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01 setembro 2009

Sonambulismo - Revista Cristã de Espiritismo

Sonambulismo

O iniciante ou o leigo no espiritismo pode ter a falsa impressão de que os médiuns, em geral, são capazes de se comunicar indistintamente com os espíritos, vê-los, ouvi-los, escrever suas mensagens em folhas de papel, entre outras formas mais ou menos conhecidas.
Isto é um erro. A mediunidade, para nos situarmos em sua conceituação, é a faculdade que possuímos de entrar em contato com o plano espiritual. É uma faculdade que todos possuímos, embora se manifeste diversamente, em qualidade e intensidade, nas diferentes pessoas. A mediunidade possui um forte componente orgânico. Sabemos que a glândula pineal, localizada no cérebro, tem importante papel na mediunidade. Além da glândula pineal, localizada no corpo físico, nosso corpo espiritual, ou perispírito, tem importante papel na mediunidade. Conforme a doutrina espírita, no homem há três coisas: o espírito, que é o ser inteligente; o corpo físico que é o instrumento e o perispírito, que é o intermediário entre o espírito e o corpo. O médium, portanto, a depender das qualidades de sua glândula pineal, e de seu perispírito, pode apresentar diferentes tipos de mediunidade, e manifestar estas faculdades mais ou menos intensamente, ou ostensivamente, como se costuma falar. Como estamos tratando dos diferentes tipos de mediunidade, vamos primeiro enumerá-las, para depois entrar em detalhes sobre cada uma delas.

Inicialmente é preciso considerar que a mediunidade é a faculdade pela qual os espíritos se manifestam a nós, e que estas manifestações podem ser divididas em dois grandes grupos: manifestações físicas e manifestações inteligentes. Chamamos de manifestações físicas aquelas que não contém mensagens ou comunicações, como pancadas, ruídos, movimento de objetos, aparições mudas, etc. Chamamos de manifestações inteligentes aquelas nas quais os espíritos de alguma forma se comunicam conosco, expondo suas idéias ou respondendo nossas perguntas. Por vezes estas manifestações podem ocorrer concomitantemente, ou seja, podem ocorrer ruídos e pancadas seguidas da aparição de um espírito que se faça ouvir e com quem se possa palestrar. Mas é importante lembrarmos que nem todos os médiuns são capazes de produzir todos os fenômenos. Há médiuns clarividentes, por exemplo, que não são capazes de fazer mover objetos, ou que nunca experimentaram o assédio de pancadas e ruídos. Há excelentes médiuns psicógrafos que não são capazes de ouvir espíritos. Há médiuns clariaudientes, que dialogam freqüentemente com diversos espíritos, que não são capazes de ver espírito algum.

Ao contrário do que muitos pensam, ver espíritos não é a faculdade mais desejável, nem a que faz render os melhores frutos para a humanidade. A faculdade de psicografia oferece inúmeras vantagens. A primeira delas é a de possibilitar registros escritos, duradouros. A segunda, é que permite uma análise demorada da comunicação, que permita a identificação e a comprovação da identidade do espírito comunicante. A terceira é que pode ser impressa e multiplicada a fim de distribuir a mensagem dos espíritos superiores. A psicografia possui algumas características que valem a pena ser destacadas. O médium que psicografa pode captar a mensagem de diferentes maneiras. Pode ouvir um ditado em sua audição espiritual, que só o médium ouve, e então traçar de próprio punho as letras que se lhe sugere. É a psicografia intuitiva. Pode ser tomado de um frêmito em seu braço, ou seus braços, e tomar um lápis ou caneta, traçando movimentos involuntários e freqüentemente que perfazem caracteres que o médium desconhece, percebendo seu conteúdo somente após a mensagem, ao lê-la. É a psicografia mecânica. A forma mais comum é a psicografia semimecânica, que é um misto das duas. A psicografia, em casos mais raros, pode apresentar a caligrafia do espírito comunicante, ou especialmente, a caligrafia do espírito em sua assinatura.

O nosso saudoso médium Francisco Cândido Xavier possuía esta característica em boa parte das mensagens que psicografava, e isto muito ajudou na comprovação dos fenômenos espíritas, e na constituição de uma prova da sobrevivência da alma após a morte. Existem outros tipos de mediunidade, mas, neste momento, vamos falar sobre mediunidade e sonambulismo.

Quando ocorre a eclosão mediúnica?

Se você se refere à fase em que a mediunidade eclode, ou desponta, o mais comum é na adolescência, embora possa se dar desde a infância até a maturidade. Mas é bom lembrar que até os sete anos de idade a criança ainda não completou sua reencarnação como um todo. É passível de se comunicar com “amigos imaginários”, que na verdade se tratam de espíritos. E pessoas muito idosas, no leito de morte, já iniciam o processo de desligamento, sendo igualmente capazes de entrar em contato mais facilmente com a espiritualidade. Experiências de quase-morte e momentos de grave doença são capazes de proporcionar momentos de contato com o plano espiritual.

O que é o sonambulismo? É um tipo de mediunidade? Não se pode confundir o sonambulismo com a mediunidade sonambúlica.

Para tanto, vamos lembrar do que se trata o sonambulismo. No sonambulismo, o espírito, durante o sono, se desprende parcialmente do corpo físico. Neste estado, o espírito passa a controlar o corpo, sendo capaz de levantá-lo de seu repouso e dirigir-se a outros lugares da casa, permanecendo o corpo em estado de sono. O espírito é capaz de guiar o corpo, mesmo estando este de olhos fechados, abrir e fechar portas, apanhar objetos etc. Entretanto, é importante lembrar que o fenômeno não é mediúnico. Na mediunidade sonambúlica, ocorre um fenômeno análogo. Só que não é o espírito do médium que passa a controlar o corpo, mas sim, outro. Daí que o fenômeno passa a ser mediúnico. Só que o que se obtém, via de regra, não é um passeio do corpo, mas uma comunicação, num estado em que o médium se encontra completamente inconsciente.

Aparelhos eletrônicos que ligam sozinhos. Isso é mediunidade?

É mediunidade, freqüentemente. Assim como os espíritos são capazes de mover objetos, são capazes de pressionar botões ou teclas que iniciam os aparelhos. É preciso, entretanto, certificar-se de que se trata de um fenômeno mediúnico. Por exemplo, se ocorre sempre com a mesma pessoa, é um indício, pois o fenômeno depende de um médium de efeitos físicos presente. Se tratando de mais de um aparelho, a hipótese de defeito mecânico fica menos provável,e assim por diante. É preciso que o médium que se reconhece a partir destes fenômenos procure educação mediúnica, o que não significa, de maneira alguma, trabalho mediúnico ou desenvolvimento mediúnico. O que importa, é conhecer a mediunidade para se prevenir contra os problemas que a ignorância pode acarretar.

Quais outros meios para se ter certeza de que se trata mesmo de um fenômeno mediúnico?

Dois meios eu já indiquei, que consiste na verificação da ocorrência do fenômeno a partir da presença de uma pessoa em específico. Outro é o da verificação da ocorrência em mais de um aparelho, pois seria muita coincidência que mais de um aparelho estivesse com este defeito em especial. Um terceiro seria a verificação da ocorrência de outros fenômenos físicos que se lhe acompanham, como movimentos de objetos, ruídos etc. É preciso fé em Deus e nos espíritos em diversas ocasiões da vida, mas na comprovação de fenômenos mediúnicos é preciso uma boa dose de ceticismo.

Como podemos definir transe mediúnico?

“O estado de transe é esse grau de sono magnético que permite ao corpo fluídico exteriorizar-se, desprender-se do corpo carnal, e a alma tornar a viver por um instante sua vida livre e independente (...)” Léon Denis - No Invisível.

Deste modo, poderíamos caracterizar o transe mediúnico como um estado em que o médium se encontra em desdobramento parcial, inconsciente, possibilitando uma mais ampla comunicação do espírito comunicante. Entretanto, não é em todas as manifestações mediúnicas que o médium entra em transe. Em uma casa “mal-assombrada”, por exemplo, o médium simplesmente doa fluidos para que os ruídos, gritos e pancadas se produzam, sem ao menos se dar conta de que é a causa do fenômeno, apavorando-se com o mesmo. Ou seja, não entra em um estado inconsciente que caracteriza o transe.

Qual é a diferença da psicofonia e da mediunidade sonambúlica?

Na verdade, estando o médium sonâmbulo, ele é capaz de produzir a psicofonia, assim como a psicografia, entre outros fenômenos. Entretanto, não é preciso estar sonâmbulo para tanto. Esta é a diferença.

Como o médium deve se comportar, frente ao trabalho mediúnico?

Bem, as exigências se dão em dois sentidos, o intelectual e o moral. Do ponto de vista intelectual, o médium deve se instruir, tanto em nível de conhecimentos gerais, como no de conhecimentos espíritas, sem esquecer os temas específicos da mediunidade. Do ponto de vista moral, deve buscar sempre a dignidade, amparando-se no evangelho cristão.

Entrevista realizada pelo cana IRC-Espiritismo e publicada na edição 36 da Revista Cristã de Espiritismo

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