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14 dezembro 2012

Cristo e o Mundo - Eurípedes Barsanulfo

   
Cristo  e  o  Mundo
  
O cristão decidido, na busca incessante do auto-aprimoramento, não se pode descurar de manter-se em constante vigilância, a fim de que as distrações do caminho a percorrer não o desviem da rota.


A mente, pela facilidade de manter-se em polivalência de idéias, tende a constantes mudanças de comportamento, aceitando as induções que lhe chegam, alterando o plano de reflexões.


No torvelinho das preocupações, na horizontalidade do pensamento vinculado aos interesses imediatistas, surgem com muita freqüência interesses atraentes, que dizem respeito às necessidades do cotidiano, dando lugar a alterações de anseios e de valores que antes recebiam considerações acurada.


Nesses momentos têm início as vacilações quanto às metas elegidas, por se tornarem mais agradáveis aquelas que dão imediata resposta de prazer, que afetam os sentidos, proporcionando alegria inconseqüente.


Naturalmente, a desincumbência de tarefas idealísticas exige esforço, que sempre se transforma em sacrifício, pelo romper das algemas dos vícios que predominam em a natureza humana, como decorrência de condutas arbitrárias e agressivas do passado.


Pela natural tendência de evitar qualquer tipo de sofrimento, o ser humano prefere desfrutar no momento, embora procure anestesiar a razão a respeito dos efeitos danosos que advirão dessa atitude.


A atração pelo gozo arrasta multidões desavisadas aos labirintos d demoradas aflições, onde estorcegam e tentam libertar-se, o que somente é conseguido a preço alto de renúncia e de lágrimas.


Eis porque a eleição do Cristo, como roteiro de segurança, constitui definição de alta sabedoria, que somente conseguem aqueles que estão saturados das quimeras terrestres imediatas, enquanto anelam por felicidade legítima, por alegria plena.


Realizada a opção, a fim de que as vacilações e incertezas da marcha não constituam fator de desânimo ou de arrastamento para o recuo, faz-se necessário que cada qual indague o que lhe significa Jesus, como O vê e o que dEle espera.


Jesus, sem dúvida, é possuidor de um significado incomum, porque o Seu amor, de tal maneira é envolvente que, todos quantos com Ele se identificaram, nunca mais puderam dispensar-Lhe o convívio.


Em razão da necessidade de preencher os vazios do sentimento, diminuir as angústias da emoção, os tormentos dos desejos, Jesus representa o meio seguro para a completude, o estímulo para as lutas transformadoras, o refúgio dinâmico para o repouso após as refregas desgastantes.


A Sua serenidade em todos os momentos constitui emulação para o enfrentamento das mais diferentes situações e mais graves desafios, por facultar coragem feita de bondade e de compaixão para com o opositor.


Ele constitui o exemplo da vitória sobre si mesmo e as ocorrências em sua volta, oferecendo a segurança de paz, que falta nos líderes humanos, nos combatentes apaixonados, nos modelos que ainda não se encontram.


Se Ele tem esse significado na existência de alguém que O busca, torna-se indispensável vê-lO como o amor que se compadece, mas não conive, que ajuda, porém não se detém, que ensina, e também exemplifica, que convida ao Bem e o faz incessantemente, que propõe o reino dos céus, tornando mais digna a vida na Terra.


Ele deve ser visto sempre como a força que não violenta e conquista, a bondade que esparze socorros, mas estimula os beneficiários a que se levantem e se libertem dos fatores que dão surgimento às necessidades, a paciência que sempre aguarda, no entanto, segue adiante, confiando que aqueles a quem convida não mais poderão passar sem a Sua presença...


A visão que dEle se pode ter ilumina a consciência, porque é uma percepção interior enriquecedora, que não mais permite qualquer tipo de escuridão moral nos recessos dos sentimentos.


Ele se apresenta no imo de quem O busca na condição do vencedor inconquistado, de lutador sem repouso, do Homem Integral que se impôs a missão de libertar os seres humanos das suas paixões, doando a própria vida, a fim de ensinar a vitória sobre o ego em perfeita identificação com Deus.


Somente quando é visto na condição de Amor não amado, é que sensibiliza mais profundamente aquele que pretende seguir-Lhe as pegadas, atraído pelo Seu magnetismo incomum.


Alcançando esse patamar de visão altruística sobre Jesus-Cristo, torna-se natural saber exatamente o que dEle se espera.


O mundo oferece conforto, júbilo, entusiasmo, afeto, convívio agradável como decorrência de muitos sacrifícios, como é natural em todos os empreendimentos, no entanto, face à fugacidade da existência física, o tempo devora essas ofertas e deixa expressivos vazios no sentimento angustiado, quando o sofrimento não assinala as horas demoradas da jornada humana.


O homem no mundo espera felicidade e gozo, tranqüilidade e bem-estar, fundamentado na ilusão do poder econômico, social, político, religioso, artístico, cultural, científico, de qualquer espécie. A fragilidade do poder, todavia, decompõe-no, deixando magoado aquele que confiava haver adquirido tudo, em razão do desmoronar momentâneo do seu castelo de sonhos, ante a presença do infortúnio, a perda dos haveres, a saúde, a separação pela morte daqueles a quem ama...


A pessoa, porém, que busca Jesus, espera dEle a misericórdia da compaixão e do auxílio para superar-se, o aumento da fé a fim de vencer a própria incredulidade, a paz que advém do dever retamente cumprido.


Amando-O, espera ser alcançado pela Sua inspiração, fruindo a alegria de viver e estimulado a continuar as batalhas pela auto-iluminação.


Já não espera do Seu amor os bens materiais, tão do agrado dos que se enganam; as posições de relevo, que se transformam em dolorosos fardos de ostentação e loucura, os ouropéis que se desgastam e não oferecem harmonia, amor ou paz...


Vinculando-se a Jesus, espera preterir o mundo e suas facécias, preferindo o futuro radioso e pleno que começa desde o momento da eleição, entesourando amor duradouro, que se estende em direção a tudo e a todos.


A partir do momento do amor em expansão, a opção por Cristo está realizada, e aquele que a fez, nunca mais será o mesmo, jamais se arrependendo nem retornando ao primarismo, porquanto o oxigênio puro da montanha da sublimação evangélica inundá-lo-á com vigor para sempre.

 
Eurípedes Barsanulfo

Psicografada por Divaldo P. Franco
06.06.1998 - Viena - Áustria

Transcrita de "Presença Espírita" - 6/1999
O Médium - Março e Abril/2000

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