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30 setembro 2013

Quando Tudo Dá Certo - Patrícia


QUANDO TUDO DÁ CERTO 


“Normalmente, quando tudo dá certo conosco, achamos que é merecimento e que Deus nos faz justiça. Quando nos são negados nossos anseios de preenchimento mental e satisfação física, ou seja, quando não está acontecendo o que queremos, sentimo-nos injustiçados, principalmente ao nos compararmos com outras pessoas: ‘Por que ele tem e eu não?’ Achamos que Deus não está fazendo justiça conosco e que estamos sendo punidos.

É que trazemos cargas negativas do passado, que ocasionam frustrações no momento, como também atos desta encarnação podem ter sido os motivos para muitas decepções. Normalmente, não vemos a realidade da vida e sim a projeção das nossas ilusões, por considerarmos a vida física como fim e não como meio.

Muitas vezes, o justo ou o injusto, de acordo com nossa compreensão, baseia-se no que damos e no que achamos que devemos receber em troca.

Nós nos sentimos injustiçados, porque quase sempre temos como meta nossa distração, preenchimento e prazer. Transformamos as funções e necessidades do nosso corpo físico e a capacidade pensante como fim da nossa existência. Não chegamos a olhar a vida como um todo e a desempenhar eficientemente nossa parte nesse conjunto. Já imaginou se o coração do homem se sentisse injustiçado por não ter folga nem descanso físico? Que seria do homem? Diante desse exemplo, vemos que cada um deve fazer o que lhe compete, não esperando recompensas, mas, sim, estando consciente de que deve realizar o potencial nobre que a vida lhe concedeu. Apesar de insignificantes diante do cosmo, fazemos parte dele. Portanto, precisamos desempenhar nossa função como parte da vida, e não viver para os nossos prazeres e conquistas, materiais ou espirituais.

Deus não cria suas manifestações para puni-las ou agraciá-las. Cada qual tem sua função e utilidade, assim como o grão de areia tem sua função no deserto ou na praia do mar. Punir uma manifestação seria reconhecer Sua própria falha.

Ao comprarmos uma máquina nova, o fabricante nos dá garantia desta e, se ela falhar na sua função, não foi intenção do fabricante nos punir, pois a garantia dela fará com que ele lhe restaure as funções. Sendo ele, no caso, o mais prejudicado, pois, além da reposição, ainda poderia ter seu nome comercial prejudicado e posta em dúvida a sua idoneidade. Não somos uma máquina e a falha nunca está em Deus, está na nossa maneira de nos relacionarmos com Ele, com a vida. Na maioria das vezes, nossos ânimos e desejos não encontram ressonância nos planos traçados pela vida, pelas nossas existências anteriores. Às vezes, o que desejamos não é o que podemos ter. Quase sempre nossos desejos são saturados de egoísmo. Os da vida são saturados de grandeza, de amor e de realização plena do homem.

Na Terra, cada variedade de raça recebe, com maior ou menor intensidade, o que necessita para desempenhar e enobrecer as qualidades de sua espécie, a raça a que pertence. O grupo humano não foge à regra natural, só nos é acrescentada a liberdade de escolha, cumprindo a função para a qual fomos chamados. Ao nos harmonizarmos com as leis divinas, nos sentiremos felizes a caminho do progresso. Desprezá-las cria um ambiente vibratório individual de desarmonia, que pode chegar a atingir aqueles que nos cercam e terá ressonância de vibrações inferiores. Será que Deus criou a Terra, com todo o seu aparato animal e vegetal, somente para o desfrute do homem? O ser humano foi criado para desfrutar à custa daqueles que caminham com ele? Não! Por todos os seus atos de abuso, há a consequência de que, não compreendendo, ache que Deus lhe está sendo injusto.

Temos quase sempre nas nossas vivências buscado o significado da vida, tentando adivinhar por que razão Deus criou o homem, talvez por darmos importância demais ao que pensamos ser ou pelos sentimentos que cultivamos sobre tão importante questão. Deus é profundamente simples. Para que possamos ouvi-Lo e senti-Lo, é preciso antes de tudo ser simples como Ele. Um exemplo da simplicidade de Deus é Sua onipresença tanto no nosso Cristo quanto num verme desprezado por todos. Devemos nos despojar do cultivo da autovalorização: vaidade, orgulho e presunção, para nos tornarmos melhores. Não assumindo nossa participação no conjunto do orbe terráqueo, nos sentimos excluídos de obrigações e responsabilidades. Aí, o que acontece com o restante dos habitantes da Terra? A consequência é esta que estamos vendo: destruição e devastação do que a natureza levou milhões de anos para realizar. Não nos sentindo parte do universo, parece até que estamos aqui para usar e desfrutar, não tendo nada a responder, nem responsabilidades sobre o que acontece com a Terra e seus habitantes, se sofrem dores e misérias.

Não podemos compreender Aquele do qual estamos separados e, enquanto assim estivermos,  não faremos parte do todo. Se conseguirmos participar, seremos um só. Não haverá o maior, nem o menor, meu pequeno eu se perderá diante da importância do grande todo.

Que restou, então, para mim e para minha espécie? Viver e, neste viver, conhecer e compreender minhas funções e as dos que nos cercam, compondo assim um todo harmônico. O que os irracionais fazem instintivamente, o homem deve fazer consciente e espontaneamente. Os irracionais não têm escolha, o homem pode escolher entre participar ou recusar do banquete de Deus, que é a própria vida, refletindo assim a simplicidade e o equilíbrio do macro, refletido no micro. Sem nenhuma pretensão, anterior ou posterior, ou do momento presente, pois estes são produtos do egoísmo oriundo da mente temporal. Deus é atemporal.

Deus é profundamente justo. Não há desvios nem preferências nas suas leis. Recebemos de acordo com o que fazemos. As nossas vibrações são resultado de nosso estado interior, são elas que vão proporcionar união com vibrações harmoniosas ou perturbadas, causando dor e angústia, ou felicidade. Conhecendo a Lei da Reencarnação, entendemos melhor a justiça divina. Compreendendo Deus, veremos que tudo o que Ele faz é justo, pois nada deve a ninguém. Tudo o que recebemos é graça e de graça, nada temos feito para ter crédito com Deus. Pois, por mais que façamos, é Dele o potencial, a capacidade e a oportunidade de agir. Se vivermos esta verdade, nunca passará por nossa mente a questão de Deus ser justo ou injusto.”

Livro: O Vôo da Gaivota, cap. Numa Reunião Espírita
Espírito Patrícia
Psicografia de Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho



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