PACIÊNCIA - HUMILDADE
Por mais que se fale sobre a paciência, não se conseguirá jamais alcançá-la em toda a sua plenitude.
Ela encerra todas as experiências e conquistas do homem sobre si mesmo. Contém a humildade, a bondade, a tolerância: produtos de compreensão.
Ninguém conseguirá ter paciência se não tiver humildade. A humildade tão apregoada é um sentimento que o seu verdadeiro possuidor desconhece, tão natural é a qualidade na sua formação.
Não é humilde quem se esconde para não ser visto, quem recusa aplausos e foge às glórias e aos poderes temporais. A vaidade muitas vezes se recobre com o manto da humildade para enganar os incautos.
O humilde, onde estiver, em meio às honrarias do mundo ou mergulhado na miséria, é sempre o mesmo homem simples, sem vaidade ou revolta pela condição que lhe é dada viver: vive despreocupadamente, agindo sempre com equilíbrio. Não se ofende com a ofensa: não por covardia, mas por ser invulnerável, uma vez que nada existe em seu íntimo capaz de vibrar e corresponder ao insulto.
Compreende a natureza humana porque já a interpretou nas zonas profundas da sua alma.
O mundo não entende o humilde, rebaixa-o pela dificuldade de compreender tal natureza, distante do campo negativo das experiências terrenas. O humilde modificou sua expressão na superfície da personalidade porque transformou-se em sua intimidade. Sofre pelo ofensor, não pela ofensa.
Seu estado de compreensão permite-lhe viver suas conquistas sem se julgar superior. Sabe o que foi e os sacrifícios que experimentou no trabalho de transformação interna, por isso vê cada um no seu verdadeiro lugar e dispensa a todos amável consideração.
Escandaliza aos outros mas não se aborrece a si mesmo.
Não interfere na experiência de ninguém, a não ser para auxiliar, havendo receptividade e ocasião conveniente.
Jamais passa por virtuoso e alardeia virtudes.
Esforçai-vos, caros irmãos, para compreenderdes vossa verdadeira natureza e vencer-vos em vossas debilidades, a fim de subirdes um pouco mais; e assim, sem os obstáculos que vos impediam de ver outras paisagens na distância, vossa visão se ampliará e iluminará, reconhecendo o engano da limitação em que viveis.
Que as pedras da ignorância ao tocarem o bronze de vossas reais qualidades soem como um sino festivo, convidando aos que despertaram para a oração do amor e da alegria.
De "Vem!...", de Cenyra Pinto
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