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30 novembro 2019

Período de Transe - Joanna de Ângelis



PERÍODO DE TRANSE


As densas névoas de natureza vibratória que pairam sobre a sociedade atual produzem um tóxico de natureza entorpecente que a quase todos os indivíduos coloca em semitranse.

Parecendo fantasmas que deambulam sem destino, as massas humanas movimentam-se atoleimadas em faixas de energia deletéria sem a capacidade de entender o que lhes está ocorrendo.

Sob um aspecto, arrastam-nas ao embalo de ruídos alucinatórios e luxúria exacerbada, ou anulam-lhes o discernimento e o bom-tom, permitindo-se quaisquer arrastamentos.

Entorpecidas pelas sensações grosseiras do primitivismo em que se situam, elegem condutas estranhas, distantes dos comportamentos do amor e da responsabilidade que a vida impõe inexoravelmente.

Arrebanhados pela força hipnótica na qual se nutrem, vivem as situações asselvajadas para atenderem falsas necessidades orgânicas, em particular as que pertencem aos instintos primários.

Mentes poderosas da Erraticidade inferior infiltraram ideias torpes nas suas redes psíquicas e não possuem energias saudáveis para arrebentar as amarras magnéticas nas quais estertoram.

Esse estágio que caracteriza a atualidade social é o fruto espúrio de comportamentos materialistas apresentados por doutrinas cínicas e existencialistas que reduzem a vida humana ao estúpido amontoado de células montadas pelo acaso.

O predomínio da natureza animal sobre a espiritual do ser tornou-o brutamonte, insensível às manifestações do amor e da solidariedade.

O individualismo egoísta, ao fracassar, empurrou as comunidades para o coletivismo das modas e hábitos viciosos que desgovernam a Terra.

Problemas que o amor soluciona com facilidade ficaram ao abandono e agigantaram-se em razão da preferência do gozo pessoal em detrimento de outros valores éticos que são a segurança emocional para a existência terrenal.

Esse transe é pestífero porque vitaliza miasmas psíquicos que se transformam em vírus e bactérias agressivos que infestam os organismos em desarmonia.

Surgem doenças repentinamente, e distúrbios individuais de etiologia desconhecida dizimam esses incautos.

O pensamento é o dínamo gerador de forças por ser a casa mental a emissora de ondas que se transformam em ideais e se condensam em fenômenos materiais.

A cada momento, novas propostas de prazer, recreações variadas inconsequentes arrebatam as multidões desestruturadas.

Há um vazio existencial que o gozo material não preenche porque é de breve duração.

Cada dia mais se avoluma a degradação moral e dos sentimentos que adquire cidadania, embriagando os viandantes incautos da organização material.

*

Quando a situação se tornou desesperadora entre os seres humanos, em cada fase, os Céus ensejaram a oportunidade para que antigos mártires, missionários do bem e da caridade, renascessem no mundo para o despertamento dos anestesiados nas ilusões infelizes.

Esses Espíritos oferecem-se para arrancar do transe nefasto os irmãos que não têm sabido resistir às atrações do mal.

Nesses períodos, a angústia domina as emoções, e os sofrimento se oculta em sorrisos de embriaguez e de paixões imediatistas que consomem as massas.

A angústia, de alguma forma, é necessária no processo da evolução.

A lagarta que ambiciona voar em forma de borboleta leve retorce-se no casulo, experimenta mudanças totais e consegue sair do solo para planar nas correntes aéreas.

Assim também o Espírito vê-se constrangido ao camartelo das injunções, às vezes penosas, para ascender no rumo da Grande Luz.

És membro dessa grei sublime, capacitada para o soerguimento moral da Humanidade.

Alguns que estão participando do movimento revolucionário permanecem na Espiritualidade, a fim de sustentarem os que se sacrificam no corpo que lhes é imposto e tenham assistência especial até a etapa final do compromisso.

Para que bem atendam essa específica tarefa de despertamento para a iluminação, serás convidado aos desafios das sombras e ciladas do mal, permanecendo intimoratos e fiéis no dever aparentemente vencido.

Trata-se de uma verdadeira guerra de ideias que se tornaram vidas, ora necessitadas de socorro e de vitalização. Não aguardes compreensão generalizada nem apoio emocional. As vítimas do transe não estão dispostas à reabilitação, ao reencontro com a lucidez. E outros que também são sustentados pelo sopro nefasto tecerão armas contra ti, infligindo-te dores e punições perversas para que desanimes.

Formarão grupos bem organizados para o combate e se multiplicarão, surpreendendo pelas armas de que se utilizarão para destruir-te, para silenciar-te.

Mantém-te atento e não revides, caindo nas sórdidas armadilhas que sabem preparar.

Permanece fiel ao compromisso com Jesus, que enfrentou situação equivalente, sempre perseguido, porém, amoroso sem cessar. Não te surpreendas ante as pequenas vitórias que apresentarão, recordando-te de que a batalha final é a que decide o conflito. Essa luta final não foi a crucificação do Mestre, mas a Sua ressurreição que demonstrou a vitória da verdade.

*

Nada consiga abater o teu ânimo, nem cedas à dúvida, que é uma nuvem dificultando a claridade do raciocínio.

Luta contra as tuas fracas forças e não te deixes abater, não te entregues.

O Evangelho é canção de alegria inefável e a ti está confiado.

Vive-o em toda a sua magnitude e não concedas espaço ao temor ou à entrega do amolentamento, que logo mais desaparecerá, no fragor da batalha redentora, se permaneceres irretocável no teu dever.


Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 9.4.2019, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

29 novembro 2019

Eutanásia na Visão Espírita - Fernando Rossit



EUTANÁSIA NA VISÃO ESPÍRITA


Todo ato que abrevia a vida no corpo físico é contrário aos Códigos Divinos.

A vida pertence a Deus e somente Ele pode retirá-la.

Vejamos a questão 953 de O Livro dos Espíritos:


Questão 953- Quando uma pessoa vê diante de si um fim inevitável e horrível, será culpada se abreviar de alguns instantes os seus sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte?


“É sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência. E quem poderá estar certo de que, malgrado às aparências, esse termo tenha chegado; de que um socorro inesperado não venha no último momento?”


Algumas pessoas argumentam que o médico (com ou sem anuência dos familiares) tem o dever de aliviar o sofrimento do doente quando o mal não tem cura, proporcionando uma morte “calma e tranquila” ao moribundo.

Do ponto de vista espiritual, podemos fazer as seguintes considerações:


1- Compete a Deus, Senhor de nossos destinos, promover nosso retorno à Espiritualidade. Na Tábua dos Dez Mandamentos, recebida por Moisés no Monte Sinai, onde estão os fundamentos da justiça humana, há a recomendação inequívoca: “Não matarás”.


2- Ninguém pode afirmar com absoluta segurança que um paciente está irremediavelmente condenado. A literatura médica é pródiga em exemplos de pacientes em estado desesperador que se recuperam.


3- A Eutanásia interrompe a depuração do Espírito, uma vez que antecipa sua partida, provocando a desencarnação.


4- De acordo com o Espírito André Luiz, impõe ao desencarnado sérias dificuldades no retorno ao Plano Espiritual.


Os familiares, muitas vezes, tomam essa decisão basicamente por dois motivos. Primeiro, porque não suportam ver o sofrimento do ente querido que se encontra num estado irreversível. Tomando conhecimento que não existe a menor possibilidade de recuperação, pensam que a melhor solução seja a de abreviar sua vida aqui na Terra, consequentemente seu sofrimento.


Mas sejamos francos: existem aqueles familiares que, no fundo, apenas desejam ver-se livres do trabalho deles mesmos, por conta de semanas, meses, visitando o doente no hospital. Além disso, se existe uma chance (um verdadeiro “milagre”) do doente se recuperar, quantos problemas e dificuldades adviriam daí para cuidar de um ser que talvez levasse uma vida vegetativa se saísse do Hospital?


André Luiz, no seu livro “Obreiros da Vida Eterna”, relata a eutanásia a que foi submetido um trabalhador da seara espírita chamado Cavalcante. O médico, aproveitando a inconsciência do moribundo e sem autorização dos familiares, aplicou-lhe uma dose letal de anestésico.

O períspirito de Cavalcante também é alcançado pelo medicamento e Cavalcante-Espírito vê-se atordoado, incapaz de qualquer atitude.

Em face do ocorrido, o desprendimento do desencarnante só pôde ocorrer após 20 horas do previsto pelos espíritos amigos.


Ainda assim, Cavalcante não se retirou em condições favoráveis e animadoras. Apático, sonolento, desmemoriado, foi recolhido num departamento espiritual, demonstrando necessitar de maiores cuidados.


Além disso, não podemos nos esquecer que, muitas vezes, é o próprio doente que, antes de reencarnar, solicitou uma morte nesses moldes. Isto é, aquele tempo em estado físico irreversível – coma, por exemplo – estava previsto para acontecer para o próprio bem do paciente, espiritualmente falando.


Aplicada desde as culturas mais antigas, a eutanásia, longe de situar?se por “morte feliz” é uma solução infeliz para o paciente, além de se constituir em lamentável desrespeito aos desígnios de Deus.



Fernando Rossit

Bibliografia de apoio:

1-Obreiros da Vida Eterna – André Luiz/Chico Xavier
2-Richard Simonetti – “Quem tem medo da Morte?”
3-O Livro dos Espíritos – Allan Kardec, questão 953

28 novembro 2019

O arrependimento como um convite à extração da pureza íntima para reparação do erro -


 

O ARREPENDIMENTO COMO UM CONVITE À EXTRAÇÃO DA PUREZA ÍNTIMA PARA REPARAÇÃO DO ERRO



A Providência Divina oportuniza ao Espírito falido uma experiência reencarnatória desafiadora, como um convite (amoroso e/ou doloroso), para reparação e reaprendizado das derrocadas morais de vidas passadas e atuais. Precisamos ajuizar o preceito de Causa e Efeito com o máximo discernimento, a fim de nos conscientizarmos sobre seu mecanismo, que desfere tanto reparações desafiadoras, quanto gratificações surpreendentes, sucessivamente, justas, criteriosas e controladas, as quais expressam a resposta da Providência Divina contra a desarmonia constituída ou submissões aos Códigos divinos da consciência em suas profundas estruturas.

Ninguém está sujeito ao império aleatório da “casualidade”, pois o acaso não existe. A casualidade não pode governar nossos destinos. É o código de Causa e Efeito ou a Providência divina, que tudo ordena, corrige e atua na imensidade colossal do Universo. Tal divino ditame é para que nós nos resguardemos de nós mesmos e não objetiva processos punitivos sem indultos.

Experimentamos, após a desencarnação, os resultados das imperfeições que não conseguimos corrigir na vida física. As Leis divinas, ínsitas na consciência, asseguram que felicidade e desdita sejam reflexos naturais das nossas escolhas em grau de pureza ou impureza moral. A felicidade relativa reflete a concernente ascensão moral do Espírito, enquanto a imperfeição causa dor e a dor quando não é aceita amorosamente se transforma em sofrimento. Portanto, quanto mais evoluído é o Espírito maior o grau de felicidade e menor é a amplitude da dor.

Pelas nossas livres escolhas somos responsáveis pelas consequências determinantes da trajetória do nosso destino, podendo delongarmos as dores pela persistência no mal, ou atenuá-las e até anulá-las pelo exercício do bem. Um dos mecanismos que suavizam o açoite da dor é o arrependimento. Entretanto não nos basta o arrependimento, ou seja, termos a consciência da dimensão do delito com o firme propósito de não reincidir no mesmo, pois são imprescindíveis a expiação (como ação de extrair a pureza), isto é, extrairmos a pureza que há em nossa essência divina, a fim de que haja a necessária e amorosa reparação.

A reparação, por sua vez, consiste em, ao fazermos o bem primeiramente a nós mesmos, bancarmos em seguida o bem àqueles a quem fizemos o mal. Em que pese a diversidade de gêneros e graus de dores dos Espíritos imperfeitos, a Lei de Deus estabelece que a dor (que jamais será punitiva) seja inerente à impureza espiritual.

Toda “imperfeição”, assim como todo delito dela decorrente, traz consigo a necessidade de inevitável reparação. Assim, a doença é um convite divino para a reeducação reparadora dos excessos e do emprego mental irresponsável nasce o tédio, sem que haja mister de sentença condenatória especial para cada erro ou indivíduo. Podendo nos libertar das nossas imperfeições por efeito da vontade, pensamentos e sentimentos podemos igualmente anular as dores decorrentes e assegurar a atual felicidade relativa.



Jorge Hessen


26 novembro 2019

Construção Autoiluminativa - Joanna de Ângelis

(Santos/SP - Canal 6 - foto de Alexabdre Fatalla Branco)


CONSTRUÇÃO AUTOILUMINATIVA


Diante das tempestades que estrugem vigorosas na atualidade, ceifando algumas das belas construções da inteligência humana, por ausência da iluminação espiritual do amor, quase tombas no desânimo.

O esforço que aplicas em favor da divulgação do Evangelho, elevando-te quase ao êxtase de comunhão com a Erraticidade Superior, aparentemente não consegue penetrar nos corações amigos de modo a alterarem o comportamento para a vivência da Doutrina de Jesus.

Alguns se deslumbram e tecem elogios verbais, sinceros, sem dúvida; no entanto, mantêm as mesmas atitudes materialistas que caracterizam os dias atuais, nos quais estorcegam sob o domínio das paixões nefastas.

Outros nem sequer deixam transparecer as emoções, parecendo anestesiados e nisso comprazendo-se, porque ouvem a palavra terapêutica de libertação e permitem-se arrastar pelos automatismos do cotidiano.

Grande número de amigos afetuosos permanecem amargos e depressivos, a tudo censurando em intérmina exaltação do ego acostumado à crítica doentia e destrutiva.

As pessoas falam-te sobre o Reino de Deus como um mito belo e fantástico, impossível de ser conquistado, não obstante aceitem Jesus e repitam algumas das Suas palavras de memória.

Ante o insucesso aparente do Bem e os naufrágios morais, sociais, econômicos e espirituais nos equívocos perturbadores, permites que um véu de tristeza desça sobre a tua face e a melancolia sussurre aos ouvidos dos teus sentimentos palavras de desânimo, como se a luz estivesse sob densa treva que não consegue diluir.

Não te preocupes com as ocorrências menos felizes que repletam os periódicos e os veículos de comunicação de massa, assim como as virtuais quase sempre fúteis e tóxicas, que são transitórias e logo substituídas pelas abençoadas conquistas da verdade e do amor.

Essas experiências oferecem compreensão em torno dos fenômenos existenciais, lapidam as imperfeições do Espírito, aprimoram as qualidades elevadas que dormem em germe no ser e aguardam o momento para desenvolver-se.

Desse modo, mantém o bom ânimo, nunca desanimando.

Considera que os habitantes do planeta querido encontram-se em diferentes níveis de consciência, alguns ainda adormecidos no primitivismo, na expectativa da ajuda para crescer espiritualmente.

Os teus irmãos mais difíceis de convivência são o laboratório para as tuas experiências do amor e da caridade moral.

Não fujas deles, nem os antipatizes, porque geram dificuldades e criam problemas em tua volta.

Felizmente já podes discernir entre os valores éticos e optaste por aqueles que dignificam e promovem o ser.

Indubitavelmente a Humanidade em conjunto tem crescido e, embora os dias tormentosos que se enfrentam, nunca houve tanto amor na Terra como hoje, que se expressa por intermédio do respeito à natureza e às suas criaturas, solidariedade nos momentos difíceis e lutas culturais em favor de leis mais justas e governos menos arbitrários.

Em muitos lugares já se respira o clima de esperança e de bondade.

No teu esforço de auto-iluminação, tem em vista que a paciência é fator primordial para o êxito.

Os triunfadores sempre enfrentaram dificuldades que somente eles sabem.

Não é fácil viver-se os ideais de grandeza moral tendo em vista a transformação da sociedade para melhor.

A velha geração, acostumada a esmagar, subtrair, mentir e impor falsas filosofias de justiça e de prazer, luta com tenacidade contra a nova que anela pela libertação das injunções penosas e lentamente são substituídas por mais se utilizem da força e da crueldade.

O Senhor da Vida acompanha a marcha das Suas criaturas e inspira os seus representantes, deles cuidando com afeto e constância.

No exercício da paciência, faz-se imprescindível o autocontrole que demonstra a eficácia da ciência da paz.

O célebre escritor francês Gustave Flaubert escreveu com sabedoria: Talento significa uma enorme paciência. Quando exercemos a paciência, nos alinhamos melhor aos ritmos naturais da vida. Há uma estação para tudo. Esta é a lei da Natureza. Com paciência tomam-se melhores decisões.

Examinemos a paciência de Mandela, que esteve preso por vinte e sete anos, num total de dez mil dias e que, ao ser libertado, libertou da opressão o seu povo, o seu país.

Persevera naquilo que crês, pois sabes que o amor é a única solução para todas as dificuldades humanas. O que não conseguires hoje, lograrás amanhã, se souberes permanecer firme e sem desalento.

A resposta de toda sementeira nem sempre corresponde ao que espera o semeador. Nada obstante, um grão que germina e atinge o objetivo produz muito mais do que todos que foram utilizados e nem sequer sobreviveram.

Renaceste na Terra para contribuir em favor da Era Nova; aliás, todos que se encontram hoje no planeta, estão em preparativos para a grande transição que se vem operando desde há algum tempo.

No divino calendário não existe pressa, mas o ritmo das leis de equilíbrio, para que cada acontecimento suceda no instante próprio.

Assim também ocorre com o programa de amor para os habitantes do planeta.

Aqueles que hoje recalcitram mais tarde retornam pela trilha da afetividade que é de sabor imortalista.

Não te atormentes,pois.

Cuida do teu aprimoramento interior, compreende o teu irmão de jornada e ajuda-o quanto possas, sem desfalecimento. Se agora sofres incompreensões e desafios, não interrompas a marcha, porque esses são sinais de êxito no teu empreendimento de iluminação.

Jesus, que nos ama desde o princípio dos tempos, apesar da nossa tremenda ingratidão, nunca desistirá de nós.

Permanece contribuindo para que o ser, que somos aos Seus cuidados, cresça sempre e alcance a plenitude.


Pelo Espírito Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, em 17.7.2019, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.

25 novembro 2019

Conselhos pelo WhatsApp - Fernando Rossit



CONSELHOS PELO WHATSAPP

Um amigo me passou uma mensagem em áudio no WhatsApp, que dizia mais ou menos o seguinte:

-Fernando, recebi uma mensagem psicográfica que trata sobre a conjuntura atual do nosso planeta. Diz que a atmosfera da Terra encontra-se bastante pesada por conta dos sentimentos e pensamentos negativos, como pessimismo, revolta, ódio e intolerância das pessoas. Que a vibração está tão comprometida que os bons Espíritos estão com muita dificuldade de ajudar-nos.

E continuou: – que acabaram as medidas paliativas a respeito dos desmandos causados pelas criaturas nesse plano. Dizia que cada um terá que assumir sua parcela de responsabilidade e retomar suas tarefas de enobrecimento espiritual. Que para saber se cada um está cumprindo com suas promessas de melhoria traçados no Plano Espiritual bastava analisar se está ou não em paz íntima, que este é um bom indicativo.

– Mas como podemos ter paz com um panorama tão adverso? Não me encontro em paz, estou com medo, angustiado e ansioso. Luto comigo mesmo e não consigo.

Respondi, via áudio do mesmo aplicativo:

-Querido amigo, ao ouvir sua mensagem lembrei-me de O Livro dos Espíritos, quando os Espíritos respondem à Kardec (q.922) sobre o que precisamos para gozar a felicidade e paz relativas aqui na Terra.

Esclarecem que são necessárias ao homem, basicamente 3 coisas: ter a consciência tranquila, possuir o necessário para viver e ter fé no futuro.

E continuei: – o mundo está passando por um momento complicado face às ações humanas, considerando que a “alma” da Terra reflete a alma dos homens – somos nós que fazemos o mundo melhor ou pior. Conserte o homem e consertará o mundo. Que criamos com nosso pensamento energias pesadas, deletérias, capazes de provocar danos incalculáveis: brigas, crimes, dissenções de toda natureza, pela influência dos espíritos inferiores que pululam ao nosso redor, potencializando, e muito, nossos piores sentimentos. Uma pequena irritação, por exemplo, pode se tornar algo incontrolável, ao ponto de cometermos agressões que nunca imaginávamos. Por isso a necessidade de ficarmos atentos, sermos prudentes para não sermos jogados de roldão nessa armadilha, agindo como manada de gado assustada.

Oremos por nosso país, nos aconselham os benfeitores espirituais. Pensemos e ajamos no Bem. Se quisermos estar imunes a tanta agressão não podemos agir do mesmo modo, pois violência gera violência.

Trata-se, sem dúvida, de uma fase difícil, no entanto tudo isso um dia vai passar. Dia virá que a vontade do Pai prevalecerá e as injustiças e desmandos dos poderosos não terão mais vez. É, também, grande aprendizado para todos nós.

Confiança e fé em Deus. O Bem triunfará!

É possível, sim, meus amigos, manter a paz em meio da tormenta. 

Basta que não a entreguemos de graça, que a preservemos. Não devemos nos esquecer, também, que o exterior é um reflexo do mundo interior: aqui na Terra e no Mundo Espiritual. Não deixemos nos abater.

E terminei meu áudio com a letra de uma música do saudoso compositor Gonzaguinha:

“Fé na vida, fé no homem, fé no que virá.

Nós podemos tudo, nós podemos mais.

Vamos lá fazer o que será”.

Fernando Rossit

24 novembro 2019

Problema e Solução - Geraldo Campetti Sobrinho

 
PROBLEMA E SOLUÇÃO


O problema surge em nossa vida como oportunidade de solução.

A solução do problema dependerá de nossa atitude perante a situação vivenciada.

Temos, nesse caso, três alternativas: desesperarmo-nos, entendendo a solução como praticamente impossível; sermos indiferentes, fugindo da situação e evitando qualquer confronto direto ou indireto; ou encarar de frente a questão, esforçando-nos para fazer o melhor ao nosso alcance, recorrendo ao auxílio externo, se necessário.

Não há dúvida de que esta última opção é preferível às demais. Melhor enfrentar que fugir ou se desesperar, criando uma “tempestade num copo d’água”.

Teoricamente, analisando-se apenas pelo raciocínio lógico, esse é o caminho a seguir, a postura a assumir.

O difícil, entretanto, é que a questão também envolve aspectos emocionais, exigindo equilíbrio do ser humano para tratar serenamente todas as situações da vida.

A emoção dá “sabor” à vida. Mas, também complica demasiadamente nossa situação, quando não a utilizamos em favor próprio e do semelhante com o qual lidamos diariamente.

Equilibrar as emoções é empregar a inteligência para viver feliz, ou pelo menos, mais harmonizado consigo mesmo, com Deus e com o próximo.

A existência é rica em oportunidades de autoeducação. O processo é gradativo e exige esforço constante. Mas, é passível de se efetivar exitosamente. Depende de nossa vontade em querer e em perseverar no campo de batalha, no qual o mais difícil adversário reside dentro de nós mesmos.

Procuremos, assim, enfrentar os problemas da vida com ânimo, a fim de conquistarmos as vitórias parciais na experiência física que haverão de nos conduzir ao êxito final sobre nossos defeitos e inseguranças.

Não estamos sós! A ajuda de bondosos amigos, visíveis e invisíveis, nos chegam a todo instante.

Prossigamos na luta. A vitória é certa ao final da jornada. O tempo para isso só depende de nós.


Geraldo Campetti Sobrinho
Fonte: FebNet

23 novembro 2019

Espíritos de pessoas vivas: uma história de reconciliação - Wellington Balbo


ESPÍRITOS DE PESSOAS VIVAS: UMA HISTÓRIA DE RECONCILIAÇÃO


Um tempo atrás, quando saía do Centro Espírita, um senhor abordou-me para narrar curioso fato. Aspas pra ele:

“Participava de uma reunião de estudos de O livro dos médiuns e, certa vez vi um Espírito ao lado do coordenador do curso. O Espírito pedia que eu dissesse ao coordenador do curso para perdoá-lo.

Ao final da reunião abordei o coordenador do curso e narrei o fato. Ele, por sua vez, emocionado, começou a chorar e informou:

Trata-se de meu pai que se encontra enfermo numa cidade do interior. Obrigado pelo recado, irei até lá conceder-lhe o perdão para que possa partir em paz.

E assim foi feito, dois dias depois de receber a visita do coordenador do curso, seu pai desencarnava, de forma mais leve, levando consigo o abençoado perdão do filho.”

Algumas pessoas poderão estranhar o fato do médium ter visto um Espírito que ainda não havia “batido as botas”, resumindo, que se encontrava no mundo dos “vivos”, até porque, quando se fala em interação com os Espíritos, a primeira ideia que se tem é a de que esses Espíritos já deram “adeus” à matéria.

Será possível um médium ver e interagir com o Espírito de uma pessoa viva?

Kardec diz que sim.

Em O livro dos médiuns, no capítulo VII, a espiritualidade traz-nos diversos relatos em que médiuns viram os Espíritos de pessoas “vivas” e com eles interagiram de alguma forma.

A explicação dada por Kardec é a de que o períspirito dos desencarnados e encarnados possuem as mesmas propriedades, podendo, portanto, manifestarem-se, aqui ou alhures, sem quebrar qualquer dispositivo das leis naturais.

No caso em questão, o pai do coordenador do curso já estava com os laços que prendem o Espírito ao corpo físico mais frouxos por conta da enfermidade, o que, por certo, facilitou a “escapulida” do Espírito para transmitir-lhe o recado.

Fato é que a bondade de Deus, pelos mais diversos meios, faculta a seus filhos as oportunidades de reconciliação.

E a mediunidade, portanto, é uma dessas ferramentas que possibilita o encontro dos seres que, por algum motivo, desencontraram-se por conta das ciladas da vida.


Wellington Balbo

22 novembro 2019

Como fazer acontecer - Momento Espírita


(Santos/SP)


COMO FAZER ACONTECER


Algum tempo atrás recebemos, com alegria, um pequeno folheto, produzido por uma empresa de material escolar, intitulado "Como fazer acontecer".

Nele encontramos uma lista de dicas, de orientações muito seguras para conseguirmos sucesso nas empreitadas de nossa vida.

Sob o subtítulo de "Caminhos para um efetivo fazer acontecer", lemos o seguinte:


Primeiro: visualize, com detalhes, como se tudo já estivesse realizado - imagine com pormenores o estado desejado. Essa imagem cristalina é algo que irá naturalmente orientá-lo quanto ao que deve ser feito, como começar, etc.

Segundo: dê rapidamente o primeiro passo - confie nos "lampejos" que você tem. Se você sente confiança interior, aja sem hesitação e dê o primeiro passo. A natureza fará a seqüência acontecer.

Terceiro: faça tudo de corpo e alma - não seja "morno", "fazendo por fazer". Até o impossível se torna possível quando nos envolvemos integralmente.

Quarto: faça tudo com boa vontade e prazer - a probabilidade de dar certo aumenta tremendamente quando fazemos tudo com a mente alegre.

Quinto: seja otimista - não se deixe influenciar pelos cínicos e pelos pessimistas. Ajude a construir o ideal, a cada dia dando o passo do dia.

Sexto: concentre-se em seus pontos fortes - ao invés de se deixar bloquear por eventuais pontos fracos, ancore-se no que você tem de melhor.

Sétimo: concentre energia - evite desperdiçá-la fazendo as coisas pela metade, ou começando muitos projetos sem nada concluir.

Oitavo: seja natural - não se deixe derrotar pelo "excesso de esforço". Faça o que tem que ser feito e mantenha a tranqüilidade interior. Dê espaço e tempo para a natureza também fazer a sua parte.

Nono: seja transparente - nem sequer pense desonestamente, pois isso drena sua energia. Já imaginou quanto de energia gastamos para "proteger" a mentira contada ontem? Ser transparente faz multiplicar energia.

Décimo: seja generoso - "a generosidade move montanhas." As coisas fluem melhor à sua volta porque a generosidade faz agir. Picuinhas, ao contrário, imobilizam as pessoas.

Décimo primeiro: aja sempre com justiça, isto é, evite a postura de tirar vantagem de tudo. Aja pensando em benefícios para todos. As coisas passam a acontecer com mais fluidez.

Décimo segundo passo: confie 100% em sua força interior - fazer acontecer exige fé, principalmente em si mesmo. É essa convicção que o deixa solto para fazer o que é necessário.

Finalmente, décimo terceiro: busque excelência, sempre - um fazer acontecer efetivo deve estar ancorado na busca do melhor, do perfeito, do ideal. O tempo que levaremos para chegar à perfeição é outra coisa. O alvo, porém, deve sempre ser a perfeição.

* * *

A acomodação pode tornar-se um vício perigoso em nossa vida.

Utilizamos a palavra vício, pois se permitirmos, ela vai nos dominando, nos dominando, até fazer parte de nosso estado natural de ser.

O que começa hoje com uma pequena preguiça, com um pequeno desânimo, pode ganhar proporções maiores e nos lançar a processos de depressão e tristeza.

Assim, permaneçamos atentos a qualquer indício destes sentimentos que não são nada bem-vindos, e logo os espantemos para longe de nós.



Equipe de Redação do Momento Espírita

21 novembro 2019

Fatores de felicidade - Orson Peter Carrara



FATORES DE FELICIDADE


Solicito ao leitor refletir comigo na seguinte frase: “...é um conjunto harmonioso e belo; é uma filosofia que estende as suas investigações sobre todos os conhecimentos humanos; é uma ciência sólida, irresistível, porque se baseia em fatos que denunciam o seu caráter científico; é além de tudo uma luz poderosa que nos ilumina a inteligência, aclara o raciocínio de tal modo que, muitas vezes, nos maravilhamos de sua lógica irrepreensível, de sua harmonia de vistas com o Bem e o Belo, os grandes fatores da verdadeira felicidade.”

Antes de identificarmos o autor e fonte da transcrição, analisemos alguns de seus itens.


Comecemos pelo “estende as suas investigações sobre todos os conhecimentos humanos”. Ora, isto abre uma enorme perspectiva para o pensamento humano, de vez que permite abarcar todos (destacamos) os conhecimentos humanos. Aí já encontramos a abertura e a ausência de preconceitos, através de uma investigação filosófica sadia e coerente.

Na sequência, “baseia-se em fatos”. Ora, se é uma ciência que se baseia em fatos isenta-se de especulações, improvisações, teorias pré-concebidas e mesmo interesses parciais;

sendo fatos enquadra-se em leis naturais, expulsando o fanatismo e quaisquer tentativas de fatos espetaculosos ou classificados como sobrenaturais. E mais, sendo de “caráter científico”, baseia-se em investigações, observações, pesquisas permanentes.

Sendo “luz que ilumina a inteligência, aclara o raciocínio (...)”, com “lógica irrepreensível”, apresenta indicativo de que apela à razão, ao refletir, ao raciocínio mesmo, para que seja entendido, à luz da lógica e do bom senso, e nunca aceito cegamente.

Finalmente, em “harmonia de vistas com o Bem e o Belo”. Ora, aí está um verdadeiro programa de felicidade, pois se buscarmos o bem e o belo, estaremos embasados na moral e portanto, sem causar prejuízos a terceiros, fiéis à própria consciência, cuja voz é a diretriz que norteia o comportamento humano.

Pois bem, esse “conjunto harmonioso e belo” é a Doutrina Espírita, cujo conhecimento e vivência abre um mundo novo à perspectiva intelectual e moral, porque explica as razões e os porquês humanos. O autor da frase é Cairbar Schutel, o Bandeirante do Espiritismo, que de Matão, batalhou para espalhar essa maravilhosa luz.

E somente conhecendo o Espiritismo, saberemos entender a frase transcrita.



Por Orson Peter Carrara

20 novembro 2019

O autoperdão para libertar-se da culpa - Jorge Hessen



O AUTOPERDÃO PARA LIBERTAR-SE DA CULPA


A autoconsciência e o autoperdão são duas virtudes fundamentais para a diluição da culpa. Porém, é necessário o treino do autoacolhimento amoroso que precisa ser irrigado pelos cinco sentimentos básicos, a saber: autoestima, autoaceitação, autoconfiança, autovalorização e autorrespeito. Esse exercício viabiliza a nossa autorrenovação por amor e pelo amor. Mas a manutenção do estado culposo impossibilita tudo isso.

Somente o autoperdão nos libera para a reabilitação diante da consciência, se assumirmos a responsabilidade do erro e nos esforçarmos reflexivamente para repará-lo

A vida são as oportunidades bem aplicadas no presente, no aqui e agora, nunca os fracassos do passado. Todavia, existem os que vivem interligados aos insucessos do ontem, agindo qual aqueles que querem dirigir o automóvel apenas olhando para o retrovisor; com certeza vão causar acidentes. Não se pode permanecer preso às negatividades do passado, é importante ficar atento às oportunidades de cada momento do presente (que é um empréstimo divino que se renova a cada instante).

Esquecer os malogros do passado não significa “não lembrar”, contudo é resignificá-los. Deste modo, embora possa parecer que esquecemos, em verdade, deixamos a recordação num plano não acessível de modo consciente. Ou seja, não ficarmos remoendo o que já passou, porém o que se culpa fica incessantemente remoendo o erro cometido.

Quando nos libertamos do detrito mental, amontoado pelo estigma culposo, principiamos o soerguimento espiritual, e toda uma atividade nova se nos apresenta favorável, abrindo-nos espaços para saúde integral. O lixo mental que herdamos é acumulado pela nossa ausência de conhecimento nos três níveis de ignorância: do não saber, do não sentir e do não vivenciar a verdade. São tais ignorâncias que produzem os entulhos mentais, os insucessos e a fragilidade do Espírito de não se esforçar para superar a própria ignorância.

Considerando nossa fragilidade, precisamos nos conceder a oportunidade de reparar os males praticados, nos habilitando sempre perante a consciência através do autoperdão mormente diante daqueles a quem prejudicamos. Isso não significa anulação da falta que cometemos, porém a concessão da oportunidade de reparação dos desacertos. Portanto, o autoperdão não se funda numa falsa tolerância desculpista dos próprios erros. Isso seria desmazelo moral, cumplicidade e ingenuidade. Antes, o autoperdoar-se representa a possibilidade de crescimento mental e moral, propiciando direcionamento correto das novas escolhas para o bem-estar pessoal e coletivo.

É impossível alguém melhorar o comportamento da noite para o dia. É indispensável o esforço de enriquecimento moral ininterrupto. O autoperdão é um processo de autorresponsabilidade, fruto do amadurecimento do senso intelecto moral. Com a disposição contínua de reparação dos erros, ampliamos as virtudes através dos graduais esforços no exercício do bem, admitindo que nesse procedimento não nos tornaremos “puros” num piscar de olhos, porquanto ainda erraremos muitas vezes; porém nunca nas mesmas proporções anteriores, porque aprenderemos e cresceremos com os nossos erros.

Quando nos perdoamos, aprendemos a pedir perdão ao outro. A coragem de solicitar perdão e a capacidade de perdoar são dois mecanismos terapêutico-libertadores da culpa. Até porque a saúde mental e comportamental impõe a liberação da culpa, utilizando-nos do valioso contributo do discernimento capaz de avaliar a qualidade das ações e permitir as reparações dos erros e o estado de gratidão quando acertadas.

O equilíbrio entre consciência e comportamento tem um preço: a persistência no dever moral, como aguilhão da consciência e guardião da probidade interior. Em face disso, para nos livrarmos da culpa é muito importante o esforço continuado, paciência e perseverança no dever consciencial. Não nos consintamos abater o ânimo, reabasteçamo-nos nas conexões e diálogos íntimos com Deus através dos sentimentos e pensamentos edificantes que podemos aperfeiçoar em qualquer circunstância.

Façamos os esforços necessários para expandir os pensamentos elevados que devemos cultivar em qualquer situação. Seremos sempre responsáveis pelos efeitos dos nossos atos. Colheremos conforme semeamos. Assumamos, portanto, o nosso compromisso consciencial através do convite amoroso de Jesus. Dessa forma permaneceremos saudáveis intimamente, prosseguindo íntegros nos deveres assumidos, sempre sob a responsabilidade da ação transformadora, sem jamais transferir para terceiros os nossos próprios insucessos.


Jorge Hessen

19 novembro 2019

Tranquilidade - Joanna de Ângelis



TRANQUILIDADE


Conceituas tranqüilidade qual se fora inércia ou indolência, dever ausente, lazer demorado.


Face a isso pensas em férias, recreação, letargo, com que supões lenir aflições íntimas, solucionar problemas e complexidades do cotidiano.


Talvez consigas, em misteres de tal natureza, renovar forças, catalisar energias, predispor-te. Sem e esforço interno, intransferível com que te defrontarás, assumindo posição decisiva para os embates de reeducação, dificilmente lograrás êxito.

A tranqüilidade independe de paisagens, circunstáncias e ocasiões.


Estabelece-se no espírito conto resultado de uma consciência pacificada, que decorre, a seu turno, de uma vivência moral e social concorde com os postulados de enobrecimento espiritual.


Fatores externos criam, às vezes, possibilidades, circunstâncias para as aquisições do espírito. É, porém, nas refregas da evolução, lapidando imperfeições e arestas, que o homem se auto-descobre, conhece-se e premiase com a ação libertadora.


O cansaço, o desaire, a perseguição, a dor não obstante aflijam, jamais logram romper a armadura da tranqüilidade real.

Quando existe harmonia interior os ruídos de fora não ecoam perturbadoramente.


* * *


Se condicionas a tua tranqüilidade a lugares, pessoas e fatores externos, submetes-te, apenas, ao anestésico condicionante para o lazer dos sentidos.


Se necessitas de silêncio, melodias, ginásticas para a tranqüilidade, apenas estás no rumo. Sem que te possas manter sereno no retiro da natureza ou na atividade das ruas, entre sons harmoniosos e a poluição sonora, ritmos ginastas e a esfalfa das correrias nas leiras da caridade junto ao próximo, a tua aquisição ainda é miragem diletante, que facilmente se diluirá.


Se te enerva a espera ou te desagradam o cansaço e o medo, fruis, somente, comodidades, encontrando- te longe da tranqüilidade real.


Um espírito tranqüilo não se atemoriza nem se enfada, não se desarranja nem se rebela, porquanto, pacificado pela consciência reta, vibram nele as energias da renovação constante e do otimismo perene.
porquanto

 * * *

Jesus, no Sermão da Montanha ou no Gólgota, manteve-se o mesmo. Estatuindo a carta magna para a Humanidade, louvou Deus e padecendo a injustiça humana agradeceu ao Pai, enquanto perdoou os homens.


Íntegro, confiante, demonstrou até o momento último que a tranqüilidade é preciosa aquisição com que a vitória da vida coroa as lutas nas incessantes batalhas do existir.



Joanna de Ângelis
Médium: Divaldo P. Franco
Livro: Leis Morais da Vida

18 novembro 2019

Ato de caridade - Espírito A.C



ATO DE CARIDADE


Em nossa reunião da noite de 7 de Junho de 1956, nossos Benfeitores trouxeram-nos ao recinto o Espírito de A. C., que nos contou a sua significativa experiência, aqui transcrita.

Oxalá possa ela acordar-nos para mais ampla exatidão, no desempenho de nossos compromissos, na esfera da caridade que, realmente, seja onde for e com quem for, é nosso simples dever.

Espiritismo...

Sou espírita...

Fora da caridade não há salvação...

Maravilhosas palavras!...

Contudo, quase sempre chegamos a perceber-lhes o divino significado depois da morte, com o desapontamento de uma pessoa que perdeu o trem para uma viagem importante, guardando, inutilmente, o bilhete na mão.

Utilizei-me de um corpo físico durante cinqüenta e cinco anos, na derradeira romagem física.

Era casado.

Residia no Rio de Janeiro.

Mantinha a esposa e duas filhas.

Desempenhava a função de operoso corretor de imóveis.

E era espírita à maneira de tantos...

Nunca me interessei por qualquer meditação evangélica.

Não cheguei a conhecer patavina da obra de Allan Kardec.

Entretanto, intitulava-me espírita...

Freqüentava sessões.

Aplaudia conferencistas.

Acompanhava as orações dos encarnados e as preleções dos desencarnados, com a cabeça pendida em reverência.

Todavia, encerrados os serviços espirituais, tinha sempre afeiçoados no recinto, a quem oferecer terras e casas, a quem vender casas e terras...

E o tempo foi passando.

Cuidava devotadamente do meu conforto doméstico.

Meu rico dinheiro era muito bem empregado.

Casa bem posta, mesa farta, tudo do bom e do melhor...

Às vezes, um companheiro mais persistente na fé convidava-me a atenção para o culto do Evangelho no lar.

Mas eu queria lá saber disso?...

A meu ver, isso daria imenso trabalho.

Minha mulher dedicava-se à, vida que lhe era própria.

Minhas filhas deveriam crescer tão livremente como desejassem, e qualquer reunião de ordem moral, em minha casa, era indiscutìvelmente um tropeço ao meu bem-estar.

E o tempo foi passando...

Fui detentor de uma bronquite que me recebia a melhor enfermagem.

Era o dodói de meus dias.

Se chamado a qualquer atividade de beneficência, era ela o meu grande escolho.

No verão, estimava a sombra e a água fresca.

No inverno, preferia o colchão de mola e o cobertor macio.

E o tempo foi passando...

Sessões semanais bem freqüentadas...

Orações bem ouvidas...

Negócios bem feitos...

Aos cinqüenta, e cinco anos, porém, um edema do pulmão arrebatou-me o corpo.

Francamente, a surpresa foi grande.

Apavorado, compreendi que eu não merecia o interesse de quem quer que fosse, a não ser das entidades galhofeiras que me solicitaram a presença em atividades criminosas que não condiziam com a minha vocação.

Entre o Centro Espírita e o lar, minha mente conturbada passou a viver uma experiência demasiado estranha...

Em casa, outros assuntos não surgiam a meu respeito que não fossem o inventário para a indispensável partilha dos bens.

E, no Centro, as entidades elevadas e amigas surgiam tão intensivamente ocupadas aos meus olhos, que de todo não me era possível qualquer interferência, nem mesmo para fazer insignificante petitório.

Para ser verdadeiro, não havia cultivado a oração com sentimento e, por isso mesmo, passei a ser uma espécie de estrangeiro em mim próprio, ilhado no meu grande egoísmo.

Ausentando-me do santuário de minha suposta fé, interiormente desapontado, encontrava o circulo doméstico, e, por vezes, ensaiava, na calada da noite, surpreender a companheira com meus apelos ; entretanto, nos primeiros tentames senti tamanha repulsão da parte dela, a exprimir-se na gritaria mental com que me induzia a procurar os infernos, que eu, realmente, desisti da experiência.

Minhas filhas, visitadas por minha presença, não assinalavam, de modo algum, qualquer pensamento meu, porquanto se encontravam profunda-mente engolfadas na idéia da herança.

Não havia outra recordação para o carinho paterno que não fosse à herança... a herança... a herança... Passei a viver, assim, dentro de casa, a maneira de um cão batido por todos, porque, francamente, não dispunha de outro clima que me atraísse.

Apenas o calor de meu lar sossegava-me as ânsias.

Alguns meses decorreram sobre a difícil posição em que me encontrava.

Alimentava-me e dormia nas horas certas, copiando os meus antigos hábitos.

Certa noite, porém, tive tanta sede de espiritualidade, tanto anseio de confraternização que, vagueando na rua, procurei o Alto da Tijuca para meditar, chorar e penitenciar-me...

Minha lágrimas, contudo, eram dessa vez tão sinceras que alguém se compadeceu de mim.

Surgiu-me à frente um irmão dos infortunados e, com muita bondade, reconduziu-me ao velho templo espírita a que antigamente me afeiçoara.

Era noite avançada, mas o edifício estava repleto.

Um mensageiro do Plano Superior dirigia grande assembléia.

E o enfermeiro que, paciente, me encaminhara, esclareceu-me que ali se verificava o encontro de um benfeitor do Alto com os desencarnados que se caracterizavam por mais ampla sede de luz.

Esse Instrutor penetrava-nos a consciência, anotando o mérito ou o demérito de que éramos portadores para demandar a suspirada renovação de clima.

Muitos irmãos eram ouvidos pessoalmente.

Após duas horas de expectativa, chegou minha vez.

Pelo olhar daquele Espírito extremamente lúcido, deduzi que nenhum pensamento meu lhe seria ocultado.

Aqueles olhos varriam os mais fundos escaninhos do meu ser.

Anotei meu problema.

Desejava mudança.

Ansiava melhorar minha triste situação.

Perguntou-me o Instrutor qual havia sido o meu modo de vida.

Creio que ele não tinha necessidade de indagar coisa alguma, no entanto, a casa acolhia numerosos necessitados e, a meu ver, a lição administrada a qualquer de nós deveria servir a outrem.

Aleguei, preocupado, que havia protegido corretamente a família terrestre e que havia preservado a minha saúde com segurança. Ele sorriu e respondeu que semelhantes misteres eram comuns aos próprios animais.

Pediu que, de minha parte, confessasse algum ato que pudesse enobrecer as minhas palavras, algo que lhe fosse apresentado como justificativa de auxilio às minhas pretensões de trabalho, melhoria e ascensão.

Minha memória vasculhou os anos vividos, inutilmente...

Não encontrei um ato sequer, capaz de alicerçar-me a esperança.

Não que o serviço de corretor de imóveis seja indigno, mas é que eu capitalizava o dinheiro haurido em minhas lides profissionais, qual terra seca coletando a água da chuva: chupava... chupava... chupava... sem restituir gota alguma. Depois de agoniados instantes, lembrei-me de que em certa ocasião encontrara três amigos de nosso templo, na Praça da Bandeira, a insistirem comigo para que lhes acompanhasse a jornada caridosa até um lar humilde, na Favela do esqueleto.

Fiz tudo para desvencilhar-me do convite que me pareceu aborrecido e imprudente.

Mas o grupo, que se constituía de uma senhora e dois companheiros, desenvolveu sobre mim tamanho constrangimento afetivo, que não tive outro recurso senão atender à carinhosa exigência.

Dai a alguns minutos, varávamos estreita choupana de lata velha, onde fomos defrontados por um quadro desolador. Pobre mulher tuberculosa agonizava.

Nosso conjunto, entretanto, logo à chegada, fragmentou-se, pois a companheira foi convocada pelo esposo ao retorno imediato e o outro amigo deu-se pressa em voltar, pretextando serviço urgente.

Não pude, todavia, imitar-lhes a decisão.

Os olhos da enferma eram de tal modo suplicantes que uma força irresistível me fez dobrar os joelhos para socorrê-la no leito, mal amanhado no chão.
Perguntei-lhe o nome.

Gaguejou... gaguejou... e informou chamar-se Maria Amélia da Conceição.

Seus familiares, uma velha e dois meninos que se assemelhavam a cadáveres ambulantes, não lhe podiam prestar auxílio.

Inclinei-me e coloquei-lhe a cabeça suarenta nos braços, tentando suavizar-lhe a dispnéia ; no entanto, depois de alguns minutos, a infeliz, numa golfada de sangue, entregou-se à morte.

Senti-me sumamente contrafeito.

Mas para ver-me livre de quadro tão deprimente, pela primeira vez arranquei da bolsa uma importância mais farta, transferindo-a para as mãos da velhinha, com vistas aos funerais.

Afastei-me, irritadiço.

E, antes da volta a casa, procurei um hotel para um banho de longo curso, com desinfetante adequado.

E, no outro dia, consultei um médico sobre o assunto, com receio de contágio...

O painel que o tempo distanciara assomou-me à lembrança, mas tentei sufocá-la na minha imaginação, pois aquele era um ato que eu havia levado a efeito constrangidamente, sem mérito algum, de vez que o socorro a Maria Amélia da Conceição fora simplesmente para mim um aborrecimento indefinível...

Contudo, enquanto a minha mente embatucada não conseguia resposta, desejando asfixiar a indesejável reminiscência, alguém avançou da assembléia e abraçou-me.

Esse alguém era a mesma mulher da triste vila do Esqueleto.

Maria Amélia da Conceição vinha em meu socorro.

Pediu ao benfeitor que nos dirigia recompensasse o meu gesto, notificando que eu lhe havia ofertado pensamentos de amor na extrema hora do corpo e que lhe havia doado, sobretudo, um enterro digno com o preço de minha dedicação fraternal, como se a fraternidade, algum dia, houvesse andado em minhas cogitações...

As lágrimas irromperam-me dos olhos e, desde aquela hora, para felicidade minha, retornei ao trabalho, sendo investido na tarefa de amparar os agonizantes, tarefa essa em cujo prosseguimento venho encontrando abençoadas afeições, reerguendo-me para luminoso porvir.

Bastou um simples ato de amor, embora constrangidamente praticado, para que minha embaraçosa inquietação encontrasse alívio.

É por isso que, trazido à vossa reunião de ensinamento e serviço, sou advertido a contar-vos minha experiência dolorosa e simples, para reafirmar-vos o imperativo de sermos espíritas pelo coração e pela alma, pela vida e pelo entendimento, pela teoria e pela prática, porque em verdade, como espíritas, à luz do Espiritismo Cristão, podemos e devemos fazer muito na construção sublime do bem.

Por esse motivo, concluo reafirmando:

Espiritismo...

Sou espírita...

Fora da caridade não há salvação...

Maravilhosas palavras!...

Que Jesus nos abençoe.


Pelo Espírito A.C
Do livro: Vozes do Grande Além
Médium: Francisco Cândido Xavier