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26 outubro 2009

Paciência - Humildade - Cenyra Pinto

PACIÊNCIA - HUMILDADE

Por mais que se fale sobre a paciência, não se conseguirá jamais alcançá-la em toda a sua plenitude.

Ela encerra todas as experiências e conquistas do homem sobre si mesmo. Contém a humildade, a bondade, a tolerância: produtos de compreensão.

Ninguém conseguirá ter paciência se não tiver humildade. A humildade tão apregoada é um sentimento que o seu verdadeiro possuidor desconhece, tão natural é a qualidade na sua formação.

Não é humilde quem se esconde para não ser visto, quem recusa aplausos e foge às glórias e aos poderes temporais. A vaidade muitas vezes se recobre com o manto da humildade para enganar os incautos.

O humilde, onde estiver, em meio às honrarias do mundo ou mergulhado na miséria, é sempre o mesmo homem simples, sem vaidade ou revolta pela condição que lhe é dada viver: vive despreocupadamente, agindo sempre com equilíbrio. Não se ofende com a ofensa: não por covardia, mas por ser invulnerável, uma vez que nada existe em seu íntimo capaz de vibrar e corresponder ao insulto.

Compreende a natureza humana porque já a interpretou nas zonas profundas da sua alma.

O mundo não entende o humilde, rebaixa-o pela dificuldade de compreender tal natureza, distante do campo negativo das experiências terrenas. O humilde modificou sua expressão na superfície da personalidade porque transformou-se em sua intimidade. Sofre pelo ofensor, não pela ofensa.

Seu estado de compreensão permite-lhe viver suas conquistas sem se julgar superior. Sabe o que foi e os sacrifícios que experimentou no trabalho de transformação interna, por isso vê cada um no seu verdadeiro lugar e dispensa a todos amável consideração.

Escandaliza aos outros mas não se aborrece a si mesmo.

Não interfere na experiência de ninguém, a não ser para auxiliar, havendo receptividade e ocasião conveniente.

Jamais passa por virtuoso e alardeia virtudes.

Esforçai-vos, caros irmãos, para compreenderdes vossa verdadeira natureza e vencer-vos em vossas debilidades, a fim de subirdes um pouco mais; e assim, sem os obstáculos que vos impediam de ver outras paisagens na distância, vossa visão se ampliará e iluminará, reconhecendo o engano da limitação em que viveis.

Que as pedras da ignorância ao tocarem o bronze de vossas reais qualidades soem como um sino festivo, convidando aos que despertaram para a oração do amor e da alegria.

De "Vem!...", de Cenyra Pinto

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