PÁ PARA VOCÊ
Observando pessoas no Centro Espírita, a procura de lenitivo para seus males, Chico comentava:
– Muitos desses nossos irmãos não precisam de tanto passe. Precisam mesmo de uma pá.
Traduzindo: precisam de serviço, algo
para ocupar o tempo de forma produtiva. Há algumas observações
interessantes sobre o assunto:
A ociosidade é como a ferrugem, gasta mais do que o trabalho. A chave em uso está sempre limpa. - Benjamin Franklin
Um ocioso é um relógio sem os dois ponteiros, inútil quando anda e quando parado. - Cowper
O homem ocioso é como água estagnada – corrompe-se. - Latena
A ociosidade é o anzol do demônio. - Tomás de Aquino
Um homem perfeitamente ocioso é um pecado ambulante. - Colecchi
Há um consenso, como vemos, em torno da
necessidade de nos mantermos ativos, superando a tendência à indolência
que caracteriza a humanidade.
Essa maneira de ser é tão arraigada no
espírito humano que os teólogos medievais consideravam o Céu um local de
beatitude, onde as almas se desvaneceriam na contemplação do Criador,
em absoluto repouso. Daí falar-se diante da morte de pessoas que
enfrentaram atribulações ou tiveram doença de longo curso.
– Finalmente descansou!
Ah! Esse terrível Céu de beatitude vazia, de descanso sem remissão, de ociosidade perene, de monótonos arpejos!…
Está muito mais para inferno!
Bem, amigo leitor, se você está
consciente de que deve manter-se ativo, evitando a ociosidade, deve
conhecer o que nos diz Sócrates: Não é ocioso apenas o que nada faz, mas é ocioso quem poderia empregar melhor o seu tempo.
Multidões elegem o fim de semana para viajar, ir à praia, ao cinema, ao shopping; ao futebol…
Nada disso é mau em princípio – um espairecimento, diria o leitor, indispensável ao nosso bem-estar.
Concordo com você, porém, se
reconhecermos que não estamos em estação de férias na Terra, e sim para
evoluir, tudo o que não represente empenho de aprendizado e exercício do
Bem, com exceção das atividades relacionadas com a subsistência, será,
em última instância, mera perda de tempo.
E, não raro, ensejo à perturbação.
Comprometimentos morais, desvios de comportamento, vícios, adultério
chegam sempre pela porta da ociosidade.
Quando Chico lembra a pá, não se refere apenas ao trabalho pela subsistência, envolvendo profissão, cuidados do lar…
Há que se considerar esforço do Bem,
substituindo lazeres no mínimo improdutivos por iniciativas que nos
enriqueçam espiritualmente, valorizando o tempo que Deus nos concede
para as experiências humanas.
Há lazeres maravilhosos: visitar
enfermos no hospital, preparar refeições para famílias carentes,
distribuir cestas básicas, ler livros de caráter edificante, participar
de seminários e conferências, adquirir conhecimentos…
São lazeres que nos colocam em sintonia com as Fontes da Vida. Sustentam o bom ânimo, alegram o coração e enriquecem a alma.
Por isso, se nas nossas saudações aos
amigos e familiares desejamos–lhes paz, seria interessante, em favor
deles, eliminar a letra z.
Assim, amigo leitor, concluo, dizendo-lhe, à maneira de Chico:
Muita pá para você!
Richard Simonetti
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