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14 julho 2014

Fobia de Conflito - José Medrado


FOBIA DE CONFLITO
 
Há pessoas que têm tanto medo de conflito com os outros, que fazem o que podem para evitar qualquer desavença. Essa fobia de conflito, na verdade, prepara os relacionamentos para mais conflitos, ao invés de menos, isto porque as coisas não vão sendo resolvidas, vão se acumulando, aí, um dia, a panela de pressão explode.

Reencarnamos não para fabricarmos uma paz, criando um falso mundo tranquilo e nele nos instalarmos e dizermos: eu tenho a paz. Não! Viver em um mundo, fingindo que nada há de errado nele, é alienação mental.

Não restam dúvidas de que deveremos imprimir todos os esforços para que não venhamos a perder, jamais, a nossa paz, mas isto não significa que a perturbação não exista. Que estaremos sempre “zens”.

Segundo o neurocientista clínico e diretor-médico da Clínica Amen para Medicina Comportamental em Fairfield, Califórnia, Daniel Amen, devemos aprender a buscar sempre a nossa saúde mental, mesmo em meio a este aparente caos que existe atualmente nas relações, onde, para não se discutir, para não se perder a paz, as pessoas aceitam tudo, crendo que estão agindo da melhor maneira possível, na manutenção da conquista da sua paz espiritual.

Quando cedemos às crises de temperamento de uma criança ou permitimos que alguém nos provoque ou nos controle, sem que reajamos de forma alguma, estaremos, em verdade, em nome de uma falsa paz, acorvardando-nos diante dos desafios da vida e logo, logo, nós nos sentiremos péssimos em relação a nós mesmos. Nossa autoestima sofre e o relacionamento com a outra pessoa fica prejudicado, cheio de mágoas.

De muitos modos, ensinamos as outras pessoas como nos tratar, pelo que toleramos e pelo que nos recusamos a tolerar. Os fóbicos por conflito ensinam às outras pessoas que não há nada de mais em pisar neles, que não haverá conseqüência alguma por esta falha de conduta.

Em qualquer situação da nossa vida, deveremos estar dispostos a nos posicionar e a mostrar o que sabemos que é certo. Isso não quer dizer ser ruim ou malvado há modos racionais e gentis de sermos firmes. Firmeza é essencial, para que não pairem dúvidas sobre os aspectos de condutas que aceitamos ou que rejeitamos completamente.

As pessoas, de um modo geral, fazem uma brutal confusão entre ter paz e ser conivente com os arbítrios dos outros. Paz não significa ausência de questionamentos ou dissimulação de que tudo está bem. Paz é consciência tranqüila, de quem sabe que está agindo para o bem comum, inclusive o seu próprio. Ninguém haverá de se achar em paz, simplesmente porque não gera conflito. Não. Paz é mais do que ausência de conflito, é viver em quietude com os seus anseios e buscas, em harmonia com os anseios e buscas de seu próximo.

Ainda há aquelas pessoas que, em nome da paz, “engolem tudo”. Engolir tudo pode ser sinônimo de estar adoecendo aos poucos, ou mesmo de estar alimentando uma atitude delinquente no outro, aceitando todos os seus desmandos e loucuras em nome da “paz”.


José Medrado 

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