Total de visualizações de página

08 janeiro 2011

A Verdade que Liberta - Raul Teixeira


A Verdade que Liberta

Aprendemos com Jesus Cristo: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.

Ora, ouvimos isto do Mestre, há vinte e um séculos e não nos parece que essa expressão seja bem compreendida por nós, pela Humanidade cristã.

Ouvimos algo semelhante, nas falas de Buda. Ouvimos algo parecido, nas falas de Lao-Tsé, de Zaratustra, que estavam sempre conclamando sua gente a esse amor à verdade em prol de uma vida melhor, de uma vida livre.

Nesses dois milênios que nos separam da vinda de Jesus Cristo à Terra, temo-nos visto cada vez mais escravizados. Somos escravos, por exemplo, do nosso temperamento e chegamos a afirmar: Quem gostar de mim tem que ser como eu sou. Eu sou assim.

As pessoas não têm noção de que chegamos à Terra como somos, mas não é para que saiamos do mesmo jeito. É para que, durante a vilegiatura humana, a trajetória humana, nos modifiquemos, nos transformemos, uma vez que a Terra é uma grandíssima escola das almas, uma grandíssima escola de todos nós.

Temos sido escravos do nosso temperamento, do gênio ruim.

Há pessoas que têm pavios curtos, outras os têm curtíssimos, e há pessoas que nem pavio tem.

Mas como, se estamos na marcha para a liberdade?

Aprendemos o malefício do mau gênio, do mau temperamento, da irritabilidade. Malefícios sobre a mente, malefícios sobre o corpo, mas nos mantemos assim.

Há outros que são escravos dos vícios. Se não estiverem embriagados não estão bem. Se não estiverem mal cheirosos de tabaco, dentes amarelos, bigodes, unhas amarelas, o tabaco vazando pela sudorese, elas não estão bem.

E aí vamos achando aqueles que são escravos da marijuana, da maconha, da cocaína, do craque, do ecstasy, de toda essa sorte de loucuras químicas ou bioquímicas, que a criatura vai achando no sentido de fugir. Fugir de si mesma, fugir dos problemas do mundo. Mas continua escravo.

Não adianta, muitas vezes, dizer dos malefícios que elas estão provocando à própria saúde. Saúde cerebral, saúde mental, saúde orgânica, de um modo geral.

Nada vale lhes mostrar as amputações, os internamentos hospitalares, muitas vezes psiquiátricos ou a própria visão da morte. Para quem é escravo dos vícios parece que nada disso é verdade. Até o dia em que ocorrem.

Mas ainda nos vemos escravos do medo.

Há pessoas na Terra que têm medo de tudo. Desde medo de barata, da periplaneta australasiae, ao medo de se contaminar.

Medo das doenças, pessoas hipocondríacas. Medo da sociedade, medo de sair à rua. Medo de lidar com os outros, medo de se abrir, medo de amar. Medo de ter filho para que os filhos não sofram. Medos...

Mas como, se Jesus nos disse que o conhecimento da verdade nos libertaria?

Então começamos a perceber. Alguma coisa está equivocada ou aquilo que nós estamos aprendendo não é a verdade ou se é a verdade, não estamos fazendo bom proveito dela.

Dessa forma, constatamos que ainda precisaremos caminhar bastante tempo mais até alcançar essa verdade que tem que nos libertar.

Vale a pena porém, que comecemos a verificar em que níveis de inverdades temos vivido. Quais são as ilusões, que nos têm envolvido.

É tempo de refletir a respeito da maneira como estamos levando a nossa vida, as relações, nossa trajetória. Se nos estamos deixando embair, enganar, iludir por mentiras.

Se estamos criando nossas próprias mentiras e fugindo da verdade. Justificativas que nada justificam, para fugir da realidade.

Mas se o Cristo nos disse: Conhecereis a verdade e ela vos libertará, penso que isso não deve tardar mais.

* * *

Quando nós pensamos nessa questão da necessidade de buscarmos a verdade, é muito comum que as pessoas que querem fugir deste questionamento a si mesmas, fiquem se perguntando: o quê, que é a verdade?

Pilatos fez essa pergunta a Jesus Cristo na hora mais estranha possível.

Quando ele estava mancomunado com a mentira e com os mentirosos e que queria lavar as mãos daquele problema, que Jesus representava pra ele, ele perguntou ao Mestre:

E o que é a verdade?

Quando Cristo disse que quem O conhecia, entendia a verdade da Sua voz.

Jesus podia ter feito o melhor e mais eloquente discurso sobre a verdade, para convencer ou converter a Pilatos e o fez e o discurso mais eloquente que Cristo fez para Pilatos foi silenciar.

Porque o Mestre sabia que é muito complicado querer se falar a verdade para quem gosta da mentira, pra quem ainda não está interessado na verdade.

Então, naquela confusão, naquela gritaria, naquela agitação toda, como é que Cristo atado, sofrido, iria fazer discurso sobre a verdade para Pôncio Pilatos?

Então nós podemos pensar a verdade de duas formas: nós podemos conhecer a verdade, ou seja, tomar informações sobre ela:

Não eu conheço tudo isso! Eu já sei tudo isto!

Em nível meramente intelectual. Nós quando usamos o verbo conhecer, ele admite essas duas facetas: conhecemos o comércio em tal lugar, tenho informações dele.

Eu conheço fulana ou fulano, por vê-los, por saber onde eles moram, mas eu não conheço aquele comércio obrigatoriamente, na sua realização interna. Eu não conheço essas pessoas obrigatoriamente na sua intimidade.

O segundo elemento do verbo conhecer, nos leva a pensar num conhecimento de intimidade.

Quando lemos os livros sagrados, quando lemos a Bíblia e que o escritor diz assim:

E fulana conheceu a seu marido ou conheceu a sua mulher. Isso quer dizer que teve intimidade um com o outro. O verbo conhecer tem relação com a intimidade.

Nós conhecemos alguma coisa, quando conseguimos penetrar a intimidade dessas coisas. Afora isto temos informação a respeito dessas coisas e a essas informações, nós também chamamos de conhecimento.

Enquanto a verdade em nossas vidas, não passar de mera informação, ela não nos libertará. Porque não somos obrigados a fazer aquilo de que fomos informados.

Diz a voz popular: entra por um ouvido sai pelo outro.

Daí então, a verdade só conseguirá ser trabalhada por nós, vivida por nós e por conseguinte nos libertar, quando for o segundo entendimento do verbo conhecer, quando tivermos intimidade com a verdade.

Quando a verdade passar a ser uma vivência nossa, um estilo de vida nosso. Aí então, por amar a verdade, por respirá-la, por se sensibilizar com ela, a criatura humana então conseguirá se libertar.

Por quê, que eu vou manter meu temperamento desse jeito, se ele está me fazendo mal? Qual é razão de eu ter medo disso ou daquilo?

Eu preciso temer a mim mesmo, minhas reações, já que é o que sai do homem, que faz mal ao próprio homem.

E por que é que eu vou me barafustar, por esses caminhos de droga, de drogadição, de dependência química?

A partir do momento que nós ingerimos a verdade e passamos a metabolizá-la em nosso raciocínio, em nosso discernimento, em nosso sentimento, aí passamos a ter vontade de ser melhor. Aí passamos a trabalhar para ser melhor. Aí passamos a entender as coisas de um outro ângulo e começamos a nos libertar. Já não temos mais medos, já não quero me corromper com as drogas, nem me infelicitar com meu temperamento rebelde, frio ou maligno.

É importante então, que a verdade que nos liberta, seja a verdade vivenciada. A verdade meramente informada, não consegue fazer nada conosco, a não ser nos deixar esse conhecimento das coisas que existem.

Mas para que sejamos felizes verdadeiramente, a partir do conhecimento da verdade, é necessário que mergulhemos nela e deixemos que ela mergulhe em nós, fermentando de paz e de luz as nossas entranhas.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 194, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.

Nenhum comentário: