OBSESSÃO E POSSESSÃO
Tradicionalmente, o demônio é considerado o anjo revoltado que
eternamente combate a Deus e instiga o homem para o mal. O Espiritismo
dá interpretação diferente. Não é compatível com a sabedoria e a
bondade divinas a criação de seres para sempre voltados à maldade e à
destruição. Deus não faz nenhuma distinção entre seus filhos. Cria-os
todos simples e ignorantes e dá-lhes as mesmas oportunidades de
alcançar a felicidade, pelo desenvolvimento da inteligência e dos
sentimentos.
O demônio é simplesmente um espírito que ainda não compreende as leis
divinas e, não podendo ser feliz, não quer permitir que os outros
também o sejam. Pelos crimes cometidos, afundou-se tanto nas trevas
que não acredita possa um dia libertar-se dela; desconhecendo os
efeitos salutares do amor, apega-se à força e a emprega contra todos e
tudo, imaginando com isso manter-se indene de quaisquer investidas
contra si, mesmo as de Deus, cujo domínio recusa-se a admitir.
Contudo, por mais que se demore no mal, a lei do progresso fará com
que se arrependa e retorne ao caminho do bem.
Demônios, pois, são todos aqueles espíritos renitentes no erro, na
vingança, na revolta. Tanto podem ser desencarnados como encarnados. É
comum encontrarmos pessoas tão malvadas, cruéis e frias que nos
referimos a elas como sendo o próprio demônio.
E esses espíritos podem realmente atormentar uma pessoa, tentando-a ao
mal, insuflando nela pensamentos negativos de variada natureza, num
processo que a Doutrina Espírita denomina de obsessão. Em outras
vezes, conseguem maior domínio sobre ela e a subjugam, fazendo com que
tenha condutas violentas, anormais e ridículas, de maneira que aos
olhos dos outros e dos médicos é considerada uma louca. Também não é
muito raro os casos em que o espírito imprime fortemente sua
personalidade sobre a pessoa, que é como se ele mesmo estivesse ali no
corpo agindo e falando.
Afora isso, não se utiliza o vocábulo possessão, porque daria a falsa
ideia de que é possível ao espírito maléfico apoderar-se
definitivamente do corpo de alguém e passar a usá-lo como se fosse
seu. A alma está ligada ao corpo por laços fluídicos estabelecidos
desde a concepção, os quais só se rompem com a morte. Portanto,
enquanto há vida, ali está a alma, que não pode ser substituída por
outra.
Perturbações espirituais não são afastadas com palavras cabalísticas,
objetos ou talismãs, porque os obsessores sabem que estes nenhum mal
lhes causa. É preciso que o obsidiado renove a sua mente para o bem,
adquira hábitos sadios, exercite a caridade e fortaleça a sua fé em
Deus pela oração. Nos casos mais graves, é imprescindível o diálogo
esclarecedor com o obsessor, conclamando-o ao amor, ao perdão ou ao
entendimento fraterno.
Em qualquer caso, porém, somos nós mesmos que atraímos espíritos
inferiores, como um imã atrai a limalha, quando mantemos vida
desregrada, nos vícios e na sensualidade, na usura e na ambição, na
vaidade e na inveja, na preguiça e no pessimismo, na revolta e na
intolerância, enfim, quando estamos distantes de Deus.
Daí a importância de uma reflexão sobre a nossa vida, de reavaliamos
as nossas condutas, de modo que, fazendo luz, afastemos as trevas de
nosso caminho.
Autor: Donizete Pinheiro
Livro: Respostas Espíritas
Publicado em: www.planetaazul.ning.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário