A FOGUEIRA DA INQUISIÇÃO E AS BRUXAS
Arrastadas de suas casas
sem saber ao certo do que estavam sendo acusadas, as “bruxas” eram
despidas e submetidas a um criterioso exame em busca das marcas de
Satanás. Sardas, verrugas, um mamilo grande, olhos dessemelhantes ou
azuis pálidos eram considerados sinais seguros de que a mulher,
principal vítima da perseguição, travara contato com as forças do mal.
Informada sobre as suspeitas que pesavam sobre ela, a mulher que
resistisse às lágrimas ou murmurasse olhando para baixo, seguramente era
uma seguidora dos espíritos malignos. Escaldadas em água com cal,
suspensas pelos polegares com pesos nos tornozelos, sentadas com os pés
sobre brasas ou resistindo ao peso das pedras colocadas sobre suas
pernas, as rés não tardavam a gritar aos seus inquisidores que -“sim,
era verdade”, que elas sacrificavam animais e criancinhas, evocavam
demônios nas noites de lua cheia, e usavam ervas e feitiços para matar e
trazer infelicidade aos inimigos.
Instaurada
para identificar e punir os hereges e sua doutrina de oposição entre o
bem do espírito e o mal do corpo, a inquisição foi oficializada em 1233,
no papado de Gregório IX. Do momento em que a Igreja declarou que as
antigas religiões pagãs eram uma ameaça hostil ao cristianismo, em 1320,
até a última execução judicial, realizada em território polonês no
final do século XVIII, milhares de pessoas, 80% mulheres, foram
acusadas, investigadas e punidas com base em denúncias da vizinhança.
“A
acusação de feitiçaria foi usada em muitas épocas, em muitas sociedades
como uma forma de perseguição a inimigos”, reconhece o antropólogo Luiz
Mott -, que podia lançar sobre qualquer pessoa de hábitos incomuns:
moças muito bonitas e solteiras, anciãs que dividiam o lar apenas com
animais, ou mães de filhos deficientes, por exemplo; a culpa pela doença
do filho, a falta de leite da vaca, ou a ausência de desejo do marido,
também eram motivos “claros”. As chances de escapar sem sofrer qualquer
punição eram praticamente nulas, não estavam livres nem os que se
negavam terminantemente a acreditar na existência da bruxaria.”
O Tribunal Da Inquisição
Para
não ficar “completamente injusto com as bruxas e os bruxos”, os
inquisidores criaram um tribunal, o Tribunal da Inquisição, para julgar
as bruxas, além de realizar alguns testes como vimos acima (eram
despidas e submetidas a um criterioso exame).
Nem
sempre as Bruxas eram médiuns naturais, como se acredita. Bastava uma
pessoa querer prejudicar a outra, fazia a denúncia e a morte era certa.
Algumas, sim, eram médiuns naturais ostensivos – e como tais, as
faculdades eclodiam naturalmente, sem controle do possuidor. Quando isso
ocorria, a pessoa era presa e condenada, pois não podemos denominar o
que se fazia de “julgamento”. Quer dizer, o médium era condenado à
morte.
Claro
que neste tribunal era quase impossível que as bruxas fossem
inocentadas, pois não existia advogado, nem júri, por isso a bruxa era
torturada e encaminhada à fogueira, no entanto se a bruxa pedisse perdão
“pelo que fez” e beijasse a Cruz, eles a enforcavam e depois a
queimavam mesmo assim.
Mas
não eram somente as Bruxas que eram vítimas do tribunal. O Tribunal da
Inquisição foi criado pela Igreja Católica Apostólica Romana, no período
medieval, com o propósito de investigar, apurar, julgar e condenar os
culpados por crimes de blasfêmia, heresia e outras práticas como a
Bruxaria.
Se
fosse qualquer estudioso, cientista ou inventor eles queimavam apenas
os seus olhos para que não pudessem mais ler nem escrever.
O
Tribunal era composto por eclesiásticos. Os suspeitos eram encarcerados
(eram denunciados por um vizinho, um amigo ou um ambicioso qualquer),
tinham seus bens confiscados e divididos entre a Igreja, o Estado e o
denunciante e submetidos a um longo processo do qual costumeiramente
constavam sessões de abdomináveis torturas e suplícios durante as quais
deviam confessar suas culpas (que eles nunca sabiam qual era).
As principais torturas eram:
1)
empalamento: é um método de tortura e execução que consistia na
inserção de uma estaca pelo ânus, vagina, ou umbigo até a morte do
torturado. A vítima, atravessada pela estaca, era deixada para morrer
sentido dores terríveis, agravadas pela sensação de sede.
2)
roda: tipicamente, a roda era nada mais do que uma grande roda de
carroça com diversos raios. O condenado era amarrado a ela e seus
membros, expostos entre os raios, eram quebrados com massas e martelos. O
corpo despedaçado do condenado podia ficar exposto para o público.
3)
polé: antigo instrumento de tortura no qual se pendurava o punido pelas
mãos com uma corda e se prendia pesos de ferro nos pés, deixando-o cair
com violência.
(ver a coluna já publicada “As Causas Espirituais do ódio dos Mulçumanos contra os Cristãos”)
Julgados
culpados eram entregues ao Estado (governo) para que lhe fosse aplicada
a sentença (quase sempre a morte, muitas vezes queimados vivos). A
Inquisição, nos seus últimos séculos, perseguiu e matou milhares de
judeus, protestantes, “heréticos” e homens das artes e das ciências que
ousaram contrariar os ditames da Igreja e das autoridades eclesiásticas.
Com frequência a Inquisição foi usada por reis para justificar a prisão
e execução de seus inimigos políticos, acusados de heresia.
Fernando Rossit
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