nesta vida e após a morte do corpo de carne, de acordo com aquilo que semearmos no passado e no nosso hoje.

Na perspectiva da continuidade da vida para além da morte do corpo físico, aliás conforme as evidências científicas de hoje apontam, é justo e lógico que assim seja, pois sendo espíritos eternos, nós somos hoje o que fomos ontem e assim sucessivamente, já que a Natureza não dá saltos evolutivos. A evolução faz-se gradativamente, paulatinamente, daí a necessidade de trabalharmos o nosso mundo íntimo, de modo a que quando a Vida nos chamar para novo plano existencial (o plano espiritual), possamos fazer essa transição o mais serenamente possível, no que concerne ao nosso estado de alma, ao nosso íntimo.

A meio da conversa, a pergunta estalou:

“E os políticos para onde vão no mundo espiritual, aqueles que roubam o povo, que enganam e que roubam?”

Rimo-nos pela espontaneidade da pergunta sem maldade, bem como da sua atualidade.

Lembrámo-nos de um facto passado com o Prof. Dr. Raul Teixeira, Físico, professor universitário, espírita, conferencista de alto nível e médium de grande recursos. Certo dia ia efetuar uma conferência numa cidade importante do Brasil, e ao dirigir-se para almoçar num restaurante, com os seus anfitriões, enquanto esperavam que o semáforo abrisse para atravessarem larga avenida, ele via uma mulher andrajosa ali ao lado, no caixote do lixo a procurar comida e a separar o lixo mais limpo do mais sujo. Tal cena causou-lhe tamanha impressão, que perdeu a vontade de almoçar, pese embora a necessidade de o fazer.

Enquanto se tentava recompor mentalmente, já no restaurante, pensando naquele ser que nada tinha, e ele ali num restaurante com os seus amigos, apareceu-lhe, através do fenômeno da vidência espiritual, um espírito amigo que o acompanha na sua tarefa doutrinária, que o acalmou, referindo que mesmo que fosse dar comida limpa àquela senhora ela recusaria.

E o Espírito, em breves pinceladas contou a história daquela mulher, que nesta vida era a reencarnação de um famoso político brasileiro, ainda hoje muito conceituado, e que por ter prejudicado tanto o povo, tinha reencarnado numa condição miserável, devido ao mecanismo do complexo de culpa que fez, após a morte do corpo de carne, no mundo espiritual (onde não conseguimos esconder nada, nem de nós, nem dos outros), voltando numa condição miserável para aprender a valorizar aquilo que ele tanto desprezara na vida anterior: as dificuldades financeiras do próximo.

Curiosamente, o nome desse famoso político estava afixado nesse local, dando nome à avenida, e essa mulher, por um mecanismo de fixação inconsciente, não largava aquele local onde outrora lhe prestaram grandes homenagens.

Não era um castigo divino, mas sim uma decorrência da Lei de Causa e Efeito, onde cada um colhe de acordo com os seus atos, pensamentos e sentimentos.

No mundo espiritual, e em futuras reencarnações, cada um colhe de acordo com o que semeou no seu passado. Assim se justificam as dessemelhanças de sofrimentos morais entre os homens.

Os políticos e todos os homens de poder no nosso planeta Terra, se sentiriam felizes no mundo espiritual, ao sentirem o seu dever cumprido, em prol do povo que lideraram, com justiça, com lealdade. Mas, infelizmente, essa ainda não é a nossa realidade e também não será, com profunda pena nossa, a realidade futura dos atores políticos que nos governam na Terra, em futuras reencarnações, onde terão de reparar os seus erros e abusos com dolorosas expiações.

“É preciso ter em conta que a intenção é tudo! Entre nós há muita gente que apenas não é um desses políticos corruptos, egoístas e insensíveis, porque não teve condições para lá chegar.”


José Lucas, publicado no site Artigos Espíritas


20 julho 2020

Imortalidade da Alma - Divaldo P.Franco



IMORTALIDADE DA ALMA


No ano de 1889, em Paris, foi lançado o livro Personificações Parasitárias, de autoria do fisiologista Pierre Janet, eminente discípulo de Jean-Martin Charcot, que ministrava aulas na Universidade de La Salpêtrière.

Era o magno período dos estudos psicológicos e fisiológicos, tão elevados que Sigmund Freud transferiu-se de Viena para estudar com o insigne mestre francês, inclusive, os fenômenos de hipnose, para solucionar os graves problemas da histeria, da epilepsia etc...

O Dr. Pierre Janet explicava que os denominados médiuns eram portadores de transtornos psicológicos nos quais liberavam do inconsciente personalidades anômalas ou secundárias, portanto, patológicas.

O livro produziu um verdadeiro furor, por estabelecer que os chamados fenômenos mediúnicos eram desequilíbrio da personalidade. No entanto, essa tese somente pode ser aplicada aos fenômenos intelectuais, mas não atenderiam ainda na área mental das chamadas manifestações idiomáticas. Por exemplo, falarem em línguas estranhas e particularmente os fenômenos de natureza física, tais como as ectoplasmias: materializações, desmaterializações, transportes, poltergeist etc.

Igualmente, nos fenômenos intelectuais, as escritas ao contrário (especulares), para serem lidas ao espelho etc., não podem proceder do inconsciente do médium.

Ademais, o nobre investigador nunca teve oportunidade de assistir a reuniões mediúnicas conforme o Espiritismo praticava, apenas averiguava os fenômenos patológicos no Hospital da Universidade, e ali estavam, naturalmente, pacientes psicológicos e psiquiátricos.

A princípio, os médiuns ficaram sofrendo a alcunha e recuaram na prática dos fenômenos, porém, surgiram obras magistrais demonstrando os equívocos do eminente investigador e afirmando a comunicabilidade dos Espíritos, portanto, a imortalidade da alma.

Atualmente, graças à evolução das escolas psicológicas, às experiências praticadas nos seminários realizados na cidade de Big Sur, na Califórnia, com eminentes especialistas nas investigações mediúnicas, foi criada a denominada 4ª Força em Psicologia ou Psicologia Transpessoal, que estuda os fenômenos da mediunidade, da reencarnação, portanto, espiritualista, já que as outras Escolas são materialistas.

Em consequência, os médiuns passaram a ser paranormais, nos quais os Espíritos se comunicam, confirmando a sobrevivência da vida à morte, portanto, confirmando a doutrina cristã, o Espiritismo.

Hoje, esses fenômenos contribuem valiosamente para explicar inúmeros problemas humanos, especialmente na área da saúde.


Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 25 de junho de 2020.

19 julho 2020

Inquietações Sexuais Após a Desencarnação - Marlene R.S.Nobre



INQUIETAÇÕES SEXUAIS APÓS A DESENCARNAÇÃO


Como é natural, muitas pessoas tem curiosidade em saber se há constituição de lares no além e, consequentemente, se há relações sexuais entre os seres que se unem em matrimônio e, mais, se existe gestação no mundo espiritual.

As respostas encontrei-as nas mensagens que os desencarnados enviaram a seus pais e parentes encarnados, através de Chico Xavier.

Nas 500 mensagens que estudei, publicadas em mais de uma centena de obras, encontrei as respostas que procurava e coloquei-as no meu livro Nossa Vida no Além. No capítulo Inquietações da Libido, abordo muitas dessas questões.

Aprendi que nas regiões mais evoluídas há também o casamento das almas, que se unem conjugadas pelo amor puro, gerando obras admiráveis de progresso e beleza.

No caso, porém, em que esse enlace deva ser adiado, por circunstâncias inamovíveis, os Espíritos de comportamento superior aceitam, na Terra, a luta pela sublimação das forças genésicas, aplicando-as em trabalho digno.

Por isso vemos muitas criaturas encarnadas que, embora separadas de sua alma gêmea, desenvolvem serviços de amor aos semelhantes, a fim de aplicarem de forma útil suas energias sexuais, até que, um dia, possa reencontrá-la, nas outras dimensões da vida infinita, e integrar-se em seu halo energético, na complementação ideal.

Ivo de Barros Correia Menezes, o Ivinho, enviou vinte cartas para sua mãe, através do médium Chico Xavier, seis delas estão no livro Retornaram Contando, cinco outras em Gratidão e Paz, e algumas esparsas. Em 1983, cinco anos após a sua desencarnação, ocorrida aos 18 anos, desabafou com sua mãe Neide (28):

Continuo desencarnado e prossigo querendo casar-me e ser pai de família. Estimo os avós que me favorecem aqui com os melhores ensejos de ser feliz, mas, no fundo de mim mesmo, o que desejo realmente será formar na juventude do meu tempo e adotar uma vida caseira, pródiga de bênçãos de paz. Mãe Neide, é que seu filho anda partido em dois, tamanho é o meu anseio de realizar-me na condição de homem.

Em sua sexta carta, psicografada em 26 de maio de 1984, Ivinho continuou a dialogar francamente com o coração materno, expondo seus anseios mais íntimos: aquele desejo de passear com uma garota a tiracolo observando se ela nos serviria para um casamento futuro prevalece comigo.

Muitos rapazes se desligam com facilidade desses anseios. Tenho visto centenas que me participam estarem transfigurados pela religião e outros adotam exercícios de ioga com o objetivo de cortarem essas raízes da mocidade com o mundo.(…)

Meu tio Ivo fala em amor entre os jovens, apenas usufruindo o magnetismo das mãos dadas, e até já experimentei, mas a pequena não apresentava energias que atraíssem para longos diálogos sobre as maravilhas da vida por aqui. Fiz força e ela também; no entanto, nos separamos espontaneamente, porque não nos alimentávamos espiritualmente um ao outro.

Creio que meu caso é uma provação que apenas vencerei com o apoio do tempo. (…)

Se estivesse aí faria 25 anos em janeiro próximo ; um tempo lindo para se erguer um lar e criar filhos(…)

Realmente a provação, com vistas à disciplina emotiva, parece implícita no caso de Ivinho, à semelhança de milhares de outros jovens, como ele mesmo pôde constatar, entre seus companheiros de Vida Nova. Mas é interessante anotar a sinceridade de seu coração, abrindo a alma por inteiro para a mãe à procura de apoio.

Nesta mesma carta, continuou:

Mamãe Neide, por que será que o homem passa por este período de necessidade de integração com uma outra criatura no casamento? Sei lá… A minha avó Celeste considera fácil esta abstenção por aqui, porque nos afirma que, em nossa esfera não há possibilidade de gravidez. Mas com gravidez ou sem ela eu queria uma companheira loura ou morena, que se parecesse com você, que me protegesse, que me conseguisse organizar os lugares para descanso, que eu pudesse beijar muitas vezes para compensá-la do carinho que me consagrasse.(…)

Dizem por aqui que os pares certos trocam emoções criativas e maravilhosas no simples toque de mãos; no entanto, estou esperando o milagre.

Em seus apontamentos, Ivinho lembrou que, na Terra, rapazes e moças buscam dedicar-se aos esportes na tentativa de liberar o magnetismo do sexo, no entanto, para ele nem mesmo isso daria jeito.

O jovem não disse, mas o esporte na Espiritualidade tem outras modalidades uma vez que o sistema muscular estriado ou esquelético existente no corpo físico não permanece no perispírito, é transformado, durante a histogênese espiritual. Lá não se utiliza senão a força mental e os deslocamentos individuais operam-se na faixa da volitação.

Referiu-se aos estudos e trabalho que desenvolve sob a orientação dos instrutores espirituais, e quando interrogado por eles, não teve coragem de mentir quanto ao seu verdadeiro estado mental em relação ao sexo:

Enfim, esta é minha atualidade e não podia omitir o que sinto perante você, minha mãe, minha confidente e minha melhor amiga. Com o tempo, vamos regularizar tudo isso. Esteja tranquila. Refiro-me ao assunto, porquanto noto que a maioria dos jovens desencarnados, que se comunicam dão uma volta no caso e passam por cima; no entanto, sei que a maioria deles está em posição semelhante à minha. Mas não há de ser nada. Acredito que vou entrar no cordão das mãos entrelaçadas e depois lhe darei notícias.

As cartas do jovem Ivo à sua mãe constituíram, a nosso ver, um esforço enorme de seu Espírito para adaptar-se ao Plano Espiritual. Com esse desabafo, possibilitado, durante tantos anos, pela psicografia, ganhou forças para resistir, contando principalmente com a compreensão da mãe e da avó.

No mundo espiritual, seu avô Barros chegou a sugerir-lhe uma nova encarnação, mas o jovem apavorou-se: (…) isso é um assunto grave, porque não desejo assumir outra personalidade esquecendo os vínculos que me ligam ao seu querido coração.

Enganam-se lamentavelmente quantos possam admitir a incontinência sexual como regra de conduta nos planos superiores da Espiritualidade.(…)

Como vemos, ainda temos muito que aprender lendo as cartas recebidas por Chico Xavier, enviadas por aqueles que partiram, sobretudo os jovens, aos entes queridos que ficaram na Terra.


Marlene R.S.Nobre
Fonte: Kardec Rio Preto

18 julho 2020

A Amizade - Joanna de Ângelis



A AMIZADE


A amizade é o sentimento que imanta as almas unas às outras, gerando alegria e bem-estar.

A amizade é suave expressão do ser humano que necessita intercambiar as forças da emoção sob os estímulos do entendimento fraternal.

Inspiradora de coragem e de abnegação. a amizade enfloresce as almas, abençoando-as com resistências para as lutas. Há, no mundo moderno, muita falta de amizade!

O egoísmo afasta as pessoas e as isola.

A amizade as aproxima e irmana.

O medo agride as almas e infelicita.

A amizade apazigua e alegra os indivíduos.

A desconfiança desarmoniza as vidas e a amizade equilibra as mentes, dulcificando os corações.

Na área dos amores de profundidade, a presença da amizade é fundamental.

Ela nasce de uma expressão de simpatia, e firma-se com as raízes do afeto seguro, fincadas nas terras da alma.

Quando outras emoções se estiolam no vaivém dos choques, a amizade perdura, companheira devotada dos homens que se estimam.

Se a amizade fugisse da Terra, a vida espiritual dos seres se esfacelaria.

Ela é meiga e paciente, vigilante e ativa.

Discreta, apaga-se, para que brilhe aquele a quem se afeiçoa.

Sustenta na fraqueza e liberta nos momentos de dor.

A amizade é fácil de ser vitalizada.

Cultivá-la, constitui um dever de todo aquele que pensa e aspira, porquanto, ninguém logra êxito, se avança com aridez na alam ou indiferente ao elevo da sua fluidez.

Quando os impulsos sexuais do amor, nos nubentes, passam, a amizade fica.

Quando a desilusão apaga o fogo dos desejos nos grandes romances, se existe amizade, não se rompem os liames da união.

A amizade de Jesus pelos discípulos e pelas multidões dá-nos, até hoje, a dimensão do que é o amor na sua essência mais pura, demonstrando que ela é o passo inicial para essa conquista superior que é meta de todas as vidas e mandamento maior da Lei Divina.

Por: Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo Pereira Franco

17 julho 2020

Morte: quando ainda não é a sua hora - Oswaldo Iório




MORTE: QUANDO AINDA NÃO É SUA HORA


Sempre que falo sobre a morte, tão temida por grande parte da humanidade, pela propaganda fúnebre das religiões dominantes, procuro desmistificá-la, apoiado nas revelações dos espíritos e nos depoimentos de amigos que sofreram acidentes e sobreviveram, esclarecendo que o momento do trespasse da vida material para a espiritual é inconsciente e indolor, por ser uma ocorrência natural e necessária.

Deus, na sua misericórdia e bondade, juntamente com o instinto de conservação da vida, colocou em cada ser um mecanismo que desliga automaticamente a consciência nos momentos de perigo, pavor e, principalmente, no ato de desencarnar. Morrer é nada mais que um sono. Morremos todos os dias, quando deitamos para dormir.

Certa vez, no ano de 1949, saindo de Xavantes-SP, cidade localizada a seis quilômetros da divisa do Estado do Paraná, iniciei uma viagem a serviço da organização bancária da qual era funcionário, com destino à cidade de Jacarezinho-PR. Viajava num táxi, sentado no banco dianteiro.

Num trecho da estrada de terra batida, próximo ao meu destino, ficamos atrás de um caminhão que, mesmo trafegando em menor velocidade, levantava uma cortina de poeira tão compacta que impedia completamente a nossa visão.

Como naqueles tempos o movimento nas estradas era pequeno, o motorista, para se livrar do pó e ultrapassar o caminhão, imediatamente manobrou para a pista à esquerda e ao emparelhar com ele, se deparou com outro caminhão que vinha em sentido contrário. Quando percebi o caminhão se aproximando em grande velocidade, prestes a se chocar de frente conosco, simplesmente 'apaguei'!

Minha inconsciência durou alguns segundos e, assim que 'acordei', vi que estávamos livres e já tínhamos ultrapassado o caminhão. Ainda meio tonto e duvidando de estar vivo, ouvi o motorista, aliviado, dizendo que por sorte, a estrada estava ali com as margens mais largas, o que permitiu que os caminhões se desviassem para as suas direitas, dando um apertado espaço para passarmos.

Sempre que me lembro deste incidente, agradeço a Deus por ter me concedido a graça de vivenciar essa ocorrência para ter a oportunidade de confirmar, pessoalmente, o que divulgo sobre a morte em minhas palestras; constatar que o acaso não existe: “A fatalidade existe unicamente pela escolha que o espírito fez ao reencarnar (LE-Q.851)” e que suas Leis, justas e perfeitas, “dá a cada um segundo seu merecimento” (Mateus (16:27), não permitindo que inocentes sofram.


Oswaldo Iório
Publicado no jornal Correio Fraterno 2009, ed 425.