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11 dezembro 2012

Palavras são Poderosas - Marcos Paterra



PALAVRAS SÃO PODEROSAS 

Tenho acompanhado alguns articulistas no meio espírita com falas um tanto severas e até acusatórias onde a criticas passa a fazer papel de promotores e o direcionamento do artigo faz o publico elaborar a sentença, sem dar aos possíveis réus o direito a defesa.

É claro que os jornais e/ou blog que aceitam esse tipo de artigo esta interessado exatamente nesse tipo de “execução publica”, tornando assim uma espécie de “imprensa marrom” com puro interesse de engaranhar leitores pelas polemicas.

Esses que se dizem articulistas/jornalistas do Movimento espírita conta com o poder da escrita/fala, e se baseiam em Ferdinand de Saussure [1] cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da linguística enquanto ciência e desencadearam o surgimento do estruturalismo, introduziu a ideia de signo linguístico, que se constitui numa combinação de significante e significado, como se fossem dois lados de uma moeda.

Através desse signo conforme sua forma ou estilo podemos nos sobrepor e/ou excluir outros com quem temos co ntato. Ex: Você é negro! - Vichi... mais um nordestino aqui! - Eu sou mais inteligente!
Conforme Saussure ficaria implícito na mente de quem fala e de quem ouve toda a carga de informações transformando-se em um paradigma cultural, ao se afirmar: “- Hoje tenho de trabalhar, é dia de Banco!” fica implícito que branco é trabalhador e negro não, de forma velada é racismo puro e que induz culturalmente o homem a falar assim e o negro nem perceber a ofensa subliminar.

O que vemos em jornais são criticas a “trabalhadores” de CE ou “Pertencentes” á CE, devemos levar em conta que os “membros” e/ou “frequentadores” executam tarefas que esteja afinados com a casa e o fazem de graça ( excluindo a palavra trabalhadores) e de livre e espontânea vontade ( eliminando a palavra pertencer), devemos atentar que o ME é livre e atuante, onde o intercambio, o conhecer e ajudar diversas casas espíritas hoje é uma atitude normal, ninguém pertence a ninguém, se o frequentador se afinar com o centro espírita que vai com mais assiduidade, e quiser prestar serviços àquela casa, é um direito dele, se não quiser também esta dentro de seus direitos...nem por isso deve ser julgado e condenado por esses que se dizem articulistas.

Conforme João Fernandes Teixeira [2] a mente e cérebro podem ser coisas distintas, mas certamente estão ligados de alguma maneira.

“Ao longo dos séculos nossa cultura teria gerado, equivocadamente dois tipos de vocabulários: um "vocabulário do físico" e um "vocabulário do mental". Os dois falam exatamente da mesma coisa, mas eu emprego errôneo levou-nos a crer que o físico e o mental são duas substâncias diferentes e incompatíveis. Por exemplo, quando dizemos "minha mente está cansada de tanto estudar" ou "estes pensamento me causam dor de cabeça" estaríamos alimentando tal ilusão, pois essas são expressões que implicitamente se referem à mente como uma coisa ou uma substância concebível como algo separado do corpo.” (RYLE, Gilbert [3] in: TEIXEIRA [4], 1994).

Essa afirmação reforça as indagações de Saussure, mostrando que a força do pensamento pode nos influenciar.

Sobre essa ótica devemos nos atentar á Psicosfera formada por nossos pensamentos sugestionados pela leitura de alguns artigos que nos induzem a no mínimo desacreditar e/ou desprezar em Centro Espírita, pessoa ou evento.

O discernimento na leitura e o olhar critico ao assunto abordado é um mínimo necessário para afastar as más influencias plantadas pela “violência Simbólica” tão bem exposta por Pierre Bourdieu e J. C. Passeron[5] que nos mostra as novelas, filmes erevistas, como um dos fatores que levam a violência devido o teor das cenas/mensagens que hoje são passadas sem um pingo de responsabilidade, ou respeito às nossas crianças, que veem as cenas de sexo, assassinatos, traição, roubo, homossexualismo, e etc., em alguns casos até como certo “incentivo”; alguns estudos mostram que a criança se relaciona com a TV como se relaciona com os demais em sua casa. Podemos citar como exemplo:

Influência de marketing e consumismo, erotização precoce, inversão de valores e falsa igualdade social.
“Os valores sociais, fortalecidos pela mídia que propagandeia a vulgaridade, tornam o uso da sexualidade quase como uma obrigação a que todos têm que se submeter. Não há qualquer preocupação com idade, nível evolutivo, momento de vida, pois têm que usá-la a qualquer preço. A compulsão para o uso passa a ser moda, e motivo de preocupação para quem não tenha a libido à flor da pele, pois se sentirá diferente dos demais.[...] O modismo e os exageros na sexualidade promovem o festival de fetiches ou artefatos para promover o prazer a qualquer custo, sem a preocupação quanto às interferências no psiquismo do próprio indivíduo. O fetiche, enquanto instrumento de ampliação do prazer, passa a se tornar, com o tempo, imprescindível e determinante para que se alcance a liberação do desejo compulsivo, até que, mais tarde se torne também indispensável, levando o indivíduo a novas e cada vez mais alucinantes aventuras.” (NOVAES,1999, p.149) [6]

Os articulistas que duramente criticam os que tentam de alguma forma trabalhar dentro do Movimento Espírita, seja por meios de comunicação ou mesmo nas Casas espíritas como ajudantes e/ou palestrantes, estão agindo como pseudo-ignorantes, pois não usam a humildade ao tentar entender o outro e a honestidade ao criticar, simplesmente “achando” isso ou aquilo, dando assim um norteamento errôneo aos leitores, ouvintes ou telespectadores de seus ditos.

NOTAS

[1] Ferdinand de Saussure (1857/ 1913): filósofo suíço cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da linguística enquanto ciência e desencadearam o surgimento do estruturalismo. Além disso, o pensamento de Saussure estimulou muitos dos questionamentos que comparecem na linguística do século XX.

[2] João de Fernandes Teixeira bacharelou-se em Filosofia pela USP-SP e obteve o grau de mestre em lógica e filosofia da ciência na UNICAMP. Doutorou-se em filosofia da mente e ciência cognitiva na University of Essex, Inglaterra. Desde 1992 é professor no Departamento de Filosofia da Universidade Federal de São Carlos.

[3] Gilbert Ryle (1900–1976), filósofo inglês, representante da geração de filósofos britânicos, influenciados pelas teorias de Wittgenstein(filósofo austríaco, contribuiu com diversas inovações nos campos da lógica, filosofia da linguagem, epistemologia, um dos maiores do século XX.

[4] TEIXEIRA, João de Fernandes. O QUE É FILOSOFIA DA MENTE. Editora Brasiliense - Coleção Primeiros Passos. N º 294. São Paulo. 1994.

[5] BOURDIEU, P; PASSERON, J. C. A reprodução. Elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975.

[6] NOVAES, Adenáuer Marcos Ferraz. Psicologia e Espiritualidade – Cap. Sexualidade, Ed. Fundação Harmonia; Salvador/BA 1999.



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