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15 janeiro 2011

Deus é Ecumênico - Rita Foelker

Deus é Ecumênico

Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, não temos uma idéia completa de seus atributos? Do vosso ponto de vista, sim, porque acreditais abranger tudo. Mas ficai sabendo bem que há coisas acima da inteligência do homem mais inteligente e que a vossa linguagem, limitada às vossas idéias e sensações, não pode explicar. (...) O Livro dos Espíritos, questão 13.
Ecumênico. Não, este não é o mais novo atributo de Deus. É apenas uma tentativa de compreender melhor esta ligação entre o Criador e nós, suas criaturas em evolução.
Querer fazer com que Deus caiba em palavras é um destes equívocos da racionalização, que impedem uma compreensão mais profunda e verdadeira das coisas. Mas se, por um lado, as palavras têm suas limitações, por outro, elas nos ajudam a pensar.

Ecumênico significa geral, universal. Sem recorrer a uma definição de dicionário, podemos dizer que ecumênico é um adjetivo que exprime uma disposição de aceitação, de convivência e de diálogo entre diversas idéias religiosas e filosóficas a respeito de Deus e de assuntos relacionados.
Um pensamento ecumênico é aquele que não reconhece Deus como pertencente a esta ou àquela visão doutrinária.

Podemos dizer que este é o pensamento espírita, segundo o qual tudo na Criação é uma prova da Inteligência Divina e nada se exime de suas leis. Deus ama, como suas criaturas, os espíritas, assim como os budistas, os católicos e os ateus. Todos são Espíritos em experiências evolutivas.

Os diferentes níveis de desenvolvimento da inteligência e da virtude geram formas diferentes de adoração. Da escolha de orações, vestimentas e locais específicos, até a liberdade de apenas sentir Sua presença em toda parte e buscá-lo em espírito e verdade - todas estas formas de adoração sendo consideradas legítimas, desde que embasadas na sinceridade do sentimento. Se tudo manifesta Deus, como ele poderia não estar em algum lugar? Alguém estaria impedido da ligação com Deus através da prece, apenas pela sua forma de pensar?...

Quando se diz que Deus está "ausente", há uma imprecisão da nossa linguagem. É um modo de dizer que nós o deixamos de fora de nossas vidas, que ele não está em nosso coração, iluminando nossa razão e nossas escolhas, por vontade nossa. Pode significar também que deixamos de senti-lo. Mas em alguns meios, independentemente de denominações religiosas, conseguimos senti-lo melhor. E onde sentimos mais a sua presença é onde as criaturas buscam sinceramente aproximar-se dele e dar um sentido maior às suas vidas. É o efeito da comunhão do pensamento, de várias mentes e corações unidos num propósito.

Quando isto ocorre, não é porque algum sacerdote, pastor ou dirigente espírita se coloca a falar em nome de Deus ou em nome da verdade, que conseguimos sentir a presença de Deus naquele local, mas porque há ali criaturas unidas pela fé, seja ela cantada, recitada ou silenciosa; seja em grego, inglês ou japonês; em pé, sentadas ou de joelhos.

Entre os espíritas, dizemos que Deus não está confinado num templo ou igreja, significando que podemos perceber sua existência em toda parte e nos ligarmos a ele, através da prece, onde quer que estejamos. Ou seja, se buscado com sinceridade nos templos e igrejas, aí será encontrado. Mas há espíritas que se recusam a participar de cultos religiosos, até mesmo para acompanhar amigos e parentes, justificados pelo simples fato de serem espíritas. Ao menos para mim, esta atitude soa como discriminatória e preconceituosa e não caberia dentro das concepções filosóficas do Espiritismo.

Arriscaria dizer, poeticamente, que Deus vela por suas criaturas de maneira tão particular e única, que se apresenta a cada um da forma como melhor possa ser compreendido, no momento presente.

Por Rita Foelker


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