PONTE DA MISERICÓRDIA
No
báratro das aflições que aturdem o ser humano atormentado pelo
consumismo e pelo individualismo, uma ponte de misericórdia existe
lançada sobre o abismo escuro, facultando-lhe descortinar abençoadas
paisagens transcendentais.
Sentindo-se
despojado dos valores da fé, da confiança em Deus e no amor, quase
vencido pelas circunstâncias constringentes e desesperadoras,
defronta-se com esse inesperado contributo da Divindade que o convida a
vencer a distância que o situa em relação à outra margem, a fim de que
se lhe atenuem e mesmo desapareçam os fatores de sofrimento.
Passando
a compreender a finalidade existencial, adquirindo consciência da
própria imortalidade, graças, a essa ponte, renovam-se-lhe o entusiasmo e
a alegria de viver por perceber que o sentido psicológico mantenedor da
harmonia pode ser alcançado mediante a visão do futuro que o aguarda
através da ação superior do bem.
Automaticamente
experimenta inusitado desejo de sair do estado de depressão ou de
revolta em que se encontra, a fim de cooperar com a sociedade irrequieta
na qual se movimenta anelando por paz.
Essa
ponte misericordiosa é a mediunidade iluminada pelas contribuições
inestimáveis do Espiritismo, que lhe retiram as indumentárias místicas e
complexas convencionais, para dar-lhe o exato sentido de vivência
dentro dos padrões ético-morais do pensamento de Jesus a serviço de si
mesmo, do seu próximo e do progresso geral.
Através
da prática saudável dos recursos mediúnicos de que é portador, o
indivíduo, que antes se encontrava sob a constrição das forças sombrias
da perturbação em si mesmo, assim como das influências negativas
impostas pelos Espíritos ignorantes ou perversos, redescobre o bem-estar
que o toma suavemente, enquanto se aprimora interiormente, mudando de
foco existencial e passando a viver sob novas diretrizes.
Enquanto
era instrumento inconsciente dos transtornos psicológicos, alguns dos
quais de natureza mediúnica obsessiva, era conduzido pelos terrenos
ásperos dos comportamentos doentios e destrutivos.
Identificando-lhes,
porém, as causas na própria realidade como autor dos atos que se
transformaram em efeitos danosos, recupera-se emocionalmente, adquirindo
o equilíbrio que favorece a melhor visão dos objetivos essenciais para a
conquista de uma existência ditosa.
Passa,
então, a reflexionar em torno do pensamento saudável, propondo-se a
linguagem correta e edificante, e o comportamento trabalhado nos ideais
de beleza, de harmonia e de fraternidade.
Já
não lhe pesam na consciência os fardos das culpas do passado, nem o
atormentam as interrogações que pareciam sem respostas, porque
compreende que tudo depende exclusivamente da maneira como se conduza,
projetando para o porvir, mediante as ações dignificadoras do presente,
os resultados da sementeira de bênçãos do momento.
A mediunidade é a ponte libertadora através da qual o ser transita no rumo de plenitude espiritual.
Pouquíssimo
compreendida, tem sido malsinada por informações destituídas de
fundamentos, dentre os quais a assertiva de que todos os médiuns sofrem
muito, como se a dor fosse impositivo dessa formosa faculdade.
Sob
outro aspecto, existe uma reação psicológica à educação da mediunidade,
em razão de as pessoas não desejarem assumir responsabilidades,
especialmente em torno da renovação moral e da transformação dos hábitos
infelizes, para ser pleno. O anseio imediato é o do prazer sem
compromisso nem esforço, como se a finalidade da existência na Terra
fosse assinalada por alegrias e gozos, normalmente extenuantes, que se
transformam em vícios de consequências funestas.
Ainda
sob outro enfoque, pensa-se que a faculdade mediúnica é algo estranho,
de caráter mágico, carregada de simbolismos e fetiches para realizações
de atos mirabolantes ou miraculosos, com especificidades materiais:
casamento, emprego, sorte nos empreendimentos...
Algumas
pessoas insensatas, quando se percebem portadoras da sensibilidade
mediúnica, esforçam-se por encontrar meios para eliminá-la como se fosse
um capricho do organismo que a elabora ao acaso, elegendo aqueles que a
devem ou não experienciar.
Essa
reflexão auxiliaria à conquista de um objetivo psicológico sério para a
jornada física, facultando a aplicação das horas no trabalho incessante
de autoaprimoramento com a consequente autoiluminação proporcionadora
de plenitude.
A
confirmação do intercâmbio entre as duas expressões da vida humana – na
forma física e fora dela – faculta a descoberta de todo um universo de
beleza que se encontra ao alcance de quem o deseje conquistar.
Enfermidades
dilaceradoras, físicas, emocionais e mentais seriam evitadas com
facilidade, comportamentos extravagantes seriam substituídos pelos de
caráter equilibrado, a compreensão da vida se faria de imediato mais
sensata e enriquecedora, enquanto o mundo passaria por uma grande
renovação em decorrência da conduta dos seus habitantes.
A
mediunidade, no entanto, quando relegada ao abandono ou permanece
ignorada, torna-se, ainda assim, ponte para aflições e transtornos que
dizem respeito ao Espírito endividado que necessita recuperar-se, a fim
de prosseguir no seu processo de evolução moral.
Não
é, portanto, a mediunidade em si mesma, que responde pelas alegrias ou
angústias do seu portador, mas aquele que a possui ostensiva ou natural,
de acordo com a direção que lhe oferece.
Inutilmente
tentará diluir essa ponte parafísica da sua constituição orgânica, o
homem ou a mulher que pretenda seguir em tranquilidade sendo-lhe
possuidor.
Bênção
dos céus à disposição dos transeuntes da Terra, a mediunidade deve ser
vivenciada com carinho e respeito, oferecendo a todos quantos sintam de alguma forma a presença dos Espíritos, conforme esclareceu Allan Kardec, a excelente alavanca para o próprio progresso e redenção moral.
Jesus,
que é o exemplo máximo de que dispõe a humanidade para encontrar a
felicidade plena, prossegue na condição de Médium de Deus, tornando o
Pai conhecido de todos os Seus filhos, através das inconfundíveis lições
de amor e de misericórdia que a todos são ofertada.
Seguir-Lhe
o exemplo, a fim de alcançar o mediumato, é a opção correta de todos
aqueles que dispõem da abençoada ponte de misericórdia.
Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na tarde de 31 de maio de 2013, na residência de Josef Jackulak, em Viena. Áustria
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