QUANDO O CORPO FALA
Quando as dores da alma se transformam nas dores do corpo, nem mesmo a medicina, hoje em dia já tão avançada, é capaz de explicar suas causas e origens.
Ao sentirmos dores no corpo, em geral, temos o hábito de deixar para lá ou nos automedicar, não dando muita importância aos motivos que levaram aquela dor a aparecer. Mas, às vezes essa dor vem de tal forma insistente que não nos deixa alternativa a não ser recorrer aos médicos em busca de uma solução. No entanto, há muitos casos onde a medicina não consegue solucionar esse problema, foge ao seu alcance a cura e nos tornamos dependentes de remédios que aliviam nosso sofrimento, mas não o finalizam.
Onde existe dor é preciso estar atento ao fato de que é provável localizar ai algum distúrbio de sentimentos e padrões comportamentais. Não é uma regra, mas muitas vezes a dor surge como um pedido de socorro. Quando estamos adentrando por um caminho que não será produtivo para nós, ou nos encontramos em uma condição de pensamentos que nos envenenam a alma, a dor aparece como uma tentativa da vida de nos resgatar, nos obrigando a parar tudo e focar em nós mesmos.
Outra condição que é bastante interessante de ser analisada é o fato de que a dor nos torna mais frágil, e essa fragilidade algumas vezes é positiva para nos reaproximar com pessoas, amigos, amores, familiares, com os quais estávamos travando uma batalha. Quando a dor surge na forma de uma doença, é muito válido observar como a trégua se faz entre as pessoas, todos os motivos que antes eram o bastante para gerar conflitos perdem a força e as pessoas se unem, se solidarizam pelo bem estar e recuperação daquele que agora precisa de carinho e atenção.
Perceba que essa dor, que normalmente surge na hora menos apropriada, nos aflige e nos faz sofrer (não somente a nós mais também aqueles que nos amam) é também uma semente de esperança, pois nos obriga a sair de nossa zona de conforto nos fazendo encarar nossos medos, reavaliar sentimentos e reajustar relacionamentos. Voltando-nos, dessa forma, para dentro de nós mesmos nos coloca frente a frente com os reais valores e significados que a vida deveria ter.
Quantas pessoas descobrem a sua força somente quando são forçadas a serem fortes; Quantas pessoas ultrapassam seus limites quando se veem obrigadas a arriscar e ir além de suas próprias crenças; Quantos de nós nos surpreendemos com o amor ou a dedicação de alguém justamente quando pensamos que não haveria ninguém ao nosso lado. São sementes de esperança que germinam diante da dor nos provando uma vez mais que a vida tem seus próprios meios de nos fazer caminhar.
A dor é um convite à renovação, é um apelo da vida para nos mostrar que alguma coisa está fora do eixo, sendo necessário voltarmos nossos olhos para dentro de nós mesmos e para tudo que nos cerca de forma que possamos perceber o que precisa e pode ser realinhado. Quando não sabemos exteriorizar nossos conflitos internos corretamente acabamos por refletir isso em nosso corpo, armazenando tensões que resultam em dor e sofrimento. Somente o balanço correto entre nossos sentimentos e a realidade a nossa volta, será capaz de liberar o nosso corpo do sofrimento que é imposto pela nossa alma.
Se a visita da dor bate a sua porta antes de indagar “Por quê?” pergunte a si mesmo “Para que?”, a resposta a essa pergunta te indicará o melhor caminho para o reequilíbrio interior tornando-te apto e enfrentar as lutas diárias com mais serenidade e confiança. Quando descobrimos de onde a dor vem aprendemos para onde ela vai.
Maisa Baria
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