Total de visualizações de página

31 agosto 2018

A bennção do Perdão - Momento Espírita



A BENÇÃO DO PERDÃO


Uma nuvem de tristeza pesava sobre a alma daquela mãe sofrida.

O seu jovem filho, criado com amor e desvelo, fora assassinado por um amigo dominado pelas drogas.

O desespero e a amargura eram suas companhias permanentes.

Os olhos fundos e a palidez denunciavam as noites de insônia e a falta de alimentação.

Uma amiga a convidou, talvez inspirada pela providência divina, a buscar ajuda do médium espírita, de profunda dedicação ao bem, Divaldo Franco.

Era início da noite na cidade de Salvador, Bahia, quando as duas senhoras adentraram a casa espírita, onde Divaldo atende aqueles que o procuram em busca de consolo e esperança.

Ele atendeu aquela mãe, com grande ternura.

A senhora lhe narrou o drama ocorrido, dizendo que um amigo do filho o havia alvejado por motivos banais, de ligeiro desentendimento entre ambos.

Enquanto ela contava o acontecido, aproximou-se do médium a benfeitora espiritual Joanna de Ângelis, trazendo o espírito do jovem assassinado e disse ao médium para transmitir à mãe sofrida, algumas palavras do filho.

Então, tomando emprestada a aparelhagem fonadora de Divaldo, ele dirigiu palavras de conforto para sua querida mãe.

Recomendou-lhe que não cometesse suicídio, como estava pretendendo, pois isso a afastaria ainda mais dele, e por mais tempo.

Pediu que ela se lembrasse da mãe do amigo que cometera o homicídio e agora estava detido pela justiça humana, numa cadeia, entre criminosos comuns.

Aquela mãe, sim, era muito infeliz, pois seu filho era o verdadeiro desgraçado e não ele, que estava sob o amparo de amigos espirituais atenciosos. Ao ouvir aquela voz inconfundível, a mulher abraçou o médium, por cuja boca pudera ouvir as palavras amáveis e lúcidas do filho, que julgava ter desaparecido para sempre.

Sob a inspiração da benfeitora espiritual, Divaldo aconselhou aquela mãe a considerar o estado de alma da outra mãe, a do assassino, e pensar na possibilidade do perdão.

Na semana seguinte, o médium baiano viu adentrarem a sala duas senhoras, pálidas e de aspecto sofrido.

Uma ele já conhecia, a outra lhe era estranha.

Quando chegou a vez de atendê-las, a mulher, que estivera ali na semana anterior, lhe apresentou a companheira, dizendo ser a mãe do amigo do seu filho.

O médium entendeu que ela havia seguido os conselhos recebidos e buscava ajudar aquela mãe mais infeliz do que ela própria.

Conversaram por longo tempo.

Ao se despedir de ambas, Divaldo percebeu que um raio de luz penetrava suavemente aquelas almas doloridas.

A luz do perdão se fazia bênção de paz e gerava serena harmonia naqueles corações dilacerados pela dor da separação dos filhos bem-amados, embora por motivos diversos.

Na medida em que o tempo foi passando, as duas encontraram motivos para voltar a sorrir, e juntas visitavam o jovem no cárcere.

Mais tarde, fundaram uma casa de recuperação de toxicômanos para ajudar outros tantos jovens a se libertar das cadeias infelizes das drogas.

O perdão é uma das mais belas provas de confiança nas soberanas leis de Deus.

Perdoar é receber com resignação os fatos que não podemos evitar ou mudar, com a certeza de que a justiça divina não se equivoca e nada nos acontece se as leis de Deus, às quais todos nos encontramos submetidos, não o permitirem.


Por Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por Divaldo Pereira Franco, na cidade de Videira-SC, no dia 22.09.2003

30 agosto 2018

“Casamentos” precoces – Uniões prematuras - Jorge Hessen



"CASAMENTOS" PRECOCES - UNIÕES PREMATURAS


O “casamento” de crianças (sobretudo meninas) é corriqueiro em diversas sociedades cujas culturas jazem decididamente nos encostos religiosos. Entretanto, o problema de “casamentos” precoces também está muito presente no Brasil. Segundo o Instituto Promundo, entre 2013 e 2015, Maranhão e Pará têm a maior prevalência de “uniões” prematuras.

Frequentemente tais meninas não aderem a essa determinação (“casamento” coagido) porque não compreendem em que situação as estão conduzindo, em face disso, a responsabilidade dos pais é naturalmente maior porquanto na maioria das vezes as induzem ao precoce, portanto, constrangido matrimônio “informal”.

Muitos podem interrogar, averiguando as razões de uma menina, ainda nos arrebóis de sua infância, passar por insonhável barbaridade. Como identificar a coerência em renascer por escolha (iniciativa própria) e experimentar uma provação como essa? Qual o grau de imperfeição do Espírito para padecer tal desafio?

Recobremos a pesquisa do Instituto Promundo que comprova que as meninas se “casam” e têm o primeiro filho, em média, aos 15 anos. A pesquisa atribui o “casamento” infantil a três causas principais. A primeira é vulnerabilidade das comunidades, caracterizada por baixos níveis de escolaridade e infraestrutura, e fraca presença do Estado. Em segundo lugar, as adolescentes querem sair da casa dos pais porque desejam começar a namorar e, por isso, veem no “casamento” uma forma de fuga das proibições dos pais. A terceira causa é a fragilidade das estruturas familiares, que leva as meninas a buscar estabilidade e segurança fora de casa.

A infância e a juventude estão assombradas, sem alicerces morais claros, iludidas, com influências muito sensualistas. Nas crônicas diárias, jamais uma criança e ou jovem tiveram contato tão aberto com mensagens erotizantes como nos dias atuais, em grande parte graças ao acesso livre à Internet. O resultado está nos renascimentos desastrosos, que abrem expectativas nunca antes observadas. Todavia, graças à imortalidade, todas elas serão induzidas ao processo contínuo de evolução infinita, ocasionando, através da reencarnação, a fórmula divina para a definitiva conquista de si mesmas.

Enquanto isso, esse funesto estágio moral as remete à aventura do prazer impulsionando a recondução dos recém reencarnados à era das cavernas, fazendo-as mergulharem nos subterrâneos das orgias e ali entregando-se à fuga da consciência e do raciocínio pela busca, às vezes inconsciente do encanto alucinado pelo amadorismo das emoções imediatas da sexualidade.

No Sudeste do Brasil há casos em que meninas de 10 a 12 anos, frequentadoras dos típicos bailes (funk e análogos) engravidam. No Nordeste há diversos casos de aliciamento de menores, muitas vezes abusadas pelos próprios pais. Cada vez mais cedo, e com maior magnitude, as excitações da criança e do adolescente germinam adicionadas pelos diversos e desencontrados apelos das revistas libertinas, da mídia eletrônica, das drogas, do consumismo impulsivo, do mau gosto comportamental, da banalidade exibida e outras tantas extravagâncias, como espelhos claros de pais que relaxam em demorar-se à frente da educação dos próprios filhos.

É óbvio que reencarnação em tais circunstâncias, embora muito difícil, não é uma penalidade imposta por Deus como ajuízam alguns, porém tão somente um mecanismo intrínseco de superação da imperfeição moral do Espírito e um meio forçoso para o progresso. A reencarnação é indispensável com vistas ao duplo avanço moral e intelectual do Espírito, considerando o progresso intelectual que se dá através da atividade obrigatória do trabalho útil e do progresso moral que se realiza pela necessidade recíproca da prática do bem entre os homens.


Jorge Hessen

 

29 agosto 2018

A vida nos mostrando quem somos - Adriana Machado



A VIDA NOS MOSTRANDO QUEM SOMOS


Engraçado como a vida funciona. A todo tempo, ela nos traz experiências que nos fazem reagir.

Essa reação pode ser intensa ou não, segundo o quão profundo tal experiência nos atinge. Mas, o que é ser atingido por ela? Fácil. Quais foram as circunstâncias que mais marcaram vocês? Sei que a maioria está pensando naquelas que foram extremamente negativas, mas não são somente elas que nos impressionam. Quem não se lembra do colo amoroso de nossas mães? Quem não se lembra do sorriso de um amigo ao nosso lado? Ou da voz de nossos amores ao telefone? Quem não se lembra, simplesmente, de um dia de chuva onde brincamos nela e, encharcados e felizes, voltamos para casa?

Todos esses momentos nos marcaram por um motivo muito pessoal, mas que podemos generalizar afirmando que, em cada um deles, algo foi aprendido. Por exemplo, que podemos agir com carinho quando alguém precisar de nós; que podemos fazer diferença na vida de alguém pelo simples fato de estarmos presentes ou nos fazermos presentes; que, na simplicidade do que a vida nos oferece, podemos ser felizes...

Para cada uma dessas experiências, há um grande aprendizado que pode ser absorvido por nós, se estivermos atentos a ele. Quanto mais abertos aos ensinamentos existentes nas entrelinhas das experiências ofertadas mais rápido nos damos condições de subirmos nos degraus de nossa escala evolutiva.

Mas, o ponto crucial é que cada uma dessas circunstâncias nos trarão o olhar mais cristalino de quem estamos hoje! As nossas reações são um reflexo da pessoa que ainda somos, bem como da pessoa que queremos nos tornar.v Cada experiência coloca à prova o nosso ser interno que está atento a tudo ao seu redor e que reage imediatamente ao ser estimulado. Não é difícil vocês entenderem o que eu quero dizer. Vamos lembrar de uma situação corriqueira que acontece com um amigo e que ele sempre se indigna ou se revolta. Você, que está fora das consequências daquela experiência, dá a ele os melhores conselhos, dizendo que ele precisa ter mais paciência, por exemplo. Mas, você não percebe que, em algumas situações corriqueiras da sua existência, você age da mesma maneira, sem ter paciência para aguardar os melhores resultados. Situações diferentes, mas semelhantes na postura, que nos mostram que já temos conhecimento de como agir, mas que ainda estamos absorvendo os detalhes importantes para melhor aplicá-los no nosso viver.

A vida nos traz as melhores experiências, aquelas que nos impulsionam a nos mostrar sem máscaras. Assim, podemos nos dar a chance de perceber o que precisamos ainda aprimorar em nosso ser, fazendo diferente a partir desta percepção.

Fato é que ela (a vida), ao nos colocar à prova, está nos dizendo que já portamos algum entendimento que só precisa ser aprimorado, passo a passo, em direção às verdades perfeitas e imutáveis que nos regem.

Quem a vida nos mostra que somos? Seres em evolução que, pelos percalços de nossa ignorância, não desejamos nos enxergar. A sabedoria divina, no entanto, nos levará a nos depararmos com as experiências que nos farão reagir como realmente somos e, não havendo mais o véu que tentamos sustentar, só teremos uma postura a seguir: aprimorarmo-nos para um melhor viver.




28 agosto 2018

Amanhã eu faço - Orson Peter Carrara




AMANHÃ EU FAÇO


Ele mesmo declarou que sua maior imperfeição moral era a preguiça. Ao final da existência, lamentou-se do péssimo hábito de tudo deixar para amanhã. Não levava adiante as providências em andamento, preferia adiar compromissos, sempre se atrasava em tudo e não percebia que seus atrasos prejudicavam terceiros, traziam aflições a quem dele dependia e que o maior lesionado de suas atitudes negligentes era ele mesmo.

Chamava-se João e o “amanhã” foi acrescentado como apelido. Ficou conhecido, pois, com o nome de João Amanhã. Todos conheciam aquele homem que sempre apresentava desculpas, muitas delas bem esfarrapadas, para justificar atrasos ou não cumprimento dos mais elementares deveres, o que trouxe muito sofrimento para seus pais, durante toda a vida. Na verdade, porém, os pais foram os maiores responsáveis pelo adulto negligente, pois não o corrigiram na infância, concordando com sua costumeira indolência.

A mãe tentou corrigi-lo na adolescência, entregando-o aos cuidados de um tio muito trabalhador e disciplinado que viajava muito. O rapaz o acompanhou, mas alguns meses depois recebeu comunicado da mãe para que voltasse, face à enfermidade que acometera o pai. O rapaz deixou para viajar no dia seguinte, como de hábito em tudo que fazia. Por força do adiamento, no dia seguinte, o veículo coletivo sofreu avaria causando considerável atraso na viagem. Indiferente com o reparo, resolveu adiar novamente a viagem, para o próximo dia.

Quando conseguiu chegar o pai já havia morrido.

Mas não foi só. Um outro tio, solteiro, solicitou sua presença para cuidar de seus negócios – face a impedimento inesperado – e ele novamente viajou. Deixou a namorada e prometeu voltar assim que possível. Seis meses depois, em virtude de adiamentos sucessivos, quando tentou voltar, novamente perdeu o veículo coletivo que o traria de volta. No dia seguinte, quando viajaria, amanheceu enfermo e impossibilitado de viajar. Com isso, até se recuperar foram mais de três meses. Numa época em que ainda não havia telefones, ficou de escrever para a mãe e para a namorada, mas sempre deixava para o dia seguinte. A mãe a namorada acharam que ele tinha morrido, em face da ausência de notícias. A mãe enfermou e a namorada decidiu ir para o convento.

Quando chegou, um ano depois, a mãe havia morrido. A noiva, surpreendida pela volta do namorado, e agora já com votos religiosos, suicidou-se. Ele, por sua vez, por negligência contumaz, após a morte da mãe, foi sucessivamente perdendo os próprios bens e os recursos básicos de sobrevivência. Transformou-se num mendigo, passou fome e vivia da caridade alheia, sem movimentar-se para nada. Quando solicitava esmolas para comer, diziam-lhe: você não comeu hoje, comerá amanhã. Morreu de fome, abandonado. E até seu corpo ficou insepulto naquela noite, pois os coveiros – numa tarde de chuva torrencial – disseram uns para os outros: deixemos para amanhã, como ele sempre fazia…

A vida é dinâmica e pede iniciativa, providências contínuas que nos preservem de enfermidades e nos garantam o sustento e o equilíbrio da própria existência. Entregar-se a atitudes irresponsáveis como a preguiça é um grande mal.

Observemos se nossos comportamentos não geram aflição para os outros, se nossos adiamentos e atrasos não prejudicam outras iniciativas e decisões. Nossas costumeiras pendências, alimentadas e mantidas, não se enquadram no triste exemplo acima, guardadas as devidas proporções?

Quando nos atrasamos com compromissos, quando não respondemos a alguém que nos aguarda, quando não damos notícia ou quando mesmo não cumprimos nossos compromisso e deveres, estamos lesando alguém. Quando não respeitamos horários e permanecemos indiferentes com a série de obrigações diárias da simples convivência, não estaremos nós lesando a tranquilidade alheia e trazendo prejuízos ao bem geral?

Afinal quem somos para exigir benefícios pessoais em detrimento da harmonia do conjunto?

Quem privilégio achamos que detemos acima de outras pessoas?

É algo para pensar, não é? Um bom convite a uma autoanálise sobre nós mesmos. Uma ótima oportunidade para pensar se não somos os velhos egoístas de sempre. Achar-se alguém superior a outrem é bem uma tola pretensão descabida. Ninguém é maior ou menor do que ninguém. Somos todos iguais, apesar das diferenças que possamos ter...

Por Orson Peter Carrara


27 agosto 2018

Pertubadores Espirituais - Joanna de Ângelis



PERTURBADORES ESPIRITUAIS


Sim, produzem perturbações, os Espíritos que se debatem em aflição, na retaguarda do Além-túmulo, e, na agonia, esparzem inquietação.

Perturbados, disseminam intranqüilidade; ociosos, divertem-se, tumultuando; vitimados pela maldade em que sucumbiram, destilam energias deletérias, que terminam por infelicitar.

Não nos referimos, aqui, à problemática obsessiva, propriamente definida.

Ocorre que, cada um, em situando o coração onde coloca os interesses, ao concentrar-se, sintoniza com mentes idênticas, que respondem aos apelos formulados, por meio de expressões equivalentes ou através de atos idênticos.

Vives sob a construção do que pensas, e cultivas o campo em que colocas as aspirações.

Seja consciente da responsabilidade ou não, a vida responde conforme a pauta das interrogações que se formulam.v Se te aclimatas à conservação da ira, sintonizarás com Espíritos odientos, que te cercearão o avanço.

Se formulas idéias pessimistas, identificar-te-ás com Espíritos perturbadores, que se comprazem nas cogitações enfermiças do pensamento em desalinho.

Se te distrais no dever espiritual, facultas o conúbio com Espíritos inferiores, que te sitiam a casa mental, gerando desequilíbrios nos centros do teu discernimento.

Se te permites leviandades e cogitações perniciosas, serão inumeráveis os pensamentos venais que te advirão, em processos hipnológicos de longo curso, em que se adestram os Espíritos vingativos e perversos, sim, perturbam os homens da Terra, os que chegaram ao Mundo Espiritual perturbados, vencidos, infelizes em si mesmos.

Antes que lobriguem a sintonia perfeita com a tua mente, levanta-te pela austeridade moral, disciplinando os pensamentos e as atitudes, a fim de librares acima das faixas densas e nefastas em que se situam os perturbados espirituais, nossos irmãos enfermos da retaguarda evolutiva, podendo, então, ajudá-los com segurança.

Instado, momentânea ou repetidamente a quaisquer injunções negativas, lembra-te da higiene mental pela prece e pela meditação, não te favorecendo o devaneio infeliz.

Mantém, assim, os pensamentos na diretriz evangélica e alça-te à luz do Amor, porque somente no clima e nas paisagens do amor de Nosso Pai haurirás a vitalidade essencial para o indispensável amor que liberta e felicita, no mesmo teor com que nos ama Jesus, libertando- te, por fim, das constrições lamentáveis que são produzidas pêlos perturbadores espirituais."


Por Joanna de Ângelis
Obra: Celeiro de Bênçãos
Psicografia Divaldo Pereira Franco


26 agosto 2018

Eclosão da mediunidade: quando os conflitos surgem



ESCLOSÃO DA MEDIUNIADE: QUANDOS CONFLITOS SURGEM

São inúmeras as contradições e perturbações relacionadas à ausência de educação mediúnica


Quem realmente é integrado ao Espiritismo, estuda-o e é bom observador, descobre nuances que as demais pessoas não conseguem atentar, com relação a conflitos e contradições que comumente se apresentam nos portadores de mediunidade, divorciados do estudo e da indispensável educação.

Por serem portadores de aguçada sensibilidade, essas pessoas sentem tanto no campo mental quanto no físico a harmonia ou desarmonia como resultados de suas próprias condições ou das companhias espirituais com as quais têm afinidade. Não raro, elas são vítimas de certas contradições: apresentam-se felizes e otimistas em um momento e inexplicavelmente transformam-se, sentindo-se infelizes e pessimistas; se são oriundas de outras religiões sofrem constantemente alternâncias com relação à fé; arrependem-se e desejam retornar à religião de origem, quando visitados pelas dificuldades naturais que caracterizam a mediunidade de provas.

São inúmeras, na verdade, as contradições e perturbações relacionadas à ausência de educação mediúnica; mas, o medo exagerado da morte é uma das causas mais comuns de perturbação, pois Espíritos levianos, porém conhecedores de técnicas de manipulação de fluidos, atuam nos centros de força, principalmente o coronário, o cardíaco e o cerebral, provocando desarmonias em seu funcionamento que refletem nos órgãos correspondentes.

Os sintomas que resultam dessa maldosa intervenção são: alteração da frequência cardíaca, pressão no tórax, dores precordiais, perturbação mental, turvação da visão, vertigens, desmaios ou até mesmo convulsões. Nestas condições a vítima imagina ser portadora de problemas cardíacos ou neurológicos, o que aumenta mais o medo e a insegurança, dos quais os verdugos se aproveitam para intensificar o domínio e a perturbação.

Com frequência, os ardilosos adversários do plano espiritual utilizam-se de alguém, também portador de mediunidade, e através de sugestões telepáticas o tornam instrumento apropriado para que, de variadas formas possíveis, aumente o sofrimento da vítima.

Para ilustrar, relataremos um caso que cremos ser muito pertinente ao que estamos a estudar:

Um jovem estudante universitário, por volta dos 23 anos de idade, passou a sentir certas perturbações que lhe tiravam o sossego. Inexplicavelmente, sua frequência cardíaca se alterava, um frio repentino tomava seu corpo, à noite sentia vontade de dormir, mas ao deitar-se na tentativa de atender a necessidade do corpo, a mente entrava em desalinho, pois era tomado por um medo incomum; o coração disparava, a respiração entrecortava-se e ele ficava apavorado. Passaram-se alguns meses, inúmeros médicos foram consultados, medicamentos variados foram prescritos, mas tais providências foram inócuas.

Uma tarde, para recuperar-se dos efeitos da noite anterior, que não conseguira dormir, deitou-se quando de repente foi acometido da costumeira crise: o coração em descompasso, a mente em desalinho – era a morte, assim imaginou. Levantou-se sobressaltado, respirou profundamente várias vezes e só após alguns minutos os sintomas foram amenizados. Ainda possuído pelo medo, concluiu que certamente sofria de problemas cardíacos e que brevemente morreria.

Desejando mudar de ambiente e desligar-se da perturbadora ocorrência, resolveu ir à agência de passagens para se informar a respeito do horário de ônibus para a capital onde residia e estudava. Ao chegar à agência, dirigiu-se ao atendente, que era seu amigo; este lhe perguntou se desejava comprar a passagem e ele respondeu que só viajaria no dia seguinte; e o amigo com muita firmeza lhe falou: viaje hoje, pois, pode ser que você morra amanhã! Ouvindo esta frase o jovem quase desencarnou; ficou extático, o coração disparou e só a muito custo se restabeleceu.

Por mais de um ano, ainda esse jovem sofreu as repetidas crises, as quais ele imaginava ser sintoma de grave doença; e assim entregava-se aos mais sombrios prognósticos. Alguns meses depois, teve a oportunidade de conhecer algumas obras espíritas e começou a frequentar um centro espírita, onde recebeu a assistência e a orientação necessárias; foi encaminhado posteriormente às reuniões de estudo e educação da mediunidade. Gradativamente os problemas desapareceram. Hoje, decorridas várias décadas, como médium e trabalhador espírita, ele se lembra de todo o drama vivido como uma experiência muito importante.

Fatos como este são muito frequentes e têm provocado conclusões precipitadas a respeito da mediunidade; tanto para afirmar que mediunidade é sinônimo de perturbação, como para induzir à apressada busca de um desenvolvimento sem as bases da educação do médium.

A receita mais eficaz para que sejam evitados tais constrangimentos é a frequência do médium a um centro espírita, para receber tratamento e orientação adequados. No momento oportuno, encaminhado ao estudo e educação da mediunidade, ele encontrará o equilíbrio e compreenderá que não existe desenvolvimento da mediunidade sem a autoeducação do médium.

F. Altamir da Cunha
Fonte: O Clarim


25 agosto 2018

Mortos estamos nós - Wellington Balbo



MORTOS ESTAMOS NÓS


O dia de finados chega e ficamos a chorar os que partiram.

Questionamos, indagamos e tentamos saber as razões pelas quais nossos afetos vão embora, muitas vezes de forma repentina.

A inconformação ganha espaço em nossos raciocínios porque em nossa visão quem deve ir primeiro são os mais velhos. Consideramos que o pai deve partir antes do filho.

Irmão mais velho antes do mais novo.

Quem tem 99 deve ir antes, muito antes do que aquele que tem 45. Entretanto, embora queiramos que seja assim, sabemos que não funciona assim.

É que são insondáveis os desígnios de Deus, e ignoramos as necessidades evolutivas dos seres que estão encarnados, entonces...

Entonces muita gente perde-se em pensamentos, questionamentos e reflexões deste quilate:

- Por que se foram?

- Coitado, tão jovem, tinha tanta vida pela frente.

- Tanta gente malvada e justamente ele vai embora! Que injustiça!

Frases assim demonstram o desconhecimento do público em geral sobre as leis que regem a vida, sobre a reencarnação.

Reencarnamos com o bilhete de passagem de volta comprado, só não está datado, porquanto em muitos casos a data do desencarne dependerá de nossa postura aqui na Terra.

Pessoas negligentes com a saúde tendem a entrar no ônibus de retorno mais cedo.

Indivíduos que levam uma vida desregrada, arriscada, começam a tingir com as cores da imprudência o seu retorno ao plano dos espíritos.

Exatamente, morrem antes do tempo previsto!

O inverso também é real.

Pessoas que se cuidam, guardam qualidade de vida, obedecem regras tendem a viver mais tempo no corpo.

Porém, em verdade, ninguém morre.

Aqui ou no além estamos vivos.V Aliás, aqui, encarnados, estamos mais mortos do que aqueles que julgamos serem os mortos da história.

Em suma, mortos estamos nós, eles vivem.

Os que se foram não estão mortos, mas vivos. Mortos estamos nós, encarnados, limitados pelo corpo físico não conseguimos experimentar em plenitude todas as capacidades do espírito.

Eles, os que se foram, estão vivos, podendo gozar a vida sem tantas necessidades grosseiras que nos são impostas pela maquina orgânica.

Um dia, porém, nasceremos ao nos despojarmos do corpo, e enquanto um cortejo chora a nossa partida afirmando que morremos, nós constataremos felizes a certeza de que a vida continua e de que mortos estão os que ficaram, não os que partiram.

Todavia, que saiamos daqui no tempo exato, no prazo previsto para nosso desencarne, e para isso é preciso aproveitar com comedimento a vida, ou melhor, a experiência de estar encarnado.

Podemos ser os próximos passageiros a entrar no ônibus que atravessa a fronteira para o além, e que nosso nascimento seja tão feliz quanto foi a nossa morte por aqui, enquanto encarnados.

Porque eles vivem. E nós? Nós estamos “mortos”...

Wellington Balo



24 agosto 2018

Criminalizar ou Descriminalizar o Aborto - Dora Incontri



CRIMINALIZAR OU DESCRIMINALIZAR O ABORTO


Em primeiro lugar, devo declarar para abertura desse artigo que considero o aborto algo muito negativo, traumático, para a própria mulher, para o ser que está em seu ventre e para a sociedade. Ninguém aborta por esporte e conheço várias mulheres que abortaram por convicção e nem por isso tratou-se de um fato corriqueiro, sendo um ato que deixa sempre uma ferida psíquica. Do ponto de vista espírita, sabemos que há ali um ser reencarnante, que sente a expulsão à força daquele local aconchegante e supostamente protegido, que deveria ser o ventre de uma mãe.

Até mesmo a psicanálise, uma ciência sem nenhuma ideia de transcendência espiritual, considera que há vida humana uterina, já que se fala em formação psíquica desde o ventre, e que se pode trabalhar mesmo traumas que se deram durante esse momento. Se há alguma forma de lembrança emocional que a pessoa pode ter da fase fetal, então isso significa que havia uma consciência ali, pelo menos em formação. Alessandra Piontelli, uma psicanalista italiana, relata os resultados de uma pesquisa realizada com crianças, desde o ventre até a idade de 4 anos num livro chamado De Feto a Criança – um estudo observacional e psicanalítico. Aí se percebe que falas, vivências, impressões que a mãe teve durante a gravidez repercutiram no psiquismo da criança em gestação. Para o grande psicanalista inglês, Donald Winnicott, a relação mãe-bebê, um estado de fusão psíquica que só vai se desfazer totalmente aos 2 anos de idade, começa ainda no ventre.

Pondero tudo isso, para deixar claro que a questão do aborto não é apenas, como querem alguns, uma discussão entre feministas radicais e religiosos fanáticos! Geralmente essa polêmica tem girado em torno dos argumentos seguintes: De um lado, a liberdade da mulher de fazer o que quiser com o próprio corpo (mas há outro corpo e outra consciência ali) e de outro lado uma questão de princípios religiosos (mas esses princípios não poderiam se apresentar como parâmetro social de uma coletividade em que há crentes e ateus e divergências de visão de fé – o Estado deve ser laico e não pode se orientar por determinações religiosas). Acredito assim que não deveríamos discutir o aborto meramente do ponto de vista ideológico e religioso. Deveríamos olhar a problemática mais de forma psicológica, ética e social.

Os espíritas, supostamente, deveriam estar de posse de um discurso diferente de outras correntes religiosas, fazendo apelo a evidências de pesquisa de que há uma consciência que sente ali no ventre materno. Por exemplo, as fartas pesquisas de memórias de vidas passadas de Ian Stevenson e equipe ou as regressões que muitos terapeutas fazem que passam pela memória intrauterina (cujas lembranças podem ser confirmadas por pais e outros familiares).

Entretanto, como no Brasil, o espiritismo virou mais uma religião institucionalizada, os órgãos federativos assumem um ar místico de defesa da vida, que em nada difere do discurso de outras religiões.

E há vários problemas nessa postura.

Primeiramente, podemos considerar o aborto um trauma psíquico para a mãe e para o espírito reencarnante, mas não precisamos com isso criminalizar a mãe e encarcerá-la. Isso é desumano, desnecessário e ineficiente para coibir o aborto. Sobretudo porque sim, nesse caso, temos uma visão machista, como se uma mulher pudesse ter um filho sozinha. Os homens também são responsáveis pelo ser que geraram – embora muitas e muitas vezes não assumam. E depois querem fazer leis que criminalizam a mulher, que foi deixada sozinha com a decisão de ter ou não esse filho. De outro lado também, os próprios homens deveriam reivindicar o direito de decidir em conjunto, já que o filho não é só da mulher. Ela não é a única envolvida na questão.

O problema, portanto, não é ser contra a aborto, o problema é criminalizá-lo. Também considero repugnantes as clínicas comerciais de aborto, sejam clandestinas em países em que o aborto é proibido, sejam oficializadas em países em que é legal – em ambos os casos, aliás, bastante lucrativas. Mas a questão é de conscientização e não de proibição.

E o problema dos espíritas não é militar contra o aborto, mas a maneira que o fazem e a exclusividade de sua militância por essa questão.

Ao invés de ficar batendo na tecla de não descriminalizar o aborto, porque os espíritas (e com isso digo as instituições que se julgam representantes do espiritismo) não discutem as mortes de mulheres pobres nas clínicas de aborto clandestinas, por que não falam do machismo da nossa sociedade que não ampara a mulher na maternidade, a partir de muitos pais, homens, que consideram que não é com eles (eles não deveriam ser criminalizados também nesse caso?), da miséria estrutural que não favorece a consciência social da gravidez desejada e responsável?

A nossa militância deveria ser pela licença maternidade e pela licença paternidade prolongadas, pela educação sexual na adolescência, numa postura de prevenção da gravidez precoce, pela abolição da violência obstétrica, da violência doméstica, da violência sexual contra mulheres e crianças… E de nada disso ouço os espíritas institucionais falar… Sem mencionar outros temas vitais que deveriam fazer parte da pauta de discussão e militância destes nossos companheiros tão devotados à vida: será que ouvi alguma manifestação da FEB contra a intervenção militar no Rio de Janeiro, a mesma que exterminou Marielle com 9 tiros e que poucos dias atrás matou um menino em uniforme escolar? Por que motivo esses nossos confrades (para usar um termo que ouvia muito na minha adolescência espírita) se mobilizam tanto por uma criança que não nasceu ainda (e já disse que me mobilizo também) mas não dizem uma palavra das crianças mortas nas favelas por tiros perdidos ou pelo extermínio sistemático de jovens nas periferias de São Paulo ou nos morros do Rio de Janeiro?

Já narrei num artigo sobre o assunto no meu blog pessoal, qual foi a postura de Pestalozzi em pleno século XVIII, na Suíça, quando se debruçou sobre as mulheres que matavam seus filhos ao nascerem e depois eram condenadas pela justiça. Descobriu que era um problema social, pois eram mulheres que vinham do campo, engravidavam, eram abandonadas e não tinham nenhum apoio. E Pestalozzi não achava que era justo e necessário punir as mulheres, mas prevenir a situação social, que as levava àquele ato desesperado.

Com toda essa problematização da postura dos espíritas na sociedade brasileira, gostaria de dizer que me preocupa ver os supostos representantes do espiritismo ao lado das facções mais conversadoras das igrejas cristãs, com um tom moralista e religioso, tão ungidos contra a descriminalização do aborto. Acho que os espíritas deveriam ter uma abordagem mais abrangente, compassiva e complexa do problema e ao mesmo tempo se engajarem em outras urgências sociais, das tantas que se apresentam no Brasil e no mundo, com propostas progressistas, transformadoras e profundas.

Dora Incontri

23 agosto 2018

Camelôs e vendilhões modernos na encruzilhada do movimento espírita brasileiro - Jorge Hessen



CAMELÔS E VENDILHÕES MODERNOS NA ENCRUZILHADA DO MOVIMENTO ESPÍRITA BRASILEIRO



É intolerável os abjetos festivais de eventos “espíritas” mormente grandiosos, inócuos e excludentes a exemplo de seminários, congressos, simpósios, encontros “fraternos”, quase sempre onerosos, soberbos, luxuosos, e constantemente destinados à elite “espírita” aquinhoada.

Nos tais eventos entronizam-se shows de oratória retumbantes (ocas de humildade), através de palestras (algumas plagiadas), desgastadas, repetidas e supérfluas. Porém os líderes espíritas atuais conservam-se sob a hipnose do “canto de sereia da fama ou da santificação”, sempre de olho na arrecadação dos recursos financeiros para desgastados programas sociais.

É óbvio que não estão no legítimo caminho do Cristo!... Ouço com insistência nos diversos centros que frequento sobre práticas consideradas estranhas e dispensáveis para a boa difusão do Espiritismo.

Frequentei várias instituições onde alguns divulgadores famosos são alcunhados (nos bastidores logicamente) de "camelôs ambulantes do Espiritismo", porque negociam e ofertam suas produções literárias (mediúnicas ou não), CD’s e DVD’s nos balcões de negócio preparados para que após suas “palestras espetacularizadas” sejam vendidos em “prol” do surrado assistencialismo “espírita” em que se vangloriam concretizar.

Tal modelo propagandista do “Espiritismo” que ganhou relevo após a desencarnação do Chico Xavier é, sem dúvida nenhuma, a deterioração da proposta dos princípios espíritas destinados a todos, ao alcance de todos.

Observemos a entrevista que o Chico Xavier concedeu ao Dr. Jarbas Leone Varanda e que foi publicada no jornal uberabense O Triângulo Espírita, de 20 de março de 1977, republicada no Livro “Encontro no Tempo”, organizado por Hércio M.C. Arantes e editado pela IDE em 1979. O amoroso Chico Xavier advertiu que "é preciso fugir da tendência à ‘elitização’ no seio do movimento espírita (...) o Espiritismo veio para o povo. É indispensável que o estudemos junto com as massas mais humildes, social e intelectualmente falando, e delas nos aproximemos (...). Se não nos precavermos, daqui a pouco estaremos em nossas Casas Espíritas, apenas, falando e explicando o Evangelho de Cristo às pessoas laureadas por títulos acadêmicos ou intelectuais (...)”.

Lembro quando puliquei o artigo “INDUSTRIALIZAÇÃO DE EVENTOS ESPÍRITAS "GRANDIOSOS" [1], o ex-reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora, e escritor espírita, José Passini, afirmou: “Seu artigo, Jorge Hessen, deveria ser eternizado em placa de bronze e distribuído às instituições espíritas. Você acertou em cheio no monstro que desgraçadamente cresce em nosso meio.”

Certamente os Benfeitores espirituais , conscientes dos despautérios sobre a desprezível “ELITIZAÇÃO DO ESPIRITISMO” estejam nos alertando para um tempo de necessárias e urgentes mudanças.

É infame, muito deprimente mesmo! Não é fácil testemunhar esse nefasto cenário sem utilizar o brado da repulsa, através da voz (escrita) e sugerir mudanças. Sobre isso, faço a minha parte destemidamente e sem amarfanhar a própria consciência.

É urgentíssimo dar um basta à grave vocação elitista do movimento espírita brasileiro.

Em verdade, de duas, uma! Ou o Espiritismo chega à massa dos espíritos visíveis (encarnados) , especialmente os “filhos do Calvário”, os deserdados, para justificar suas mensagem ou submergirá no fosso profundo da hipocrisia e não haverá mais razão e nem legitimidade divulgar o Evangelho através da Terceira Revelação.

Jorge Hessen

Referência:



22 agosto 2018

Pertubações - Joanna de Ângelis




PERTURBAÇÕES


Apesar de tuas boas disposições, surgem momentos em que estranhos estados da alma assomam, perturbando-te a lucidez e o entusiasmo.

Esses constituem desafios graves, que podem levar a imprevisíveis resultados negativos.

Surgem como depressão ou desinteresse, que deflui de uma observação infeliz, ou de uma palavra azeda, ou de uma discussão desgastante...

Há ocasiões em que se manifestam como nuvem obnubiladora do discernimento, insistente, que termina por gerar indisposição íntima, quando não leva distonias e agressividade mais contundente.

Além dos fatores normais sócio-psicológicos do relacionamento ou da emoção, originam-se na interferência psíquica de desencarnados que se comprazem em inquietar, inspirando desespero e conduzindo a estágios aflitivos...

Vivemos em quase permanente intercâmbio psíquico com os outros, no corpo físico e fora dele.

Mentes disparam dardos contra outras, atingindo o alvo com pontaria segura e estabelecendo telefone de comunicação perturbadora.

Interrompe a telepatia deprimente, sobrepondo a tua vontade e corrigindo a sintonia psíquica.

Sai um pouco e respira ar puro.

Recorda os planos e ideais que acalentas.

Dialoga um pouco com alguém que te inspira simpatia.

Ora, por alguns instantes.

Estes expedientes expulsarão a onda de perturbação que te envolve, e tornarás ao estado de tranquilidade.

Joanna de Ângelis


Recebido espiritualmente por Divaldo Pereira Franco
Texto extraído de “Episódios Diários” - Editora LEAL

21 agosto 2018

Os sofrimentos - Divaldo P.Franco




OS SOFRIMENTOS


A vida para expressar-se exige o consumo de energia.

O desgaste, portanto, é resultado do uso que produz o envelhecimento e a consumpção.

O ser humano é o princípio inteligente do Universo, gerado por Deus a caminho da perfectibilidade relativa a que está destinado.

Desde quanto criado reveste-se de inúmeros corpos que lhe constituem a organização material, desenvolvendo os valores que lhe jazem no íntimo até o momento em que se liberta do jugo carnal, tornando-se Espírito puro.

Compreensível que em cada etapa desenvolva alguma aptidão que o dignifica, somando as experiências que mais lhe facultam o engrandecimento intelecto-moral.

A existência carnal é-lhe, pois, uma provação, mediante a qual supera o primarismo do início.

As conquistas positivas, assim como as negativas, programam as futuras, experimentando, no primeiro caso, ascensão e, no segundo, sofrimentos naturais, mediante os quais aprende a respeitar as Leis que regem a vida.

O sofrimento, desse modo, expressa-se como mecanismo de evolução, por facultar-lhe a libertação das anfractuosidades morais que o mantêm nos níveis inferiores.

Quando existe o despertar para a realidade daquilo que se é e das infinitas possibilidades que lhe estão ao alcance, mais fácil torna-se a aquisição da felicidade, mediante a libertação das paixões dissolventes e a aquisição dos sentimentos de amor.

A ciência e a tecnologia diariamente descobrem os recursos que tornam a existência material amena, senão, quase destituída de padecimentos, necessitando do contributo ético-moral para alcançar-se a plenitude.

Nesse sentido, a ciência espírita constitui um manancial de bênçãos ao alcance de todos quantos desejam superar os limites da organização material, utilizando-se das preciosas lições do Evangelho de Jesus Cristo, as mais belas que se conhece porque centralizadas no amor, transformando os instintos hostis em sentimentos de ternura e fraternidade.

Esses sentimentos, no entanto, devem ser trabalhados com frequência, utilizando-se os valiosos tesouros da paciência, da humildade e da solidariedade que devem viger em todos os corações.

Jamais houve na Terra tantas conquistas valiosas ao tempo em que multidões fragilizadas naufragam nos poços sombrios da depressão e do suicídio ou fogem para a violência.

Jesus continua sendo a solução, aguardando que cada qual cumpra com o seu dever de amar e servir sempre.

Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 9.8.2018

20 agosto 2018

Armar a população ou amá-la - Jorge Hessen




ARMAR A POPULAÇÃO OU AMÁ-LA


Em 24 de março de 2018, mais de 2 milhões de pessoas tomaram as ruas dos Estados Unidos em protestos contra a violência. Lá cidadãos têm de 300 a 350 milhões de armas e a taxa de homicídio por arma de fogo é 25 vezes maior do que as taxas de outras nações abastadas.

Segundo Jeffrey Swanson, professor de Psiquiatria e Ciência Comportamental da Escola de Medicina da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, cerca de cem pessoas morrem no país diariamente por causa de um tiro. Por outro lado, a política de desarmamento da Austrália fornece evidências reais e convincentes de que ter menos armas disponíveis para a população está relacionado a uma redução significativa em mortes. Ou seja, o risco de morrer por tiros na Austrália caiu mais de 50%, e não houve nenhum sinal de aumento nos últimos 22 anos.

Mas há os que ainda defendem o armamento da população. Alguns pesquisadores afirmam que a mera presença de uma arma torna o comportamento do homem mais agressivo, um fenômeno chamado "efeito das armas". Pronunciam que a história comprova que a violência está entranhada na natureza humana, e armas de fogo não são, de forma alguma, um pré-requisito para a violência social. Ou seja, se todas as armas de fogo desaparecessem da face da Terra, guerras e conflitos civis continuariam a acontecer por outros meios.

Não somos tão ingênuos a ponto de acreditar que a restrição (proibição) do uso de armas de fogo equacione definitiva e imediatamente o problema da violência. Uma arma de fogo pode ser substituída por outras, talvez não tão eficientes. E mais, na ausência de estrutura da aparelhagem repressora e preventiva do Estado, as armas de fogo continuarão chegando às mãos dos indivíduos descompromissados com o bem e fazendo suas vítimas. Por isso, é importantíssimo meditar que devemos aprender a desarmar, antes de tudo, nossos espíritos, e isso só se consegue pelo exercício do amor e da fraternidade.

Consterna-nos saber que o Brasil é um dos líderes mundiais em casos de mortes produzidas com a utilização de armas de fogo, destarte, a sociedade clama por soluções efetivas para o problema da violência urbana. Cremos ser falsa a segurança oferecida pelas armas, especialmente considerando o potencial de alto risco do uso da arma por familiares não habilitados, que podem causar efeitos danosos irreparáveis na vida doméstica do cidadão de bem.

Os espíritas conscienciosos creem, obviamente, que uma das soluções para a criminalidade seria a proibição da venda de armas de fogo em todo o território nacional, ressalvada a aquisição pelos órgãos de segurança pública federal e estadual, municipal e pelas empresas de segurança privada regularmente constituída, na forma prevista em Lei.

É com inquietação que acompanhamos a crescente popularidade de certo “candidato à presidência” que, não obstante, jaza como um ponto fora da curva dos corrompidos, entretanto tem discorrido sobre o aparelhamento da população através da obtenção de armas de fogo. É óbvio que tal discurso preocupa bastante. Não duvidamos da integridade moral de tal candidato, contudo, suas promessas de governo têm sido controversas, ainda mesmo que esteja imbuído de boas intenções, e até mesmo reunir a seu favor excelentes cidadãos brasileiros. Todavia, insistimos dizer que o seu discurso “messiânico” para transformação social sob o látego do contra-ataque através de armas de fogo é cabalmente desfavorável à paz social. Acreditamos mais nas flores.

As leis e a ordem impostas à sociedade como resposta à exigência coletiva são aceitáveis e compreensíveis, porém, conforme advertem os Benfeitores espirituais é mais coerente nos amarmos ao invés de nos armarmos e desta forma fazermos aos outros o que desejaríamos que os outros nos fizessem.

Nesse contexto o ensinamento espírita em seu esboço filosófico e religioso (ético-moral) é e sempre será a ferramenta por excelência determinante para transformação social pela não violência. ra transformação social pela não violência. 




19 agosto 2018

O repouso enfraquece - Vania Mugnato de Vasconcelos



O REPOUSO ENFRAQUECE


O ser humano, naturalmente, faz todo o possível para evitar as aflições da vida terrena, minimizando ou fazendo cessar as dificuldades, dores, privações materiais e sofrimentos morais.

Essa conduta é positiva, não é preciso, necessariamente, sofrer para algum dia, na vida futura, ser feliz, sendo uma ambição saudável e lícita o desejo de conquistar a felicidade durante a existência carnal.

Nosso planeta é difícil, há nele todo tipo de dificuldades, intempéries e comportamentos humanos que geram, em resposta, repercussões por vezes dolorosas, aumentando os desafios da existência. Por outro lado, espiritualmente, falando, a Terra integra a categoria dos mundos de expiações, exatamente porque as almas aqui encarnadas são aprendizes no roteiro da evolução, falhando e recebendo amargos resultados de suas ações equivocadas.

Assim, evitar dificuldades é algo que todos procuram. Há quem busque furtar-se a elas a qualquer preço e quem abra mão de satisfazer desejos importantes porque o esforço durante a jornada é maior do que a vontade de alcançar o objetivo máximo de suas existências.

Há quem prefira viver no comodismo ou ter pouquíssimos desafios por temerem enfrentar a batalha que precisariam para vencer e subirem ao podium da existência para erguer a taça de suas conquistas morais e materiais.

Escolha enganosa! Campeões suam muito para atingir seus objetivos! Vivem para buscar o melhor e suportam, corajosamente, o que não pode ser mudado, afinal nem tudo ocorre como desejamos.

Mesmo que se negue, ninguém se satisfaz, verdadeiramente, sem ter merecido o que recebeu e pouco valor se dá ao que se auferiu sem esforço. Mesmo que alguém pense que não se importa, a satisfação plena chega após a conquista e não há conquista sem coragem e luta.

“O militar que não é enviado à frente de batalha não fica satisfeito, porque o repouso no acampamento não lhe proporciona nenhuma promoção.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, item I).

Por mais atrativa que possa parecer a facilidade, o repouso nos enfraquece. Quem é testado nas dificuldades, descobre potenciais, desenvolve força, avança na vida material, intelectual, espiritual e moral. Será no dia que a morte nos pedir o corpo material que conheceremos nossa posição no mundo dos espíritos, resultado natural do quanto nos esforçamos.


Vania Mugnato de Vasconcelos


18 agosto 2018

Todo mundo pode ser competente, inclusive você e eu! - Geraldo Campetti Sobrinho



TODO MUNDO PODE SER COMPETENTE, INCLUSIVE VOCÊ E EU!



Toda vez que nos propomos a fazer alguma coisa, procuramos agir sempre da melhor forma possível. Sobretudo, quando somos um tanto quanto perfeccionistas. A busca pela perfeição é quase infinita, e parece que nunca estamos totalmente satisfeitos com os resultados.

O perfeccionismo, longe de ser uma qualidade positiva, pode ser visto como algo negativo. Comumente, aquele que tem um perfil perfeccionista nunca está satisfeito com o que faz e, principalmente, com o que os outros fazem, por uma razão simples: não ficou do jeito que ele gostaria que ficasse. Aí vem a insistência em se refazer as coisas nos mesmos moldes, não se permitindo questionamentos nem se aceitando sugestões.

Detrás do perfeccionismo pode estar oculta uma série de questões a serem trabalhadas para que o indivíduo se autoeduque espiritualmente. A centralização é uma delas: geralmente, o perfeccionista é uma pessoa que costuma fazer as coisas a seu modo, e apenas esse jeito é o certo; não se habituou a delegar o serviço de sua responsabilidade. A insegurança é também marca registrada desse perfil. O indivíduo está sempre questionando a si e a outrem sobre o trabalho em andamento. Será que está bom, mesmo?… Acho que ainda não está como eu gostaria. Será?… E, nunca consegue concluir! É uma insegurança enorme…

Sermos competentes é nos esforçamos para: 

1) adquirir conhecimentos, o que significa estudarmos sempre, incansavelmente, mas também sem excessos; 

2) colocar em prática, no dia a dia, as lições aprendidas, considerando que o conteúdo espírita não é adorno de vasta cultura meramente teórica geradora de frustração e vazio existencial, mas recurso valioso de transformação moral da Humanidade; e 

3) ter atitude, que significa postura e vontade de realizar o necessário para a nossa e a felicidade daqueles com quem convivemos.

Não se trata de uma competência profissional, técnica, mas de competência humana, cristã, espírita: a que nos coloca diante de nós mesmos e do próximo, para o enfrentamento dos vícios, que fazem morada na intimidade do coração e da mente, e para a conquista de virtudes, que precisamos aprender a cultivar diariamente.

Ser competente, na visão espírita, é doar o melhor de nós, é fazer o que está ao nosso alcance, é chegar ao limite da capacidade, de forma saudável, reconhecendo que realizamos todo o possível. Na sua bondade infinita, Deus não exigirá de ninguém o que está além de suas forças e possibilidades.

Devemos nos contentar em fazer o possível e nos sentir realizados por isso, reconhecendo que amanhã será outro dia. Novas oportunidades surgirão. Sigamos em frente, amparados pela Proteção Divina! Os benfeitores espirituais desejam nosso bem e vibram para que sejamos vitoriosos ante os desafios da vida.

Acredite: todo o mundo pode ser competente, inclusive você e eu!


Geraldo Campetti Sobrinho
 

17 agosto 2018

Quem ocupa o primeiro lugar na sua vida? - Adriana Machado



QUEM OCUPA O PRIMEIRO LUGAR NA VIDA?


Muitos têm problema em responder essa pergunta porque ela nos coloca filosoficamente à prova. Somos, por toda a nossa vida, educados a buscar colocar o outro como o principal alvo de nossa atenção: filhos, marido ou esposa, pais, amigos... porque se assim não agirmos, estaremos sendo egoístas, não estaremos sendo verdadeiros cristãos.

Porém, o tempo passa e nós amadurecemos e percebemos que aquilo que pensávamos estar correto, pode não ser bem a verdade a ser mantida.

Jesus não nos disse que deveríamos colocar o outro em primeiro lugar, Ele nos disse: “Amai ao próximo como a si mesmo”. Isso significa que não devemos deixar de amar o outro, mas que não o faríamos mais do que a nós mesmos.

Isso não é egoísmo, isso é amor-próprio. Isso é entendermos que não conseguiremos dar ao outro o que não possuímos, porque vai contra a lei divina: só podemos dispor daquilo que temos ou somos.

No patamar evolutivo que estamos, quando vemos pessoas se “anulando” completamente em prol de alguém, e aplaudimos, valorizando sobremaneira a sua atitude, estamos incentivando-a a fazer algo que não é benéfico nem para ela nem para aquele que é o seu alvo de amor.

Normalmente, em contrapartida por tudo o que faz, este alguém deposita todas as suas expectativas no outro, querendo que ele lhe seja grato eternamente. “Abdica de si” esperando que o ser amado faça por ele, o que ele não fez por si mesmo. Daí é que acontecem os desapontamentos, as expectativas maiores do que o outro consegue lidar e o círculo vicioso se instala.

Assim, aquela mãe que faz tudo pelo seu filho, esquecendo-se de suas próprias necessidades, desejará, no seu íntimo, que ele supra aquilo que ela não está podendo fazer para si mesma. O filho não conseguirá atendê-la e as cobranças se iniciam, muitas vezes, sem ela mesma perceber, porque cobra sem saber o que ela deseja dele e ele, tampouco, saberá o que ela precisa.

Vocês podem se perguntar: mas Jesus, que é o exemplo a ser seguido, não fez isso? Não se sacrificou por todos nós, sem pensar em si mesmo? Minha resposta é simples: Ele, em nenhum momento, deixou de amar a Si mesmo e jamais abriu mão de Seu ser por nós. No “sacrifício” que fez, não abriu mão de quem Ele era, porque Ele sabe amar.

Jesus nos proporcionou uma lição de amor e devotamento às verdades que trazia em Seu peito e, nessas verdades, nós estávamos incluídos. Jesus viveu para cumprir a missão que se propôs e não abriu não dela, amando-nos sem cobranças. Como um pai que coloca a sua vida em risco por um filho em perigo, sem exigências e preocupações, Jesus fez o mesmo por nós. Isso é amor e devotamento. Não é deixar de se amar pelo outro, é amar o outro como nos amamos.

Confundimos tais sentimentos e invadimos a vida do outro, porque ainda não compreendemos que a dor é útil, nos fortalece e nos amadurece para o nosso trilhar evolutivo. Por não gostarmos de sofrer, queremos abraçar as dores de nossos amores para poupá-los do sofrimento, mas, esquecemos de que somos quem somos pela somatória de todas as experiências vivenciadas. Jesus era quem era pelo mesmo motivo.

Estamos crescendo e percebendo que precisamos nos amar conscientemente. E se este amar significa vez por outra auxiliarmos quem amamos em sua trajetória, tudo bem. Mas, não os deixar viver por temermos que eles se forjem nas labaredas da dor que edifica a sua alma, estaremos errando duplamente, conosco e com eles.