Pois eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o presente, nem o futuro. (Romanos 8 : 38,39)¹
A sociedade atual experimenta uma instabilidade generalizada em face de um panorama de incertezas que se projeta no horizonte. Aqueles que concebem apenas a unicidade da experiência física deparam-se com a necessidade de prosseguir vivendo sem se afligirem com os obstáculos da caminhada, repensando meios de conquistarem a felicidade fugitiva.
As pessoas ,cientes que a vida física é uma experiência do espírito imortal, devem buscar as lições norteadoras do bem , cônscios da tutela do Cristo, a fim de buscarem a renovação dos valores essenciais nas vastas experiências nas quais todos estamos incursos. Vivemos tempos céleres, rápidos , tempestuosos. Tempos já vividos dantes, histórias que se repetem, lições abortadas e novos recomeços.
A cultura do “carpe diem” , muito difundida e tão pouco refletida , nos estimula as mais intensas emoções da matéria. Vivemos um período alucinante por sensações imediatas, onde os pensamentos desorganizam, os sentimentos se confundem e as emoções extrapolam. A rigor, “carpe diem” significa uma experiência psicoemocional imediatista e sem preocupações com o amanhã. É desfrutar a vida e os prazeres do momento em que se “vive”. Esta expressão tem o objetivo de lembrar que a vida é breve e efêmera e por isso, cada instante deve ser “vivido” apoteoticamente, por conseguinte, esse conceito é largamente aceito pelo materialista (sensualista) , que carece entorpecer os sentidos a fim de suportar os açoites das expiações e provações e as lágrimas desconfortantes.
Entretanto, somos espiritualistas e paradoxalmente acreditamos que devemos aproveitar ao máximo o “aqui e agora” a fim de que o nosso amanhã seja um tanto mais proveitoso rumo ao nosso aperfeiçoamento moral. Lamentavelmente a sociedade humana, ainda descompromissada com os valores do espírito imortal, promove essa cultura que arrasta as criaturas primárias para as experiências não aconselháveis. Haja vista a infinidade de festa open bar oferecidas aos jovens, a puerilidade dos relacionamentos e a imaturidade que encontramos nos fúnebres cenários da sociedade contemporânea.
Uma humanidade acriançada que ambiciona tão-somente o sedutor prazer da vida, deixando o dever para mais além do fugitivo imaginário. Estamos cada vez mais envoltos num clima de egocentrismo , isolamento e retraimento social, não obstante contíguo à multidão. Alguns experimentam a obscuridade moral a ponto de descobrir nos relacionamentos virtuais a válvula de escape para aliviar o turbilhão das suas carências e desditas afetivas.
Entretanto, o alerta para essas realidades é a sensação subjetiva de estar isolado e não ter para quem se expandir, falar, prantear, se regozijar, ou buscar dividir as emoções . São duas faces de uma mesma moeda. Em alguns períodos vivemos intensamente as experiências e em outros nos abatemos completamente no isolamento.
O “carpe diem” descomedido pode até mesmo nos dar a impressão de estarmos vivendo intensamente o momento, porém , importa refletir quais são os valores que temos granjeado nessa competição alucinada pela satisfação instantânea.
O apóstolo da gentilidade diria: “Pois eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o presente, nem o futuro; nem o mundo lá de cima, nem o mundo lá de baixo.Em todo o Universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor.” (1)
Considerando que fomos criados por uma Inteligência Suprema é importante que passamos nos sentir parte da divindade. Conectando-nos a Deus. O pensamento ilusório de que somos autossuficientes tem gerado uma série de conflitos emocionais, promovendo um sentimento de incompetência, fracasso existencial e incompletude. Em verdade são sentimentos conectados a apreciações que denunciam a incondicional ausência de valores morais que nos permita maior aproximação de Deus.
A aflição de viver e o eterno recomeço para a busca da vida venturosa são segmentos do processo de construção do ser na forja do tempo. Após milênios de experiências malogradas e enriquecedoras desponta para todos a capacidade de desenvolver as perenes potências espirituais.
Entendemos que a neuroplasticidade (plasticidade neural) , definida como a capacidade do sistema nervoso modificar sua estrutura e função em decorrência dos padrões de experiência, e a mesma, pode ser concebida e avaliada a partir de uma perspectiva estrutural , na configuração sináptica (2) ou funcional , na modificação do comportamento.
Sob o comando do espírito consciente de suas necessidades evolutivas, através do impulso da vontade e determinação, ocorre a modificação estrutural física e perispiritual. A neuroplasticidade nasce de uma necessidade da mente humana em buscar saídas assertivas. Somos seres cognitivos e não existem limites para nossas criações. A legitimidade das nossas buscas obrigará nossas estruturas fisiopsíquicas a encontrar caminhos que darão novo significado à vida.
Nada no mundo nos afastará do amor de Deus, nem a ilusão, nem solidão, nem a penumbra das emoções e nem o “carpe diem” exagerado. Tenhamos a certeza que o Amor do Criador é patrimônio que também nos pertence, por direito inalienável. Se preciso for utilizaremos de todos os recursos divinos para nos moldar a essa excelsa herança.
Referência bibliográfica:
1- Romanos 8:38-39
2- Algo que cria um novo caminho ou alternativa em sua vida ou de outrem, bom ou ruim. Geralmente precisa de tratamento psicológico ou quimico para ser alterado ou ainda mudança de atitude séria por parte de quem o enfrenta.
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