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30 novembro 2006

Na Seara Mediúnica - Joanna de Ângelis

Na Seara Mediúnica

“Todas as imperfeições morais são tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A quem, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem pedido muitos médius dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções.” O Livro dos Médiuns 2ª parte, Capítulo 20º — Item 228.

Sim, gostarias de contribuir.

Almejas cooperar na seara dos médiuns e com satisfação nomeias os dons de que eles são investidos.

Este vê as Entidades angélicas e deslumbra-se com a percepção visual dilatada.

Esse ouve as mensagens transcendentes e renova-se para as tarefas difíceis da existência.

Essoutro incorpora Instrutores lúcidos e transforma a boca em instrumento sublime de orientação e consolo.

Aquele escreve em circunstâncias especiais, e as mãos se convertem em raios de luz a esparzirem páginas sublimes.

Aqueloutro aplica recursos magnéticos e a saúde escorre pelos seus dedos revigorando a todos.

Outro mais, inspirado pelas Altas-Potestades, injeta alento novo nos corações, traçando roteiros abençoados para o mundo.

Mais outro e outros tantos materializam, levitam, desdobram-se, realizam intervenções cirúrgicas em pleno transe, construindo a fé nos corações.

Assim pensas, assim crês.

Mas não são exatas as tuas conclusões.

Muitos beneficiários da mediunidade desertam da seara do dever.

Mediunidade não é apenas campo experimental com laboratório de fórmulas mágicas. É solo de serviço edificante tendo por base de trabalho o sacrifício e a renúncia pessoal.

Médiuns prodígios sempre os houve na Humanidade. Também passaram inúteis como aves de bela plumagem que o tempo destruiu e desconsiderou.

Com o Espiritismo, que fez renascer o Cristianismo puro, somos informados da mediunidade-serviço-santificante e com essa bênção descobrimos a honra de ajudar.

Não te empolgues apenas com as notícias dos Mundos Felizes.

Há muita dor em volta de ti, e até atingires as Esferas Sublimes há muito que fazer.

Almas doentes em ambos os planos enxameiam em volta da mediunidade.

Dedicando-te à seara mediúnica não esqueças de que todos os começos são difíceis e de que a visão colorida e bela somente surge em toda a sua grandeza aos olhos que se acostumaram às paisagens aflitivas onde o sofrimento fez morada...

Para que os Mentores Espirituais possam utilizar-te mais firmemente faz-se necessário conhecer tua capacidade de serviço em favor dos semelhantes.

Antes de pretenderes ser instrumento dos desencarnados acostuma-te a ser portador da luz clara da esperança onde estejas e com quem estejas, para que ela em se apagando no teu archote não se faça “sombra na sombra”.

Livro: Espírito e Vida - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

29 novembro 2006

Mensagem de Esperança - Joanna de Ângelis

Mensagem de Esperança

“Se, no curso desse degredo-provação, exonerando-vos dos vossos encargos, sobre vós desabarem os cuidados, as inquietações e tribulações sede fortes e corajosos para os suportar.” O Evangelho Segundo o Espiritismo Capítulo 5º — Ítem 25.


Abençoa a aflição de agora. Ela te abre as portas do salão da paz.

Agradece a chuva de fel a cair sobre a tua cabeça. Ela fertiliza o solo da tua alma para a sementeira da luz.

Rejubila-te com o espinho cravado no coração. Ele te adverte dos perigos iminentes de todos os caminhos.

Sorri ante os obstáculos que te impedem o avanço. Eles expressam o valor da tua resistência que os vence lentamente, à medida que jornadeias em triunfo.

Medita em todas as coisas que causam preocupação e dano e retira da dificuldade a melhor parte, como abençoado adubo para o solo das tuas experiências cristãs.

Nenhuma alma jornadeia na Terra sem a contribuição da dor. Nenhum espírito avança para a luz sem conduzir dificuldades enleadas nos pés. Nenhum ser ascende para Deus sem a travessia do pantanal onde se demoram os homens...

Jesus veio para nortear a Humanidade, porque esta se encontrava perdida, presa ao matagal das paixões.

Todos temos um ontem perdido nos labirintos do crime, a enovelar-nos nas malhas da inquietude que se reflete hoje.

Guarda na alma a alegria inefável que se expressará num amanhã ridente e belo que te espera, após o triunfo sobre as vicissitudes.

Não te desesperes ante o desespero, não te aflijas junto à aflição, não te inquietes ao lado da inquietude, não te atormentes sob tormentos..

A planta que cresce é atraída pela luz, embora repouse sua sustentação na lama das raízes.

A linfa que dessedenta corre aos beijos do sol, embora flua da lama do solo.

O alimento que nutre traz lodo no cerne e o corpo que sustentas é feito de lama.

Mas é com esse material que a alma faz o vasilhame para, realizando a obra do bem, sobreviver.

Não chores, não sofras!

Mantém elevado o pensamento ao Senhor sem te envergonhares.

Alça-te à luz, mesmo que nada representes...

Além da ponte há muitas venturas aguardando por ti.

Além do abismo há luz esfuziante esperando pelo teu triunfo.

Luta, agora, vence logo.

Não dês tréguas ao mal, mesmo que ele seja partícula ínfima a toldar a visão do teu espírito.

Combate-o, sem lhe dares alimento mental.

Todo meio incorreto jamais conduzirá a um fim reto.

Afugenta a nostalgia, espanca a tristeza, surra a melancolia com as mãos ativas do trabalho edificante.

Lutar contra tentações não é somente uma atuação mental; é atividade produtiva na realização do bem.

Realiza tua obra em paz, certo de que estás em Jesus, e seguro de que Jesus está contigo.

E quando tudo parecer esmagar as tuas aspirações e os fardos do mundo pesarem demais sobre os teus ombros lembra-te d’Ele, na manjedoura humilde e desdenhada, para renovar a Humanidade inteira com a claridade inapagável do Seu infinito amor.

Evoca-o nas horas de amargura e sorri agradecendo a bênção do sofrimento.

Só as almas eleitas são tentadas; só elas têm forças para vencerem a tentação.

O cristão não se deve angustiar porque o erro lhe bate à porta, nem se deve entristecer porque permitiu que o erro tivesse acesso ao coração... Deve alegrar-se quando expulsa o erro de dentro da casa íntima, mantendo júbilo porque o dominou, conservando a integridade do lar, ao invés de ser dominado pelo desequilíbrio que o afrontava...

Guarda a certeza, alma devotada ao bem, de que Jesus contigo é a vida radiosa e pura em esperança permanente, como mensagem de Deus, em bom ânimo e alento para a tua redenção.

E, disposto a não incidir no capítulo negativo que deve ficar esquecido, reúne as forças e avança resoluto, em demanda da mansão da serenidade que te aguarda, vitorioso, na caminhada do dever.

Livro: Espírito e Vida - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

28 novembro 2006

Neutralidade Dinâmica - Joanna de Ângelis

Neutralidade Dinâmica

As dissensões se multiplicam em redor dos teus passos e quedas-te sem saber que rumo tomar.

Companheiros que te constituíam exemplos de equidade, de um para outro momento desvelaram-se, e como se estivessem dominados por forças infelizes agridem, deblateram, esgrimem o verbo acusador, e se não fossem as circunstâncias que os não favorecem, iriam a vias de fato.

Amigos que se dividem, produzindo animosidade procuram conquistar adeptos para suas posições, e, a ouvi-los, individualmente, sentes inquietação, face à força da argumentação que usam e das ardilosas intrigas que destilam.

Confrades antes gentis, agora se anatematizam, porque se acreditam traídos, afastando-se uns dos outros e disseminando bem urdidas acusações...

Tudo se apresenta convulsionado. E nos arraiais em que laboras, o clima é de perturbação.

Uns desejam tua definição a fim de usar-te como arma de divisão; outros impõem-te declaração de modo a te acumpliciares com eles, cada qual mais fascinado pelas próprias paixões pessoais do que pela Causa em favor da qual asseveram trabalhar.

Define-te, porém, pelo Cristo e filia-te ao trabalho desenvolvido pelo Codificador do Espiritismo o preclaro Allan Kardec.

Mais do que a definição, testemunha fidelidade a um e a outro, mediante a operosidade que apliques no bem constante.

Situa-te, desse modo, em posição de neutralidade dinâmica.

Enquanto outros discutem e se acusam, age na caridade, na divulgação da Doutrina Espírita, na fraternidade para com todos.

Não te permitas colocar mais lenha na fogueira das divisões.

Os ociosos ardem, quando estimulados pelas discussões vazias. Os que trabalham, todavia, não dispõem de tempo para a intemperança.

Disputa, assim, a honra de ajudar, enquanto outros a buscam a fim de se projetar......

A neutralidade dinâmica faz muita falta na atualidade, em muitos setores da vida, porquanto é fácil discordar, agredir, separar. Difícil é conviver em paz trabalhando pela ordem e perseverar sem os lamentáveis desperdícios de tempo, oportunidade e realização.

Disse Jesus: "Toda Casa dividida contra si mesma não subsistirá."

Enquanto os contendores e acusadores gratuitos se comprazem nas atitudes negativas e nos comentários dissolventes, convoca os espíritos resolutos à luta do Cristo e, não obstante possuírem opiniões diferentes neste ou naquele conceito, a trabalharem unidos, ensinando que "Trabalho, Solidariedade, Tolerância não são apenas uma lapidar trilogia kardequiana, mas lição viva em que todos nos encontramos empenhados, realmente, por viver.

Livro: Celeiro de Bênçãos - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

27 novembro 2006

Negadores Necessitados - Joanna de ngelis

Negadores Necessitados

Verdadeira conspiração.

Programa que se transmite de incauto a incauto, propalando ceticismo, negação.

Religiosos em desalinho, combatendo afirmações imortalistas que foram hauridas nas fontes da sobrevivência.

Pesquisadores honestos em teimosa dúvida, engendrando teorias fascinantes e complexas, para fugirem à realidade da vida extra física.

Indiferentes, zombando das respeitáveis conquistas alcançadas no campo da informação espiritual, como se estivessem indenes à desencarnação e conseqüentemente ao prosseguimento da vida...

Técnicos das modernas experiências, embora vinculados a esta ou àquela confissão de fé, estabelecendo linhas rígidas de distinção entre os fenômenos da mente e os do espírito, fixando-se em pomposa terminologia, que na maioria das vezes mais perturbam os leigos, que, então, desvairam...

E não faltam nas lides espiritistas aqueles que, fascinados pelas vãs concessões da ribalta brilhante, se deixam anestesiar ou aderem à nova onda, aguardando confirmação dos postulados doutrinários abraçados.

Pedem provas novas.

Exigem fatos atuais.

Agregam às velhas dúvidas, negativa modernas, e dão ao Inconsciente poderes divinatórios, transferindo para a mente, arbitrariamente dotada de possibilidades causais, o resultado das aquisições do espírito, esse jornaleiro da evolução em incessantes renascimentos e contínuas desencarnações...

Preocupam-se e esperam que os outros lhes ofertem fatos probantes sobre a imortalidade, a comunicabilidade e a reencarnação dos Espíritos, enquanto eles apenas negam, somente negam, sem provarem a validade de sua sistemática negação.

Cômodos, cooperam com a desordem que irrompe alarmante.

Apaixonados, açulam os instintos e as paixões da personalidade infeliz.

Neutros, pendem para a indiferença, numa neutralidade de niilistas, dizendo aguardarem resultados...

Continua o honesto labor da fé, penetrando cada vez mais as lições valiosas e consoladoras do Espiritismo libertador.

Aqueles espíritos que engendram dificuldades e criam cizânia, sempre os houve.

Alguns estão invariavelmente contra.

As próprias mazelas somente lhes permitem ver o que lhes apraz e convém

Não evitarão, entretanto, a viagem através da porta do túmulo.

Conhecerão de perto a realidade, e despertarão, como ocorrerá contigo mesmo.

Confia, portanto, e ama, servindo sem cansaço, vinculado ao ideal de fé que te irmana a todos os homens, e ajuda-os. Se outro socorro não lhes puderes oferecer, ora por eles, compreende-os, pois que, embora não te reconheçam, também necessitam de ti.

Se te parecer difícil essa atitude, repete mentalmente como fez Jesus, perdoando-os, ao clamar:

"Eles não sabem o que fazem!" e prossegue tranqüilo.

Livro: Celeiro de Bênçãos - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

26 novembro 2006

Incerteza e Descrença - Joanna de Ângelis

Incerteza e Descrença

Expressiva a diferença entre a dúvida honesta e a incerteza sistemática.

A primeira desaparece ante a linguagem evidente do fato, constituindo-se segurança desta ou daquela qualidade. A segunda, entranhada na tecelagem íntima do caráter que investiga, transfere-se, muda de situação e insiste, depreciativa.

A dúvida não anula a fé, antes atesta-lhe a débil presença, enquanto a incerteza mórbida despoja a crença das qualidades que a legitimam.

Por um natural processo de transferência psicológica, o homem sempre supõe noutro o que lhe é familiar, o de quanto é capaz.

Desde que lhe parece factível ludibriar e mentir, em toda parte e em qualquer pessoa vê-se refletido, facultando-se atormentar pelo espinho da descrença.

Tais pessoas, as que descrêem por hábito, nas amizades, sentem-se marginalizadas; nas afeições, consideram-se traídas: nos negócios, supõem-se ludibriadas; na vida social, acreditam-se subestimadas; na fé religiosa, receiam ser enganadas... Fazem-se fiscais do próximo, impenitentes, às vezes sorrindo, sob falsa superioridade com que ferem, desatentos, todos, por saberem-se em rudes conflitos.

Também as há nas lides espiritistas. Atormentam-se e atormentam.

Aparentam uma retidão que sabem frágil, banindo a lídima fraternidade, por desejarem impor-se sempre.

No conceito de tais atribulados espíritos, todos estão em erro, menos eles.

Ocorre que consideram o próximo conforme se consideram. No fundo, não encontraram deficiências nos a quem acusam. Ao contrário, gostariam de descobrir-lhes as imperfeições, a fim de se darem por compensados ante a própria pequenez.

Não entres em litígio com eles.

Descarta-te gentilmente, se não puderes fazer outra coisa. Não te envolvas, porém.

Nutrindo sentimentos de surda animosidade, que, conscientemente, desconhecem, são demolidores, fácil interfone para cruéis perturbadores desencarnados.

Judas, que se enganou no torvelinho de contínuas e infelizes incertezas e suspeitas, não era estranho ao Grupo Galileu, antes, fora membro de eleição e amigo de todos.

Perdoa, de tua parte, aqueles que de ti duvidam e te desconsideram, descrêem-te amarguram-te as horas, porquanto, da mesma forma como darás "conta da tua administração", também eles serão examinados e considerados com o mesmo rigor com que se houverem em relação ao próximo.

De tua parte ama e confia, porque, em verdade, quem erra, mente ou trai, a si próprio prejudica.

Clima de exceção significa regime de injustiça. Não o aguardes.

Experiência que não se vive, continua sendo teoria não incorporada à existência.

Arestas não corrigidas, permanecem na condição de impedimento na engrenagem.

Por isso mesmo ninguém há que atravesse a senda reencarnatória sem conhecer o percalço das incompreensões alheias.

Espíritos difíceis em necessários reajustamentos, que somos quase todos nós, somente a pouco e pouco nos vamos despojando das couraças constritivas e perniciosas do eu enfermo, a fim de adquirirmos mais amplas percepções, na esfera das lutas em que nos empenhamos pela própria libertação.

Não raro, enquanto conseguimos abençoadas reformas no campo do sentimento, malogramos em atividades outras, comprometendo vasta área de realizações valiosas.

Livro: Celeiro de Bênçãos - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

25 novembro 2006

Medicamento Eficaz - Joanna de Ângelis

Medicamento Eficaz

“Ora, o Espiritismo, que entende com as mais graves questões de filosofia, com todos os ramos da ordem social, que abrange tanto o homem físico quanto o homem moral, é, em si mesmo, uma ciência, uma filosofia, que já não podem ser aprendidas em algumas horas, como nenhuma outra ciência.” O Livro dos Médiuns 1ª parte, Capítulo 2º — Item 13.

Desde que o clarão estelar do Espiritismo norteia tua vida, abrindo clareiras luminosas no matagal por onde avanças, em plena vilegiatura carnal, ama aos espíritos árduos que te seguem em pós, na intimidade do ninho doméstico ou em volta das tuas relações.

O obsessor ultriz, que zurze o açoite da impiedade, quando no além, ao se reemboscar no invólucro de cinza e lama, que se torna matéria, não modifica a estrutura do próprio caráter.

Impulsionado pela Lei ao renascimento junto ao teu coração, esse cobrador insaciável é a tua vítima dantanho, exigindo-te humildade e resgate.

Amarga as tuas horas; inutiliza os teus melhores planejamentos; inquieta os teus momentos de paz; sombreia o sorriso nos teus lábios antes que irrompa; avinagra o sabor dos teus sonhos; impiedoso, é fiscal e cobrador que não cessa de exigir.

Se o encontrasses no santuário mediúnico certamente terias comiseração e piedade, oferecendo-lhe o perdão de que tem necessidade, em bagatelas de entendimento fraternal.

Faze de conta que o corpo de que ele se utiliza, oferece uma psicofonia atormentada de longo curso.

Doutrina-o com o silêncio da resolução firme.

Esclarece-o com o verbo eloqüente da paciência.

Ilumina-o com a claridade da tua fé regeneradora.

Tudo isso podes fazer, porque a Doutrina Espírita te ensinou, desde ontem, que irrompeste de um passado sombrio para a madrugada imortalista de bênçãos.

A eternidade por que anseias, sem passado e sem futuro, no entanto, vige no teu coração em cada instante, anulando as sombras e estuando de claridades.

O clã Júlia, em Roma, a família Médicis, em Florença, as casas Tudors e Stuarts, na Grã-Bretanha e o poderio dos Bourbons, em França, fizeram à história um legado de obsessões tormentosas, em família.

Ascendentes perseguidos renasceram nas carnes de descendentes perseguidores.

E em todos eles como em outros tantos, parentes pela consangüinidade e colaterais estiveram no círculo vicioso e estreito de obsessões irreversíveis e calamitosas.

Ignoravam todos esses infelizes o sublime roteiro do Espiritismo cristão. E ainda hoje como há pouco, famílias e famílias estão enleadas nas obsessões devastadoras em que se extingüem para recomeçar, rastreando ódios; vinditas há que se consomem em loucuras e aniquilamentos recíprocos, porque não dispõem da Mensagem Espiritista, esse clarão estelar, que consubstancializa a verdade, na noite de sombras da consciência pervertida.

Tu tens, porém, no Espiritismo que restaura o Cristianismo na sua pujança inicial “O Livro dos Espíritos” e o “Livro dos Médiuns” esses medicamentos eficazes para todas as enfermidades do espírito e do corpo, já que aflições têm as suas nascentes no imo do espírito imortal.

O Livro Espírita que te liberta da ignorância e da superstição é o amigo incondicional da tua lucidez, oferecendo-te pão e lume, agasalho e remédio para as horas difíceis de provança da tua jornada atual.

Como o amor, segundo preceituou Jesus, é a alma da vida e a caridade é a vida da alma, os Espíritos Sublimes que vieram corporificar a mensagem cristã na Terra, para a redenção da Humanidade, foram explícitos: o estudo é o libertador do homem, no cadinho difícil das reencarnações dolorosas, porqüanto o conhecimento dá-lhes armas para se librarem acima de todo o mal e viverem todo o amor nas trilhas santificantes da caridade com Jesus.

Livro: Espírito e Vida - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

24 novembro 2006

Males Menores - Emmanuel

Males Menores

Maldade é sempre treva no coração, que nos cabe evitar a benefício dos outros e em favor de nós mesmos.

Entretanto, nos chamados males da Terra, é indispensável discernir as ligações do Senhor nos mínimos ângulos de cada dia, para que lhes percebam a valiosa função na garantia do Bem.

Observemos a Natureza.

Quase sempre, a plantação é amparada pelos detritos do campo para atingir a produção desejável.

Para que o leito do rio se não desfaça, atendendo aos requisitos do charco, a dureza da pedra e a secura da areia lhe defendem a segurança.

O minério anônimo, para entrar no campo das formas, não prescinde do fogo que lhe plasma as figurações.

E o próprio pão que regala à mesa é sempre um fruto da Bondade da Vida, filtrado através da dilacerações incontáveis. Aprendamos a receber os males menores que nos asseguram paz e triunfo sobre os grandes males do mundo.

Rara porcentagem das súplicas que sobem da Terra ao Céu recolhe, de retorno, a assistência precisa, na forma imediatista de alegria ou de reconforto. Quase todas, para alcançar o objetivo a que se propõem, obtêm do Senhor os males menores por respostas providencial e oportuna.

Aqui, é uma enfermidade-socorro que te preserva o espírito contra o assalto das tentações.

Ali, é um obstáculo-benção que te impede a adesão à irresponsabilidade e à loucura.

Além, é um amor-ferramenta que te obriga ao sacrifício constante, na sublimação de ti mesmo.

Acolá, é um desencanto-auxílio, constrangendo-te ao reajuste da própria alma.

Adiante, é uma dificuldade-luz, impelindo-te à comunhão com as Esferas Superiores.

Abençoemos as pequenas aflições e os humildes tropeços da estrada, de vez que a luta bem vivida e o trabalho bem realizado constituem os únicos recursos de ascensão ao verdadeiro Bem.

Muitas Almas com os bens aparentes do mundo compram apenas desilusão e tragédia, amargura e arrependimento, enquanto que muitas outras se elevam diariamente da Vida Física às culminâncias da Luz, conduzidas pelos supostos males que Lhes minavam a passageira existência.

Recordemos a cruz de Cristo.

Quando se ergueu, diante dos Homens, era humilhação e derrota, mas, aceita com Amor e Renúncia, converteu-se em Caminho de Paz e Ressurreição.

Livro: Cura - Emmanuel - Psicografia de Francisco Cândido Xavier

23 novembro 2006

Considerando o Sofrimento e a Aflição - Joanna de Ângelis


Considerando o Sofrimento e a Aflição

Se, ao contrário, concentramos o pensamento, não no corpo, mas na alma, fonte da vida, ser real a tudo sobrevivente, lastimaremos menos a perda do corpo, antes fonte de misérias e dores.”
O Céu E O Inferno 1ª parte, Capítulo 2º — Item 4.

Ei-los misturados em todo lugar.

Sofrimento causado pela evocação de um amor violento que passou célere, e aflição de quem, não tendo amado, deseja escravizar-se desnecessariamente.

Sofrimento decorrente do desejo de perseguir quando gostaria de fazê-lo, e aflição, porque, perseguido, não tem oportunidade de também perseguir.

Sofrimento pela dor que se agasalha no coração, santificando o espírito, e aflição em face da dor, por não poder fazer quanto gostaria, comprometendo-se muito mais.

Sofrimento nascido no desequilíbrio da ambição que deslocou a linha básica do caráter, e aflição, porque, desejando e possuindo tanto não pode fruir quanto pensava gozar.

Sofrimento derivado da revolta de não ser feliz nos moldes que planejou, e aflição por ter a felicidade ao alcance das mãos, constatando, porém, quanta treva e pranto se guardam sob o manto brilhante dessa felicidade.

Sofrimento por muito ter e constatar nada ter, e aflição por nada ter e descobrir quanto poderia ter.

Sofrimento na cruz dos desajustes emocionais, e aflição causada pelos desajustes na cruz do dever reparador.

Sofrimento em quem luta pela reabilitação, e aflição em quem, errando, não tem força para reabilitar-se.

Sofrimento que vergasta, e aflição buscada para vergastar.

É, no entanto, o sofrimento uma via de purificação, e a aflição um meio libertador para quem, mantendo o encontro com a verdade elege, na recuperação dos valores morais, a abençoada rota através da qual o espírito se encontra consigo mesmo, depois das múltiplas Lutas do caminho por onde jornadeia, quando desatento e infeliz.

Com Jesus aprendeste que sofrer, recuperando-se interiormente, é libertar-se, e afligir-se, buscando renovação, é ascender.

Empenha-te, valoroso, no esforço da eliminação do mal que ainda reside em ti, pagando o tributo do sofrimento e da aflição à consciência.

Recorda que antes da manhã clara e luminosa da Ressurreição do Mestre houve a sombra da traição e a infâmia da Cruz, como ensinamento de que, precedendo a madrugada fulgurante da imortalidade triunfal, defrontarás a noite de silêncio e testemunho como prenúncio da radiosa festa de luz e liberdade definitiva, que alcançarás por fim.

Livro: Espírito e Vida - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

22 novembro 2006

Desânimo - Joanna de Ângelis

Desânimo

“O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem.” O Evangelho Segundo O Espiritismo Capítulo 5º — Ítem 18.

Insidioso, de fácil propagação, tem caráter pandêmico.

Grassa com celeridade, entorpecendo sentimentos com força que aniquila a vida.

Inimigo desconsiderado fere em profundidade e se agasalha dominador em todas as criaturas a todo instante, sendo difícil de ser erradicado.

Com poder semelhante às viroses contagia mais do que a grande maioria das enfermidades comuns.

Conduz às dissipações, à loucura, ao crime.

Aqueles que lhe caem nas malhas, invariavelmente derrapam para os vales desesperadores dos estupefacientes, do suicídio.

Suas vítimas apresentam-no refletido no “fácies” característico, deprimente.

São mórbidas, indiferentes, perigosas.

Grande facção da humanidade sofre-lhe a ação deletéria.

Esse adversário soez e destruidor de multidões é o desânimo.

Companheiros da fé valorosos, deesencorajados de prosseguirem, recuam.

Trabalhadores devotados, assinalados pelo sofrimento, estacionam.

Serventuários da esperança, desiludidos, fogem.

Mantenedores de tarefas socorristas, desajustados, param... sob o império do desânimo.

Prossegue tu!

Todos falam que recolheram, do labor a que se devotaram, espinhos rudes e rudes ingratidões.

Explicam, com argumentos injustificáveis, que a moral evangélica para o momento em que se vive não mais tem aplicação: está ultrapassada.

Crêem que perderam o tempo, aplicado anteriormente na execução do programa divino, apresentado pelo Espiritismo.

São vítimas inertes do desânimo.

Sem explicações para se justificarem a si mesmos a fuga espetacular para com os deveres assumidos espontaneamente, acusam e acusam.

Não lhes dês ouvidos.

Amigos falam que não conseguem perseverar nos ideais fascinantes e severos da Doutrina dos Imortais.

Também tu.

Alguns reconhecem os erros e a inutilidade de lutarem contra as próprias deficiências.

Dá-lhes razão, pois que não é diferente o que ocorre contigo.

Outros esclarecem que tentaram seguir os postulados espiritistas, mas o tributo a oferecer é grande demais, em considerando as incertezas de que se encontram possuídos.

Concordas com eles ao auscultares o imo em tormentos múltiplos.

Eleva o padrão mental de tuas meditações.

Expulsa o tóxico letal que se infiltra sutilmente na tua organização espiritual.

Faze um exame dos que debandaram das fileiras do dever...

O desanimado é alguém que tombou antes do termo da jornada.

Reage com todas as forças e não possibilites “horas vazias” para se encherem de desesperanças nas províncias do teu pensamento.

Homens e mulheres, que lutaram em todos os tempos para construírem o ideal de felicidade humana, experimentaram o miasma pestilento desse sicário do espírito.

Reagindo, porém, e perseverando abrasados pelos empreendimentos começados, elaboraram o clima de esperança que muitos respiram, abençoados pelo sol de amor que os aquece.

Estuda o Evangelho e vive-o, embora não consigas avançar incorruptível.

Se tombares no afã da verdade, recomeça. Se despertares ao peso de irrefreável fadiga, recomeça.

Se experimentares desespero porque demora a materialização dos teus anseios, recomeça.

O trabalho de valorização do bem é de recomeço e recomeço, porqüanto cada passo dado na direção do objetivo é vitória alcançada sobre o terreno a vencer...

Quando o desânimo, investindo contra os teus propósitos superiores, situar o seu quartel na rotina das tuas atividades nobres, modifica o “modus operandi” e prossegue, renovado, combatendo nos painéis da mente essa vibração desagregadora transmitida por outras mentes que perseguem o Evangelho Redentor, desde há muito, e, exaltando a alegria do serviço em cada minuto de ação superior, destroça as armadilhas bem urdidas desse revel inimigo, alcançando a plataforma superior da glória de ajudar com desinteresse e amor.

Livro: Espírito e Vida - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

21 novembro 2006

Deslizes Ocultos - Joanna de Ângelis

Deslizes Ocultos

"167. Qual o fim objetivado com a reencarnação? "Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isto, onde a justiça?" O Livro Dos Espíritos

Punge-te o coração o sofrimento do hanseniano lacerado, com amputações, carpindo rude expiação.

Aflige-te o espírito o obsesso emparedado nos corredores escuros do desalinho psíquico.

Angustia-te a sensibilidade o canceroso com prazo marcado na contingência carnal...

Faz-te sofrer o cerceamento social imposto ao delinqüente, que se comprometeu por infelicidade momentânea, arruinando outrem e a si mesmo infelicitando.

Constrange-te a visão do deformado físico, teratogênico ou vítima circunstancial de um desastre ou tragédia, que arrasta a ruína orgânica, em viagem de longo curso.

Suscita-te piedade o espetáculo deprimente dos órfãos ao desamparo e dos velhinhos sem agassalho, exibindo a miséria nas ruas do desconforto.

Confrangem-te o peito os caídos ao relento, que fizeram dos passeios e portais rústicos de ruelas escuras o grabato de dolorosas provações.

Dói-te a patética das mães viúvas e esfaimadas e dos enfermos sem medicamentos ou, ainda, dos esquecidos pelo organismo social.

Todos são passíveis do teu melhor sentimento de amor e compunção.

Ao fitá-lo, recordas-te dos “filhos do Calvário” e evocas, naturalmente, Jesus...

Eles, porém, estes sofredores, estão em resgate, dependendo deles mesmos a felicidade para o amanhã.

Já foram alcançados pelo invencível poder da Lei Divina.

Outros há que passam distribuindo simpatia e cordialidade, merecedores, no entanto, da mais profunda comiseração.

Alguns têm o corpo jovem, e fazem dele mercadoria de preço variável na insegura balança das emoções negociáveis.

Muitos sorriem e são tiranos da família, que esmagam impiedosamente.

Vários são disputados nas altas rodas das comunidades e vivem do fruto infeliz das drogas estupefacientes.

Diversos mantêm bordéis e aliciam jovens levianos.

Uns jogam na bolsa da usura e ludibriam corações invigilantes e arrebatados...

Outros comercializam a honorabilidade do lar ou envilecem a dignidade dos ascendentes.

Inúmeros são agiotas corteses, conquanto inescrupulosos e cruéis.

Incontáveis caluniam, amaldiçoam, apontam as falhas do próximo e, aparentemente, são justos, leais e bons.

Alçados alguns às posições invejáveis das artes, da política, das religiões são mendazes e empedernidos, delicados por profissão e criminosos disfarçados.

Uma infinidade destes, porém, ao nosso lado ou sob o nosso teto parecem nobres e honrados, sadios e corretos, mas não são..

Aqueles, os em resgate, possivelmente encontram-se arrependidos, ou, sob o látego da dor predispõem-se às tarefas de recomeço feliz, mais tarde.

Estes, como são ignorados pelas leis dos homens, desconhecidos dos magistrados, prosseguem na carreira insidiosa da loucura que os arrasta à meta do autocídio direto ou indireto.

Ludibriando sempre, esquecem-se de si mesmos.

Não os esquecerá, todavia, a Lei.

O que fazem e como o fazem, o que pensam e contra quem pensam inscrevem-no, gravam-no no perispírito com rigorosa precisão, para depois...

Todas as culpas ocultas se transformarão em feridas que clamarão pelo tempo e espaço medicamentos eficazes e dolorosos.

Expoliadores dos bens divinos, experimentarão o fruto da falácia e da zombaria.

Ouviram, sim, através dos tempos, os apelos da verdade e da vida.

Conheceram e sabem qual a trilha da retidão.

Podem agir com acerto.

Preferem, no entanto, assim. São os construtores do amanhã.

Ora e apiadas-te, meditando neles e nos seus crimes disfarçados e ocultos, para te acautelares.

A queda e o erro, o ato infeliz e o compromisso negativo que os demais ignoram, todos podem conduzir em silencioso calvário. É necessário, porém, o esforço para a reeducação da mente e a disciplina do espírito.

Todas as vezes em que o Mestre ofereceu misericórdia e socorro a alguém no sublime desiderato do seu apostolado redentor, foi claro e severo quanto à não continuidade no erro.

Pensando nisso, dilata o amor aos sofredores, a piedade aos geradores de sofrimentos, mas cuida de não te comprometeres com a retaguarda, porqüanto amanhã, diante da consciência liberta, as tuas sombras serão os fantasmas a criarem problemas contigo ante a Lei Sublime do Excelso Amor.

Livro: Espírito e Vida - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

20 novembro 2006

Conversações Doentias - Joanna de Ângelis

Conversações Doentias

“Os médiuns obsidiados, que se recusam a reconhecer que o são se assemelham a esses doentes que se iludem sobre a própria enfermidade e se perdem, por se não submeterem a um regime salutar”.
O Livro dos Médiuns 2ª parte, Capítulo 29º — Ítem 329.

Semelhante a carro de lixo que espalha emanação morbífica por onde passa, as conversações doentias assinalam os roteiros por onde seguem.

Quando se instalam, destroem o domicílio da paz e a suspeita se aloja, vitoriosa, atormentando, implacável.

Como gás de fácil expansão, o tóxico da informação menos digna se expande, asfixiando esperanças e matando aspirações superiores.

Por onde passa, a conversação infeliz gera a hipocrisia, desenvolvendo uma atmosfera anti-fraterna em que assenta suas afirmações.

A má palestra nada poupa. Fácilmente se dissolve em ácido calunioso ou brasa acusadora; atinge corações honestos e enlameia famílias enobrecidas pelo trabalho; deslustra uma existência honrada com uma frase, atirando ignomínia e desdouro; estimula a mentira, que se transforma em injúria, fomentando crime e loucura.

Nutrida pela ociosidade a conversação insidiosa é mãe da corrupção moral.

Se os ensinos edificantes tentam exaltar a dignidade e o dever, oferecendo campo à verdade e ao brio, o veneno da informação descaridosa aparece pretextando ingenuidade e destrói, impiedoso, a cultura da dignidade.

Surge aparentemente inofensiva numa frase pérfida para alastrar-se virulenta numa colheita de fel.

Aparece, sorrateira, para imiscuir-se desabridamente onde não é esperada, induzindo quantos lhe dão ouvidos à infâmia e ao ódio...

É imprescindível fiscalizar-lhe as nascentes.

O cristão não lhe pode ser complacente. Rigoroso no respeito aos ausentes, deve vigiar as entradas da mente e as “saídas do coração”.

Cultor da bondade não compactua com as informações aviltantes, devendo eliminar do próprio vocabulário as expressões dúbias de significação humilhante.

Fiscaliza, atento, cada dia, as informações que te chegam ao coração. Se te conduzem vinagre sobre a honra alheia e apresentam as feridas dos outros à tua observação, procura os recursos da oração e da piedade, e sempre disporás de bens para não caíres no fascínio negativo das sugestões do mal, renovando todas as. expressões com a mente em Jesus.

O Apóstolo Paulo, advertindo aos Coríntios, prescrevia na primeira carta aos companheiros de ministério, conforme se lê no capítulo 15, versículo 33: “Não vos enganeis; as más palavras corrompem os bons costumes”.

As conversações doentias são ácidos nos lábios da vida, queimando a esperança em todo lugar. E os que se entregam a tais palestras são “obsidiados que se recusam a reconhecer que o são, (e) se assemelham a esses doentes que se iludem sobre a própria enfermidade e se perdem, por se não submeterem a um regime salutar.”

Livro: Espírito e Vida - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

19 novembro 2006

Ante o Sexo e o Amor - Joanna de Ângelis

Ante o Sexo e o Amor

“À medida que progride moralmente, o Espírito se desmaterializa, isto é, depura-se, com o subtrair-se à influência da matéria; sua vida se espiritualiza, suas faculdades e percepções se ampliam; sua felicidade se torna proporcional ao progresso realizado. Entretanto, como atua em virtude do seu livre arbítrio, pode ele por negligência ou má vontade, retardar o seu avanço; prolongar, conseguintemente, a duração de suas encarnações materiais, que, então, se lhe tornam uma punição, pois que, por falta sua, ele permanece nas categorias inferiores, obrigado a recomeçar a mesma tarefa. Depende, pois, do Espírito abreviar, pelo trabalho de depreciação executado sobre si mesmo, a extensão do período das encarnações.” A Gênese Capítulo 11º — Item 26.

Como o fogo que necessita ser disciplinado para ser útil, o sexo deve ser dirigido pelo amor a fim de preencher a sua finalidade santificante.

A chama que a fornalha retém, aproveitando-lhe o calor, quando se movimenta a esmo alastra-se em incêndio destruidor.

O sexo, que perpetua a vida humana nos misteres procriativos quando bem conduzido, é o mesmo elemento que escraviza a alma quando transborda desgovernado.

Se te encontras em tormentos íntimos, açoitado pelo látego dos desejos infrenes, recorda o amor no seu roteiro disciplinante e corrige o desequilíbrio, imolando-o ao dever.

Não acredites que a emoção atendida nas fontes turbadas possa oferecer-te a tranqüilidade que almejas. Amanhã, retomarás, voraz, novamente vencido. E enquanto não a submetas ao crivo rigoroso do teu comando, serás conduzido de forma impiedosa e aniquiladora.

Busca, assim, a linfa pura do amor, e, sacrificando o impulso momentâneo, lava as impurezas emocionais que te maculam.

Educa o pensamento por onde veiculam os primeiros gritos da emotividade desequilibrada.

Todo pensamento que se cultiva, transforma-se em ação que se aguarda.

Compreende que as exigências do desejo de agora nasceram ontem, no abuso da função sexual, quando o amor delinqüiu contigo, favorecendo os excessos prejudiciais.

Enquanto te inclinas sedento sobre as largas faixas do gozo animalizante, procurando as fácilidades que conduzem à lassidão e à morte, outros corações, marcados por sinais indefiníveis, arrastam os delitos do passado em alucinantes punições no presente, chorando em segredo, ao sorverem a taça de fel da correção expiatória.

Não convertas as sublimes experiências da continência sexual em favores degradantes que conduzem à loucura e ao crime.

Ausculta o coração dos favorecidos pelas concessões do impulso desgovernado e compreenderás o quanto são infelizes e insaciados.

Procura sondar a própria alma em rigorosa disciplina produtiva, fiel ao roteiro do dever mantenedor da vida, e, se encontrares ardência íntima, constatarás que ela prenuncia libertação consoladora que logo advirá. Por essa razão, a vitória sobre a carne não pode ser protelada com pretexto de “falta de forças”. Se na condição de amo não consegues dirigir, na posição subalterna mais difícil será a tua ordenação.

Os que atravessaram os portais do além-túmulo, vencidos pela lascívia e pelos desvios da função genésica, permanecem doentes pela emoção atormentada, transformados em párias sociais. Encontrá-los-ás no caminho das criaturas, envergando roupagens masculinas e femininas, retidos em invólucros teratogênicos, quais presidiários em cárceres estreitos e disciplinantes, em longos processos de reeducação.

Ama, portanto, embora não recebas a retribuição.

Ama o dever idealista, inspirado pelas Forças Superiores, oferecendo tuas energias à produção do bem que libertará o homem de todos os males.

Desenvolve a fraternidade no coração, deixando-a espraiar-se como bênção lenificadora, consoante nos amou Jesus Cristo, corrigindo a inclinação da mente em relação àqueles com quem podes privar da intimidade, libertando o espírito e enriquecendo os sentimentos.

Trabalha em favor dos outros, mesmo que estejas transformado em brasa viva, e vencerás a aflição, recebendo as moedas de luz qual salário em forma de serenidade.

No entanto, se apesar dos melhores esforços não conseguires a desejada paz, continuando aflito, não creias que, sorvendo a taça embriagadora, amainarás a tempestade. Logo cessando o efeito entorpecente, a sede devoradora retornará, agravando o processo liberativo.

O problema do sexo é do espírito e não do corpo, e só pelo espírito será solucionado.

Procura, antes de novos débitos, o amantíssimo coração de nosso Pai, através da oração confiante, entregando-te a Ele, para que a sua inefável bondade, que nos criou e dirige, nos dê o indispensável vigor de conduzir o nosso sexo em direção do amor sublime que nos proporcionará a legítima felicidade.

Livro: Espírito e Vida - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

18 novembro 2006

Cegueira - Joanna de Ângelis

Cegueira

"Vim a este mundo para exercer um juízo a fim de que os que não vêem, vejam e os que vêem, se tornem cegos." João: IX - 39

Cegos e cegos, há-os muitos em diferentes graus e estágios.

Significativas, pois, as palavras de Jesus, sob qualquer aspecto consideradas.

Uns são cegos por ignorância, outros por presunção.

Valiosas advertências fulgem, desse modo, em cada conceito evangélico, quando meditado e incorporado à ação, transformando-se em dinâmica salutar de valia inestimável.

Há o que jaz na cegueira física e o que padece de cegueira espiritual.

O ignorante, na sombra em que se debate, expunge o mau uso do conhecimento.

O enfermo, na agonia que experimenta, repara as peças e implementos orgânicos que a imprevidência destroçou.

O analfabeto, ao guante da limitação constritora, reflexiona sob as nuvens pardas do pouco discernimento os prejuízos da nefanda utilização da cultura.

O padecente da miséria econômica exercita equilíbrio, como decorrência da malversação dos valores de que fora mordomo.

Os limitados desta ou daquela ordem, os que não sabem quando erram, transitam em compreensível cegueira e, graças à situação em que se encontram, recebem maior dose de entendimento, melhores recursos para a recuperação, mais amplo ensejo de equilíbrio......

Muito judiciosos os conceitos do Senhor.

Os que conhecem, no entanto, os regulamentos do dever; quantos dispõem da cultura, da fé e da razão; aqueles que estão informados sobre o Estatuto da Imortalidade; os que usam o verbo para orientar, escrevendo ou falando; os que são veículos dos Desencarnados; todos os aquinhoados com a notícia do Evangelho não se podem permitir enganos ou dissipações, estroinices ou desgovernos morais, competição sensualista ou desgaste orgânico nas ilusões, porque tais se encontram dotados da responsabilidade, que representa patrimônio valioso pelo Senhor concedido por empréstimo, para superior aplicação a benefício de si mesmos e das coletividades onde se encontram.

Os que vêem, têm menos justificativas quando erram, tropeçam e caem, do que aqueloutros, os que não fruem da visão.

Convidado ao trabalho inapreciável da renovação da Terra, não te escuses, relacionando dificuldades inexistentes ou problemas irreais.

Refunde propósitos, seleciona valores e não te detenhas. Assimilando as lições preciosas através da comunicação dos Espíritos, clareia a senda com a luz da ação enobrecida, porquanto os que vêem e não atuam, sofrerão cegueira, enquanto os que agem, embora os percalços e limites que experimentam, verão.

Cegos e cegueira nestes dias marcham em consonância com as conquistas tecnológicas, aumentando o número dos que não querem ver porque lhes não convém enxergar, a fim de não mudarem a tônica enganosa da vida transitória que logo mais se esfumará.

Perfeitamente necessário, portanto, que medites em profundidade e despertes em definitivo porque sofre de "pior cegueira aquele que não quer enxergar." Assim, abre os olhos e segue ditoso.

Livro: Celeiro de Bênçãos - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

17 novembro 2006

Conhecimento do Passado - Joanna de Ângelis

Conhecimento do Passado

Meditando nas salutares revelações procedentes da Espiritualidade, assomavam-te ondas de tristeza, em considerando o olvido que se te fazia habitual, concernente às reencarnações passadas...

Ao lado daqueles que te narravam eventos com eles mesmos acontecidos e que lhes foram elucidados, situavas o espírito em compreensível melancolia, face a tua total ignorância quanto as vidas pretéritas.

Diante dos que exibiam ilações fascinantes entre o hoje e o ontem, comentando, entusiasmados, os sucessos transatos, doía-te a alma ignorares os acontecimentos idos que te diziam respeito...

Desejavas qualquer referência, que te desse maior força e coragem para a luta, de modo a situares vidas pregressas, graças à justiça das reencarnações...

Ante as dores da soledade, renteando com os que pareciam contemplados, almejavas identificar amigos, amores antigos...

A Lei Divina, na sua sabedoria, quando concede o esquecimento temporário das vidas que se perderam na noite dos tempos, age com misericórdia e justiça, pois nem todos os homens estão em condição de sabê-lo.

Todavia, desejavas, e agora, paulatinamente, chegam-te retalhos, informações, peças que se ajustam, fragmentos que se unem formando um todo... Amigos, afetos, mas igualmente adversários, se destacam dos painéis da sombra e se avolumam...

Pensas, então, em refazer o caminho ao encontrá-lo em desalinho.

Da mesma forma, ambicionas reviver emoções, ora impossíveis, reconquistar corações que seguem noutra direção, unir-te aos seres junto aos quais chegaste tardiamente... E sofres!

As animosidades persistem sem diminuírem. Ao inverso, tais antipatias não são combatidas, mas açuladas.

Lamentavelmente, unes-te com aqueles que se afinam contigo e te afastas daqueles a cujos fluidos reages.

Onde o esforço da sublimação?

Qual a cartilha de exercício de morigeração e equidade, em prol da paz de agora e da felicidade futura?

Silencia ansiedades.

Trabalha, luta afervorado, insistindo quando outros desistem.

A floração não precede a sementeira nem o fruto antecipa a flor.

Realiza a tua parte gentilmente, sem modelo próximo além de Jesus a quem segues, e se o tormento do passado chegar-te como espinho, pensa no futuro, e, utilizando-te do presente, faze o melhor ao teu alcance, guardando a certeza de que o porvir te responderá conforme o construas desde agora.

Livro: Celeiro de Bênçãos - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

16 novembro 2006

Despotismo - Joanna de Ângelis

Despotismo

Adversário soez do homem, vence-o impiedosamente.

Remanescente da barbárie, teima por sobreviver. Cômpar do egoísmo, açula-o e sobrepõe-no na aparência perniciosa.

O despotismo é, sem dúvida, das imperfeições graves, uma das que mais engendra antipatia, provocando animosidade onde se revela.

O déspota é alguém que se ignora. Atribuindo-se valor que não possui, auto-hipnotiza-se, respirando a psicosfera deletéria que emana e que continuamente o
intoxica,

Resíduo de vidas pregressas em que a presunção governava o espírito, ora em reencarnação purificadora, deve ser combatido por todos os meios, a benefício da libertação de quem lhe padece o nefando cerco.

Desvela-se nos pequenos gestos e agalardoa-se na exteriorização das atitudes e das expressões.

Somente as suas vítimas, não percebem o ridículo de que se fazem instrumento, porquanto, a cegueira em que se movimentam fá-los agitar-se em esfera de sombras. Passam, e deixam pegadas odientas.

Estacionam, e tornam-se detestados, não obstante, a aparente grandeza ou o aparente valor que se dão, tornando-se singulares simulacros de potentados ou nobres na ilusão que acalentam.

Fiscaliza, desse modo, os escaninhos da tua personalidade e burila as arestas grotescas que insistem em impedir-te o aprimoramento no teu expressivo esforço.

Não é o homem responsável, apenas, pelo mal que faz, como também o é pelo mal que inspira...

O homem é, assim, o que vitaliza, produzindo o que constrói intimamente.

Para a vitória sobre ti mesmo, na conjuntura da abençoada reencarnação que desfrutas, imprescindível submeter-te a eficiente programa de ação que não pode ser negligenciado.

Auto-análise, trabalho singelo, prece constante e exercício da sadia convivência com os mais infelizes conseguem lobrigar excelentes resultados contra o despotismo.

Recorda que a vida física é breve, por mais longa pareça e, ao extinguir-se, cada um ressuscita com os estigmas ou virtudes que estimulou, fitando a retaguarda e considerando a forma feliz ou desventurada com que utilizou o tempo


A oportunidade que te chega, abençoada, quiçá não a mereças. Utiliza-a gerando simpatia e fazendo o bem pelo auto-aprimoramento enquanto ela te luz.

Se não é lícito desdenhar-se a si mesmo, não é crível autovalorizar-se, subestimando o próximo.

O despotismo pode ser, também, considerado morte na vida.

Assim, fixa o pensamento em Jesus e tenta assimilar-Lhe a grandeza da humildade com que até hoje a todos- nos fascina e através da qual alcançarás os páramos da felicidade plena e total, após as lutas redentoras.

Livro: Celeiro de Bênçãos - Ditador por Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco

15 novembro 2006

Ante o Sofrimento - Joanna de Ângelis

Ante o sofrimento

A problemática dos sofrimentos humanos encontra, na reencarnação, a resposta mais eficaz e a solução legítima, a fim de equacioná-la.

Sendo o Espírito herdeiro de si mesmo, em cada etapa do caminho evolutivo consegue resgatar débitos pretéritos ou adicionar experiências com que se credencia a maiores vôos na direção da sublimação, que é o fana de todos nós.

Enquanto jaz ergastulado nas limitações a que se vincula, padece as constrições naturais da própria insipiência, começando em círculo vicioso as conquistas que não lobriga legitimar.

Representando a morte física mudança de estado vibratório, o espírito transfere de uma para outra existência os labores nos quais malogrou ou em que não conseguiu necessariamente concluir a tarefa iniciada.

Não cessa a jornada redentora...

O que agora não se consegue, posteriormente se realiza.

A vida são as contínuas e sucessivas etapas reencarnatórias, em cujo curso cada um é o arquiteto do próprio destino, construtor da desgraça ou da felicidade que todos buscamos.

Viandante da imortalidade, cada um sublima noutra jornada a interrompida realização para culminar na paz. Assim, transferindo-se de uma para outra existência, o ser encontra, na Terra, a abençoada escola onde forja a redenção, marchando para a plenitude da paz.

O que hoje se configura difícil, logo mais ressurge na condição de possibilidade que lhe compete utilizar para a materialização dos objetivos elevados que persegue.

Nem todos, porém, conseguem lobrigar o mister.

Todavia, a todos é concedida a oportunidade sublimante ante as Leis Soberanas da Divina justiça.

Dentro disso, a reencarnação constitui bênção para o espírito calceta, facultando-lhe ensejo nobre para reerguer-se e avançar, considerando-se que a perfeição não tem limite.

É necessário no entanto, envidar-se esforços.

Transforma-se a lagarta em borboleta voejante no ar, e a bolota esmagada no subsolo liberta o carvalho que está miniaturizado na intimidade do seu bojo.

Também o ser imortal...

Logo se desatrelam os liames carnais, o ser imperecível - o Espírito – retorna ao seio da Vida de onde proveio e se integra na paisagem a que pertence: a Erraticidade!

Se conseguiu vencer as paixões e os gravames que o maceravam, paira acima e além das vicissitudes.

Se, no entanto, transformou a bênção do corpo em compromisso negativo com a retaguarda, retorna a novo corpo sob a constrição do sofrimento ou da amargura, em clima de sombra ou desesperação para resgatar e crescer.

O incomparável Herói da renúncia, lecionando a ética libertadora e básica para a legítima felicidade, sintetizou no amor as mais altas aspirações a que nos devemos permitir, como método de construir a felicidade em nós e em torno de nós, sem mácula, sem necessidade de novos recomeços, porquanto, no amor, síntese da vida, estão os semens da misericórdia de Deus, base de todas as coisas...

E amou de tal forma, que deu a Sua pela nossa vida, como a dizer que a verdadeira felicidade consiste, sim, em amar, porque somente quando se ama se consegue a real plenitude, longe de quaisquer sofrimentos e desditas.

Livro: Celeiro de Bênçãos - Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo Pereira Franco

14 novembro 2006

Variações de humor - Richard Simonetti


Variações de humor

- Eu estava muito bem , saudável , animado...De repente , sem motivo palpável , caí na "fossa" - uma angústia invencível , uma profunda sensação de infelicidade, como se a vida não tivesse mais graça...

Queixas assim são freqüentes nas pessoas que procuram o Centro Espírita. Nesse estado toma corpo , não raro , a idéia de que a morte é a solução.

Conversávamos , certa feita , num hospital , com um rapaz que tentara o suicídio ingerindo substância tóxica. Socorrido a tempo , amargava sofrida recuperação.

Tentamos definir o motivo de tão grave iniciativa:

- Alguma desilusão sentimental?

- Absolutamente. Não tenho namorada.

- Problemas familiares?

- Pelo contrário. Dou-me muito bem com meus pais e irmãos.

- Perdeu o emprego?

- Trabalho há anos na mesma firma. O patrão parece contente comigo.

- Então , o que foi?

- É que eu estava entediado de viver. Entrei em estado de tristeza e achei que seria melhor morrer.

- Já se sentiu assim , anteriormente?

- Sim , de vez em quando...

*****

Em psicologia o paciente poderia ser definido como ciclotímico , alguém com temperamento sujeito a variações intensas de humor - alegria e tristeza , euforia e angústia , serenidade e tensão. Tem períodos de grande energia , confiança , exaltação , alternados com aflições. Muita disposição e iniciativas hoje; amanhã temores e inibições.

Os períodos negativos podem prolongar-se , instalando a depressão , a exigir tratamento especializado na área da psiquiatria. Como ela se alterna com estados de euforia , em que o paciente parece totalmente recuperado , sem que nada tenha ocorrido para justificar a mudança de humor , emprega-se a expressão "depressão endógena" , algo que tem sua origem nas tendências constitucionais herdadas , algo que faz parte da personalidade do indivíduo.

Há uma retificação a fazer. A tendência à depressão é uma herança , realmente , não de nossos pais , mas de nós mesmos , porquanto as características fundamentais de nossa personalidade representam , essencialmente , a soma de nossas experiências em vidas pretéritas.

O que fizemos no passado determina o que somos no presente. Poderíamos colocar em dúvida a justiça de Deus se assim não fosse, porquanto é inadmissível , além de não encontrar respaldo científico , a existência de uma herança psicológica embutida nos elementos genéticos.

O que pesa sobre nossos ombros , favorecendo os estados depressivos , é a carga dos desvios cometidos , das tendências inferiores desenvolvidas , dos vícios cultivados , do mal praticado. Há pessoas que , pressionadas por esse peso mergulham tão fundo na angústia que parecem cultivar a volúpia do sofrimento , com o que comprometem a própria estabilidade física , favorecendo a evolução de desajustes intermináveis.

*****

De certa forma somos todos ciclotímicos , temos variações de humor , sem que isso se constitua num estado mórbido: hoje em paz com a vida; amanhã brigados com a humanidade. Nas nuvens por algum tempo; depois na "fossa".

E nem sempre , como ocorre com o paciente ciclotímico , há justificativa para essa alternância. Pelo contrário : freqüentemente nosso humor opõe-se às circunstâncias , como o indivíduo plenamente realizado no terreno afetivo , social e profissional que , não obstante , experimenta períodos de angústia; no outro extremo , o doente preso ao leito , padecendo dores e incômodos , que tem momento de indefinível alegria e bem - estar.

Essa ciclotímia guarda relação com os processos de influência espiritual. Estados depressivos podem originar-se da atuação de Espíritos perturbados e perturbadores , que consciente ou inconscientemente nos assediam. Popularmente emprega-se o termo "encosto" para esse envolvimento.

Por outro lado , os estados de euforia , sem motivo aparente , resultam do contato com benfeitores espirituais que imprimem em nosso psiquismo algo de suas vibrações alentadoras.

- Hoje estou em estado de graça. Acordei bem disposto, feliz , sem nenhum "grilo" na cabeça - diz alguém , sem saber que tal disposição é fruto de ajuda recebida no plano espiritual durante as horas de sono físico , favorecendo-lhe um "alto astral".

*****

Importante lembrar , também , o ambiente como fator de indução que pode precipitar estados de depressão , ou euforia.

Num velório , onde os familiares do morto deixam-se dominar pelo desespero , em angústia extrema , marcada por gritos e choro convulsivo , muitas pessoas se sentirão deprimidas , porquanto os sentimentos negativos são tão contagiosos como uma gripe. Se não possuímos defesas espirituais tenderemos a assimilá-los com muita facilidade.

Inversamente , comparecendo a uma reunião de cunho religioso , onde se cultua a prece , no empenho de comunhão com a Espiritualidade , ouvindo exortações relacionadas com a virtude e o bem , experimentaremos maravilhosa sensação de paz , como se houvéssemos ingerido milagroso elixir.

Há outro aspecto muito interessante , abordado pelo Espírito François de Genève , no capítulo V , de "O Evangelho Segundo o Espiritismo": "Sabeis porque , às vezes , uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? É que o vosso Espírito , aspirando à felicidade e à liberdade , se esgota , jungido ao corpo que lhe serve de prisão , em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços , cai no desânimo e , como o corpo lhe sofre a influência , toma-vos a lassidão , o abatimento , uma espécie de apatia e vos julgais infelizes. "Crede-me , resisti com energia a essas impressões , que vos enfraquecem a vontade. São inatas no espírito de todos os homens as aspirações por uma vida melhor ; mas , não a busqueis neste mundo e, agora , quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem , para vos instruírem acerca da felicidade que lhe vos reserva , aguardai pacientemente o anjo da libertação , para vos ajudar a romper os liames que vos mantém cativo o Espírito . Lembrai-vos de que , durante o vosso degredo na Terra , tendes que desempenhar uma missão de que não suspeitais , quer dedicando-vos à vossa família , quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou . Se , no curso desse degredo-provação , exonerando-vos dos vossos encargos , sobre vós desabarem os cuidados , as inquietações e tribulações , sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os resolutos . Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos amigos por quem chorais e que , jubilosos por ver-vos de novo entre eles , vos estenderão braços , a fim de guiar-vos a uma região inacessível às aflições da Terra."

*****

Podemos concluir , em resumo , que a ciclotimia de nossa personalidade ocorre em função de pressões ambientes , de influências espirituais , do peso do passado e das saudades do além.

E como superar as variações de humor , mantendo a serenidade e a paz em todas as situações ?

É evidente que não a faremos da noite para o dia , como quem opera um prodígio , mesmo porque isso envolve uma profunda mudança em nossa maneira de pensar e agir , o que pede o concurso do tempo.

Considerando , entretanto , que influências boas ou más passam necessariamente pelos condutos de nosso pensamento , podemos começar com o esforço por disciplinarmos nossa mente , não nos permitindo idéias negativas.

O apóstolo Paulo , orientando a comunidade cristã , em relação aos testemunhos necessários , ressalta bem isso , ao proclamar , na Epístola aos Felipenses (4:8):

"Tudo o que é verdadeiro , tudo o que é respeitável , tudo o que é justo , tudo o que é puro , tudo o que é amável , tudo o que é de boa fama , se alguma virtude há e se algum louvor existe , seja isso o que ocupe o vosso pensamento".

Livro: "Uma Razão Para Viver" - Richard Simonetti

13 novembro 2006

Rótulos: Para Quê? - Revista de Espiritismo

Rótulos: Para Quê?
Revista de Espiritismo» nº. 25 - 1994

O espiritismo demonstra a importância de nos libertarmos de fantasias. Uma delas é a dos rótulos. O espírita sincero - que está longe de ser perfeito - é apenas aquele que estuda e vivencia a doutrina e, assim, se esforça por dominar as suas más inclinações. A ser conhecido como tal, que o seja pela validade das suas atitudes.

Tenho um amigo que não é espírita. Nem conhece o espiritismo. Que eu saiba, não é nem religioso. Chama-se Augusto e é jornalista. A sua conduta invariavelmente fala mais alto. Em matéria de idade, podia ser meu pai. Ele vive com a pureza de um menino, pensa com a lucidez de um homem e aplica o seu discernimento com notável sentido humanista.

Um destes dias deslocávamo-nos a pé na baixa do Porto. Impessoal aquele vaivém de gente, na hora de almoço. Uns passos adiante, via-se um mendigo. Sentava-se no passeio. Afagava um dos dois cães que o ladeavam, encostados, aproveitando o sol escasso daquele dia ainda frio.

Quem me acompanhava - pessoa que não é espírita - abrandou o passo. Quis fazer-me saber, indicando o pedinte: «Aquele homem ali é meu amigo!». Percebeu a minha perplexidade e insistiu: «Não estou no gozo! Um homem que se põe a pedir na rua acompanhado de dois cães tem de ser meu amigo, pá!».

E riu, percebendo talvez a minha reação à sua assertiva.

Chegámos a dois passos do mendigo. Era ainda jovem, já com algumas rugas prematuras. O meu amigo - que não é espírita - saudou-o. Percebi que não o fazia pela primeira vez. Logo vi que o indigente estava familiarizado. Mas o Augusto não se limitou a ser amistoso nas palavras: estendeu-lhe a mão e cumprimentou-o.

Não me lembro se lhe deu algumas moedas. Acho que não tinha. Mas venceu o abismo da indiferença tão espontaneamente, lançou de tal modo a ponte da fraternidade autêntica, que jamais me esquecerei do seu exemplo.

Num outro dia, fixei-lhe estas ideias numa conversa sobre outros assuntos: «Nós não nos distanciamos assim tanto da situação dessas pessoas. O espaço que nos separa de uma circunstância igual é muito escassa. São gente a quem, às vezes, muitos sentem até nojo de lhes tocar, pela sujidade e outras coisas». Noutro dia, opinava: «Muitas pessoas, em situações extremas, fazem coisas que nunca lhes passaram pela cabeça. Eu fico extremamente grato a alguém que, em vez de me apontar uma faca, me estenda a mão a pedir algumas moedas!...».

Aprimoramento sem rótulo
É freqüente vermos pessoas alheias ao espiritismo com atitudes quotidianas de inspiração superior. E vice-versa. Não são exibicionistas, nem procuram recompensas ante ou post-mortem. Aquilo sai-lhes espontaneamente. Essas individualidades admiráveis existem em número reduzido nos diversos grupos religiosos, políticos, profissionais, étnicos e por aí fora.

Não há motivo para espanto. Os espíritos esclarecidos ensinam que o ser humano se encontra sujeito à lei da imortalidade, das vidas sucessivas, de causa e efeito, quer conheça essas leis ou não. Elas agem sobre ele, modelando-lhe a maneira de ser, num processo educativo extraordinário como é aquele a que todos estamos submetidos. Nesse esquema de aperfeiçoamento, agiganta-se o volume da sabedoria e cresce a capacidade de amar.

Ser-se espírita não é entrar em regime de exceção ou de privilégio perante os outros. É apenas ter uma visão de maior responsabilidade sobre o mundo e a nossa ação nele.

Pessoas desinformadas costumam criticar o espiritismo, encarando-o como uma doutrina que aliena o homem deste mundo. Nada mais errado. Terá havido espíritas que se poderão ter enquadrado por ignorância doutrinária nesse quadro. Mas basta verificar que, com as ideias da reencarnação, com o horizonte da responsabilidade e da vinculação às consequências dos nossos atos, nós somos herdeiros da Terra, já que a ela provavelmente retornaremos. Veja o leitor o quanto isto é marcante no capítulo da ecologia!...

Ser espírita não é ser mais alto
Assim, ser espírita não é «ser mais alto», como no poema de Florbela. Verifica-se com facilidade...

Como em quaisquer outros grupos, no movimento espírita encontra-se de tudo: espíritos atrasados e outros mais equilibrados; e, note-se, sejam (do subgrupo dos) dirigentes associativos ou não. Pessoas há que sentindo-se tocadas pelo ideal singular que é o espiritismo, aproximando-se, se ressentem do contraste permitido pelos equívocos humanos. Tudo isto recrudesce onde se alimentam ilusões tácitas ou não de infalibilidade vindas de encarnados ou de desencarnados. E, se esses neófitos não conseguem discernir se o seu interesse se vincula ao espiritismo ou a espíritas, às vezes afastam-se, recusando possibilidades enriquecedoras do seu património evolutivo.

Ser espírita não é ser mais alto. É tão-só dispor de uma escada para escalar no imo de si próprio, trabalhar aprendendo a servir. É apenas estar mais bem informado sobre as dimensões grandiosas da existência humana, no levantar do véu da materialidade, deixando visualizar o Além com antecedência, o panorama de um passado rico e um tanto complicado, sobretudo determinante do agora, agora este que estrutura o depois, nesta ou noutras vidas. Das consequências práticas de comportamento interior que daí resultam - um campo inesgotável de estudo.

Há que aceitar os outros e as suas opções. Estas são sempre temporárias e fazem parte das experiências por que precisam passar. Tal como acontece conosco. Aceitemos as nossas diferenças sem exigências cegas e às vezes cruéis remetidas a outrem. E, se ainda ocorre confortamo-nos com rótulos que nem sequer neste plano vibratório nos adiantam, passemos a instalar em nós próprios uma disposição constante de sermos mais lúcidos e fraternos, pois de Deus sempre tudo veio a favorecer-nos, a impelir-nos a um melhoramento progressivo como pessoas num grupo muito maior do que imaginamos: a humanidade (sem rótulo).

12 novembro 2006

Pensamentos Indesejáveis - Lourdes Catherine

Pensamentos Indesejáveis

Fatores limitantes: Estou sempre discutindo comigo mesmo. É uma conversa contínua e automática que me martiriza. Só consigo imaginar terríveis acontecimentos, que me ficam martelando a cabeça, sem parar. Fico desperto por noites a fio e, quando durmo, não tenho um sono tranqüilo. Eu me esforço para que a mente se aquiete, porém não consigo detê-la. Levanto-me de manhã muito abatido, com dores de cabeça, sobretudo na região dos olhos. O que devo fazer para ter tranqüilidade? Como neutralizar esse processo perturbador?

Expandindo nossos horizontes:

Sua mente é semelhante a um moinho que tritura sem cessar sonhos e pensamentos. Suas idéias se revezam como cartas em desordem sobre um pequeno console, causando sempre consternação.

Não se esqueça, todavia, de que o poder mental, como qualquer das faculdades humanas, é submetido ao controle do homem, a quem cabe direcioná-lo. O segredo para conseguir modificar um fato que pareça difícil ou perturbador é perceber quais idéias ou crenças estão movendo seu mundo íntimo.

Pessoas atraem e repelem as forças da mente, registrando experiências a cada segundo e, de conformidade com seus hábitos ou valores interiores, vivenciam os fatos com emoções ou reações diversificadas.

Quando você dá importância às situações negativas, o espelho da mente as assimila e, de forma imediata, as reflete. Essas imagens, denominadas formas-pensamentos, rondam constantemente sua aura, passando a nutrir os tecidos sutis do corpo espiritual.

Ao pensar, conversar ou observar, as forças geradas por suas idéias, palavras ou atitudes se fixam em seu cérebro astral e têm a tendência de se perpetuar.

Portanto, quando alguém conserva uma crença inconveniente, só vai encontrar momentos de inconveniência, materializados por essa mesma crença.

Um diminuto ponto contaminado entregue ao abandono pode infeccionar todo um tecido em poucas horas, transformando-o em massa pestífera de enormes proporções. Atos considerados sem nenhuma importância, muita vez, com o passar do tempo, levam as pessoas aos labirintos da demência e da desesperação.

O momento ideal para impedir que uma idéia ou crença negativa se lhe instale na engrenagem da mente é quando ela surge. Crie um saneador eternamente vigilante, analise tudo e só permita a entrada de pensamentos construtivos e capazes de produzir equilíbrio e progresso.

Vamos recorrer ao mito do deus Hermes, para melhor ilustrar essa questão.

Num cume gelado dos montes da Arcádia, vive Maia, uma ninfa de longos cabelos, que sem temer o frio, corre e dança espargindo graça e beleza.
Zeus, o deus supremo da mitologia grega, ao contemplá-la, encanta-se com sua jovialidade e apaixona-se. Passam-se tempos e Maia dá à luz o deus Hermes, detentor de chapéu e sandálias providos de asas - atributos de sua filiação divina.
Graças à sua destreza em lutar e a seus bens alados, torna-se um espadachim especial e, ao mesmo tempo, o arauto dos deuses.

Seu capacete alado pode ser interpretado como: “a mente pode ser conduzida como quiser”; e sua espada notável como: “a mente tem habilidade para eliminar quaisquer dificuldades”.

Muitas pessoas não comandam a própria força mental, tornando-se prisioneiras de si mesmas. E como se, distraídas no último vagão de um trem, não se importassem com o maquinista. Se você não controlar suas faculdades mentais, indicando o caminho que quer seguir, ou aonde quer chegar, poderá aportar em lugares indesejáveis.

Emoções, pensamentos e atos são elementos dinâmicos de indução. Se você é daqueles que vivem se lamentando, que se dizem fracos e impotentes, remoendo fatos do passado, sem auto-estima e nenhum planejamento para o futuro, provavelmente ficará desconectado do fluxo da Vida Providencial. É o princípio da repercussão que comanda a vida interior.

Use seu capacete alado e replaneje suas metas e objetivos. Se você exercitar seu poder mental, nada nem ninguém poderá impedir que alcance o equilíbrio interior.

Utilize a potencialidade de sua espada eficaz como elemento defensivo contra esses componentes estranhos que o perturbam.

Na meditação silenciosa o espírito recolhe, sob a forma de inspiração, idéias que lhe aperfeiçoam a existência. Na oração você encontrará a maior fonte de poder do Universo, podendo entender a excelência das leis de renovação que estruturam os alicerces da vida em toda a Terra.

O processo de orar, meditar e selecionar tudo que entra em sua casa mental saneará esse circuito de sugestões sombrias em que você vive, afastando de sua atmosfera vibracional esse turbilhão de vozes e idéias que aprisionam sua alma nas teias dos pensamentos indesejáveis.

Livro: Conviver e Melhorar - Lourdes Catherine
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto

11 novembro 2006

Saber Ouvir para Decidir Bem - Batuíra

 
SABER OUVIR PARA DECIDIR BEM

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz...” 
(Apocalipse, capítulo 3º, versículo 22)

Inúmeras criaturas que se aproximam dos operários leais do Senhor não passam de desequilibrados faladores. É essencial prudência e vigilância, para que não transformemos a mente em vaso de entulhos e ruínas.

Nas organizações espíritas convivemos, no curso de suas atividades diárias, com companheiros que nos trazem as mais diversificadas mensagens pessoais, obrigando-nos a refletir a respeito das solicitações que nos alcançam.

Necessário é saber guiar-nos com o coração amparado pelos Planos Maiores, ligados na realidade dos fatos, e não nos influenciar pelas fantasias e queixas enfermiças.

Ouvir com habilidade é perceber a atmosfera fluídica que envolve os outros.

Usemos todos os sentidos aliados à intuição. Prestemos atenção às palavras, ao volume e ao tom de voz da pessoa atendida. É preciso ir além da verbalização para compreender o conteúdo e a intenção do interlocutor. As vezes, o sentimento é muito mais explícito, e, por isso mesmo, muito mais enfático do que as próprias palavras.

A capacidade mais importante na comunicação é saber ouvir. É interessante notar que aprendemos a escrever, falar e ler, mas quase nunca nos ensinaram a ouvir corretamente as verdadeiras intenções que envolvem as palavras.

Quando utilizamos somente a estrutura da audição, desprezando as forças sutis da alma, nunca chegamos às profundezas da percepção do espírito.

Escutar é simplesmente manter um diálogo convencional, passageiro e corriqueiro; ouvir, porém, é embrenhar-se na troca de alma para alma, em que a essência realmente age com sintonia e inspiração.

Não podemos nos esquecer de que nosso objetivo é ouvir para que, obtendo uma noção clara do que a pessoa está dividindo conosco, possamos aconselhá-la o mais corretamente possível.

É fundamental que o orientador procure entender o que está sendo transmitido, evitando argumentar, recriminar, inquirir ou dar respostas apressadas e irrefletidas.

Quem orienta deve aprender a captar tanto visual como auditivamente, controlando suas emoções e a tendência de responder antes que a criatura termine sua exposição.

Para podermos induzir uma comunicação aberta entre companheiros que nos procuram, comecemos antes de tudo, por nós mesmos. Sejamos francos e acessíveis nos contatos pessoais. Se o dirigente se fechar ou mostrar-se reservado, certamente encontrará a mesma dificuldade no comportamento do outro.

A prece, aliada à inspiração dos bons espíritos, dará o significado e a verdadeira intenção do intercâmbio verbal.

Em nossas atividades evangélicas, o êxito do atendimento depende da atenção ao que foi dito ou feito, bem como da forma como agimos e auxiliamos diante do problema relatado.

O apóstolo João recomenda a necessidade de ouvir o que o Espírito diz.

Entendia que somente dessa forma é que se pode utilizar com sabedoria do silêncio ou da palavra, diferenciar com segurança a sombra da luz e separar com sensatez o joio do trigo.

A Luz do Mundo ouvia espiritualmente as situações; portanto, auxiliava sem ofender, esclarecia sem ferir, ensinava sem perturbar.

O Cristo Jesus instruía falando e exemplificando, Os homens que exclusivamente O escutavam não absorveram suas lições imorredouras; porém, todos aqueles que O ouviram em espírito e verdade impressionaram suas almas para a Eternidade e se converteram em plenitude.

Livro: Conviver e Melhorar - Batuíra
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto

10 novembro 2006

Aqueles que Desertam - Batuíra

AQUELES QUE DESERTAM


“De fato, é de perseverança que tendes necessidade, para cumprirdes a vontade de Deus...” (Hebreus, capítulo 10º, versículo 36)

Perseverança cristã abrange um estado de maturidade ou evolução vivenciados nos setores vitais da existência da alma: o social, o físico e o espiritual. Essa vivência permite-nos assumir as mais diversas responsabilidades diante da vida. A maturidade física seria apenas um setor, pois apenas se refere à integridade do organismo denso, porém não basta para traçarmos um verdadeiro perfil de maturidade evolutiva.

Companheiros inconstantes e vacilantes assemelham-se às ondas do mar: são arremessados pelos ventos da instabilidade e atirados de um lado para outro. Desenvolveram-se fisicamente, mas continuam ainda infantilizados quanto aos compromissos com a lide do Senhor. Não compreendem a importância da hora que passa e, sem firmeza, recuam ante os desafios do serviço. Não possuem fibra nem pulso forte.

Na Casa Espírita, se a maioria procura agir entre a perseverança e a responsabilidade, alguns se esquecem com facilidade de seus postos de trabalho, nos quais se comprometeram a servir.

O núcleo de trabalho em sua estrutura ideológica introduz nos seus adeptos um modelo de crescimento. Ele propõe basicamente três itens: - uma noção de onde nos encontramos; um ideal maior para onde deveremos ir; e um caminho de excelências que nos leva do primeiro para o segundo. Em todos os itens, a principal ocupação é a melhoria e o aprimoramento da nossa condição evolutiva. O crescimento dos obreiros consiste em sua autodeterminação, ou seja, sua permanência na senda que leva ao item final.

Certamente, em todas as áreas do serviço cristão, a troca freqüente de experiências é muito saudável. Mas o raciocínio baseado na concorrência pode se tornar bastante danoso e perturbador.

Sena razoável, portanto, que, antes de tomarmos qualquer decisão de retirar-nos da obra, consultássemos o grupo, ou o seu dirigente, visto que seria deselegante de nossa parte desistir sumariamente, sem dar qualquer satisfação. É compreensível a desistência, mas os bons modos são imprescindíveis.

Ninguém poderá se esquivar da parcela de empenho e vigor que lhe cabe na obra de aperfeiçoamento próprio. Quando Paulo recomendou a persistência, tornava claro o longo caminho dos que procuram as culminâncias da elevação espiritual.

Se dentro dessa campanha de fraternidade alguns deixam os encargos assumidos, outros passam a substituí-los. Se, no entanto, alguém se sentir sobrecarregado, não deverá esmorecer, pois em pouco tempo o Senhor encaminhará por certo outras criaturas para assumir as tarefas abandonadas.

A reciclagem na Casa Espírita é feita sempre sob os auspícios dos Benfeitores Maiores, que guiam a missão do Cristianismo Redivivo. O Pai dispõe de inúmeros recursos para manter o bem, não faltando nunca mãos dedicadas e braços valorosos na enxada da caridade.

Por imaturidade, muitos não valorizam os postos que lhes foram confiados para o próprio reerguimento espiritual, e desertam. Amadurecimento é conquista das criaturas que já elegeram o Mestre Nazareno como guia e modelo. Essas almas adultas herdarão o Reino dos Céus.

Livro: Conviver e Melhorar - Batuíra
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto

 

09 novembro 2006

Autoridade e Autoritarismo - Batuíra

 
AUTORIDADE E AUTORITARISMO

“... as multidões ficaram extasiadas com o seu ensinamento, porque as ensinava com autoridade e não como os seus escribas.” (Mateus, capítulo 7º, versículos 28 e 29)

As organizações cristãs e o apostolado que lhes diz respeito caracterizam-se pelo auxílio fraterno, sem golpes de autoritarismo, sem gestos de condenação. Combater a ignorância e acender as chamas da esperança nas almas deve ser a meta dos que dirigem e orientam.

Quando falamos, revelamos o nosso interior, não só pelas palavras que utilizamos mas também pelos gestos, pela inflexão ou entonação da voz. O olhar, a forma e o tom das expressões acentuam ou suavizam o sentido das frases, disseminando entendimento ou fomentando descontentamento.

Comunicando de forma impulsiva e apressada os avisos e as informações de caráter administrativo, os trabalhadores poderão desfigurar a importância de cada um deles, colocando objeções de forma oculta ou declarada.

Uma grande orquestra necessita, além da competência de seu maestro, da cooperação e capacitação técnica de todos os músicos, para que possa executar com perfeição acordes melodiosos descritos nas pautas musicais. O conjunto depende das partes.
Por mais que Mozart nos tenha legado todo o seu talento primoroso e por mais que todos se conduzam pelas mãos do regente, que se atém à partitura, se um único instrumentista desafinar, comprometerá a execução da obra musical.

Essa analogia tem a providencial utilidade de deixar-nos cientes quanto à nossa quota de participação para o êxito da tarefa na organização da Casa Espírita. Se ocorrer problemas por conta de nossa displicência, seremos nós mesmos os primeiros a não receber os benefícios da harmonia e da fraternidade, por termos saído da sintonia mental.

O coordenador do grupo deverá efetuar e regulamentar reuniões de esclarecimento e de ajuste quanto à organização dos serviços. É importante também que saiba motivar os operários do bem, através de estímulos externos: ambiente de trabalho agradável e arejado, adaptação aos usos e costumes modernos, por meio de recursos audiovisuais, por exemplo, que facilitam a concentração, preces e meditações. E, da mesma forma, que consiga provocar nos servidores, por prioritários e imprescindíveis, estímulos internos: vontade de progredir, pensamentos elevados, autoconfiança, comunhão fraternal e busca constante de inspiração na Videira de Luz.

O bom coordenador deve enfatizar os pontos positivos do grupo, sem ignorar suas limitações e sem deixar de lado a responsabilidade e encargos de sua ação disciplinar. Deve ter uma saudável filosofia de vida para poder ajudar com otimismo, sobrepor-se ao negativismo e partir da premissa de que a cortesia e a compreensão com respeito aos erros humanos é uma das maiores provas de caridade e amor cristão.

Havendo necessidade de repreender alguém, que procure fazê-lo de modo reservado e cordial, usando sempre de empatia, ou seja, colocando-se imaginariamente no lugar do outro e observando como gostaria de ser advertido se tivesse cometido a mesma falta.

A autoridade de Jesus Cristo, a que se refere Mateus nesses versículos, é o poder de quem já aprendeu a unir-se aos outros, sem exigir de maneira autoritária que os outros gravitem em torno de seus passos. E o comportamento de quem ensina respeitando os outros, a fim de atingir a unidade ou união fraternal.

Para bem aconselhar, é preciso escolher o momento oportuno, utilizar termos claros e exatos, demonstrando coerência entre a orientação e a atitude adotada.

Não é possível criar qualquer analogia entre imposição e aconselhamento. Seja qual for o setor de atividades e de relacionamentos da alma humana, a política administrativa deve estar sempre aliada à autoridade moral e à brandura de sentimentos.

Livro: Conviver e Melhorar - Batuíra - 
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto