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17 março 2008

A Importância do Mundo - Francisco de Paula Vítor

A IMPORTÂNCIA DO MUNDO

"Não te peço para que os tires do mundo, mas para que os livres do mal."
Jesus (Jo, 17:15)

Sem embargo, é nos vastos cenários da existência terrena que o espírito reencarnado precisa crescer para Deus, avançando na conquista das suas perfeições.

Lamentável é que há tanto tempo se pense que para servir a Deus e eximir-se dos erros, tenha-se que fugir da convivência do mundo.

A formação das escolas iniciáticas, monastérios e claustros, ao longo das experiências das sociedades humanas, se teve a virtude de permitir o desenvolvimento de férreas disciplinas em muitas almas, se conseguiu a valorização de hábitos de trabalhos, dos mais simples aos mais elaborados, impôs neuroses múltiplas e incontáveis torturas íntimas por causa da constante presença do pecado e das fobias desconcertantes relativas aos poderes satânicos do mal.

Por outro lado, o afastamento do aconchego familiar por parte de corações, na maioria das vezes muito jovens e inexperientes, determinou o surgimento de irresolúveis ansiedades e carências efetivas perturbadoras.

Criaturas meigas e mansas aceitavam todos esses padecimentos como desígnios de Deus, como sua missão terrena, e se convertiam em eminentes servidores do bem, estendendo o amor de suas almas dulcificadas.

Outras, porém, a quem se impunha tal vivência, fosse por imposição de castigos por parte da família, fosse por determinação da orfandade, tornavam-se exemplos completos de frieza, de insensibilidade e mesmo de maldade extrema, dispostas aos crimes mais horrendos, em nome de Deus, bandeando-se, muitas vezes, para viciações e incontinências, como se cometessem inconscientes vinganças que, quanto mais as praticavam, mais se atormentavam em seu âmago entre remorsos e revoltas.

A visão do mundo como um antro de perdição, incontestavelmente, é grave equívoco decorrente da miopia espiritual dos indivíduos. O Senhor não nos situaria num inferno, a fim de, sadicamente, punir-nos depois da queda.

O mundo é uma escola que atende a alunos de vários níveis em incontáveis estágios de compreensão e maturidade.

É no atritar das diferenças que nasce a lucidez para o bom e para o belo. É desse conjunto de contrastes que surge o discernimento entre o que nos é lícito e o que nos é conveniente, de acordo com a advertência do Apóstolo Paulo.

Condenar o mundo porque muitos se perdem será ignorar que nele também muitos se alcandoram, muitos se iluminam.

Ver no mundo a matriz de todos os males humanos será inculpar a boa escola porque grupos de estudantes preferiram ser relapsos, dando as costas aos esforços, às nobres disciplinas, à dedicação aos compromissos.

Quando Jesus roga ao Pai pelos Discípulos, que ficariam sem a Sua presença física, comove-nos ao valorizar as experiências do mundo, ainda quando sejam difíceis, enfatizando a importância de que eles não tombassem nas ciladas do mal. E pede, então, para que o Pai Celeste os livrasse do mal.

Do mesmo modo que o Mestre, ao nos ensinar a orar, roga ao Criador para que não nos deixasse cair em tentação, e que nos livrasse do mal que nos torna maus indivíduos, agora Ele o repetiria ao pedir pelos Seus Continuadores.

Não será difícil perceber, então, que o grande problema para o espírito em experiências libertadoras no mundo não é o mundo em si mesmo, mas os apelos de fora, que entram em ressonância com a perturbação do íntimo, fechando o circuito das tentações, capazes de nos incitar o desejo da fuga do equilíbrio do bem, o que caracteriza a comunhão com a desarmonia do mal.

Não te peço para que os tires do mundo...
Jesus é o Guia Seguro da humanidade, perenemente de braços abertos, confiante em nossa vontade de vencer o mundo tortuoso de dentro, que reflete perturbação do lado de fora, e de abençoar o mundo dificultoso de fora, que nos proporciona valiosas e felizes conquistas para o mundo renovado de dentro.

De "Quem é o Cristo?", de J. Raul Teixeira,
pelo Espírito Francisco de Paula Vítor

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