Pertenço a um grupo envolvido em um Projeto chamado Esperança e Luz,
que foi elaborado pela equipe espiritual que assiste a Comunidade
Espírita Ramatís e que pretende auxiliar espíritos que se preparam para
reencarnar, assim como auxiliar, também, as famílias que os receberão.
O trabalho é realizado em dois momentos. Inicialmente estudamos um
trecho instrutivo e à seguir passamos ao treinamento mediúnico. Em nossa
última reunião, eu fui escalada para apresentar o capítulo número 21 do
Livro Gravidez Sublime Intercâmbio, de Ricardo di Bernardi.
O que li, pesquisei e apresentei sobre o assunto abordado me
intrigou. O título do capítulo é Gravidez sem reencarnação. Ricardo di
Bernadi abre esse capítulo com a transcrição da questão 356 do Livro dos
Espíritos.
Entre os natimortos alguns haverá que não tenham sido destinados à encarnação de Espírito?
“Alguns há, efetivamente, a cujos corpos nenhum espírito esteve destinado. Nada tinha que se efetuar para eles. Tais crianças então só vem por seus pais.”
Essa resposta me levou a raciocinar sobre a enormidade de
possibilidades relacionadas com o processo reencarnatório. Posso
afirmar, sem medo de errar, que nenhum processo reencarnatório é igual a
outro.
Assim como observamos que nenhuma gravidez é igual a uma outra.
Entretanto, apesar das variações serem imensas, existe um certo grau de padronização entre grupos com maior ou menor afinidade.
Os espíritos nos esclareceram, naquela oportunidade, que é possível
ocorrer a situação extrema de haver uma gravidez sem que haja espírito
determinado para aquele corpo em desenvolvimento, todavia, quero crer
que o contrário é que é a regra e esse fato, a exceção.
Durante o exercício de treinamento mediúnico, realizado naquele dia
em particular, inúmeras entidades foram atendidas em caráter
emergencial. Eu, ao contrário da maioria dos meus colegas, não
participei desse atendimento, pois fui levada a uma sala do Hospital da
Criança (localizado na Colônia Espiritual.....) e ali fui conduzida a
uma seção em que havia aparelhos estranhos, pelo menos sob minha ótica
ainda muito presa aos padrões da matéria densa.
Um desses aparelhos foi colocado sobre meu crânio e tive a impressão
que eles me passavam informações para que eu pudesse redigir um artigo
sobre esse assunto, tarefa que julguei altamente complexa. Ainda mais
que ao pesquisar sobre essa possibilidade, da gravidez sem espírito,
poucas referências encontrei.
Após nosso retorno ao corpo físico, no ambiente do Centro Espírita,
uma colega percebeu, ainda, a presença do tal capacete energético sobre
meu crânio.
Ela me alertou sobre o medo que tenho de assumir essa
responsabilidade, qual seja, de manifestar-me sobre assuntos polêmicos
dentro da Doutrina Espírita. O que não pude deixar de admitir, pois o
conforto de escrever sobre assuntos já bem estabelecidos me é muito mais
convidativo do que navegar em águas turbulentas da dialética
vanguardista.
Portanto, esforçando-me para superar meus temores me presto a
oferecer argumentos para que uma nova concepção seja construída,
gradualmente, sobre os sólidos pilares Doutrinários codificados por
Kardec.
Esses argumentos são um amálgama do que estudei, raciocinei e
recebi por intuição mediúnica conforme relatado anteriormente. Não
consigo distingui-los pela origem, quais elaborei e quais me foram
sugeridos.
E espero que essa nova análise seja especialmente iluminada pelo
exemplo da sistemática de investigação crítica e racional como a
utilizada pelo Mestre Lionez em seu gigantesco trabalho de codificação
da Nova Revelação.
Sabemos que o espírito imortal, altamente complexo, atua em relação
ao desenvolvimento embrionário como o Modelo Organizador Biológico
descrito por Hernani Guimarães já em .....
Teoria similar veio a ser proposta, apenas recentemente, pelo
renomado biólogo Rupert Sheldrake que chamou esse sistema imaterial com
função modeladora, de H. Guimarães, de campo morfogenético.
Inicialmente, ele descreveu os campos mórficos que atuam em grupos
de seres conectados entre si por inter-relação perene e os descreveu
como a teoria do 99º macaco.
Os campos mórficos não são campos elétricos ou eletromagnéticos, não
são campos carreadores de energia, por isso eles não perdem potência
em relação á distância em que atuam. Isso se reveste de grande
importância quando consideramos os campos mórficos que unem populações
de animais, seres humanos e outros grupos de seres vivos. Esses campos transportam informação, por mais estranho que isso possa parecer.
O campo morfogenético, de ação individual, atuaria como modelador
tridimensional do crescimento de células e tecidos específicos
permitindo uma adequada proporção somática entre os diversos órgãos e o
organismo como um todo. Função essa não cumprida pelos ácidos
nucléicos.
Tal pode ser inferido pela adaptação de um tecido exógeno implantado
às dimensões espaciais do receptor, como ocorre nos transplante de
fígado.
A porção do órgão recebida mantém sua carga genética original, porém
cresce e molda-se ao receptor conforme seu tamanho e não conforme as
dimensões orgânicas do doador, pois se assim fosse, o doador teria que
ter além de carga genética compatível, ter também compatíveis o tamanho
de seus órgãos e vísceras passíveis de doação.
É claro que essa compatibilidade se faz necessária, em certos graus,
em casos de órgãos como o coração, cuja dimensão influi na capacidade de
ação como bomba ejetora que é.
Sem o campo morfogenético, limitador e organizador do crescimento
celular e tecidual, esse processo ocorre apenas sob as ordens dos ácidos
nucléicos, mas sem a possibilidade da organização espacial
tridimensional proporcional como é encontrada em organismos vivificados
por esse principio.
Tratar-se-ia de proliferação tissular semelhante à que observamos em
meios de cultura artificiais. Talvez, algum grau maior de ordem possa
ser oferecido pela ação indireta do sistema modelador próprio do
psicossoma materno. E, é este o argumento usado por André Luiz no livro
Evolução em Dois Mundos para explicar a questão 356 do livro dos
espíritos.
Questão esta intrigante pela afirmação da existência de natimortos
para os quais não haveriam espíritos designados. É provável que o termo
natimorto não tenha sido usado conforme é hoje definido pela medicina
moderna.
Natimorto é a morte do feto ocorrida ainda dentro do útero. Trata-se
de morte fetal e não embrionária.
Quando ocorre morte fetal precoce,
antes de 20 semanas de gestação ou embrionária, até 12 semanas de
gestação, o processo de perda é chamado de abortamento e o produto do
abortamento é o aborto.
Quando uma gestação chega ao período fetal houve necessariamente a
formação de todos os órgãos da economia sistêmica humana em seus mais
minuciosos detalhes.
O feto precisa de um coração eficiente no bombeamento sanguíneo e de
um sistema circulatório perfeito para que seu adequado crescimento
ocorra. Essa precisão somente seria obtida sob a direção do campo
morfogenético, imaterial, mas imprescindível para a morfogênese exata
dos seres vivos.
Caso o sistema morfogenético do pisicossoma, ou espírito materno,
fosse capaz de oferecer esse controle a um outro indivíduo em processo
de desenvolvimento orgânico na intimidade dos seus próprios tecidos,
poderíamos inferir que analogamente existiria, também, outra
possibilidade ainda mais questionável.
A possibilidade de que, pelo mesmo processo, os tumores oriundos das
células germinativas pudessem se desenvolver com arquitetura mais
harmônica do que encontramos, por exemplo, em portadoras de teratomas
ovarianos.
Os teratomas possuem a capacidade de multiplicação e diferenciação
tecidual que encontramos nos embriões, mas a falta de um modelador de
ordem espiritual faz com que, efetivamente, produzam-se apenas tecidos
monstruosamente aglomerados.
Argumentariam outros que, neste caso, não existe a vontade materna em
gestar e receber um filho em seus braços. O que, de fato, agiria na
condução da força do campo morfogenético materno para que atuasse
indireta e excepcionalmente sobre os tecidos ovulares.
Entretanto se o campo morfogenético materno já é o molde para seu
próprio organismo, esperaríamos, nesta circunstância hipotética, que o
organismo gestado, através dessa influência, preservasse as
características somáticas maternas. O que nos parece um tanto complexo
para se dar freqüentemente.
Além dessa questão, mais nos mobiliza o fato relatado em diversas
publicações psicografadas através de médiuns sérios, de que a gravidez
que termina em aborto é um meio terapêutico do qual espiritualidade se
utiliza para recuperação de espíritos com risco de ovoidização, ou
ainda, para a recuperação daqueles portadores de deformidades severas do
períspirito.
O trânsito pela matéria, ainda que fugaz, permite a reestruturação do
corpo espiritual. Os mecanismos de miniaturização e amnésia envolvidos
no processo permitem o reequilíbrio de espíritos em sofrimento,
principalmente naqueles vítimas de dores de tamanha intensidade que são
tomados por estados de desagregação mental severa com grande risco de
implosão do corpo espiritual.
Tal morbidade espiritual é também chamada de segunda morte, ou
ovoidização. É descrita tanto por André Luiz no Livro Evolução em Dois
Mundos, quanto por... no excelente livro, Ícaro redimido.
Outro argumento que se impõe que seja considerado é que se uma
experiência aparentemente traumática e frustrante, como o abortamento
espontâneo, pode ser utilizada para benefício dos sofredores, por que
permitiria Deus, que esse aspecto fosse desprezado, enquanto inúmeros
espíritos necessitam da abençoada terapia do choque físico?
Sabemos que ocorrem 90 milhões de nascimentos por ano no mundo e 60
milhões de abortamentos entre os espontâneos e os provocados. A energia
mobilizada nesses processos dolorosos é imensa e tem utilidade não só
para os envolvidos fisicamente no processo, mas também, para os que
precisam recuperar anatomia do seu perispírito.
Nestes casos, mesmo havendo a influencia do campo morfogenético do
espírito reencarnante, a formação do corpo físico fica prejudicada pelo
grau de deformidade que esse principio estruturador apresenta.
Gravidezes nestas circunstâncias geram embriões e fetos com
deformidades que são incompatíveis com a vida física, muitas vezes mesmo
que a carga genética seja absolutamente normal. Por isso temos cerca de
10 a 20 por cento de abortamentos em gravidezes clinicamente
detectadas.
Do ponto de vista médico existirão diversas explicações para o
desenvolvimento inadequado do concepto e sua posterior eliminação.
Doenças genéticas, teratogenicidade induzida por fatores ambientais,
tais como infecções e medicamentos, alterações imunológicas, distúrbios
do metabolismo enzimático e protéico.....
Tais explicações são absolutamente verdadeiras do ponto de vista
material, mas sua origem vai além da questão física. O espírito, que
deveria presidir a formação de um novo corpo físico, traz em sua
complexidade morfológica as deformidades que se transmitirão por
ressonância mórfica ao seu duplo físico.
Em algumas entidades tal é a deformidade que apresentam que não são
capazes de induzir a matéria a mais do que uma proliferação desordenada e
agressiva de tecido placentário como observamos nos casos de mola
hidatiforme.
Os espíritos parasitas que se habituaram por séculos a extrair
energias vitais de seus parceiros obssediados, os quais cumpriam sua
penosa caminhada terrena, não mais do que esse talento podem oferecer
aos tecidos cuja neoformação induziram.
Uma vez tratada a doença e eliminadas as células agressivas do
organismo materno, a fonte de exploração seca. E, então, o parasita é
forçado a obter energias da sua própria economia fisiológica.
Neste momento crucial ele é capaz de vislumbrar flashes de
consciência, que se reforçados pela energia amorosa da família que
sofreu a perda com resignação e esperança, servirão de combustível para o
seu desabrochar definitivo como espírito consciente, o que já foi antes
de afundar no charco de seu desespero.
Portanto, apesar de ser possível em situações excepcionais, a
existência de gestações sem que haja espíritos a elas destinados, essa
situação é raríssima. Rara, pois que a espiritualidade superior é
extremamente organizada e procura não perder nenhuma oportunidade de
realizar o bem.
E ainda, quando isso excepcionalmente acontece, tenhamos a certeza
que não se formará um sistema orgânico perfeito e funcional, pois tal
não é possível sem a influência de um espírito com sua estrutura
fisiológica minimamente adequada.
Serão no máximo as gravidezes anembrionadas e mais freqüentemente os
microabortos, que ocorrem de forma até imperceptível ao diagnóstico
clínico.
Sabemos que cerca de 70 % dos ovos são perdidos sem que cheguem a
gerar gravidez clinicamente detectável. Isto sim, ocorre por não haver
espírito determinado para encarnação naquela oportunidade.
Hoje, podemos esclarecer melhor, o que foi genericamente abordado no
Livro dos Espíritos. Naquela época sequer se conheciam as diversas
possibilidades em termos de causas orgânicas de abortamento e
teratogênese. Daí por que houve uma resposta essencialmente genérica.
Agora, entretanto, já temos condições de nos depararmos com verdades
mais profundas.
A utilidade desse conhecimento se faz pelo objetivo primordial de
valorização da vida, quer ela progrida, ou não, além das barreiras do
ventre materno. Qualquer que seja a duração de uma gravidez, ela deve
ser vivida com amor.
Os pais devem saber que o amor que transferem ao espírito que foi
espontaneamente abortado, ao portador de deformidade física incompatível
com a vida, ao deficiente, é o medicamento abençoado que os curarão da
morbidez que longamente carregam, em função de seus próprios delitos,
mas que por caridade Divina tem essa oportunidade impar de tratamento
reestruturador.
Se o amor e a aceitação impregnam as entranhas maternas que acolhem o
doente frágil em internação de caráter intensivo, emergencial e, na
maioria das vezes, compulsória, o resultado só pode ser o milagre da
recuperação plena da anatomia espiritual.
Repercussões ainda mais significativas ocorrem como resultados dessas
experiências marcantes. Em um futuro breve a família que sofreu com a
perda inesperada, pode ser presenteada com uma linda criança, para que
cresça sob sua guarda. Criança esta agradecida e doutrinada para o bem,
já que aprendeu pelo exemplo e pelo sentimento.
A redoma de amor que se formou durante a gravidez frustrada permanece
incubando o ex-sofredor e protegendo-o em sua nova fase. É um
reservatório energético que o conduz firmemente através das desventuras
que terá que atravessar, ainda no mundo espiritual, para ser digno de
uma outra oportunidade reencarnatória, agora passível de êxito do ponto
de vista de realizações cristãs.
Ele, após essa sublime transfusão energética recuperadora do seu
corpo espiritual debilitado, passa a captar as instruções superiores e
consegue, finalmente, fortalecer-se no caminho do bem. Bem que o
conquistou nesse breve período de terapia intensiva que denominamos de
choque físico de amor.
Esperamos ter ajudado você em sua missão e que o medo de se expor
sucumba mediante seu objetivo maior, que é a plena valorização da vida.
Lição esta que te compete mais aprender do que ensinar, pelo fato de que
mais aprendemos quando ensinamos é que você foi convidada a atuar nesse
ministério....
Giselle Fachetti Machado
Email: gfachettimachado@uol.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário