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23 junho 2018

O sagrado feminino: nutrir e proteger - Maria Lúcia Garbini Gonçalves



O SAGRADO FEMININO: NUTRIR E PROTEGER


“As mulheres dentro dos Vedas e, portanto, na Índia, são vistas como a expressão da Mãe Divina, pelo seu poder inato de gerar.” (1)

“A Mãe Divina concedeu dois dons a todas as mulheres: o poder de nutrir e o poder de proteger.” Essa frase está no livro “O Caminho da Prática” (1), escrito pela monja védica Bri Maya Tiwari que, bravamente, lutou e superou um câncer de ovários. “Ela abandonou uma bem-sucedida carreira de estilista de moda em Nova York e mergulhou em meses de meditação intensiva e nutrição holística, sozinha, em uma cabana.” (1) Ela descobriu a força primordial feminina que os Vedas chamam de shakti, o poder de criar, que, quando despertada, a mulher vivencia a harmonia e a cura espiritual.

Maya diz: “O primeiro passo para invocar a sua shakti é admitir que já a possui. Reconheça-a dentro de si, em seus sentimentos e suas ações. Preste atenção à Mãe. Comece a perceber sua presença em tudo o que a cerca”. “Nós recebemos a energia shakti, transmitida pela linhagem feminina, como parte de nossa memória ancestral, pelo útero de nossa mãe”.

A ideia da missão maternal da mulher está em sintonia com O Livro dos Espíritos, no comentário pessoal de Kardec, na questão 820, vejamos:

“Deus apropriou a organização de cada ser às funções que lhe cumpre desempenhar. Tendo dado à mulher menor força física, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e com a fraqueza dos seres confiados aos seus cuidados”.

E ainda, é informado pelos Espíritos mais evoluídos sobre a superioridade das funções femininas em relação aos homens na questão 821 (2):

“As funções a que a mulher foi destinada pela Natureza têm tanta importância quanto às conferidas ao homem:

– Sim, e até maior, é ela quem lhe dá as primeiras noções de vida.”

Como sabemos que os espíritos não têm sexo, reencarnamos no gênero que nos trará maior facilidade de aprendermos o que necessitamos, nas funções a que Deus nos coloca no mundo.

O Espiritismo é repleto de obras que falam da natureza feminina. Por exemplo, na obra Ação e Reação, pelo espírito André Luiz, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, em seu capítulo 20 (3), onde um dos irmãos amparadores das esferas mais elevadas comenta, ao ouvirem os apelos de uma mãe desencarnada que queria evitar o suicídio da filha encarnada: “É impressionante observar o número de mulheres em trabalho de oração e assistência nessas paragens…”, e outro companheiro adiciona: “Grande verdade… Raras esposas e raras mães demandam às regiões felizes sem os doces afetos que acalentam no seio… O imenso amor feminino é uma das forças mais respeitáveis na Criação Divina.” (grifo nosso)

A monja Maya, observa nessa mesma obra citada no início deste ensaio: “A energia protetora da guerreira é a parte primária do instinto maternal de todas as mulheres. Muitas histórias foram contadas sobre mulheres que executam façanhas extraordinárias de força física para salvar seus filhos do perigo. Esta força feminina encontra-se em todas as fêmeas de todas as espécies. Há alguns anos, viajando pela Índia, por exemplo, eu testemunhei uma mãe elefanta destruir a locomotiva de um trem depois que este atropelou e matou seu filhote.”

Quando nasce o filhinho, o sentimento no coração da mãe é tão sublime que nada se compara a esse momento. Digo por mim e por todas outras mães que relataram o mesmo. Mas esse sentimento já havia brotado antes. A partir do momento em que há a concepção no corpo de uma mulher, forças naturais poderosas entram em ação e têm vida própria; o novo ser forma-se, automaticamente, independente da vontade dela, pois esse ser que ali se desenvolve é um indivíduo enviado à Vida por Deus, e a mãe é o veículo de Sua vontade. Agora, a mãe está, irremediavelmente, conectada a este bebezinho que se forma e o seu instinto de nutrir e proteger, naturalmente, brotam. Quando a mulher está em harmonia com todas essas forças sutis, agindo nela, ela está em equilíbrio com o Divino, com a vida real.

Ao saber da gravidez e querendo nutrir e proteger seu bebê, mesmo diante das críticas, das dificuldades materiais, do abandono, da solidão, do preconceito, do medo de perder a sua liberdade, os Espíritos guardiões que trabalham, incessantemente, propiciarão todas as condições para que ela consiga com o seu esforço, justo e sublime, conceber a criança.

O espírito de uma mulher engrandece-se ao gerar um ser dentro de si.

Como tudo é sincronizado na mais perfeita ordem neste mundo de Deus, no momento da fecundação do óvulo, um Espírito necessitado da experiência reencarnatória para a sua evolução e a da mãe que o abriga em seu ventre é, automaticamente, vinculado ao embrião.

Os Espíritos Superiores nos informaram esse fato em O Livro dos Espíritos, na questão 344, vejamos seus esclarecimentos:

“Em que momento a alma se une ao corpo?

A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o momento da concepção, o Espírito designado para determinado corpo a ele se liga por um laço fluídico, que se vai encurtando cada vez mais, até o instante em que a criança vem à luz; o grito que então se escapa de seus lábios anuncia que a criança entrou para o número dos vivos e dos servos de Deus”.

Mas se a mãe rejeita esse ser enviado exatamente para ela, depois de cuidadosos planejamentos e esforços dos Espíritos Superiores em lhe enviarem a pessoa mais perfeita para ser o seu filho(a) e, ela a melhor mãe possível para a criança, estará agindo contra sua própria natureza e se auto infligirá muito sofrimento, pois estará contra a sua própria consciência e natureza, e contra as leis de Deus, danificando seu períspirito e adquirindo dívidas futuras.

Deus respeita o nosso livre arbítrio, mas não nos isenta das responsabilidades de nossas ações.

Que a Mãe Maria de Nazaré, quem nutriu e protegeu nosso Mestre Jesus, proteja todas as mamães e que nada, nem ninguém, desvie-as de sua missão sagrada com o novo indivíduo concebido por sua própria vontade, ou quem sabe, por descuido, não importa, já que Deus o enviou.

Maria Lúcia Garbini Gonçalves


Referências Bibliográficas:

[1] Tiwari, Bri Maya. O Caminho da Prática – A cura feminina pela alimentação, pela respiração e pelo som. Editora Rocco;

[2] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Questão 821;

[3] Xavier, Francisco Cândido. Ação e Reação. Espírito André Luiz. Capítulo 20.


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