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30 novembro 2020

Mortos e Mortos - Joanna de Ângelis


MORTOS E MORTOS

Todas as civilizações da antiguidade oriental tributavam aos antepassados e aos mortos em geral expressivo culto de respeito e carinho. E até as pirâmides do Egito nos apresenta o significado das cerimônias que cercavam as exéquias fúnebres, inscritos nas pedras ou registrados nas páginas do Livro dos Mortos.

Na Grécia, como em Roma, as almas dos mortos mereciam as mais altas considerações e não poucas vezes os historiadores nos dizem dos colóquios havidos entre os que transpuseram a aduana do túmulo e os reencarnados, na retaguarda física...

Com Jesus, no entanto, as considerações que eram devidas aos desencarnados perderam toda e qualquer significação, ocupando estes o lugar que eles era próprio, na condição de espíritos imortais. E atestando-lhes a configuração imortalista o Rabi, várias vezes, os atendeu, mantendo expressivo comércio fraternal de esclarecimento e socorro com eles...

Nos tempos modernos ou no passado, em todas as dimensões da história, resssumam fatos comprobatórios da continuidade da vida depois da disjunção carnal.

O espiritismo, a seu turno, veio oferecer o atestado eloquente da imortalidade, ensejando experiências valiosas para a dignificação do homem a luz dos ensinos hauridos na boca dos imortais.

(...) E a morte não significa mais que veículo para os horizontes sem fim da vida verdadeira.

Há, no entanto, que considerar mortos e mortos.

Nem todos, porém, que vivem na carne são vivos e nem os considerados mortos são mortos.

Alguns vivem, é certo, mas poucos estão vivos para a vida...

* * *

Não importa a condição social em que os encontres.

Uns deambulam, ilustres, embora a indumentária carnal, cadaverizados pelo egoísmo.

Outros jornadeiam, bem acondicionados, mumificados pelo orgulho.

Mais outros passam, superficiais e inermes ante a ação corruptora da impudicícia.

Alguns movimentam-se, hipnotizados pelo prazer, a ele entregues.

Diversos aparecem inertes, aprisionados na indignidade.

Outros tantos escorregam, dominados pelo torpor do gozo animalizante.

Vários transitam aligeirados, abraçando a cobiça.

Grande número constitui-se de presunçosos, apodrecendo no ócio a que se entregam...


Mortos, todos eles, embora estejam no corpo físico. E há aqueles que, considerados mortos, continuam vivos.

Mortos que estão levantando as bases morais da sociedade sob o influxo da misericórdia de Jesus Cristo, o Excelso triunfador da morte..

Mortos que amam e retomam ao cativeiro da carne para que suas vozes falem sobre a vida.

Mortos que sofrem e voltam para anunciar, agônicos, as surpresas que experimentaram depois da travessia...

Mortos que trabalham e distendem braços incorpóreos na direção da dor alheia e socorrem.

Mortos que dilatam o Reino de Amor e Benignidade nos corações e nos espíritos ao império do clamor da Verdade.

Sim, mortos e Mortos.

Os primeiros estão ao teu lado, em toda parte, e os vês, falam contigo e os escutas. Examina-os de perto, usando as luzes com que a Doutrina Espírita te clareia o discernimento.

Os segundos também estão ao teu lado, em toda parte, embora nem sempre os vejas e, falando contigo, não os escutes.

Aqueles são os chamados vivos e atuantes, enquanto estes teimosamente são considerados mortos.

Medita!

Considerando a tua própria situação, em face dos ensinos do Espiritismo-cristão, examina como vives, como ages, que pretendes.

Se, em verdade, és do grupo que vive caminhando para a Vida, não te detenhas no charco das lamentações nem pares no poço escuro da revolta; arrebenta as algemas do erro, aproveita a preciosa gema da oportunidade e faze-te atuante instrumento desses mortos diligentes em quem crês, a quem amas, de quem te fala a mensagem espiritista, oferecendo a contribuição valiosa do teu esforço para que também tu, depois da morte sejas um desses incansáveis mortos...

Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo P. Franco Livro: Dimensões da Verdade - 21


29 novembro 2020

Com Liberdade - Francisco de Paula Vitor,


COM LIBERDADE

Há sempre tempo para o indivíduo pensar acerca do que está fazendo da própria vida no mundo.

É possível atravessar as estradas planetárias com franca disposição de renovar-se para uma vida mais aprimorada e mais feliz.

O pensamento formoso de Jesus demonstra o total respeito ao livre arbítrio de cada criatura e dá a certeza de que aqueles que O buscam se adiantam na esfera de abençoadas conquistas da alma imortal.

Os que vão a Ele são os que, sem temer preconceitos, aprestam-se para a realização do que é nobre, do que é bom, do que faz parte das sublimes leis de Deus, enquanto se acham nas experiências da vida material.

Os que se dirigem a Ele são, também, os que reconhecem as próprias carências e limitações, e se atiram aos esforços de conquistar os valores e as virtudes que lhes faltam.

Os que seguem para o Cristo são, ainda, os heróis da coragem que, enchendo-se de consciente fé, enfrentam as mais ignóbeis e graves situações no mundo, afrontam os testemunhos mais acerbos, sem lamentar, sem blasfemar, sem se rebelar contra as sábias leis que regulam a vida.

São esses e todos quantos ao bem se aplicam, nos mais diversos arraiais da Terra, que estarão sempre na aura venturosa do Espírito do Cristo, mantidos sob a Sua claridade, por iniciativa própria. São os que, de fato, não se afastam da Sua vibração excelente.

O texto da Boa Nova, em destaque, deixa-nos o ensejo de refletir sobre as experiências de cada um que se acha nos caminhos de duros aprendizados no planeta. E à medida que a pessoa se dispõe ao serviço renovador, à caminhada de reabilitação e à liça redentora, é que se ajusta ao contexto dos que são albergados sob a assistência do nosso Celeste Amigo.

Faz-se importante que cada pessoa verifique se os seus rumos seguem para o Cristo, ou se se afastam Dele.

É vital que cada um avalie as próprias realizações, para ter a certeza de que está inserido entre os que se mantêm na faixa psíquica de Jesus, por haver escolhido os caminhos que a Ele conduzem.

O exercício da simplicidade, o trabalho que reconstrói, a ação caritativa que socorre, a disposição para o crescimento interior, a fé nos sublimados desígnios do Criador, são elementos indispensáveis para que alguém se acerque do Senhor e, dessa forma, seja mantido debaixo da Sua vigorosa claridade.

No tempo que urge a convocar-nos ao empenho libertador, torna-se imperioso o esforço para que nos dirijamos a Ele, o Celeste Guia, para que também nos ajustemos ao grupo que guarda sítio cativo em Sua glória, em Seu Reino de plena ventura, de radiosa felicidade.

Por: Francisco de Paula Vitor
 

28 novembro 2020

A Intolerância Religiosa e a Ignorância - Carlos Imbassahy


 
A INTOLERÃNCIA RELIGIOSA E A IGNORÂNCIA

Transcrevemos a descrição daquilo que se chamava auto-de-fé:

“O auto de fé - diz o escritor - consistia em apanhar uma dúzia de culpados, na consciência dos quais se haviam encontrado uns pensamentos escondidos (un recel de pensées);

empilhavam-se, então, feixes de lenha, muito bem colocados, uns sobre outros, em boa ordem e simetria, visto que nossa Santa Madre Igreja sempre foi inimiga da desordem; do monte de achas emergia um poste; havia três, dez, algumas vezes uns vinte, destes belos postes, muito convenientemente espetados; ligavam-se a eles, com cordas inteiramente novas, os malandros suspeitos de medíocre fervor católico. Depois, vinham os monges com círios e punham fogo aos feixes; a fumaça ascendia; as chamas precipitavam-se; os infortunados tentavam esforços sobre-humanos por se libertarem dos laços; a carne tostava; escapavam-se lhes bramidos de dor... Morriam em inomináveis agonias, com a face retorcida, a alma desesperada por tanta perversidade. Chamava-se a isto um auto-de-fé." (9)

Um exemplo, este nosso:

Giordano Bruno proclamava que milhares de mundos, sóis inumeráveis se achavam disseminados na infinita amplidão; que a Terra era um átomo lançado no espaço; não tinha importância especial nem preeminência com relação a outras terras, as quais também se moviam no etéreo espaço infinito; afirmava que tudo é perfeição e ordem na natureza, devendo ter-se como errada a doutrina que conferisse prerrogativas ao atrasado mundo em que habitamos. Essas e outras profundas heresias fizeram-no subir à fogueira purificadora.

Na data de sua execução, que foi a 17 de fevereiro de 1600, as ruas da cidade de Roma estavam repletas de povo. Nada menos de cinquenta cardeais vieram para a grande festividade crematória. Por toda parte viam-se as filas de peregrinos, longas, intermináveis, com variado indumento, que se iam de igreja em igreja implorar o perdão de seus pecados, e encomendar as santas almas ao Criador.

No meio da plebe notavam-se príncipes e eminentíssimas personagens e não raro, atrás deles, o pontífice .De todas as bocas se erguiam preces; todos os joelhos baixavam à terra; as procissões desembocavam de todas as esquinas. Era uma demonstração nunca vista de humildade e brandura. Disseram-se em S. Pedro quarenta e uma mil e duzentas e trinta e nove missas (41. 239), havendo, também, um número espantoso de comunhões.

Ouçamos, agora, Arturo Labriola e Lúcio Vero:

"Quell' immenso concorso di popolo - i cronisti del tempo [anno ascendere a tre milioni ilnumero dei pellegrini convenuti a Roma - quel continuo pregare sembravano il segno piusicuro che tutti i cuori dovessero inclinare a misericordia e perdono, e tutti congiungersi amorevoli nel Redentore pacifico dell' umanità. Pure non era cosi."

"Aquele imenso concurso de gente - os cronistas do tempo faziam ascender a três milhões o número de peregrinos vindos a Roma - aquelas contínuas rezas pareciam o mais seguro penhor de que todos os corações ali estavam para se inclinar à misericórdia e ao perdão, para se unirem, em amor, ao Redentor pacífico da humanidade. Mas tal não se dava." (9-A)

De fato, não foi o que se viu. O pobre filósofo, cujo imenso crime era não estar ao nível da ignorância da época, nem concordar com a escravização do pensamento, foi ao suplício, acompanhado da imensa multidão Que enxameava nas ruas e nos templos. Os sacerdotes empunhavam crucifixos; soldados e guardas conservavam as suas armas, como se temessem ainda o prisioneiro, que marchava a pé, sem um parente, sem um conhecido, sem um amigo ao lado, amarrado, acorrentado, encadeado, em direção ao local do martírio, que, por ironia, tinha o nome poético de Campo das Flores.

O cortejo fúnebre cantava litanias, fazia orações e lançava anátemas ao condenado. Depois o puseram sobre as achas e lhes deitaram fogo, enquanto a multidão piedosa alternava os olhares entre o Céu e as chamas, como agradecendo àquele o esplendoroso espetáculo que estas lhe proporcionavam.

E assim se extinguiu, nas contorções do hediondo martírio, aquele homem ilustrado, clarividente, sincero e bom, mas que abalara a Igreja secular com as verdades que viera trazer ao mundo.

Resta-nos, hoje, no século das luzes, luzes certamente mais brandas, o consolo de que já não seremos queimados. Apenas, as verdades espíritas, na opinião de muitos, ainda se não podem ou se não devem dizer de público, pelo menos nas escolas.

Referências:

(9) Michel Zevaco - "Triboulet"

(9A) Arturo Labriola e Lucio Vero - "Giordano Bruno" pág.87, Roma, Ed.Podrecca e Galantara.

Autor: Carlos Imbassahy - Fonte: Religião - Palavras Preliminares

27 novembro 2020

O mal que eu faço - Momento Espírita


O MAL QUE EU FAÇO

Não é o mal que me fazem que realmente me faz mal, mas sim o mal que eu faço.

Queixamo-nos muito do mal que nos fazem, daquilo que somos obrigados a suportar das pessoas, dos ataques, dos comportamentos violentos, das injustiças que sofremos aqui e ali.

Curioso é que esse suposto mal em verdade não nos faz mal.

O mal que fazemos é o que realmente nos faz mal.

Vamos entender melhor.

Consideremos o seguinte: No Universo, comandado por Deus, não há injustiçados. Suas leis perfeitas permitem que o sofrer só nos chegue quando necessário.

E apenas para nos educar - nada mais.

Assim, a violência que nos alcança, as avalanches que nos carregam à força, não estão em verdade nos fazendo mal.

Elas são corrigendas da vida. São provas e expiações. Desafios e reparos à lei anteriormente desrespeitada.

Embora nos tragam incômodo, prejuízos materiais e momentos de tensão, estão moldando nossa alma.

Em muitos casos, estão nos libertando de um mal que causamos em algum momento.

E o mal que deliberadamente causamos a alguém ou a nós mesmos?

Esse sim, nos faz mal... Somos nós infringindo as leis, somos nós trazendo para a vida aflições desnecessárias.

Nesse caso, somos os infratores. Somos nós que estamos adquirindo compromissos. Somos nós que nos estamos colocando no caminho da necessidade de resgate posterior.

Percebamos a diferença. No primeiro caso, estamos nos libertando do erro, quitando uma dívida, nos liberando dos compromissos com a lei.

No segundo caso, estamos contraindo dívidas. Estamos nos colocando no começo de um processo doloroso, que poderia ter sido evitado.

Os mecanismos das leis divinas, muitas vezes, nos colocam na situação daqueles que ofendemos, daqueles que desvirtuamos, fazendo-nos conhecer o outro lado, como uma grande lição.

Para que não mais façamos ao outro aquilo que não gostaríamos que nos fizessem.

Ninguém, em sã consciência, deseja sofrer, obviamente, mas essa visão nos ajuda a entender melhor porque o mal nos alcança com tanta veemência.

Essa visão nos ajuda a compreender, a nos resignar e, principalmente, a não devolver o mal recebido.

Devolver significaria iniciar um novo ciclo, que poderia estar acabando ali, naquele instante, se soubéssemos receber o mal com sabedoria.

Pensemos nisso: se causarmos mal a alguém, causamos a nós mesmos.

O que fizermos ao outro, estamos fazendo conosco. É uma sementeira.

Dessa forma, que tal invertermos tudo isso e semearmos o bem?

Pequeninas sementeiras de bondade geram abençoadas fontes de alegria.

O trabalho bem vivido produz o tesouro da competência.

Atitudes de compreensão e gentileza estabelecem solidariedade e respeito, junto de nós.

Otimismo e esperança, nobreza de caráter e puras intenções atraem preciosas oportunidades de serviço, em nosso favor.

Todo dia é tempo de semear.

Todo dia é tempo de colher.

Não é preciso atravessar a sombra do túmulo para encontrar a justiça, face a face. Nos princípios de causa e efeito, achamo-nos incessantemente sob a orientação dela, em todos os instantes de nossa vida.

Redação do Momento Espírita, com citações do cap. 160, do livro Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Em 2.11.2020.

26 novembro 2020

Para não Espanar – Orson Peter Carrara


PARA NÃO ESPANAR

Desemprego galopante, surpreendente. Crises sociais intensas. Preocupações e angústias que se multiplicam. Desafiantes situações surgem diariamente para indivíduos, empresas, instituições, famílias. Tanto na área do relacionamento, dos questionamentos interiores, na empregabilidade, na saúde, na violência ou na indiferença, tudo convidando a rever posturas e posicionamentos, estimulando novas buscas, convidado à renovação e derrubando velhos e ultrapassados paradigmas.

Por mais paradoxal que possa parecer, são situações necessárias. Justamente para nos despertar dessa letargia da indiferença ou do comodismo, da incredulidade.

Causas? Não é difícil indicar. O materialismo, ou a crença no nada, a busca desenfreada do prazer, o valorizar da ganância, do poder, do dinheiro, em detrimento dos valores essenciais.

Diz-nos, todavia, o poema de Cruz e Souza (1861-1898), poeta catarinense de emotividade delicada: (em Parnaso de Além-Túmulo, ed. FEB, página 385 da 19ª edição, de abril/16)

Aos torturados

Torturados da vida, um passo adiante;

Nos desertos dos áridos caminhos,

Abandonados, trêmulos, sozinhos,

Infelizes na dor a cada instante


Sobre a luz que vos guia, bruxuleante,

E além dos trilhos de ásperos espinhos,

Fulgem no Além os deslumbrantes ninhos,

Mundos de amor no claro azul distante…


Chorai! Que a imensidade inteira chora

Sonhando a mesma luz e a mesma aurora

Que idealizais chorando nas algemas!


Vibrai no mesmo anseio em que palpita

A alma universal, sonhando, aflita,

As perfeições eternas e supremas!



É que a vida é muito mais que os áridos caminhos da vida humana. Aqui são degraus de aprendizado, abrindo caminho para felicidade concreta que alcançaremos. Mas há o preço do aprendizado e do amadurecimento. Para não espanarmos, pois, na tristeza ou no descontrole, a diretriz é Prosseguir! Sempre confiantes, determinados, ativos e especialmente comprometidos com o bem geral e, claro, com a poderosa ferramenta da fé. Da fé que raciocina, que pensa, que analisa, que observa. Não aquela que vacila diante dos obstáculos.

Apertam as situações? Pressionam as adversidades? Bom sinal! É clara a indicação que estamos sendo convocados a sair do comodismo e da indiferença, da descrença e do desamor, convidados claramente agora à vivência da fraternidade. Exatamente aquela que nos ensina a amar. Se não formos espontâneos na busca dessa singular oportunidade, vem a dor cumprir seu papel e despertar nossa insensibilidade. Melhor, pois, agir com inteligência e desenvolvermos em nós mesmos os mecanismos do amor.

Esperam-nos panoramas iluminados de amor e felicidade, no futuro. Mas temos que construir uma escada e subir seus degraus. Daí a importância vital da iniciativa!

Inspiremo-nos no bem geral, deixemo-nos contagiar pela vontade ser útil, dispensemos o egoísmo e a vaidade, esqueçamos a ganância, excluamos o orgulho que se fere tão fácil e olhemo-nos com os olhos repletos de compreensão descobrindo os intensos valores que todos possuímos, passaportes que nos levarão às moradas de felicidade que nos aguardam de portas abertas.


Orson Peter Carrara
Fonte:
Kardec Rio Preto


25 novembro 2020

Pandemia e Coragem - Divaldo Pereira Franco


PANDEMIA E CORAGEM

Passado o primeiro período, em que a pandemia da Covid-19 alastrou-se pelo mundo com as suas garras destruidoras, a pouco e pouco fomos acostumando-nos com a sua fome de vidas.

Passamos a descuidar-nos do uso das máscaras, de lavar as mãos com sabão e com frequência, bem como mantermos a distância necessária para evitar o contágio maligno.

Estamos voltando aos velhos hábitos nas ruas, nos lugares nos quais se aglomeram grupos, sem nenhum cuidado com a saúde. Dá-me a impressão de que o terrível surto com o prolongamento da contaminação em todo o mundo aconteceu e estamos procurando esquecer essa tragédia que sacudiu a civilização sem aviso prévio. No entanto, a cada momento surgem dezenas de milhares de novos casos, resultado de contaminação quase generalizada, enquanto se discutem medicina e política, e as pessoas morrem quase na mesma proporção.

Enquanto não chega a vacina que nos previne do mal, pessoas de alta responsabilidade ironizam, criticam o seu uso, expõem-se.

Até poucos dias eram as alegrias da retirada dos hospitais de campanha por falta de pacientes, enquanto, neste momento, eles estão sendo convocados porque em muitas cidades o número de doentes surpreende médicos e cuidadores.

As ruas estão cheias a toda hora, as pessoas mantêm os anteriores hábitos de abraçar-se e manter-se juntas, sem a menor responsabilidade pela sua e pela vida das demais criaturas.

Graças a esse comportamento podemos avaliar a responsabilidade de administradores políticos e população, que não se dão conta da gravidade do momento, porque o mal prossegue avançando, e uma onda nova da enfermidade cruel está atingindo número expressivo de vítimas, que se sentem aturdidas.

Informa-se que a AIDS está matando mais do que a Covid, portanto, a esses não parecem necessários os cuidados preventivos para livrar-se do mal de ambas doenças.
Não será a presença de um mal que justificará o aumento de outros males, especialmente na área da saúde pública.

Tenhamos cuidado!

Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde coluna Opinião, em 29.10.2020.

24 novembro 2020

Casos e causos espíritas - Gilberto Lepenisck


CASOS E CAUSOS ESPÍRITAS

O Espiritismo, no Brasil, apresenta muitos casos e causos narrados por diversos escritores, que fazem por merecer a nossa atenção. Essas narrativas servem, no entanto, para registrar fatos ocorridos ou aumentados pelos seus contadores ao longo do tempo.

Sabemos que, “quem conta um conto, aumenta um ponto”. Assim, são registradas as histórias pela memória popular, a ponto de mostrar passagens interessantes e absurdas.

O livro do professor Ramiro Gama, ¨Lindos Casos de Chico Xavier,¨ apresenta passagens interessantes sobre o médium mineiro, desde infância difícil até a vida adulta e cheia de situações inusitadas.

Nele, a gente se diverte, aprendendo e conhecendo um mundo diferente, cheio de ensinamentos úteis à nossa reflexão.

Outro livro bastante interessante é ¨O Gigante Deitado,¨ de Jane Martins Vilela, que conta a vida e a obra de Jerônimo Mendonça, o qual tinha um humor bastante refinado.

Muitos palestrantes têm por estilo utilizar os contos em suas explanações doutrinárias, visando sempre ampliar os seus estudos e valorizar a comunicação diante do público.

Divaldo Franco, médium baiano, é um exímio contador de histórias. Ele, por ser um excelente comunicador, aproveita os casos e causos em suas palestras, com muita propriedade, utilizando as técnicas de narração, a ponto de levar o público ao riso com uma facilidade enorme, sem diminuir o ritmo da conversa.

Certa vez, em viagem com a caravana do GEFFA, com o querido Nilton Leal, estávamos na companhia Spirito Teatral no ônibus, que apresentaria a peça Nosso Lar no Hotel Primus, em São Lourenço, MG.

Enquanto o ônibus subia a Serra da Mantiqueira, os atores da peça e alguns outros companheiros de ideal, lembravam, entusiasmados, as histórias pitorescas da vida desses notáveis médiuns do passado.

A viagem se tornou deliciosa, pois todos queriam contar um caso ou causo que sabiam. A gargalhada solta dava o tom perfeito de harmonia do ambiente, além de provocar uma sensação maravilhosa durante a viagem.

O interessante é que não se tratava de comédia solta, mais de humor vivo dos seus protagonistas.

A medida certa do humor não está no deboche ou na maledicência, conforme estamos acostumados a ver no cotidiano. O humor é o resultado da situação engraçada e inesperada, como veremos a seguir nessa passagem com o Chico Xavier, na visão de Ramiro Gama.:

A SURRA DE BÍBLIA

Lutando no tratamento das irmãs obsidiadas, José e Chico Xavier gastaram alguns meses até que surgisse a cura completa. No princípio, porém, da tarefa assistencial, houve uma noite em que José foi obrigado a viajar em serviço da sua profissão de seleiro. Mudara-se para Pedro Leopoldo um homem bom e rústico, de nome Manuel, que o povo dizia muito experimentado em doutrinar espíritos das trevas. O irmão do Chico não hesitou e resolveu visitá-lo, pedindo cooperação. Necessitava ausentar-se, mas o socorro às doentes não deveria ser interrompido.

“Seu” Manuel aceitou o convite e, na hora aprazada, compareceu ao “Centro Espírita Luiz

Gonzaga”, com uma Bíblia antiga sob o braço direito.

A sessão começou eficiente e pacífica. Como de outras vezes, depois das preces e instruções de abertura, o Chico seria o médium para a doutrinação dos obsessores. Um dos espíritos amigos incorporou-se, por intermédio dele, fornecendo a precisa orientação e disse ao “seu” Manuel entre outras coisas:

— Meu amigo, quando o perseguidor infeliz apossar-se do médium, aplique o Evangelho com veemência.

— Pois, não, — respondeu o diretor muito calmo, —, a vossa ordem será obedecida.

E quando a primeira das entidades perturbadas assenhoreou o aparelho mediúnico, exigindo assistência evangelizante, “seu” Manuel tomou a Bíblia de grande formato e bateu, com ela, muitas vezes, sobre o crânio do Chico, exclamando, irritadiço:

— Tome Evangelho! Tome Evangelho!...

O obsessor, sob a influência de benfeitores espirituais da casa, afastou-se, de imediato, e a sessão foi encerrada. Mas o Chico sofreu intensa torção no pescoço e esteve seis dias de cama para curar o torcicolo doloroso. E, ainda hoje, ele afirma, satisfeito, que será talvez das poucas pessoas do mundo que terão tomado “uma surra de Bíblia”...

Gilberto Lepenisck
Fonte:
Correio Espírita
Artigo do Jornal Julho 2019

23 novembro 2020

Desespero Injustificável - Joanna de Ângelis


DESESPERO INJUSTIFICÁVEL

Pensas: "Aceitei, confiante, a fé e a luta me parece mais rude. A fadiga me segue e o desespero me cerceia. Tenho a impressão de que forças tiranizantes me amesquinham, comprazendo-se com os meus tormentos."

Analisas: "Abracei o Cristianismo Redivivo no Espiritismo, guardando a esperança de esclarecido, repousar, e edificado pelo esclarecimento, viver em paz. No entanto, com a dilatação do conhecimento, parece-me que problemas com os quais eu não contava repontam multiplicados e dissabores me assinalam as horas."

Comentas: "Que ocorre comigo? Não desejava melhoras econômicas ao aceitar a Doutrina renovadora, todavia, surpreendo-me com tantos insucessos... Não aguardava um paraíso entre os companheiros, mas, por que a animosidade?"

Concluis: "Desisto — eis a solução. Talvez, quem sabe? — imaginas — eu esteja deixando consumir-me pelo excesso do ideal... Vejo outros companheiros com ares felizes, bem postos, joviais... Algo, comigo, está errado"

Sim, algo está errado: a conclusão a que chegaste.

Todo compromisso elevado exige esforço no empreendimento, luta na execução, força no ideal.

Quem pretende fruir antes de produzir conserva infantilidade mental.

O homem velho para despojar-se do manto característico não consegue fazê-lo sem uma grande revolução íntima.

O passado de cada espírito em luta, na Terra, é todo um amontoado de escombros a retirar para reconstruir, reaparelhar.

Enquanto alguém se demora em charco pestilento acostuma-se ao recender da podridão.

O horizonte visual é maior de quanto mais alto o contemplamos.


É, pois, compreensível que, desejoso de uma vida melhor sejam concedidas às tuas possibilidades atuais as lutas redentoras para mais altos vôos.

Com as percepções espirituais desenvolvidas e sintonizadas com as Esferas da Luz, teus inimigos desencarnados, na retaguarda, redobram a vigilância junto aos teus movimentos e, de paixões açuladas ante a perspectiva de perderem o comensal de antigas loucuras, atiram-se, desordenadamente, "dispostos a tudo"...

Ora, porfia, estuda e ama.

A oração elevar-te-á além das sombras densas.

A porfia retemperará tuas forças.

O estudo dilatará a tua faculdade de discernir.

E o amor te concederá as láureas da paz, oferecendo-te os tesouros inalienáveis da felicidade sem jaça.


* * *

Em "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec, o Embaixador das Cortes Celestes, registrou:

"Sob a influência das idéias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso..."


"Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever e desde logo nenhuma impressão mais lhe causa os passageiros sofrimentos terrenos..." .

" Não é possível, no estado de imperfeição em que te encontra, gozar de uma vida isenta de amarguras. Ele o percebe e, precisamente para chegar a frui la, é que trata de se melhorar.".


Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco
Livro: Dimensões da Verdade - 18


22 novembro 2020

Escolhas de Provas - Cláudio C.Conti


ESCOLHAS DE PROVAS

Vivemos em um mundo, segundo apresentação didática, na categoria de expiação e provas [1]. Contudo, é fundamental o aprofundamento do estudo para que possamos compreender o motivo pelo qual aqui nos encontramos e, principalmente, para nortear o próprio comportamento tendo em vista galgar locais em condições mais amenas.

Diante do tema em epígrafe, quase que imediatamente, vem à mente escolher somente provas fáceis. Esta opção, aparentemente tão natural para espíritos ligados à um mundo como este, ocorreu, até mesmo, para Kardec, tanto que direcionou este questionamento aos espíritos. A resposta obtida, contudo, foi que “Pode parecer-vos a vós; ao espírito, não. Logo que este se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra passa a ser a sua maneira de pensar”[2].

Na condição de encarnado, tendo como referência a matéria e os sentidos físicos, o espírito analisa sua existência segundo os parâmetros limitados que estão disponíveis para as faculdades cognitivas do ser. Haverá uma demanda de maior quantidade de trabalho e, portanto, de energia, para o espírito direcionar sua atenção para aquilo que esteja, por assim dizer, além do terra-a-terra.

Com a resposta dos espíritos apresentada à Kardec que foi transcrita anteriormente [2], podemos supor que, liberto da matéria, com mesmo nível de trabalho a que está acostumado, ou seja, usando a mesma quantidade de energia, poderá entrever além do seu próprio ser e, de certa forma, vislumbrar a eternidade. Nesta condição, os parâmetros de avaliação mudam completamente.

Contudo, resta uma grande questão: Porque necessitamos de provas?

Primeiramente, não podemos confundir prova com expiação. A expiação é a consequência do arrependimento das escolhas das provas.

O espírito em níveis evolutivos como os da Terra vislumbram, primeiramente, o benefício próprio, isto é, o egoísmo é uma característica muito marcante [3]. Assim, na erraticidade, diante do vislumbre da eternidade e dos benefícios, se predispõem ao trabalho. Porém, enquanto encarnado, acessando diretamente apenas as sensações físicas, envereda por caminhos diferentes daquele que programou, mesmo com os estímulos e condições condizentes com as provas escolhidas.

A desistência acarreta a repetição da prova e é nisso que consiste a expiação e, por isso, o sofrimento será tanto mais severo quanto o número de vezes que repete a mesma prova. Portanto, o sofrimento está relacionado com a desistência do enfrentamento daquilo que compete ao espírito cumprir.

Além da desistência em cumprir o programado, buscando experiências que lhe apraz, o espírito tende, pelo mesmo motivo, a considerar deveres, em geral, como causa de sofrimento. Assim, inclusive as tarefas diárias mais banais, tais como estudo e trabalho, ganham conotação de pesar, mesmo sendo estas atividades a causa de uma vida saudável, de sustentação da família, segurança, moradia e lazer, dentre outras.

Desta forma, os deveres comuns à todos para um encarnação proveitosa e saudável passam a ser causa de sofrimento e o espírito considera estas atividades, erroneamente, como expiação. Nesta relação com os deveres, o espírito causa a si mesmo muito desconforto.

Encontramos n’O Evangelho Segundo o Espiritismo orientações muito pertinentes para esta questão. Sob o título Causas Atuais das Aflições [4], temos que “O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios” e que “Os males dessa natureza fornecem, indubitavelmente, um notável contingente ao cômputo das vicissitudes da vida. O homem as evitará quando trabalhar por se melhorar moralmente, tanto quanto intelectualmente”.

Muitas vezes nos preocupamos com vidas pregressas e, outras tantas, nos ocupamos com terapias inócuas e, até mesmo, prejudiciais. Todavia, o grande causador dos males é o próprio espírito durante a encarnação, seja por não fazer o que devia ou por fazer o que não devia. Esta informação é tão importante que faz parte de orientação contida na Codificação ao dizer: “O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria”[4].

Por último, podemos nos perguntar sobre a necessidade de um processo evolutivo, pois, sendo Deus, poderia criar espírito já evoluídos.

No entanto, a lógica nos diz que esta não seria uma opção viável, pois, sendo Deus, mesmo podendo tudo e qualquer coisa, é soberana justiça e bondade. Neste sentido, para ser justo e bom, seria necessário que todos os espíritos criados fossem completamente iguais, cópias fiéis um do outro, verdadeiros clones, na real concepção da palavra, com pensamentos iguais, gostos iguais e atitudes iguais. Se não fossem idênticos, certamente haveria os melhores e os piores, mesmo que a diferença fosse mínima, ainda assim, não haveria soberana justiça.

Por ser infinitamente justo, Deus realmente cria todos exatamente iguais, mas, na condição de simples e ignorantes para, através das provas, desenvolvermos aptidões e gostos diferentes e, enfim, tomarmos a nossa posição na grande oficina da criação.

Cláudio C.Conti
Fonte: Correio Espírita

 
Notas bibliográficas:

1. Allan Kardec; O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III.

2. ___; O Livro dos Espíritos, Questão 266.

3. ___; O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XI.

4. Ibidem, Cap. V.


21 novembro 2020

Os exilados da Terra - Rogério Miguez


OS EXILADOS DA TERRA

Não devem ser muitos aqueles que militam no meio espírita sem conhecimento do deslocamento de alguns milhões de Espíritos, “convidados”, há milênios, a deixar a estrela de Capela e migrarem para a nossa Terra, na época, provavelmente, um mundo primitivo.

A referência básica para a descrição deste fato foi feita por Emmanuel na obra A Caminho da Luz. (1)

De acordo com Emmanuel, eram Espíritos desajustados aos novos ritmos de evolução daquele orbe distante, devido ao alto grau de egoísmo e orgulho que até então os caracterizava, dificultando sobremaneira a caminhada daquela parte da Humanidade residente em Capela.

Da mesma forma que para cá vieram Espíritos que nos ajudaram muitíssimo, visto serem bem mais evoluídos intelectualmente do que aqueles que por aqui já se encontravam àquela época, igualmente é possível que da Terra muitos Espíritos também sejam “convidados” a se retirar, provisória ou definitivamente, em razão da persistência no mal, dificultando ou quase entravando a marcha dos homens de boa vontade.

Coincidentemente, a Terra atravessa um período propício a estas maciças migrações, ou seja, é chegada a hora de o planeta alcançar à condição de mundo de regeneração, permanecendo entre nós apenas os Espíritos comprometidos com o bem e com a verdade.

E como há candidatos a daqui partirem, passando a ser conhecidos no mundo para o qual serão enviados como os Exilados da Terra!

Basta observarmos os noticiários para nos convencermos da existência de incontáveis criaturas não dispostas a evoluírem moralmente, preferindo ainda agir sob o antigo lema de retribuir as possíveis injustiças com a espada.

São os belicosos habitantes de variadas nacionalidades, mantendo ainda a conduta voltada ao conflito, à beligerância, às conquistas materiais, aos abusos de toda ordem; outros, ainda, por incrível que pareça, armam-se para dizimar os seus “possíveis inimigos”, inclusive os que habitam a Pátria do Cruzeiro.

Além destes temos: os amantes da licenciosidade; os que desfrutam das ilusórias delícias oferecidas pela matéria; os adictos inveterados; os desvirtuados do sexo, mantendo continuados e extravagantes conúbios com a espiritualidade inferior; os detentores de riquezas mal ganhas e mal empregadas, que não se compadecem dos que passam fome; os políticos alucinados, os que desfrutam de seus cargos em detrimento do bem-estar da coletividade.

Diante de um quadro de tal natureza, em breve atingiremos o fundo do poço, fruto da continuada violência, da sensualidade exacerbada, dos escândalos de toda ordem, da corrupção desenfreada, das doenças em massa, que desafiam os especialistas. Não foi sem razão que o Mestre de Lyon asseverou: “[…] É preciso que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas.”(2)

Nesta hora grave, é sempre bom recordar o capítulo 20 do extraordinário livro O evangelho segundo o espiritismo, intitulado “Os trabalhadores da última hora”. (3)

Sim, os espíritas, são exatamente os últimos chamados mencionados no título do capítulo da obra referida, alguns talvez reconvocados, recebendo agora a derradeira oportunidade de adquirir o direito de continuar embarcados na Nau Terra, rumando inexoravelmente para águas mais calmas e tranquilas, na imensidão dos mares siderais, onde a brisa fresca destes novos oceanos substituirá as intermináveis borrascas e tempestades que há bom tempo enfrentamos.

E o que têm feito os espíritas, a fim de que seus nomes não sejam inscritos no rol dos candidatos que mais tarde serão expulsos da Terra?

O expurgo já começou.(4) A espiritualidade nos dá notícias, desde meados do século passado, de que muitos desencarnam e não mais retornam; não conseguem o bilhete de volta… Para seus lugares foram e são destinados novos Espíritos de outro orbe, nem todos, ao que entendemos, exilados propriamente ditos, mas missionários, abnegados trabalhadores desejosos de nos dar uma mãozinha, reencarnando em massa para que saiamos em definitivo deste ciclo de repetição de provas e infindáveis expiações. Outros, entretanto, aportando agora na Escola Terra, experimentarão uma forma de exílio temporário, repetindo o padrão dos antigos exilados de Capela, intelectualizados, mas tardios quanto à evolução moral.(5)

Na obra Transição Planetária,(6) o autor informa que muitos dos Espíritos que desencarnaram durante o purificador tsunami que atingiu certas regiões asiáticas, já não retornam mais, e a razão se funda na conduta licenciosa vivenciada na região, tanto por parte dos habitantes locais, como dos de outras nacionalidades, que para lá se dirigiam com o objetivo exclusivo de experimentar os desvios de toda ordem na esfera sexual.

E nós, por que ainda continuamos vacilantes, a despeito de recebermos as mais elucidativas explicações e orientações sobre o funcionamento das Leis de Deus? Por que não pegamos com vontade a charrua e aramos o solo duro das próprias vidas, a fim de que dê frutos saborosos, quem sabe a cem por um?

Estaria o chamamento de Jesus acima de nossas forças? Precisamos de algo mais? Bons livros os temos aos milhares, exemplos também são inúmeros, provindos dos incansáveis batalhadores que nos antecederam e de alguns que conosco ainda partilham a jornada.

Já dispomos do Evangelho de Jesus e da rica literatura espírita, norteando as nossas ações; igualmente conhecemos as vidas dos mártires, testemunhos inolvidáveis em todos os tempos, para nos incentivar e inspirar! De que mais precisamos?

Rogério Miguez
Fonte: Agenda Espírita Brasil

Referências:

(1) XAVIER, Francisco C. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. A Índia, it. Os arianos puros;
(2) KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. q. 784;
(3) O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. it. 2;
(4) FRANCO, Divaldo P. Transição Planetária. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. cap. 2 – O visitante especial. p. 26;
(5) ______. cap. 3 – A mensagem revelação. p. 35 e 36; e
(6) ______. cap. 6 – O serviço de iluminação. p. 62 e 63.


20 novembro 2020

O crime não compensa - Ricardo Baesso de Oliveira


 O CRIME NÃO COMPENSA

“Ladrão que rouba ladrão merece cem anos de perdão” e “a ocasião faz o ladrão” são expressões frequentemente empregadas no Brasil e que procuram justificar o roubo, ou reduzir a sua gravidade. Ou ainda a expressão, “jeitinho brasileiro”, que por um lado revela a habilidade de sair de situações complicadas, e, por outro, mostra que a malandragem aparece e pode prejudicar terceiros. Ou também a “lei do Gerson”, segundo a qual se deve levar vantagem em tudo, não importando se estamos agindo de forma correta ou equivocada.

A verdade é que temos muitas dificuldades em levar uma vida honrada. Aí estão o empresário e o político que enriqueceram através de propinas e desvio de dinheiro público, os guardas e fiscais que aceitam uns trocados para facilitar as coisas, ou os ladrões comuns, os traficantes, os assaltantes de banco. Diante de tudo isso há quem acredite que não vale a pena ser honesto. Quando homens reconhecidamente desonrados desfilam em seus carros de luxo, ou são vistos em suas mansões, podemos ter a impressão de que o crime compensa.

Grande engano pensarmos assim. Não podemos acreditar nas aparências e precisamos examinar essas condições com mais profundidade.

Primeiro, esses homens não conhecem o contentamento real: vivem atormentados pelo medo de serem pegos pela polícia e ficarem – eles e seus familiares – desmoralizados pela opinião pública. Muitos acabam se viciando em drogas e álcool, tomando altas doses de calmantes e sendo obrigados a lidar com outros tantos bandidos que, muitas vezes, vivem de chantagens e de exigências absurdas. Seus filhos, por outro lado, muitas vezes, só lhes trazem aborrecimento, pois, seguindo o exemplo dos pais, se perdem nas trilhas do crime.

Segundo, muitos deles são descobertos, mortos na flor da idade ou passam longos anos na cadeia, afastados da família. É curioso notar que a população carcerária, em maioria esmagadora, é formada de pessoas jovens, o que nos leva a pensar que bandidos raramente envelhecem, pois morrem antes.

Terceiro, em algum momento, a consciência vai cobrar deles as atitudes más. Eles tomarão ciência do sofrimento ocasionado e só encontrarão a paz quando repararem todo o mal feito. Nossa consciência é um juiz implacável. Durante algum tempo conseguimos resistir aos seus apelos, sempre à custa de muita angústia e desespero, mas o momento do despertamento surge sempre. Só o bem tranquiliza a alma e dá a alegria de viver. Quando lesamos o outro, lesamos a nós mesmos, pois todos estamos interligados na teia do amor divino.

Existe a história de um homem que começa a fazer um furo no barco onde ele se encontrava. Reprovado pelos demais passageiros, retrucou que nada tinham a ver com sua atitude, pois fazia o buraco sob seu próprio assento.

Consciência coletiva não é mero jogo de palavras, ou frase de efeito político, mas representa a nossa própria sobrevivência. É infantilidade de nossa parte acreditar que nossas ações não têm consequências. Tudo na vida tem as suas consequências. Se não conseguimos identificá-las na atual existência, certamente, as veremos nas existências seguintes. Apenas quando jogamos dentro das regras damos significado profundo à nossa vida. Somente o que adquirimos através do trabalho honesto nos pertence de verdade.

Anotou Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, item 884:

Propriedade legítima só é aquela que foi adquirida sem prejuízo de outro.

Ricardo Baesso de Oliveira
Fonte:
Espiritismo na Rede

19 novembro 2020

Lei de Ação e Reação NÃO é Lei de Causa e Efeito - Jorge Medeiros



LEI DE AÇÃO E REAÇÃO NÃO É A LEI DA CAUSA E EFEITO

O primeiro procedimento adotado por Allan Kardec na abertura da gigantesca obra da Codificação foi se preocupar com as questões filosóficas, desta forma, o mestre inaugura a Doutrina dos Espíritos em seu primeiro parágrafo:

“Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras." O Livro dos Espíritos - Introdução.

Pode-se notar que evitar ambiguidades era uma das tarefas a ser cumpridas.

Para minha surpresa, ao pesquisar para este artigo, não encontrei, formalmente, em nenhuma parte da Codificação ou na Revista Espírita a definição Lei de causa e efeito. Encontramos o axioma (*): para todo efeito existe uma causa e não há causa sem efeito. Essa máxima vulgarizada nas obras do mestre como um princípio, foi transformada em lei por espíritos pós-codificação, isto é, a partir deste axioma se torna, facilmente, dedutível a lei implícita. A Lei de causa e efeito, ensinada por alguns espíritos tem um caráter moral e também físico; ao agirmos no universo, cada ato tem uma consequência, cada gesto, cada pensamento se reflete no universo micro e macro cósmico. O fato de refletir não traz a ideia de uma reação imediata e implacável, por exemplo, quando alguém deseja um mal, o objeto receptor, não tem a obrigação de devolver o mal na mesma moeda, desta forma, uma ação pode desencadear infinitas possibilidades de consequências.

Confunde-se a 3ª Lei de Newton, que é uma restrita lei física, já que as leis de Newton não valem nos limites quânticos nem relativísticos, com o princípio de causa e efeito. Define Newton, em sua obra Principia, o princípio da Ação e reação:

A qualquer ação se opõe uma ação igual, ou ainda, as ações mútuas de dois corpos são sempre iguais e se exercem em sentidos opostos.

Se um dedo aperta uma pedra, a pedra apertará o dedo, se um cavalo puxa uma corda, a corda puxará o cavalo. Aplicado ao pé da letra, em todas as situações ocorreriam da mesma forma; como exemplo, se uma pessoa te feriu, ela deverá ser, por você, ferida da mesma forma e com a mesma intensidade. Outra questão é que a lei de ação e reação atua em corpos diferentes e nunca se anulam. A reação sendo “positiva ou negativa” nunca poderia anular a ação, logo, o mal nunca poderia anular o bem.

O princípio de causa e efeito, ensinado pelos espíritos, diz que quando há abuso do livre-arbítrio, a causa e o efeito estão na pessoa; quando se faz o bem, a causa está em na pessoa, e o efeito também. Quando afirma-se: Aquilo que plantar, isso mesmo irá colher. O que significa colher? Sofrer as consequências do ato, sendo este bom ou mau. Sabemos da misericórdia Divina que perdoa e ensina, não sendo necessário que uma pessoa que matou tenha que morrer nas mesmas circunstâncias. Mesmo se fosse, não seria uma aplicação da lei de ação e reação, sendo a lei de Talião, proclamada por Moisés, mais próxima deste princípio.

Causa e efeito material: Poderia usar infinitos exemplos, porém, contentar-me-ei apenas com um: se uma pessoa de tez branca ficar exposta à irradiação solar, sem proteção alguma, por horas e horas, ela estaria sujeita a dois tipos de efeitos possíveis: os efeitos determinísticos que são os que aparecem imediatamente, como queimadura e insolação, e os efeitos estocásticos que podem se manifestar ou não, como o câncer.

Causa e efeito moral: sabemos que os efeitos estocásticos podem estar relacionados com os problemas morais, pois somos seres trinos (espírito, perispírito, corpo-físico). Uma pessoa que matou não tem a necessidade de morrer, podendo passar por dificuldades e saldar sua dívida. Quando alguém nos deseja o mal, podemos anular os efeitos, em nós, pela oração e prática no bem, mas os efeitos no agente cabe, a ele mesmo, minimizá-lo pela reforma interior.

Lei do Carma: Alguns espíritos espíritas, como Bezerra de Menezes, utilizaram essa expressão, mas não é um termo do vocabulário Kardequiano, visto que o codificador conhecia a expressão, mas não utilizou devido às suas formas de serem interpretadas. Ensina-nos Herculano Pires:

A palavra carma (em sânscrito karma ou karman e em pali kamma) utilizada na Índia e por muitas correntes filosóficas religiosas, significa em primeira instância “ação”, “trabalho” ou “efeito”. No sentido secundário, o efeito de uma ação, ou se preferirmos, a soma dos efeitos de ações (vidas) passadas se refletindo no presente. Na concepção hindu, carma quer dizer “destino” (canga) determinado ou fixo, ou seja, aqueles cujos atos foram corretos, depois de mortos renascerão através de uma mulher brâmane (virtuosa), ao passo que aqueles cujos os atos foram maus, renascerão de uma mulher pária (castas inferiores) e sofrerão muitas desgraças, acabando como simples escravos. (2)

A lei do carma aproxima-se da interpretação da Lei de ação e reação, porém, mesmo essa “lei”, nunca será igual à lei Newtoniana.

Nós, espíritas brasileiros, temos facilidade em aceitar conceitos novos e sofrermos influência das novidades ou tendência a agregar a nossa cultura a termos estrangeiros ou alienígenas à codificação. Esse é um erro que cometemos, muitas vezes repetimos frases de efeito, máximas e nem nos detemos em reflexões, para após essas reflexões e um estudo baseado na codificação tirarmos consequências. Mesmo que esses termos sejam velhos como a história, devemos ter cuidado. O cuidado não significa um vão preciosismo, sendo um zelo sem sectarismo.

A Lei de causa e efeito é totalmente conforme o Espiritismo, já a lei de ação e reação está totalmente disforme aos princípios que o Espiritismo veio proclamar. Fujamos dos modismos e abracemos a simplicidade, para, desta forma, errarmos menos.

(*) O termo axioma é originário da palavra grega αξιωμα (axioma), que significa algo que é considerado ajustado ou adequado, ou que tem um significado evidente. A palavra axioma vem de αξιοειν (axioein), que significa considerar digno. Esta, por sua vez, vem de αξιος (axios), significando digno. Entre os filósofos gregos antigos, um axioma era uma reivindicação que poderia ser vista como verdadeira sem nenhuma necessidade de prova.

_Lei, no sentido científico, é uma regra que descreve um fenômeno que ocorre com certa regularidade.

_Princípio: Lei fundamental.

Jorge Medeiros
estudante de Física (UFRJ)


Referências bibliográficas

1. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, O que é o espiritismo, A Gênese, O Livro dos médiuns, O Céu e o Inferno, Obras póstumas, o Evangelho segundo o espiritismo, O principiante espírita, Manual prático de médiuns e evocadores, O espiritismo na sua mais simples expressão, Revista Espírita - 12 volumes.

2. O Verbo e a carne - Herculano Pires

3. Sabedoria do Evangelho - 8 volumes - Carlos Torres Pastorino.

4. Física básica - Lucie, Pierre. Editora Campus Ltda.

5. SIR Isaac Newton - Os pensadores. Editora abril cultural.

6. Ação e reação - André Luiz FEB.

7.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Axioma

8. Lei científica – Wikipédia, a enciclopédia livre

18 novembro 2020

Obsessão anestesiante - Rogério Coelho

 
OBSESSÃO ANESTESIANTE

Aos dardos morbíficos que se destinam a retardar a ação do bem na Terra devemos contrapor a oração.

“E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam carregados.” (Mateus, 26.43)

Segundo o Espírito Camilo (1), os Espíritos inimigos da Luz, “(…) uma vez que não conseguiram impedir que muitas criaturas aceitassem e desejassem servir na Seara do Cristo, não se dão por vencidos com a primeira perda e atuam no sentido de obstaculizar a ação desses indivíduos a fim de que não se movimentem no bem, que tem caráter de premência e que depende tão somente da boa vontade dos lidadores. Estão no movimento do bem, mas, por influência dessas Entidades infelizes não atuam no bem, o que é lastimável”.

Assim, não raro, surpreendemos companheiros invigilantes na vanguarda espírita, líderes em suas comunidades que se enviscam nos ínvios cipoais do desentendimento, da irreflexão e da mágoa, perdendo tempo precioso a digladiarem na arena da discórdia e do azedume contumazes.
Continua o nobre mentor do médium fluminense (1):

“(…) variados têm sido os que se deixam conduzir pelas influências narcóticas de muitas mentes atreladas ao mal ou ao marasmo do Mundo Invisível, naturalmente desleixados com relação à vigilância íntima, realizando afazeres, quando os realizam, como que se desincumbe de um fardo pesado e difícil, mas não como quem participa do alevantamento espiritual da humanidade. Encontram-se elementos que se acostumaram a deixar tudo para que seja feito amanhã, quando o dia de hoje pede disposição e não adiamento…

Ninguém pode, em sanidade de consciência, afirmar que estará no corpo somático no dia seguinte. Temos aí, então, maior razão para que não retardemos os labores que têm regime de urgência em nossa pauta de tarefas.

Diversos irmãos da Terra, portadores de enorme cota de má vontade ou deixando as próprias mentes mergulhadas na displicência, são envolvidos nos vapores letárgicos, paralisantes, que impedem a continuidade dinâmica da obra sob seus cuidados.

Há sempre uma providência que se pode procrastinar… Surgem problemas a solucionar na esfera da renovação do Espírito, sempre postergados, sem que os companheiros se deem conta de que poderão estar sendo minados por fluidos anestesiantes da vontade.

É importante cuidar do corpo, repousar, quando os trabalhos imponham desgastes. É da Lei Divina… O que não nos cabe fomentar ou aplaudir é a postura dos que estão sempre esgotados, por pouco ou nada que façam, exigindo largos períodos de estacionamento e, quando se decidem por algo fazer, francamente embriagados por energias anestesiantes que, ameaçadoramente, têm tomado em seu bojo a muitos seareiros irrefletidos, preparando-lhes grandes tormentos de remorsos e angústias para logo mais, quando a hora propícia e ideal para o trabalho do bem já houver passado.

Quando sintas que, inobstante o repouso, não tens ânimo para as leituras e quefazeres edificantes, ou quando a sonolência tornar-se presença comum em tuas horas de estudo ou de necessária atenção aos chamados do Infinito, ergue a tua oração e roga dos Benfeitores Celestes o socorro, a assistência de que careças a fim de te desviares desses dardos morbíficos que se destinam a retardar a ação do bem na Terra, produzindo narcose nos combatentes invigilantes, exatamente porque esse bem, em última análise, é a atuação de Jesus Cristo reafirmando o Seu amor a todos nós, ovelhas desgarradas do Seu rebanho, da esperança e da ação.”

Rogério Coelho
Fonte:
Agenda Espírita Brasil

Referências Bibliográficas:

(1) Teixeira, Raul. Correnteza de Luz. Pelo Espírito Camilo – cap. 24.


17 novembro 2020

Pirâmides. Mistério - Nilton Moreira


PIRÂMIDES MISTÉRIO


A cada momento cientistas e estudiosos nas respectivas áreas, nos trazem informações valiosíssimas a respeito do passado.

É sempre uma incógnita de como as pirâmides foram construídas, e com uma perfeição em seus traços geométricos, construções estas que vararam os tempos e continuam intactas, principalmente em seu interior.

Somos seguidores daquela linha de raciocínio de que elas foram idealizadas e construídas por habitantes de outra esfera planetária, mais elevada do que a Terra e que aqui estiveram de passagem no sentido de evoluir o nosso planeta. Um povo com ideias e conhecimentos avançados, até porque Jesus mesmo nos disse que existem muitas moradas na Casa do Pai, sendo as moradas os mais diversos orbes existentes no universo.

Não faz muito tempo, Arqueólogos egípcios descobriram um grupo de novas tumbas de trabalhadores que construíram as pirâmides, abrindo espaço para entender a forma como eles viviam e comiam há mais de 4.000 anos. A revelação foi feita pelo departamento de antiguidades do país.

As tumbas são pertencentes à 4ª dinastia, entre os anos 2.575a.C. e 2.467a.C., quando as Grandes Pirâmides foram construídas, segundo o diretor do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, Zahi Hawass. As primeiras tumbas de trabalhadores que construíram as pirâmides foram encontradas nos anos 1990 e, junto com as novas descobertas, indicam que os trabalhadores não eram escravos, como se pensava anteriormente. "Essas tumbas foram construídas ao lado da pirâmide do rei, o que indica que essas pessoas não eram escravas, pois não poderiam ter construído suas tumbas dessa forma", disse Hawass. As tumbas eram usadas para trabalhadores mortos durante a construção.

As evidências encontradas apontam que aproximadamente 10 mil trabalhadores atuaram na construção das pirâmides e eles comiam 21 bois e 23 ovelhas que eram enviados diariamente para eles por fazendas do norte e do sul do Egito.

As pesquisas continuam até hoje e não se chegou ainda a uma conclusão do objetivo das pirâmides e efetivamente que tipo de equipamento foi utilizado para cortar e colocar milimetricamente as pedras.

Mas encontramos na literatura filosófica informações que a construção foi idealizada e construída por civilização bem evoluída que esteve aqui na Terra e retornou ao plano espiritual. São questões que ensejam um mistério, pois que traçando um parâmetro com os dias de hoje, vemos a complexidade que é construir um arranha céu, mesmo dispondo guindastes potentes.

Sabemos que pessoas dotadas de certas aptidões podem utilizando-se da concentração mental fazer transporte de objetos de um lugar para outro, às vezes até de longas distâncias, e tratando-se de seres com alto grau de sabedoria e conhecimento, nada seria de surpreender.

Certamente à medida que evoluirmos vamos encontrar os esclarecimentos necessários.

Nilton Moreira
Coluna Semanal - Estrada Iluminada
Fonte: Espirit Book

16 novembro 2020

Reflexões - Joanna de Ângelis

 
REFLEXÕES

Antes de iniciar-se o processo de tua reencarnação, estabeleceste condições delicadas e de alta significação para o teu êxito na Terra, e, considerando-se as graves responsabilidades que te seriam outorgadas, desfrutas as bênçãos da anuência divina.

Reflexiona com cuidado, realizando comparações com outras experiências humanas de viandantes do mesmo caminho ao teu lado.

Desejaste um corpo saudável, harmônico, possuidor de campos vibratórios produtores de simpatia e o conseguiste.

Anelaste por um lar saudável para renascer, onde fossem possíveis a compreensão e a fraternidade e conseguiste um ninho doméstico, no qual os deveres e os sentimentos emocionais poderiam exteriorizar-se com naturalidade.

Necessitaste de uma educação e uma instrução compatíveis com o processo de evolução da Humanidade, e foste aquinhoado com a bênção programada.

Chegaste à idade adulta, experienciando os favores juvenis e desfrutaste das alegrias compatíveis com as circunstâncias da época.

Pretendias construir uma família, na qual o equilíbrio se caracterizasse pelas concessões dos anjos protetores e foste beneficiado com os rebentos da carne que enfloram a família.

Atravessaste a floresta da convivência social com recursos e instrumentos próprios para uma existência feliz.

Foram equacionados desafios complexos e dificuldades que remanesciam no quadro da reencarnação; para tanto, encontraste solução própria sem deixar no passado um saldo de misérias de quaisquer denominações.

A fé religiosa chegou-te canora e instalou-se na harpa dos teus sentimentos e inteligência, por meio de almas abnegadas, mansas, que te fascinam e aprendeste a conversar com Deus.

Toda vez, quando as preocupações se tornaram graves, no momento adequado recebeste o auxílio do Alto, quase inesperado, mantendo-te no ritmo do trabalho e no labor dignificante.

Pudeste superar armadilhas de inimigos que te não perdoam o progresso que conseguiste, sem maior soma de sacrifícios.

Encontraste abertas as portas da edificação da Humanidade e estás em campo, qual habilidoso lutador que não teme os combates.

Concomitantemente, os instrumentos com que foste equipado para o triunfo existencial tornaram-se perigosos recursos que também atraíram presenças perigosas, semelhantes à flor fascinante e perfumada que, mediante esses tesouros, é atacada ferozmente pelos inimigos naturais.

Titubeaste, vezes sem conta, em razão da afetividade tumultuada pelo prazer superficial do novo e do diferente, tornando-se necessária a interferência dos teus guias espirituais que ajudaram a deslindar-te da hipnose devastadora, que poderia destruir os belos planos transcendentais.

* * *

Felizmente estás desperto para os deveres mais elevados, a fim de os atender com todos esses recursos com que estás aquinhoado. Saíste de situações embaraçosas que iriam tragar-te, lançando-te no abismo da sua perversa atração. Conseguiste perceber a tempo a cilada espiritual que te estava expondo à perda da oportunidade ímpar.

Mantém-te vigilante e cuidadoso, não permitindo que novas fascinações te arrebatem as emoções anunciando prazeres, que já conheces, mas que a vulgaridade do momento transforma em projeção social e alucinação nos relacionamentos sociais e morais.

A felicidade não ergue o seu edifício de paz sobre os escombros daqueles que foram derrubados.

Não se pode navegar com sorrisos, na barca da ilusão, sobre a torrente das lágrimas alheias de que se faz responsável.

A alegria somente é verdadeira, quando as suas nascentes não são as mesmas dos minadouros do sofrimento de outrem.

Quando as criaturas humanas compreenderem que a renúncia em benefício de alguém é conquista de alto preço, os rumos da sociedade serão muito diversos destes que vêm sendo percorridos.

Porque tal conduta ainda não foi conseguida, as enfermidades cruéis e dilaceradoras se encarregam de mudar as faces da beleza, da juventude e do encanto de um momento para o outro.

Não contes sempre com a aparência, que se altera a cada instante e joga para fora as aflições asfixiadas no oceano íntimo das necessidades reais ou imaginárias.

Sempre se considera a feiura, a dor, a ausência de recursos financeiros, a solidão, o abandono como provações ultrizes, com o que anuímos seguramente. Entretanto, é de considerar-se que tudo de bom que se recebe da Vida, na condição de empréstimo para a vitória, também é de caráter provacional, exatamente pelas facilidades que proporciona e os comprometimentos graves e infelizes a que dão lugar depois do seu mau uso.

O dinheiro, tão disputado, é um artefato muito perigoso, porque, se favorece a prática do bem, também empurra a comportamentos nos escusos campos da desgraça moral e de outros aspectos.

A beleza é uma concessão cheia de gravames, porque, se não se apoia em elementos interiores de expressões morais, torna-se portadora de tragédia como a da Medusa...

A saúde é patrimônio sublime que deve ser preservada, porque também é transitória, e quando escasseia torna-se um tormento sem nome.

Reflexiona, pois, em tudo com que tens sido aquinhoado e abençoa as tuas horas com respostas de amor e de caridade, assinalando a tua passagem no mundo com a gratidão e a ternura.

* * *

Se renasceste com deficiência desses recursos a que nos referimos, oh! agradece a Deus o corpo desfigurado, os problemas complexos e inibidores, as decepções sofridas e o descaso experimentado, porque lograrás ser um herói, vencendo-te a ti mesmo pela glória da imortalidade em plenitude.

Reflexiona sempre, coração amigo, na alegria ou na dor, porque Deus está sempre contigo.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão da noite de 13 de maio de 2020, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.


15 novembro 2020

O triste pacote de erros - Cristina Sarraf

 
O TRISTE PACOTE DE ERROS

Toda ideia nova encontra resistência e objeções, sobretudo quando não dá apoio a paradigmas, hábitos e crenças arraigados. Normal. Até porque não é por ser nova que deve ser apoiada, e sim por renovar moralmente e melhorar os conceitos e a vida das pessoas. O Espiritismo insere-se nessa situação de novidade, no século XIX. Já estamos no XXI…

O caráter altemente renovador e inovador de ideias e modos de entender a vida, que o caracteriza, encontrou rapidamente, um contingente grande de pessoas ávidas por sair das injustiças sociais e do marasmo das obrigações religiosas, detentoras do medo da punição divina. Mas também encontrou inimigos ferrenhos, ostensivos e disfarçados, até mesmo em seu meio.

Gigantescas a dedicação e a convicção de Kardec. Gigantescas as dificuldades encaradas com coragem, dor e dedicadíssimo prosseguimento de sua tarefa, sem polêmicas, acusações ou arrefecimento. Avisado estava e confiou!

Mas o tempo da completa “revolução” das ideias ainda não havia chegado nem para os adeptos do Espiritismo e muito menos para a humanidade. Ainda não chegou… Mas 150 anos depois já se pode ver com clareza que um grande e elaborado desvio, aparentemente natural, engripou a divulgação dos Princípios do Espiritismo, em detalhes relevantes.

Tão relevantes que descaracterizaram exatamente o grande diferencial libertador trazido ao mundo pelo trabalho exaustivo de Kardec. Ou seja, a divulgação desse desvio deu a aparência de o Espiritismo ser um repetidor de conceitos religiosos já entranhados na sociedade, com pequenas mudanças de ideias e nomes; fazendo dos espíritas, no geral, pessoas crédulas, carregando uma espécie de canga nas costas, cheios de culpas, medo e hipocrisia. Exatamente o que Jesus apontou como condenável e o próprio Espiritismo veio substituir integralmente, mostrando a incoerência e o grande engodo de se pensar assim.

É o que chamo de “pacote de erros”. Ei-lo:

Deus tido como um ser, juiz condenador, pune e premia, intervêm na vida das pessoas, decidindo e escolhendo acontecimentos, conforme seja obedecido ou não;

Reencarnação não vista como nova oportunidade, mas sim, para pagar “pecados”, desobediências e erros de vidas passadas; quanto maior a dificuldades, maior o “crime” cometido;

corpo físico escolhido por outros Espíritos, conforme os erros;

muitos estão na última oportunidade para se tornarem bons ou serão punidos com a expulsão para um planeta inferior;

Evolução dependente da intervenção dos Espíritos bons e superires, e não uma conquista pessoal; deve-se ser perfeito, ou seja, fala-se do processo evolutivo individual, gradual e eterno, mas é uma espécie de conto de fadas, que não funciona, por causa do medo da punição aos erros;

Arbítrio livre para que se obedeça o que dizem ser as leis/regras estabelecidas por Deus, e jamais se questionar a vida ou querer ser livre, porque isso acarreta erros e punições cada vez maiores. Kardec: o arbítrio se desenvolve proporcionalmente ao desenvolvimento evolutivo de cada Espírito;

Causa e efeito/ação e reação como lei moral que não existe no Epiritismo, gerando o falso entendimento de um determinismo das leis de Deus, que sujeita os Espíritos a serem punidos na medida em que erram; resultando disso as culpas, conceito também ausente no Espiritismo, mas vivo nas religiões e subjugador de consciências. Kardec deixou bem claro: livre arbítrio e consequências naturais, proporcionais às nuances evolutivas de cada Espírito; nada de castigos e prêmios divinos;

Desconhecimento de que são os pensamentos que determinam a vida de cada um, por qualificarem fluidicamente o perispírito e criarem condições semelhantes no corpo físico; em seu lugar entra a obediência cega e medrosa, bem como o dever de seguir os líderes e autoridades, para não errar e ser punido com uma reencarnação de dificuldades, defeitos e sofrimento;

Perispírito tendo um cordão de prata que o liga ao corpo durante a encarnação, sendo que isso é só uma ilusão de ótica, quando o Espírito se afasta do corpo que dorme;

dificuldade dos Espiritos superiores em ajudar habitantes dos mundos inferiores, pois têm que sofrer por tempos para adensar seu perispírito;

Erros, culpas e desvios de rota marcam fisicamente o perispirito, deixando todos verem as dívidas do Espírito. Imperfeição moral é apenas falta de evolução;

Mediunidade como causa de caridade aos infelizes sofredores e maus; o portador trás culpas graves do passado; e quando utilizada em reuniões espíritas, diminui as dívidas do médium, privilegiado por Deus e os bons Espíritos; bons médiuns são intermediários apenas de bons e elevados Espíritos e suas mensagens são para serem adotadas e seguidas;

Desencarnados, os Espíritos culpados pagam duramente seus erros, com dores e sofrimentos físicos atrozes, passando longos períodos no umbral; espíritas estão mais aptos a ficarem equilibrados logo após a desencarnação; os Espíritos bons e elevados como Jesus, choram por causa de nossos erros e calamidades; sofrem por nós;

Pessoas dígnas, obedientes, temerosas a Deus, boas não são influenciadas por Espíritos mal intencionados e vingativos…

Cristina Sarraf
Fonte: Espiritismo na Rede