Cristo e o Mundo
O
cristão decidido, na busca incessante do auto-aprimoramento, não se pode
descurar de manter-se em constante vigilância, a fim de que as
distrações do caminho a percorrer não o desviem da rota.
A
mente, pela facilidade de manter-se em polivalência de idéias, tende a
constantes mudanças de comportamento, aceitando as induções que lhe
chegam, alterando o plano de reflexões.
No
torvelinho das preocupações, na horizontalidade do pensamento vinculado
aos interesses imediatistas, surgem com muita freqüência interesses
atraentes, que dizem respeito às necessidades do cotidiano, dando lugar a
alterações de anseios e de valores que antes recebiam considerações
acurada.
Nesses
momentos têm início as vacilações quanto às metas elegidas, por se
tornarem mais agradáveis aquelas que dão imediata resposta de prazer,
que afetam os sentidos, proporcionando alegria inconseqüente.
Naturalmente,
a desincumbência de tarefas idealísticas exige esforço, que sempre se
transforma em sacrifício, pelo romper das algemas dos vícios que
predominam em a natureza humana, como decorrência de condutas
arbitrárias e agressivas do passado.
Pela
natural tendência de evitar qualquer tipo de sofrimento, o ser humano
prefere desfrutar no momento, embora procure anestesiar a razão a
respeito dos efeitos danosos que advirão dessa atitude.
A
atração pelo gozo arrasta multidões desavisadas aos labirintos d
demoradas aflições, onde estorcegam e tentam libertar-se, o que somente
é conseguido a preço alto de renúncia e de lágrimas.
Eis
porque a eleição do Cristo, como roteiro de segurança, constitui
definição de alta sabedoria, que somente conseguem aqueles que estão
saturados das quimeras terrestres imediatas, enquanto anelam por
felicidade legítima, por alegria plena.
Realizada
a opção, a fim de que as vacilações e incertezas da marcha não
constituam fator de desânimo ou de arrastamento para o recuo, faz-se
necessário que cada qual indague o que lhe significa Jesus, como O vê e
o que dEle espera.
Jesus,
sem dúvida, é possuidor de um significado incomum, porque o Seu amor, de
tal maneira é envolvente que, todos quantos com Ele se identificaram,
nunca mais puderam dispensar-Lhe o convívio.
Em
razão da necessidade de preencher os vazios do sentimento, diminuir as
angústias da emoção, os tormentos dos desejos, Jesus representa o meio
seguro para a completude, o estímulo para as lutas transformadoras, o
refúgio dinâmico para o repouso após as refregas desgastantes.
A
Sua serenidade em todos os momentos constitui emulação para o
enfrentamento das mais diferentes situações e mais graves desafios, por
facultar coragem feita de bondade e de compaixão para com o opositor.
Ele
constitui o exemplo da vitória sobre si mesmo e as ocorrências em sua
volta, oferecendo a segurança de paz, que falta nos líderes humanos, nos
combatentes apaixonados, nos modelos que ainda não se encontram.
Se
Ele tem esse significado na existência de alguém que O busca, torna-se
indispensável vê-lO como o amor que se compadece, mas não conive, que
ajuda, porém não se detém, que ensina, e também exemplifica, que
convida ao Bem e o faz incessantemente, que propõe o reino dos céus,
tornando mais digna a vida na Terra.
Ele
deve ser visto sempre como a força que não violenta e conquista, a
bondade que esparze socorros, mas estimula os beneficiários a que se
levantem e se libertem dos fatores que dão surgimento às necessidades, a
paciência que sempre aguarda, no entanto, segue adiante, confiando que
aqueles a quem convida não mais poderão passar sem a Sua presença...
A
visão que dEle se pode ter ilumina a consciência, porque é uma
percepção interior enriquecedora, que não mais permite qualquer tipo de
escuridão moral nos recessos dos sentimentos.
Ele
se apresenta no imo de quem O busca na condição do vencedor
inconquistado, de lutador sem repouso, do Homem Integral que se impôs a
missão de libertar os seres humanos das suas paixões, doando a própria
vida, a fim de ensinar a vitória sobre o ego em perfeita identificação
com Deus.
Somente
quando é visto na condição de Amor não amado, é que sensibiliza mais
profundamente aquele que pretende seguir-Lhe as pegadas, atraído pelo Seu
magnetismo incomum.
Alcançando
esse patamar de visão altruística sobre Jesus-Cristo, torna-se natural
saber exatamente o que dEle se espera.
O
mundo oferece conforto, júbilo, entusiasmo, afeto, convívio agradável
como decorrência de muitos sacrifícios, como é natural em todos os
empreendimentos, no entanto, face à fugacidade da existência física, o
tempo devora essas ofertas e deixa expressivos vazios no sentimento
angustiado, quando o sofrimento não assinala as horas demoradas da
jornada humana.
O
homem no mundo espera felicidade e gozo, tranqüilidade e bem-estar,
fundamentado na ilusão do poder econômico, social, político, religioso,
artístico, cultural, científico, de qualquer espécie. A fragilidade do
poder, todavia, decompõe-no, deixando magoado aquele que confiava haver
adquirido tudo, em razão do desmoronar momentâneo do seu castelo de
sonhos, ante a presença do infortúnio, a perda dos haveres, a saúde, a
separação pela morte daqueles a quem ama...
A
pessoa, porém, que busca Jesus, espera dEle a misericórdia da compaixão
e do auxílio para superar-se, o aumento da fé a fim de vencer a própria
incredulidade, a paz que advém do dever retamente cumprido.
Amando-O,
espera ser alcançado pela Sua inspiração, fruindo a alegria de viver e
estimulado a continuar as batalhas pela auto-iluminação.
Já
não espera do Seu amor os bens materiais, tão do agrado dos que se
enganam; as posições de relevo, que se transformam em dolorosos fardos
de ostentação e loucura, os ouropéis que se desgastam e não oferecem
harmonia, amor ou paz...
Vinculando-se
a Jesus, espera preterir o mundo e suas facécias, preferindo o futuro
radioso e pleno que começa desde o momento da eleição, entesourando
amor duradouro, que se estende em direção a tudo e a todos.
A
partir do momento do amor em expansão, a opção por Cristo está
realizada, e aquele que a fez, nunca mais será o mesmo, jamais se
arrependendo nem retornando ao primarismo, porquanto o oxigênio puro da
montanha da sublimação evangélica inundá-lo-á com vigor para sempre.
Eurípedes
Barsanulfo
Psicografada
por Divaldo P. Franco
06.06.1998 - Viena - Áustria
06.06.1998 - Viena - Áustria
Transcrita
de "Presença Espírita" - 6/1999
O Médium - Março e Abril/2000
O Médium - Março e Abril/2000
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