A PENA DE MORTE
Há vários países em nosso orbe, como sabemos, que adotam a pena de
morte como forma de punição para os cidadãos que infligem as leis
humanas. Em nosso país, como também não é segredo, essa prática não é
adotada, não sendo permitida pelo nosso código civil.
Nosso objetivo, na presente reflexão, é contextualizar essa forma
de punição, aferindo o quanto a mesma pode (ou não) ser útil, e
possíveis fatores pró e contra a pena de morte.
Essa prática consiste em provocar a morte (física) do chamado
criminoso, e cada país (ou cada estado, dentro de um mesmo país) adota
técnicas diferentes para consumá-la. Antigamente, a forca era muito
usada como forma de levar o condenado à morte. A guilhotina também foi
prática bastante usual, no passado.
Modernamente, temos mais referências sobre a injeção letal (que
consiste na injeção de quantidade letal de substância líquida que
paralisa o coração e/ou o diafragma do condenado), a cadeira elétrica
(imobilização do condenado em uma cadeira e eletrocução do mesmo, com o
uso de tensões elétricas de dois mil volts) e, em algumas regiões, ainda
ouve-se a respeito do fuzilamento, principalmente em regiões e épocas
de guerras.
Vários irmãos usam a superlotação dos presídios para justificar a
pena de morte. Alegam que, com a execução do criminoso, o problema
estaria “resolvido”, diminuindo inclusive os investimentos públicos
feitos em pessoas que, na opinião deles, “não valem a pena”.
Evitar-se-ia, com a punição máxima, as rebeliões, as fugas em massa,
etc.
Vamos observar, desse ponto da reflexão em diante, a pena de morte pela ótica espírita.
Em vários pontos da chamada “Codificação” Espírita, Kardec e o
“Espírito da Verdade” deixam claro que a desencarnação consiste apenas
da separação do espírito, em relação ao corpo, e que esse processo de
libertação não nos redime, isto é, não nos liberta das nossas
imperfeições.
Por consequência, a pena de morte não resolve problema algum... A
“ovelha perdida” que sofre essa punição retorna ao plano espiritual com
as mesmas tendências e imperfeições continuando sua prática por lá.
Muitas vezes, o irmão assassinado, ao adentrar o plano dos imortais,
continuando com suas tendências más, forma ali grandes organizações para
a prática do mal, liderando-as ou delas participando. Usam toda a sua
inteligência e capacidade de organização, montando várias equipes para
que não percam seu poder e domínio, aumentando-s até.
Como também nos é relatado na “Codificação” e nos livros
confiáveis da nossa doutrina, o corpo físico serve de limitador
vibratório e, ao mesmo tempo, funcional. A ele ligado (encarnado,
portanto), o espírito encontra-se limitado, pela necessidade de
conduzi-lo. Usando conhecida metáfora: estamos nós (os encarnados) encarcerados a esse corpo que nos possibilita o progresso.
Portanto, levar o “criminoso” à desencarnação (pela pena de morte)
significa libertá-lo da limitação corporal, dando a ele liberdade
consideravelmente maior, inclusive para penetrar nosso mundo mental.
Estando encarnado, as trancas de porta e as grades e cadeados nas
janelas nos manteriam seguros... Desencarnado o malfeitor, só a moral
nos manteria imunes às suas investidas invisíveis.
Mas, como somos devedores...
Na 1ª obra da “Codificação”, Kardec questiona os Imortais da seguinte forma:
760. Desaparecerá algum dia, da legislação humana, a pena de morte?
“Incontestavelmente desaparecerá e a sua supressão assinalará um
progresso da Humanidade. Quando os homens estiverem mais esclarecidos, a
pena de morte será completamente abolida na Terra. Não mais precisarão
os homens de ser julgados pelos homens. Refiro-me a uma época ainda
muito distante de vós”.
Nossas considerações tentam reforçar o “não julgueis” sugerido por
Jesus, uma vez que nossa consciência ainda encontra-se enodoada de
nossos erros pretéritos... E também porque só devemos oferecer ao
próximo, aquilo que queremos para nós mesmos.
Por André Sobreiro
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