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24 maio 2016

A Lei Humana e a Lei Divina - Irmão José

 
A LEI HUMANA E A LEI DIVINA

A sociedade humana poderia ser regida somente pelas leis naturais, sem o recurso das leis humanas?

- Poderia, se os homens as compreendessem bem e tivessem vontade de praticá-las; então seriam suficientes. Mas a sociedade tem as suas exigências e precisa de leis particulares.  (O Livro dos Espíritos, questão 794)

Esclarecemos, de início, que a nossa própria visão – a dos espíritos que, presentemente, nos encontramos fora do corpo – é limitada à condição espiritual que alcançamos.

Não temos a pretensão da verdade integral. Qual ocorre à maioria dos espíritos, todos estamos ainda sujeitos à Lei do Progresso. 

Entendamos, no entanto, que mesmo as Leis Divinas reveladas aso homens adaptam-se à sua capacidade de assimilá-las.

No próprio Decálogo, o primeiro dos dez mandamentos foi, em parte, específico para o povo judeu: “Eu sou o senhor vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão”...

O terceiro mandamento, “Lembrai-vos de santificar o dia de sábado”, hoje já não deve ter aplicação literal, posto que todos os dias devem ser igualmente santificados pelo trabalho. Jesus esclareceu que o sábado havia sido feito em função do homem, e não o homem em função do sábado.

As Leis Divinas, as mesmas para todo o Universo, são, inegavelmente, imutáveis em sua essência; todavia, repetimos, adaptadas à condição espiritual de cada orbe e ao grupo de espíritos a que se dirigem.

A tendência natural é que as leis humanas evoluam no sentido das Leis Divinas, com elas se identificando. Vejamos, no entanto, que com referência ao Decálogo, foram as Leis Divinas que procuraram adequar-se à condição dos homens da época.

Séculos depois, Jesus viria ampliar-lhes a concepção, asseverando sempre: “Aprendestes o que foi dito... eu porém, vos digo...” Os homens, espíritos indisciplinados, ainda carecem de leis que os constranjam ao respeito aos semelhantes – base de toda instituição social.

É natural, pois, que algumas leis, como por exemplo, a pena de morte, ainda subsista em alguns países e, em outros que já a haviam banido, cogite-se de fazê-la voltar, até ser extinta de vez.

Sem que os valores morais da criatura se fixem, adquirindo estabilidade, os seus valores externos estarão sujeitos a variações. 

Estando em transição, subsistem , na Humanidade, indiscutíveis traços de primitivismo de que ela, pouco a pouco, encontra-se emergindo.

Recordemo-nos de que não faz muito tempo, a Teologia discutia, em intermináveis concílios, se a mulher era ou não dotada de alma. 

Aristóteles, um dos principais filósofos gregos, chegou a dizer que “a Natureza só faz mulheres quando não pode fazer homens. A mulher é, portanto, um ser inferior”.

Até a vinda de Jesus à terra, a mulher era aviltada e tida na condição de simples alimária pela sociedade machista da época. 

Escolhendo aparecer, redivivo, em primeiro lugar, a Maria de Magdala, em detrimento dos Apóstolos, o Cristo teve a intenção de dar à mulher um papel de relevância no Cristianismo, vencendo, neste sentido, a resistência dos primitivos cristãos, inclusive a de Paulo de Tarso, que chegou a escrever em sua primeira Carta aos Coríntios, capítulo 14, versículo 34: “As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhe é permitido falar...”.

Portanto, há ainda a longa estrada a ser percorrida pela legislação humana, par que, finalmente, ela venha a ser um verdadeiro reflexo da Legislação Divina, que imperará na consciência e no coração do homem.

Pelo Espírito Irmão José, mediunidade de Carlos A. Baccelli
Da obra "Segundo o Livro dos Espíritos"
Editora Didier, primeira edição, capítulo 48, novembro de 2009

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