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04 outubro 2018

Apoderar-se de si mesmo, uma luta que pode ser exaustiva - Adriana Machado




APODERAR-SE DE SI MESMO, UMA LUTA QUE PODE SER EXAUSTIVA



Viver! Ato de respirar e acreditar que podemos raciocinar sobre tudo o que está ao nosso redor. Afinal, somos seres pensantes, não somos?

Esse conceito que trouxe é o mais comum entre as pessoas que estão “existindo”, mas não vivenciando a sua vida. E não podemos nos iludir e achar que são os outros os que existem sem perceber-se, porque nós também fazemos isso.

Tive uma experiência que me mostrou o quanto a gente se desconhece na intensidade de nossas emoções. Tive um dissabor que me fez ver quantos recantos existem em mim que ainda não os tinha explorado devidamente. Acreditando me conhecer, fiquei surpresa com a intensidade das emoções e sentimentos que emergiram de um desses refúgios de minha alma ainda em crescimento.

Parando para tentar me harmonizar, pude flagrar qual seria o sentimento que servia de trampolim para o meu desequilíbrio emocional, mas, mesmo o flagrando, precisei de tempo para enfrentá-lo e, por fim, compreendê-lo.

Somos humanos e, mesmo estando em nosso mundo interior, lutamos com garra para superarmos tudo o que já construímos lá dentro tendo como alicerce a nossa ignorância de milênios.

Eram tantos pensamentos e emoções que me sufocavam e atrapalhavam o meu raciocínio que me sentia incapaz de colocar tudo em ordem sozinha.

Precisei de tempo e de amigos para me escutarem, porque, falando, eu também me ouvia e raciocinava a tempestade que se avolumava em mim. Por isso, falar com alguém em quem confiamos nos ajuda, pois somos obrigados a organizar o pensamento para que o outro possa compreender a nossa fala e a escutarmos os seus conselhos. E, como tudo na vida é perfeito, se estivermos atentos ao que sai de nossa boca ou passa pelo nosso campo mental, poderemos flagrar muitos terrenos inférteis a serem trabalhados porque o nosso subconsciente aproveita esses momentos e exterioriza algo mais sobre nós mesmos.

Pensem vocês em um barco pequeno, em pleno oceano, enfrentando um temporal cataclísmico (dramático, não é?). Era assim que eu estava me sentindo. Enfrentando o temporal, não vemos com clareza, nos sentimos abandonados naquele mar revolto. Mas, seremos obrigados a respirar em algum momento, e quando conseguirmos fazer isso, perceberemos que temos todos os instrumentos para nos salvar: o barquinho, que somos nós e os remos, que são o nosso querer.

Eu quis melhorar, eu quis enxergar a situação de uma forma mais positiva, eu quis buscar o consolo nas minhas crenças cristãs, aceitando que tudo está para o meu crescer e que nada é injusto, só ajustável às minhas necessidades de criança em evolução.

O temporal se amenizou. Não foi rápido! Passei todo o dia naquele barquinho, remando até chegar a alguma ilha. Precisei dormir e acordar, acreditando que era um novo dia e que mais outras provas viriam para que eu me reconhecesse, para que eu recordasse que tais provas eram o significado de que a vida estava me dizendo que eu era capaz! Precisei agradecer a Deus!

Com Ele, apoderei-me de novo do meu ser, mesmo ainda sentindo os resquícios dessa luta: um coração mais sobressaltado, um vestígio no peito das energias de angústia e incapacitação que me deixei dominar no dia anterior, mas estava bem mais forte e corajosa para continuar navegando em busca do crescimento e evolução de minha alma.

A boa notícia é que, apesar de ainda cair nessas tempestades, hoje, já me vejo fora de muitas batalhas, porque antes lutei nelas com afinco, mas somente as venci quando simplesmente me permiti compreendê-las no contexto do meu viver. Percebo, mais do que nunca, que a paz ainda é a resposta para as nossas “lutas” internas e será nela que a compreensão se fará em nosso coração.

Apoderemo-nos de nós, enfrentando os nossos medos e ignorância com a espada da compreensão e com o escudo do entendimento sem temermos a nossa queda, porque “do chão não passaremos” e sozinhos não estaremos.




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