É evidente que, se não fossem os preconceitos sociais, pelos quais se deixa o homem dominar, ele sempre acharia um trabalho qualquer, que lhe proporcionasse meio de viver, embora deslocando-se da sua posição. Mas, entre os que não têm preconceitos ou os põem de lado, não há pessoas que se veem na impossibilidade de prover às suas necessidades, em consequência de moléstias ou outras causas independentes da vontade delas?
Numa sociedade organizada segundo a Lei do Cristo, ninguém devemorrer de fome.
O Livro dos Espíritos – Questão nº 930
Há indivíduos indolentes e indisciplinados que vivem em situação difícil por sua própria culpa. Mas há, também, os que experimentam amargas privações decorrentes de circunstâncias alheias à sua vontade:
O doente sem recursos...
O velho sem abrigo...
A criança abandonada...
O operário desempregado...
Imagina-se que providências a respeito do assunto são de alçada exclusiva do Governo, chamado ao atendimento da população carente e à erradicação da miséria.
No entanto, a sociedade somos nós, cidadãos que a compomos.
O Governo é apenas uma representação. Não podemos, portanto, debitar-lhe inteiramente a solução desse problema, mesmo porque a cristianização da sociedade não depende de iniciativas dos poderes constituídos. Fraternidade, solidariedade, misericórdia, caridade, compaixão, não são passíveis de imposição por decretos.
A própria subordinação de movimentos religiosos ao Estado sempre conduz a perigosos desvios. Exemplo típico temos no famoso Édito de Milão, no Século IV, em que Constantino iniciou o processo que transformaria o Cristianismo em religião oficial do Império Romano.
Nem por isso instalou-se uma sociedade cristã. Ao contrário — o artificialismo, a hipocrisia, as exterioridades, males insistentemente combatidos por Jesus, tomaram de assalto o culto cristão, atrelado ao carro do poder temporal e sujeito, em decorrência, às influências daqueles que disputavam as glórias humanas.
De “Um jeito de ser feliz”, de Richard Simonetti
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