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23 setembro 2013

Meimei - Um Amor das Estrelas - Carlos Alberto Braga Costa



MEIMEI  - UM AMOR DAS ESTRELAS
A primeira comunicação

Neste episódio celebraremos o primeiro contato do Espírito Meimei com o seu viúvo Arnaldo Rocha.



Com o objetivo de sermos fidedignos a esta história, já contada anteriormente por Arnaldo a Wallace Leal Rodrigues, transcreveremos, do livro Meimei – Vida e Mensagem, o trecho que se refere a este episódio, em vez de contá-lo com as nossas deficientes palavras.


Arnaldo faz referência à mudança de Chico Xavier para Uberaba.


– Toda a minha história se iniciou com o desencarne de Meimei em 1 de outubro de 1946. Em 11 de outubro do mesmo ano, numa noite de quarta-feira chuvosa e fria, procurava me esconder do temporal e aportei-me na residência de meu irmão Geraldo Benício Rocha:



“Ao abrir-me a porta, deparei com cerca de seis ou oito pessoas, livros sobre a mesa... compreendi que iriam fazer reunião espírita. Quis retornar meus passos, mas começou a chover torrencialmente. Contrariado, mesmo assim resolvi ficar. Dos presentes, conhecidos somente ele, sua esposa, minha cunhada Luíza, e uma velha e querida amiga, Da. Eny Fassanello, velha e bem amada amiga de nossa família, italiana de origem, já de há muito residindo no Brasil, porém, falando muito deficientemente o português, sabe como é, tudo era um ‘imbróglio’. Como amo esta querida e sofredora criatura! Quanto lhe devo! Os demais, nunca os tinha visto.


Apresentações rápidas. Uma senhora, de mais ou menos trinta anos, simpática, gorda, nunca mais a vi, parece-me que era do interior de Minas Gerais. O fato é que nunca mais foi às reuniões. Segurando-me as mãos, carinhosamente, olhou-me profundamente e começou a contar toda a vida de Meimei (Naná, como ela dizia, esse era o apelido familiar de Meimei), com detalhes impressionantes, coisas de nossa vida em comum que somente Meimei e eu sabíamos — nossos sonhos, esperanças, decepções. 

Finalizou falando de nossa casucha, dando local, os nossos sonhos para futuras modificações.


(...). A segunda senhora a ser-me apresentada, jovem ainda, talvez entre uns vinte e três a vinte e oito anos, bonita criatura, palavra fluente, inteligente, olhar meigo e encantador -durante o período em que conversávamos, não sei explicar, parecia-me que algo indefinível e estranho ligava-me, bem como Meimei, a essa criatura. Essa senhora, também, nunca mais retornou às nossas reuniões.

 Falava-me com uma infinita ternura sobre Meimei, porém de uma forma que somente as amizades muito lindas e sinceras possuem tais expressões, disse-me da vida íntima de Meimei, da forma com a qual ela foi vestida no caixão – em Minas é comum vestir os defuntos. Meimei, por sugestão de minha querida irmã Filute, foi vestida com as vestes de Nossa Senhora das Dores. Não sei lhe explicar isso, falou-me do local onde é sua sepultura, e, fato estranho, que Meimei, dias antes de se recolher ao leito, submeteu-se a um tratamento odontológico, sofreu uma apicectomia, dente incisivo, esquerdo, maxilar inferior e, por um acidente, o dentista quebrou-lhe a parte superior do dente.


Ora, meu querido, quem sabia disto, apenas eu, Meimei e o dentista. Esta querida senhora deu-me muitos conselhos e reconfortou o meu pobre coração. Falou uma alma irmã, sem nenhuma preocupação de fazer-me acreditar no fenômeno, porém falou o verdadeiro espírito da caridade cristã. Aí, (...), aconteceu algo que me deixou profundamente abalado... segurando minhas mãos, olhou-me com profundo amor e ternura, e disse-me:


– Naldinho – era a primeira vez que eu via a tal criatura –, você não vai compreender agora, porém, alegre o seu coração, não permita que a tristeza o impeça de compreender a Bondade de nosso Pai Celestial; todavia, meu bom amigo, nossa Meimei está muito bem, ela retornou ao convívio de almas que muito a amam e que muito colaboraram para que ela pudesse levar avante e vencer uma série de provas e resgates. Não se assombre se eu lhe disser que você voltará a se casar: é preciso resgatar certas coisas. Ela, na época oportuna, buscará alguém a quem ambos muito devem, não retire suas mãos das minhas e ouça-me com humildade e paciência. Ela promoverá, se você quiser, o reencontro de muitos e muitos corações queridos, dos quais seu orgulho, fanatismo religioso e prepotência os separou.


(...), sinceramente, não sei explicar o porquê de me lembrar destas coisas depois de tantos e tantos anos, parece-me que isto ocorreu agora. Enquanto ela falava eu pensava com os meus botões: ‘Luiza deve ter contado o dia todo a estas senhoras minha vida e de Meimei, esse povo todo é completamente fora de órbita! Pensam que me enganam, afivelemos a máscara da credibilidade e da bobice e fiquemos calados? E o melhor que podemos fazer’.

Muito bem, fez-se silêncio. Oraram, fizeram leituras. Apagaram-se as luzes. Para mim, na época, nada entendia do assunto, meu irmão pôs-se de pé e começou a falar, e, intimamente, eu pensava: ignorava que o mano possuísse tanta cultura, que lindas expressões de carinho e consolações, prendi-me à palavra do mano. Hoje sei que através de seus canais psicofônicos falava um velho e querido amigo de nossa família – na época já desencarnado havia mais de trinta anos – Dr. Cornélio Millowald, de nacionalidade inglesa, que residiu por muitos anos em Tiradentes. Bem, eu estava preso à palavra que ouvia. 

(...), qual não foi minha surpresa ao lado oposto à cabeceira da mesa, onde se encontrava de pé o mano, assentava-se a querida Da. Eny. Fazia frio, havia jogado em seus ombros um agasalho de lã, qual não foi minha surpresa quando Da. Eny, em um gesto que me era profundamente conhecido, com os polegares jogou para trás o casaqjuinho e pôs-se, como se estivesse a vomitar uma. grande substância grossa, apresentando uma grande aflição. 

(...) Há muitos anos que eu não orava, deu me uma vontade imensa de o fazer, porém algo estranho ocorria comigo, meu peito crescia como se fosse um imenso balão, queria orar mas não me lembrava das palavras. Somente comecei a pedir a Deus que se compadecesse de quem ali se encontrava. Mais terna, mais dulçorosa, mais linda e amorosa continuava a palavra através do mano; à medida em que ele falava à criatura, e não sei me explicar, meu pensamento foi então ficando calmo e tranqüilo, cessaram aquelas expressões de pavor e medo, não vomitava mais. Uma sensação de paz e tranqüilidade em seu rosto. Quanto tempo durou isto eu não sei dizer. Houve um interregno de alguns segundos, creio, e o mano dirigiu-se diretamente a Da. Eny, dizendo: – ‘Fale, minha querida amiga, diga o que seu coração ditar’ (eu, cá comigo: pensei: ‘isto é gaiato, ainda perguntam se a criatura quer bater um papo’). Bom, foi aí que minha querida e sempre lembrada amiga ‘entornou o caldo’. Nunca mais presenciei tal fenômeno, e hoje, sem nenhuma vaidade, posso lhe dizer que conheço o transe mediúnico em todas as suas mais variadas formas – pela primeira e única vez ouvi algo que me estarreceu. ‘Não, meu querido amigo, ‘rialmente’, nada posso dizer, o meu Sozinho não vai entender’.


(...), a médium era sexagenária, falava horrivelmente o português, porém a voz que eu ouvi, a inflexão, o tom, o jeitinho de dizer errado “realmente” era de Meimei! Fiquei completamente transtornado. Daí a instantes a reunião terminou. Carinhosamente, todos vieram conversar comigo e eu, simplesmente, deixei-os falando sozinhos e enfrentei o temporal. Dentro de minha alma havia um temporal muito maior e muito mais avassalador”.Depois das emoções projetadas no painel do coração devido à narrativa do amigo,  conseguimos formular uma pergunta singela.

– Arnaldo, apesar da tristeza que a narrativa suscita, a ligação existente entre Meimei e Naldinho emoldura o quadro dos corações mais apaixonados. Conte, um pouco, para nós, sobre esse romance e a participação de Chico Xavier, que se tornou, após a partida de Meimei, um legítimo portador das mais belas missivas entre a Terra e o Céu.


– Meu filho, o tempo reúne sempre os corações para os devidos ajustes na ordem da justiça e do amor. Todas as mensagens que recebi de Meimei, através de Chico, revolucionaram todos os meus conceitos de vida, pois expressavam o amor que continuava a nutrir os anseios de nossas almas, apresentando novas disposições para a eternidade que nos esperava. Meimei permanecia viva entre os “mortos”, e Chico Xavier, lidando com eles diuturnamente, ajudava-me a compreender os ensinos que não paravam de chegar do Alto, em uma interação quase perfeita.


Os Espíritos, dentre eles Meimei, descortinaram o passado para justificar as dores do presente, indicando os passos de Jesus como o Verdadeiro roteiro da definitiva libertação espiritual. Nesse período é que aprendi a ser, na expressão popular, “um viúvo quase feliz”.


Carlos Alberto Braga Costa. Chico Diálogos e Recordações. Editora UEM, 2006. 3ª Edição.
Wallace L. V. Rodrigues, Meimei – Vida e Mensagem. Casa Editora O Clarim, I994.Matão: Casa Editora O Clarim. 3a edição, pág. 54 a 58. 206





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