ABENÇOADO FESTIM
No Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec comenta, com muita propriedade, no item 8 do capítulo XIII, que por festins devemos entender a participação dos nossos irmãos do caminho na abundância do que já desfrutamos.
Reparemos.
Muito amiúde interpretamos como caridade apenas o ato exterior da distribuição de recursos e mantimentos, agasalhos e roupas, cestas de alimentação ou lanches fraternos.
Sem dúvida que toda ação no bem do semelhante, por mais singela que seja, será benção de luz em nossos caminhos.
Entretanto, analisando a parábola do festim, que nos foi proposta pelo Divino Mestre, forçoso reconhecermos o grande alcance da interpretação kardequiana.
O Divino Festim que o Cristo nos inspira aos corações é a repartição da abundância que nos favorece a existência.
Assim sendo, vejamos:
Que é feito de abundância das horas disponíveis em nossa vida diária, após as obrigações inadiáveis que atendemos no trabalho ou em casa?
O que fazemos com a alegria da saúde física, que nos envolve a benção da vida na terra, diante dos doentes que nos acompanham de longe?
O que estamos realizando com os recursos da inteligência que nos sobra das aquisições intelectuais perante a multidão de ignorantes e iletrados que nos rodeia?
O que fazemos com o excesso de parcelas relativas de poder dentro da organização social a que pertencemos, defronte da grande maioria de marginalizados da vida cidadã?
Que temos feito com os excessos de títulos acadêmicos ou de leituras brilhantes que descortinamos despreocupadamente ante a necessidade crescente de acesso à cultura pelas massas anônimas?
Como temos agido com as sobras de entendimento e compreensão, paciência e calma que porventura já possuímos no imo d'alma, perante aqueles outros irmãos desesperados e insanos em franco processo de agitação irrefletida?
Qual o destino que damos à benção das alegrias que nos exornam a vida perante aqueles outros companheiros de jornada desorientados e tristes?
Não julguemos assim que a caridade se restrinja à distribuição de bênçãos ou recursos de ordem meramente material.
Nenhum de nós é tão pobre de recursos da alma, na abundância de nossas aquisições íntimas, que não possa partilhá-las em Divino Festim com os irmãos mais próximos de nosso roteiro terrestre.
Partilhar pois é o verbo da vida superior convidando-nos a conjugá-lo, o quanto antes, no convite à solidariedade cristã junto aos semelhantes.
Façamos isto e viveremos!
Irmão Victor (Francisco de Paula Victor)
Mensagem Psicografada em Reunião Pública no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, na noite de 28 de maio de 2007, por Geraldo Lemos Neto.
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