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09 novembro 2006

Autoridade e Autoritarismo - Batuíra

 
AUTORIDADE E AUTORITARISMO

“... as multidões ficaram extasiadas com o seu ensinamento, porque as ensinava com autoridade e não como os seus escribas.” (Mateus, capítulo 7º, versículos 28 e 29)

As organizações cristãs e o apostolado que lhes diz respeito caracterizam-se pelo auxílio fraterno, sem golpes de autoritarismo, sem gestos de condenação. Combater a ignorância e acender as chamas da esperança nas almas deve ser a meta dos que dirigem e orientam.

Quando falamos, revelamos o nosso interior, não só pelas palavras que utilizamos mas também pelos gestos, pela inflexão ou entonação da voz. O olhar, a forma e o tom das expressões acentuam ou suavizam o sentido das frases, disseminando entendimento ou fomentando descontentamento.

Comunicando de forma impulsiva e apressada os avisos e as informações de caráter administrativo, os trabalhadores poderão desfigurar a importância de cada um deles, colocando objeções de forma oculta ou declarada.

Uma grande orquestra necessita, além da competência de seu maestro, da cooperação e capacitação técnica de todos os músicos, para que possa executar com perfeição acordes melodiosos descritos nas pautas musicais. O conjunto depende das partes.
Por mais que Mozart nos tenha legado todo o seu talento primoroso e por mais que todos se conduzam pelas mãos do regente, que se atém à partitura, se um único instrumentista desafinar, comprometerá a execução da obra musical.

Essa analogia tem a providencial utilidade de deixar-nos cientes quanto à nossa quota de participação para o êxito da tarefa na organização da Casa Espírita. Se ocorrer problemas por conta de nossa displicência, seremos nós mesmos os primeiros a não receber os benefícios da harmonia e da fraternidade, por termos saído da sintonia mental.

O coordenador do grupo deverá efetuar e regulamentar reuniões de esclarecimento e de ajuste quanto à organização dos serviços. É importante também que saiba motivar os operários do bem, através de estímulos externos: ambiente de trabalho agradável e arejado, adaptação aos usos e costumes modernos, por meio de recursos audiovisuais, por exemplo, que facilitam a concentração, preces e meditações. E, da mesma forma, que consiga provocar nos servidores, por prioritários e imprescindíveis, estímulos internos: vontade de progredir, pensamentos elevados, autoconfiança, comunhão fraternal e busca constante de inspiração na Videira de Luz.

O bom coordenador deve enfatizar os pontos positivos do grupo, sem ignorar suas limitações e sem deixar de lado a responsabilidade e encargos de sua ação disciplinar. Deve ter uma saudável filosofia de vida para poder ajudar com otimismo, sobrepor-se ao negativismo e partir da premissa de que a cortesia e a compreensão com respeito aos erros humanos é uma das maiores provas de caridade e amor cristão.

Havendo necessidade de repreender alguém, que procure fazê-lo de modo reservado e cordial, usando sempre de empatia, ou seja, colocando-se imaginariamente no lugar do outro e observando como gostaria de ser advertido se tivesse cometido a mesma falta.

A autoridade de Jesus Cristo, a que se refere Mateus nesses versículos, é o poder de quem já aprendeu a unir-se aos outros, sem exigir de maneira autoritária que os outros gravitem em torno de seus passos. E o comportamento de quem ensina respeitando os outros, a fim de atingir a unidade ou união fraternal.

Para bem aconselhar, é preciso escolher o momento oportuno, utilizar termos claros e exatos, demonstrando coerência entre a orientação e a atitude adotada.

Não é possível criar qualquer analogia entre imposição e aconselhamento. Seja qual for o setor de atividades e de relacionamentos da alma humana, a política administrativa deve estar sempre aliada à autoridade moral e à brandura de sentimentos.

Livro: Conviver e Melhorar - Batuíra - 
Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto

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