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08 março 2008

Parábola Moderna - Ignotus

PARÁBOLA MODERNA

Enfermara fazia muito tempo e transitara de guichê em guichê de informações, munido com a competente guia para o internamento hospitalar.

Difícil, ali, a vaga de que necessitava.
Adicionando à enfermidade a fome perseguidora, desmaiou à porta da Repartição, quase ao término do expediente.

Passado o primeiro choque de alguns transeuntes, ali ficou semi-hebetado.
- Certamente é bebida, afirmaram alguns, ou epilepsia, completaram outros.
- Convém que não nos metamos, acentuaram terceiros, e ele ficou girando no mundo do vagado demorado.

A noite caiu e ele, sem forças, continuou tombado.
A precipitação de todos não tinha tempo para examiná-lo; a velocidade dos veículos não permitia que o vissem desfalecido.
Ele permaneceu derreado.

Quando o silêncio se abatera sobre o centro comercial, um petiz desafortunado vendo-o tombado se acercou e perguntou-lhe o que havia. Ele balbuciou algumas palavras e o menino de rua, acostumado ao sofrimento humano, respondeu: "Isto se resolve com uma xícara de café."

Saiu a correr e a correr retornou, trazendo nas mãos o estimulante que lhe faltava ao corpo combalido.

Depois, ofereceu-lhe ombro gentil e ajudou-o a tomar a condução em local próximo a fim de retornar ao lar.

A criança não lhe pediu o nome. Nem ele agradeceu ao benfeitor anônimo.
Tudo sob o manto da noite e o olhar da Caridade.

*
Cuidado com a indiferença! Porque tudo esteja mal, não agraves com o cepticismo a maldade que grassa.

Sê o Samaritano, mesmo que não tenhas "nada com isto", que ele não seja dos teus e que a pressa te esteja impulsionando para dele fugir.

Talvez, um dia, - pois que ninguém está isento dessa ocorrência - sejas tu o tombado, na calçada da rua, ou no leito do hospital, em qualquer lugar, sob o manto da noite e o olhar da Caridade.

De "Espelho d'alma", de Divaldo Pereira Franco,
pelo espírito Ignotus

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